OS PRIMEIROS ENCONTROS MARVEL / DC COMICS!
Ondas de excitação atingiram em cheio os corações e mentes de leitoras e leitores de HQs de super-heróis no mundo inteiro quando em fevereiro de 2024 foi anunciado que os encontros (ou crossovers, se vocês preferirem) entre os personagens da Marvel e DC Comics finalmente seriam republicados! Impactados e emocionados por essa notícia decidimos explorar neste humilde blog as origens das primeiras reuniões de super-heróis das duas principais editoras de HQs dos EUA e, acreditem: a história por trás desses crossovers é repleta de sucessos artísticos, vendagens apenas razoáveis, idas e vindas de profissionais entre diferentes companhias e mil e uma tretas nos bastidores! Por favor, nos acompanhem caso queiram saber mais sobre esse assunto!
Uma Nova Geração de Quadrinistas
Na segunda metade dos anos sessenta a indústria americana de comic books foi invadida por uma nova geração de quadrinistas, que ao contrário da anterior (que praticamente criou a mídia “revista em quadrinhos”) cresceu lendo de forma ávida gibizinhos de super-heróis e sonhava com a elaboração de HQs onde o Batman trocasse sopapos com o Capitão América ou então o Superman medisse forças contra o Hulk, por exemplo. Para a infelicidade de muita gente naquele momento era impossível que os personagens da Marvel e DC Comics se encontrarem num gibi: o fato deles pertencerem a companhias rivais e eventuais discussões sobre a partilha de lucros ocasionados por essas reuniões inviabilizavam de início qualquer discussão sobre o tema. Porém… não seriam esses “detalhes” que impediriam os jovens quadrinistas de criarem “sutis” encontros entre os heróis das duas editoras.
A revista The Avengers #69 chegou nas bancas de jornal em meados de 1969, trazendo uma aventura concebida por Roy Thomas e Sal Buscema onde em meio ao conflito dos Vingadores contra o déspota temporal Kang e o alienígena Grão-Mestre surgiu… um vilanesco grupo chamado Esquadrão Sinistro! Não era necessário um olhar atento para perceber que Doutor Espectro, Hyperion, Falcão Noturno e Ciclone eram muito parecidos respectivamente com o Lanterna Verde, Superman, Batman e Flash, ou seja: o simpático Esquadrão Sinistro era um pastiche assumido da Liga da Justiça. Em 1971 Thomas deu alguns passos adiantes na sua homenagem ao maior time de aventureiros mascarados da DC Comics em The Avengers #85, quando apresentou para os leitores o Esquadrão Supremo, uma equipe praticamente idêntica ao Esquadrão Sinistro, mas que neste caso tinha caráter heroico e era oriunda de uma dimensão paralela. Por outro lado, a DC Comics também preparou a sua “homenagem” aos heróis da Marvel.
No mesmo ano de 1971 o então escritor novato Mike Friedrich foi encarregado do roteiro de Justice League of America #87, e junto com o clássico desenhista Dick Dillin ele lançou nessa revista estrelada pela Liga da Justiça os Campeões de Angor, um agrupamento extraterrestre cujos membros guardavam notáveis semelhanças com Mercúrio, Feiticeira Escarlate, Thor e Jaqueta Amarela, integrantes dos Vingadores. Aparentemente tanto o Esquadrão Supremo quanto os Campeões de Angor passaram despercebidos pelos editores veteranos e proprietários da Marvel e DC Comics, e talvez por causa dessa distração um determinado conjunto de quadrinistas decidiu ser um pouco mais “ousado” na produção de certas HQs… e usou um fã do Batman como “desculpa” para a traquinagem que pretendiam executar!
O Primeiro Crossover da Marvel e DC Comics
Nascido e criado em Rutland (um pequeno município localizado no interior do estado americano de Vermont), Tom Fagan era um leitor apaixonado dos quadrinhos do Batman e uma figurinha fácil nas incipientes convenções de quadrinhos que aconteciam na década de sessenta. Muito simpático, Fagan se tornou amigo de vários quadrinistas, e convidava-os constantemente para participarem do Desfile de Dia das Bruxas (ou Halloween, caso vocês prefiram a designação em Inglês) que ele organizava anualmente em sua cidade natal, e que era seguido por uma festança numa mansão local. A partir de 1965 vários escritores e desenhistas aceitaram com gosto os convites de Fagan, e decidiram prestar pequenas homenagens ao seu anfitrião e a cidade de Rutland em algumas publicações da Marvel e DC Comics.
Com a cortesia de Roy Thomas e John Buscema os intrépidos Vingadores participaram do Desfile de Dia das Bruxas de Rutland em The Avengers #83 (1970), e o mesmo Thomas fez com que o município de nascimento de Tom Fagan fosse o campo de batalha onde os Defensores enfrentaram a entidade extradimensional chamada Dormammu em Marvel Feature #2 (1971). Enquanto isso na DC Comics a dupla constituída por Denny O’Neil e Neal Adams finalmente apresentou Fagan ao seu maior ídolo em “A Noite do Ceifador”, uma clássica aventura do Cavaleiro das Trevas publicada no ano de 1971 em Batman #237. Esses tributos a Fagan eram absolutamente divertidos e inofensivos, mas entre o final de 1972 e início de 1973 três escritores decidiram levar essa brincadeira um pouco mais longe.
Os roteiristas Steve Englehart, Len Wein e Gerry Conway eram bons colegas e frequentadores habituais das festas de Tom Fagan, e sem avisar seus superiores editoriais decidiram por conta própria criar uma aventura ambientada em Rutland dividida em três partes, que seriam publicadas em duas revistas da Marvel e uma da DC Comics. E assim em Amazing Adventures #16 (gibi da Marvel escrito por Englehart e desenhado por Bob Brown) o mutante Fera foi de carona para Rutland com o trio de escritores (sim, eles participaram da história como personagens!) e a colorista Glynis Oliver (então esposa de Wein), e por lá enfrentou o Fanático, inimigo fidagal dos X-Men. Na sequência Wein e o desenhista Dick Dillin levaram a Liga da Justiça para Rutland, e os quadrinistas quase esbarraram no confronto da principal superequipe da DC Comics com o mago Félix Fausto em Justice League of America #103. O passeio de Englehart, Wein, Conway e Oliver por Rutland foi finalizado em The Mighty Thor #207, onde com o auxílio luxuoso de John Buscema e Marie Severin o roteiro de Conway retratou um quebra-pau de Thor com Loki e o Homem Absorvente.
As três histórias elaboradas por Steve Englehart, Len Wein e Gerry Conway poderiam ser lidas de forma isolada sem prejuízo no entendimento da trama, mas juntas elas formavam uma única e divertida aventura, que com um passar do tempo ganhou um caráter histórico, já que… de forma “não-oficial” ela foi o primeiro crossover da Marvel e DC Comics! E aí alguém nas “altas esferas” tomou conhecimento da “brincadeira” cometida pelos escritores.
Algum “passarinho” assoviou no ouvido de Julius Schwartz (lendário editor da DC Comics e um notório rabugento) que a aventura publicada em Justice League of America #103 era interligada com duas histórias lançadas pela Marvel, e ele foi tirar satisfações com Len Wein, exigindo saber porque o escritor não o avisou da sua intenção. Dando os ombros, Wein afirmou que não disse nada para o editor porque ele tinha plena ciência que de antemão a sua “iniciativa” seria vetada! Não se sabe se Schwartz esganou ou não o seu subordinado, mas é sabido que Wein manteve o seu emprego… e também é sabido que algum tempo depois algumas engrenagens corporativas começaram a se mexer…
O Mágico de Oz
O Mágico de Oz é um clássico da literatura infantil estadunidense escrito por L. Frank Baum que atingiu fama mundial quando ganhou uma versão cinematográfica em 1939 produzida pela MGM Studios e estrelada por Judy Garland. Adaptá-lo para o formato dos quadrinhos seria um passo natural e uma possível fonte de lucros para qualquer editora, e foi justamente isso que passou simultaneamente pela cabeça dos chefões da Marvel e DC Comics em 1975. E aí um problema surgiu…
A DC Comics havia adquirido os direitos do filme de 1939, e a Marvel pretendia lançar um gibi baseado no livro original, que havia entrado em domínio público. Stan Lee (que naquele período já estava afastado da produção de revistas da Marvel, mas participava das grandes negociações da editora) tomou conhecimento dos planos da DC Comics em relação ao Mágico de Oz, e procurou Carmine Infantino, o líder editorial da editora adversária. Após uma longa conversa Lee e Infantino chegaram a conclusão que se a Marvel e DC Comics lançassem de forma separada material relacionado ao Universo de Oz dividiriam a atenção do público, e ambas as editoras perderiam dinheiro. A indubitável solução para esse dilema seria a união das duas companhias rivais em torno do Mágico de Oz, e foi justamente isso que ocorreu.
Com o tamanho parrudo de 25,4 cm por 35,56 cm a revista em quadrinhos MGM’s Marvelous Wizard of Oz foi entregue aos leitores no segundo semestre de 1975, numa produção conjunta da Marvel e DC Comics que adaptou a película de 1939. Roy Thomas e John Buscema fizeram uma adaptação digna e respeitosa do filme, mas sejamos francos: o resultado artístico final não tornava esta HQ um clássico do Quadrinho Americano, porém ela provou que Marvel e DC Comics podiam trabalhar juntas. E também provou que se alguém desse um “empurrãozinho” coisas muito mais interessantes poderiam surgir!
O Homem de Aço vs. O Amigão da Vizinhança
David Obst era um conceituado agente literário que tinha entre seus principais clientes Bob Woodward e Carl Bernstein, a dupla de jornalistas que desvendou o escândalo político de Watergate. Fanático por HQs, em meados dos anos setenta Obst ajudou Stan Lee a negociar um contrato com a renomada editora de livros Simon & Schuster, que publicou e distribuiu coletâneas de material clássico da Marvel, coletâneas essas que hoje muitos consideram as primeiras graphic novels da Casa das Ideias, e aí… numa reunião ocorrida em 1975 com Howard Kaminsky (chefão da Warner Books, a divisão literária da Warner Communications, conglomerado de mídia que era dono da DC Comics) como quem não quer nada o agente literário sugeriu que as duas companhias de quadrinhos rivais juntassem suas forças num projeto especial. Algo do tipo… um encontro do Superman com o Homem-Aranha!
Howard Kaminsky deu o seu aval para o plano de David Obst, que procurou Stan Lee para levá-lo adiante. Lee gostou do que ouviu, mas ficou receoso com as inevitáveis dificuldades que um projeto dessa monta teria, e após uma conversa com Roy Thomas — que ficou entusiasmado com a possível reunião do Superman com o Homem-Aranha — o mais importante editor e escritor da história da Casa das Ideias abraçou a iniciativa junto com Al Landau, o proprietário da Marvel. A partir daí as “inevitáveis dificuldades” surgiram…
Um comitê com empregados da Marvel e DC Comics foi constituído para definir os detalhes da HQ, com David Obst funcionando como uma espécie de árbitro para as desavenças que certamente ocorreriam no processo. A primeira envolvia o título do gibi: ele se chamaria “Superman vs. Homem-Aranha”? Ou seria “Homem-Aranha vs. Superman”? O pessoal da DC Comics bateu o pé e exigiu que o nome do Homem de Aço viesse na frente da denominação da revista, visto que a criação de Jerry Siegel e Joe Shuster era mais antiga e famosa (pelo menos naquela época!) que o herói aracnídeo. A Marvel assentiu com a revindicação da DC Comics, e as discussões prosseguiram.
Gerry Conway e Ross Andru foram escolhidos para respectivamente escrever e desenhar o encontro do Homem de Aço com o Amigão da Vizinhança porque até aquele momento eles estavam entre os raros quadrinistas que haviam trabalhado com os dois personagens. Conway se entusiasmou com o desafio de reunir os dois personagens mais importantes do Quadrinho Americano de super-heróis num gibi, porém o seu roteiro foi escarafunchado letra por letra pelo comitê da Marvel e DC Comics porque era absolutamente necessário para as partes envolvidas garantir que nenhum dos heróis iria se sobressair mais que o outro na trama.
Para a arte-final da HQ foi designado Dick Giordano, um dos melhores mestres do nanquim do mercado estadunidense de quadrinhos, contudo esse trabalho na verdade foi tocado pelo Continuity Studios, um coletivo artístico comandado pelo prestigiadíssimo Neal Adams que além de Giordano tinha entre seus membros artistas talentosos como Terry Austin, Bob Wiacek e Joe Rubinstein. E já que citamos Neal Adams: sem motivo aparente e sem maiores cerimônias ele retocou a figura do Superman em várias das páginas desenhadas por Ross Andru, e segundo algumas “boatos” John Romita Sr. (então editor de arte da Marvel e um dos mais aclamados desenhistas do Homem-Aranha de todos os tempos) fez o mesmo com o Cabeça-de-Teia! Não se sabe se Andru (que tinha a fama de ser um profissional gentil e educado) ficou aborrecido com essa interferência em seu trabalho…
Pompa e Circunstância
E então… após sete meses de produção num formato idêntico ao de MGM’s Marvelous Wizard of Oz e custando dois dólares — um preço oito vezes maior que o de um gibi comum daquele período — com a devida pompa e circunstância a revista Superman vs. The Amazing Spider-Man foi apresentada ao mundo no início de 1976. Para efeito de simplicidade narrativa o conto quadrinístico de Gerry Conway e Ross Andru descartou o conceito de dimensões paralelas (utilizado pela DC Comics nos encontros da Liga da Justiça com a Sociedade da Justiça e posteriormente pela Marvel na série “O Que Aconteceria Se…”), definindo que Superman e o Homem-Aranha viviam na mesma realidade ficcional. A trama em si não poderia ser mais prosaica: os vilões Lex Luthor e o Doutor Octopus — inimigos jurados respectivamente do Homem de Aço e do Amigão da Vizinhança — se encontraram na prisão e estabeleceram uma aliança, e após fugirem juntos do cárcere eles armaram um esquema de chantagem a nível mundial através de mudanças climáticas artificiais. Mas isso não era suficiente para os criminosos: Luthor e Octopus precisavam se vingar dos seus algozes, se possível jogando um contra o outro.
O roteiro de Gerry Conway utilizou de forma esperta um clichê popularizado por Stan Lee e Jack Kirby na década de sessenta quando super-heróis se encontram pela primeira vez: um mal-entendido ocorre; os aventureiros se estranham; eles trocam socos e pontapés; repentinamente os heróis “enxergam a luz” e cessam as hostilidades; uma acordo se estabelece, e juntos os mocinhos enfrentam o adversário comum. Tudo isso ocorreu com o Homem-Aranha e o Superman, e no final da história para o deleite dos fãs os grandes heróis da Marvel e DC Comics derrotaram Lex Luthor e o Doutor Octopus.
Superman vs. The Amazing Spider-Man era uma HQ simples e eficiente que soube explorar com bom humor as diferenças entre os cotidianos de Clark Kent e Peter Parker (identidades secretas do Superman e do Homem-Aranha, né?), e teve aproximadamente meio milhão de cópias adquiridas pelo público, um número interessante para os padrões da década de setenta, mas que não constituíam um recorde de vendas. Porém, apesar do seu sucesso artístico o crossover do Último Filho de Krypton com o sobrinho favorito da Tia May resultou em baixas tanto na Marvel quanto na DC Comics.
Len Wein era o editor-chefe da Casa das Ideias em 1975, e ficou fulo da vida quando a sua revelia Ross Andru foi deslocado da série mensal do Homem-Aranha para a produção do crossover Marvel/DC Comics. Sem rodeios Wein exigiu explicações de Al Landau, e usando palavras de baixo calão o dono da Marvel falou que essa questão não era da conta do editor. Wein respondeu ao seu chefe, digamos assim, em “termos físicos”, e no dia seguinte foi encaminhado ao RH da Marvel para assinar a sua carta de demissão. Por outro lado na DC Comics a muito tempo Carmine Infantino estava na marca do pênalti devido aos péssimos resultados comerciais da editora nos anos setenta, e nem mesmo o relativo êxito de Superman vs. The Amazing Spider-Man impediu que no início de 1976 os executivos da Warner Communications o mandassem para o olho da rua.
Len Wein voltou para a DC Comics e por lá continuou a sua longa carreira como escritor e editor, e Carmine Infantino — que foi substituído por Jenette Khan, egressa do mercado literário infantojuvenil — passou a atuar como desenhista freelancer, chegando inclusive a desenhar várias HQs para a Marvel. Mas, apesar das baixas profissionais e do sucesso comercial apenas razoável Superman vs. The Amazing Spider-Man estava longe de ser a primeira e única produção conjunta da Marvel com a DC Comics. Muito pelo contrário!
O Homem de Aço e O Amigão da Vizinhança… de novo
O tempo passou… e no ano de 1978 o comando editorial da Marvel passou a ser exercido por Jim Shooter, um sujeito conhecido pela sua imensa capacidade gerencial, habilidade fora do comum de analisar e corrigir roteiros de outros escritores e por sua personalidade muitas vezes autoritária. Em 1979 Shooter teve uma reunião com Jenette Khan, e foi definido que a Marvel e DC Comics produziriam uma leva de encontros dos personagens das duas editoras, seguindo a seguinte regra: ao contrário de Superman vs. The Amazing Spider-Man — que foi criado com recursos editoriais compartilhados das duas companhias — os próximos crossovers seriam elaborados integralmente e de forma alternada por uma das editoras, cabendo a outra empresa a revisão e aprovação final do material. Ah, na conversa de Shooter com Khan também foi combinado que o Superman e o Homem-Aranha se reencontrariam!
Marv Wolfman — que escrevia a série mensal do Homem-Aranha e era apaixonado pelo Superman — foi designado para o roteiro do segundo encontro dos super-heróis, mas no meio do caminho uma discordância grave ocorreu: por razões alheias ao crossover Wolfman vivia as turras com Jim Shooter, e decidiu se mudar de mala e cuia para a DC Comics. Inconformado, Shooter retirou Wolfman do projeto e escolheu a si mesmo como roteirista do reencontro do Homem de Aço com o Amigão da Vizinhança, fazendo uso de uma justificativa “interessante”: ele era um dos poucos profissionais que havia trabalhado com os dois personagens, tanto que iniciou a sua carreira no final dos anos sessenta com inacreditáveis treze anos de idade escrevendo aventuras do Superboy, Legião dos Super-Heróis e Superman e redigiu algumas HQs do Homem-Aranha na década de setenta, além de ter sido colaborador na tira de quadrinhos do Cabeça-de-Teia.
Para o desenho e nanquim do crossover Jim Shooter escolheu John Buscema e Joe Sinnott, dois dos mais refinados artistas da Casa das Ideias, que foram auxiliados por um grupo de arte-finalistas que incluía profissionais de alto gabarito como Klaus Janson, Brett Breeding, Bob McLeod e muitos outros. A equipe criativa estava produzindo num bom ritmo o novo encontro dos heróis da Marvel e DC Comics, mas então um “probleminha’ deu o ar da sua graça…
Originalmente as partes combinaram que o segundo crossover do Homem de Aço com o Amigão da Vizinhança seria publicado apenas e tão somente num formato idêntico ao do primeiro, mas sem acréscimos no prazo final a Warner Books decidiu que também lançaria uma versão de bolso da HQ, o que forçou adequações no material para a sua eventual publicação em tamanho reduzido. Shooter ficou furioso com essa situação — em especial com as constantes exigências do pessoal da DC Comics para que o gibi fosse entregue o mais rápido possível –, mas entre trancos, barrancos e cobranças o material foi finalizado.
A revista Superman and Spider-Man (reparem que o “vs.” foi substituído por “and” no título) foi publicada no primeiro semestre de 1981, e o seu antagonista era o Doutor Destino, ditador da Latvéria, maior inimigo do Quarteto Fantástico e um dos principais personagens da Marvel. Aliado a Destino estava o Parasita, um vilão de quinta categoria capaz de absorver a energia vital das das pessoas ao seu redor e que “coincidentemente” foi criado por Jim Shooter durante a sua passagem pela DC Comics. Na trama de Shooter o sempre maligno Doutor Destino armou um esquema de dominação mundial descoberto de forma inadvertida pelo Homem-Aranha e que passava por Metrópolis, a cidade do Superman. De peripécia em peripécia o Hulk e a Mulher-Maravilha também se envolveram no conflito contra o tirano latveriano, que naturalmente foi derrotado pelo poder combinado dos heróis.
É possível que a participação do Hulk e da Mulher-Maravilha em Superman and Spider-Man tenha sido motivada por duas razões: a primeira é que os dois personagens tinham um peso indiscutível em suas editoras, e a presença deles na aventura certamente agradaria muito aos fãs de longa data de quadrinhos; a segunda é que o Gigante Esmeralda era protagonista de uma série live-action (estão lembrados de Lou Ferrigno?) que naquele período fazia sucesso na tevê americana, e a reprise do seriado televisivo setentista da Princesa Amazona (estrelado por Lynda Carter) ainda tinha bons índices de audiência, então ambos seriam potenciais chamarizes para os leitores ocasionais que os acompanhavam apenas na televisão. Porém, no final das contas…
Superman and Spider-Man foi magnificamente desenhada por John Buscema, mas apesar de apresentar boas sacadas — como colocar Peter Parker fazendo bico no Planeta Diário e Clark Kent arrumando emprego no Clarim Diário — a história de Jim Shooter não tinha o senso de diversão e ineditismo daquela produzida por Gerry Conway e Ross Andru, e muitas vezes ela soava pueril e confusa. Todavia, o terceiro encontro das duas editoras — que dessa vez seria produzido pela DC Comics — prometia ser no mínimo peculiar!
O Cavaleiro das Trevas vs. O Gigante Esmeralda
Os super-heróis favoritos de Len Wein sempre foram o Hulk e o Batman, tanto que entre 1972 e 1980 o escritor e editor roteirizou dezenas de gibis dos dois personagens. Dito isso, tentem imaginar os sentimentos que passaram por sua cabeça quando ele foi escolhido por Julius Schwartz para escrever o crossover do Cavaleiro das Trevas com o Gigante Esmeralda: segundo o próprio Wein ele ficou tão feliz com essa designação que bateu o recorde mundial de corrida em direção a uma máquina datilográfica, dada a sua ansiedade em produzir a HQ o quanto antes!
Para o desenho a DC Comics optou pelo artista hispano-argentino José Luis Garcia-López. Dono de um estilo clássico, elegante e preciso, Garcia-López seria posteriormente encarregado do DC Comics Style Guide, um livro que se tornou referência na produção de material licenciado com os personagens da DC Comics, e este crossover foi a primeira e última vez em sua longeva carreira que ele trabalhou com um super-herói da Marvel numa revista em quadrinhos. A arte-final ficou a cargo do inefável Dick Giordano, e a elaboração do encontro do Batman com o Hulk ocorreu sem percalços ou atritos com a Marvel.
Em meados do segundo semestre de 1981 Batman vs. The Incredible Hulk foi lançada, e sua história se principia com o cientista Bruce Banner (alter ego do Gigante Esmeralda) indo para Gotham City e se infiltrando nas Indústrias Wayne (propriedade de Bruce Wayne, a identidade secreta do Batman, né?) em busca de componentes eletrônicos que poderiam ser usados para curar as suas transformações num monstro esverdeado. Para a infelicidade de Banner as Indústrias Wayne foram invadidas pelo Coringa, e nervoso com a situação ele se transformou no Hulk. De forma rápida o Batman entrou em cena, e de forma ainda mais rápida ainda o Palhaço do Crime convenceu o “pouco inteligente” Hulk a atacar o Cavaleiro das Trevas, e uma das lutas mais desiguais dos quadrinhos de super-heróis de todos os tempos se desenrolou, luta esse que terminou com o Protetor de Gotham vencendo a aberração verde por um triz.
Condoído com a situação de Bruce Banner, o sempre afável Bruce Wayne disponibilizou os recursos das suas empresas para que o seu xará conseguisse obter uma cura, e tudo estava transcorrendo bem até o momento em que surgiu o Moldador de Mundos (também chamado de Figurador em algumas traduções brasileiras). Um Cubo Cósmico (artefato capaz de distorcer a Realidade) dotado de autoconsciência e velho conhecido do Hulk, o Moldador de Mundos não possuía o dom da imaginação, e costumeiramente fazia uso de outros seres sencientes para tentar aprender essa habilidade, e… quantas criaturas no Universo tinham uma mente tão “imaginativa” quanto um sociopata e assassino em série como o Coringa? Neste momento o caos se espalhou por Gotham City, e somente Batman e o Hulk poderiam deter um Coringa empoderado pelo Moldador de Mundos.
Batman vs. The Incredible Hulk equilibrou com eficiência as diferenças entre um Batman perspicaz e um Hulk “tapado” e a arte de José Luis Garcia-López como sempre foi deslumbrante. Talvez esta HQ não possa ser considerada uma obra-prima, mas pelo menos ela cumpriu o seu objetivo, que foi entregar de forma simples para os leitores o puro suco da diversão. Aliás… o encontro seguinte de heróis da Marvel e DC Comics passou muito longe da simplicidade!
Os Dois Supergrupos Favoritos dos Fãs
No começo da década de oitenta duas revistas disputavam acirradamente os parcos dólares nos bolsos dos colecionadores de gibis estadunidenses: The Uncanny X-Men (X-Men) e The New Teen Titans (Novos Titãs). Devidamente acompanhado por talentos como Dave Cockrum, John Byrne e Paul Smith o escritor Chris Claremont transformou os mutantes renegados da Marvel numa potência nas bancas de jornal e comic shops americanas, e ao repaginar a desgastada Turma Titã a dupla formada por Marv Wolfman e pelo desenhista George Pérez deu para a DC Comics um best-seller de peso tanto do ponto de vista comercial quanto artístico. Um encontro entre os dois supergrupos favoritos dos fãs de HQs seria um óbvio sucesso de vendas, e com isso em mente a Marvel se encarregou do quarto crossover entre personagens das principais editoras de quadrinhos dos EUA.
Chris Claremont foi incumbido da elaboração do encontro dos Novos Titãs com os X-Men, e a responsabilidade do desenho foi entregue a Walter Simonson, com Terry Austin cuidando da arte-final. A maneira como Simonson obteve esse trabalho foi curiosa: ao entrar no escritório da editora Louise Jones (então sua namorada e futura Sra. Simonson) ele a encontrou discutindo detalhes da história com Claremont, e ao saber que o script lidava com conceitos criados por Jack Kirby para a DC Comics no início da década de setenta automaticamente o desenhista se convidou para o projeto. Ora, não é todo o dia que um fã assumido de Kirby tem a oportunidade de desenhar criações do Rei dos Quadrinhos, ainda mais em um enredo que também tratava de um dos momentos mais impactantes da mitologia da Marvel!
Em agosto de 1982 o gibi The Uncanny X-Men and The New Teen Titans chegou nas mãos dos leitores, apresentando uma história que mostrava os X-Men quase recuperados do luto ocasionado pelo recente falecimento da colega de equipe Jean Grey, que por muito tempo foi possuída pela todo-poderosa entidade cósmica chamada Fênix Negra. Capitaneados pelo Exterminador — um dos principais adversários dos Novos Titãs — misteriosos agrupamentos alienígenas começaram a coletar resquícios energéticos da Fênix Negra na Terra, e os heróis mutantes não poderiam permitir tal profanação da memória da sua falecida amiga. Por causa da participação do Exterminador e de uma premonição de Ravena (a feiticeira dos Novos Titãs) que indicava a chegada de um grande mal ao nosso planeta os jovens heróis da DC Comics se envolveram no caso, que no transcorrer dos acontecimentos foi esclarecido.
Quem estava por trás do recolhimento dos fragmentos da Fênix Negra era o tirano estelar Darkseid, que tinha um grande objetivo em mente: reconstituir Jean Grey a partir dos vestígios coletados e usar seus quase ilimitados poderes para transformar a Terra numa versão de Apokolips, o árido mundo que ele comandava. O vilão conseguiu recriar a entidade cósmica, e a partir daí os Novos Titãs e X-Men se uniram em uma terrível batalha contra o Exterminador, Darkseid e Fênix Negra pelo destino final do nosso mundo.
Tirando um brevíssimo confronto da equipe liderada por Robin com o Professor X (o mentor dos X-Men) esta HQ dispensou o clichê “heróis desconhecidos se encontram, se espancam e viram amigos”, e no final das contas ele não fez a menor falta: o texto de Chris Claremont a arte enérgica de Walter Simonson imprimiram um tom épico e espacial ao encontro dos X-Men com os Novos Titãs, para a gigantesca satisfação dos leitores. E, ainda por cima The Uncanny X-Men and The New Teen Titans acrescentou um pequeno porém interessante elemento a mitologia da DC Comics.
A Muralha da Fonte era uma barreira localizada na fronteira final do Universo, e foi citada em termos metafísicos pela primeira em 1971 por Jack Kirby na série New Gods (Novos Deuses), que desenvolveu a caracterização de Darkseid. Em The Uncanny X-Men and The New Teen Titans dentro do seu estilo artístico único Walter Simonson desenhou a Muralha da Fonte como uma fortificação constituída por versões petrificadas daqueles que ousaram atravessá-la, e a partir daí todos os desenhistas que trabalharam em histórias que envolviam os Novos Deuses passaram a retratá-la de acordo com a caracterização criada por Simonson.
The Uncanny X-Men and The New Teen Titans foi um sucesso, os fãs estavam em estado de graça, e só faltava uma coisinha para todos ficarem ainda mais felizes: um confronto entre os Vingadores e a Liga da Justiça, as principais superequipes da Marvel e DC Comics.
Mas aí tudo desandou de vez…
Treta
Na primeira metade da década de oitenta a DC Comics seguia o seguinte organograma: Jenette Khan comandava a editora nos seus aspectos mais gerais; Paul Levitz era o braço direito de Khan e atuava como coordenador editorial, e Dick Giordano operava na chefia editorial, dando muita liberdade criativa para os quadrinistas e demais editores. Por outro lado na Marvel Jim Shooter tinha o cargo de editor-chefe e se reportava apenas a Jim Galton (então proprietário da editora), e com a sua conhecida mão de ferro interferia em quase todos os departamentos da editora. Essas informações são cruciais para entendermos as razões que causaram um enorme mal-estar entre as duas principais editoras de quadrinhos dos EUA.
Em 1983 com os devidos fogos de artifício e as merecidas fanfarras foi anunciado o encontro da Liga da Justiça com os Vingadores, que seria produzido pela DC Comics. Como possuía experiência com as duas superequipes Gerry Conway foi escolhido para o roteiro, e a arte ficaria sob a responsabilidade de George Pérez, um desenhista adorado pelos leitores que tinha entre seus pontos fortes a capacidade de desenhar dezenas de personagens numa página de forma coerente. Conway começou a trabalhar no script, e um ansioso Jim Shooter exigiu lê-lo para uma revisão inicial. Com um certo atraso o texto chegou nas mãos de Shooter, que simplesmente… odiou tudo que estava escrito!
As poucas informações que chegaram até os dias de hoje sobre o script de Gerry Conway indicam que os vilões do encontro da Liga da Justiça com os Vingadores seriam os viajantes temporais Kang e Senhor do Tempo, e que no meio da busca por um “ovo cronal” os integrantes das duas equipes se enfrentariam em diferentes pontos do Tempo e Espaço. Jim Shooter considerou a história ridícula e repleta de inconsistências, entre elas a presença do Homem-Formiga (Scott Lang, que até aquele momento nunca fez parte dos Vingadores) e uma corrida em pé de igualdade entre os velocistas Flash e Mercúrio, por exemplo. O editor-chefe da Marvel exigiu uma série de mudanças na trama, mas para o seu profundo desgosto ele descobriu que George Pérez já havia desenhado vinte e uma páginas da HQ.
Cartas, telefonemas e telegramas foram trocados durante meses entre as equipes editoriais da Marvel e DC Comics, porém o impasse entre as duas companhias nunca era resolvido, e a crise piorou de vez quando em uma entrevista para um fanzine inglês George Pérez acusou Jim Shooter de propositadamente sabotar o crossover da Liga da Justiça com os Vingadores. Como resposta em meados de 1984 a Casa das Ideias publicou um longo artigo na edição #19 de Marvel Age (uma revista institucional dedicada a anúncios e reportagens sobre a Marvel) justificando a treta entre as editoras, e o pessoal da DC Comics não gostou nem um pouco dele: em janeiro de 1985 várias publicações da casa do Superman trouxeram um texto assinado por Dick Giordano, onde ele explicou a conflito do seu ponto de vista e praticamente deu por encerrada a colaboração entre as duas editoras.
No meio de toda essa confusão o executivo da Marvel Mike Hobson e Paul Levitz chegaram a se encontrar para aparar as arestas entre as empresas, mas não teve jeito: as relações entre a Marvel e DC Comics estavam definitivamente cortadas, a possível produção de um reencontro dos X-Men com os Novos Titãs foi descartada e as artes originais do crossover da Liga da Justiça com os Vingadores foram devolvidas para George Pérez, que as vendeu para colecionadores. Hoje o polêmico quadrinista Rob Liefeld é o feliz proprietário de algumas dessas páginas.
Passados mais de quarenta anos fãs e pesquisadores ainda especulam os motivos que causaram o rompimento entre a DC Comics e Marvel na década de oitenta. Muitos acreditam que tudo não passou de uma enorme batalha de egos, com Jenette Khan e Jim Shooter tentando provar “quem mandava mais”; já Michael Eury — editor de Back Issue!, uma renomada revista jornalística especializada na Nona Arte — entende que o fracasso do encontro da Liga da Justiça com os Vingadores ocorreu por uma razão mais sutil: Dick Giordano era um gestor que concedia plena liberdade para os seus colaboradores, e acreditava que eles dariam conta da produção do crossover com a correção dos erros apontados pela Marvel; por outro lado Jim Shooter sempre controlou de forma rígida os aspectos da produção de uma HQ (são famosas as suas intervenções em “O Demônio na Garrafa” e “A Saga da Fênix Negra”, dois arcos narrativos estrelados respectivamente pelo Homem de Ferro e X-Men), e a diferença de estilo administrativo entre os dois editores foi a principal causa do conflito entre as duas companhias.
Uma Nova Leva de Crossovers
A Vida seguiu o seu fluxo, e em 1987 sem deixar muita saudade entre os colaboradores da Casa das Ideias o irascível Jim Shooter foi demitido da Marvel, e Tom DeFalco assumiu o seu cargo na editora. No início dos anos noventa o Mercado Direto se estabeleceu de forma definitiva, e as revistas em quadrinhos passaram a ser vendidas exclusivamente em comic shops, e com isso um colossal aumento nas vendas de gibis ocorreu, vendas que eram impulsionadas por edições com capas variantes, brindes e principalmente por uma enorme especulação financeira em torno de HQs que com o passar do tempo supostamente se tornariam raras e altamente rentáveis em caso de revenda. X-Men, Spider-Man e a saga “A Morte do Superman” tiveram milhões de cópias adquiridas pelo público, e tudo indicava que o mercado americano de história em quadrinhos vivia uma era dourada de lucros, porém…
Em meados de 1993 a bolha especulativa dos comic books estourou. Parte expressiva do público fugiu das comic shops, que passaram a conviver com encalhes de revistas em quadrinhos em seus depósitos. Era necessário que tanto a Marvel quanto a DC Comics passassem uma mensagem positiva para o mercado de quadrinhos, e com esse propósito Tom DeFalco, Mike Hobson, o executivo Terry Stewart (representando a Marvel), Jenette Khan e Paul Levitz (figuras de proa da DC Comics) se reuniram para um amistoso almoço, que teve como pauta a elaboração de novas parceiras entre as duas companhias.
Após muito bate-papo as partes concordaram com a criação de novos crossovers dos personagens da Marvel e DC Comics, porém Jenette Khan impôs uma condição: Batman e Superman não seriam envolvidos neles porque viviam momentos especiais em suas séries mensais (O Homem de Aço havia acabado de “ressuscitar” e o Cavaleiro das Trevas foi aleijado pelo vilão Bane), e dadas essas situações seria complicado encaixá-los em publicações intereditoriais. Tom DeFalco se opôs com veemência a objeção de Khan porque no seu entendimento não fazia sentido as duas editoras trabalharem juntas e a DC Comics não liberar seus principais — e mais “vendáveis” — personagens, e após mais algumas rodadas de conversas finalmente a utilização do Superman e Batman foi autorizada.
E assim em julho de 1994 a revista Batman / Punisher: Lake Of Fire deu o pontapé para uma nova leva de crossovers da Marvel com a DC Comics, trazendo uma aventura onde o violento anti-herói Justiceiro teve um encontro pouco amigável com o Batman, que nesse gibi estava sendo substituído pelo jovem Jean-Paul Valley. Na sequência outros encontros publicados: alguns foram muito bons; outros foram medíocres; e muitos deles foram completamente esquecíveis.
Um dia… talvez… quem sabe… contaremos aqui nos mínimos detalhes a história desses crossovers! Quem sabe um dia!
E no fim…
E após passarmos por muitas inúmeras brigas entre profissionais das HQs e encontros históricos entre super-heróis que jamais deveriam ter acontecido (mas aconteceram, graças a Deus!) chegamos aos últimos parágrafos deste artigo. Antes de encerrarmos os nossos trabalhos passaremos aqui informações do interesse daqueles que gostam de ter suas coleções de quadrinhos devidamente completadas:
● O primeiro crossover “não-oficial” da Marvel com a DC Comics ambientado em Rutland saiu em nossa abençoada nação de forma picotada: o confronto do Fera com o Fanático foi publicado em Os Heróis Mais Poderosos da Marvel #40 (Salvat, 2016) e Os Fabulosos X-Men: Edição Definitiva #4 (2022, Panini); em 1985 a revista Heróis da TV #67 da Editora Abril trouxe a luta de Thor contra o Homem Absorvente e Loki; e por fim o conflito da Liga da Justiça com Félix Fausto permanece inédito no Brasil;
● A revista MGM’s Marvelous Wizard of Oz — a primeira colaboração oficial entre a Marvel e a DC Comics — nunca foi publicada em nosso país;
● Superman vs. The Amazing Spider-Man (o primeiro encontro do Homem de Aço com o Amigão da Vizinhança) foi publicado no Brasil em três ocasiões: a primeira pela Editora Ebal, na revista Almanaque dos Heróis 1977: Super-Homem Contra o Incrível Homem-Aranha; a segunda pela Editora Abril no início de 1986 na edição especial Super-Homem Contra Homem-Aranha; e a mesma Editora Abril republicou essa aventura em 1993 no primeiro número da série Grandes Encontros Marvel & DC. Uma curiosidade: segundo os leitores mais velhos a edição da Ebal tinha um tamanho maior que a versão americana;
● A segunda reunião do Cabeça-de-Teia com o Último Filho de Krypton chegou no território pátrio pela primeira vez em 1982 na revista Super-Homem e Homem-Aranha, publicada pela RGE. Em julho de 1989 a Editora Abril republicou esse material no gibi Super-Homem e Homem-Aranha: Juntos Novamente, e o relançou em 1993 no gibi Grandes Encontros Marvel & DC #4;
● O desigual quebra-pau do Hulk com o Batman foi apresentado aos fãs brasileiros em 1982 pela Editora Ebal na revista Edição Extra de Batman: Batman Versus O Incrível Hulk, e foi relançada pela Editora Abril em 1993 no gibi Grandes Encontros Marvel & DC #3;
● Em 1985 a nona edição da clássica revista Grandes Heróis Marvel da Editora Abril foi o primeiro palco brasileiro para a crossover que reuniu os X-Men e os Novos Titãs; posteriormente essa aventura foi republicada pela mesma editora em 1993 na revista Grandes Encontros Marvel & DC #2.
Encerramos agora os nossos trabalhos fazendo um pequeno e simples pedido aos profissionais da Panini, a editora que publica material da Marvel e DC Comics em nosso humilde território: nos últimos anos divergências comerciais entre as principais editoras de quadrinhos dos EUA bloquearam o relançamento dos encontros entre seus personagens, todavia eles chegaram num acordo e novas gerações de fãs terão a oportunidade de ler a aventura onde o Superman e o Homem-Aranha se esbofeteiam. Como acreditamos que esse “desbloqueio” se aplica a nossa simpática nação latino-americana educadamente falamos:
POR FAVOR, REPUBLIQUEM ESSE MATERIAL NO BRASIL O QUANTO ANTES!
E para aqueles que pacientemente chegaram até o final deste longo texto nós afirmamos:
E TENHO DITO!
Para Saber Mais:
❖ Wikipedia: Superman vs. The Amazing Spider-Man (primeiro encontro)
❖ Wikipedia: Superman and Spider-Man (segundo encontro)
❖ DC Fandom: Batman vs. The Incredible Hulk
❖ Wikipedia: The Uncanny X-Men and The New Teen Titans
❖ Sean Howe: Marvel Comics — A História Secreta
❖ Reed Tucker: Pancadaria — Por Dentro do Épico Conflito Marvel vs. DC
❖ Les Daniels: Marvel — Five Fabulous Decades of the World’s Great Comics
❖ Les Daniels: DC Comics — Sixty Years of the World’s Favourite Comic Book Heroes
❖ DK Publishing: Marvel Year by Year, a Visual History
❖ DK Publishing: DC Comics Year by Year, a Visual History
❖ Comic Book Historians: As festas de Tom Fagan em Rutland
❖ Comic Book Resources: As primeiras aparições do Esquadrão Sinistro e dos Campeões de Angor
❖ Comic Book Resources: O primeiro encontro “não-oficial” da Marvel com a DC Comics
❖ Comic Book Resources: O Mágico de Oz
❖ Comic Book Resources: Como Walter Simonson concebeu a Muralha da Fonte
❖ Comic Book Resources: O encontro dos X-Men com os Novos Titãs