Tour na Favela: um sintoma da desigualdade

Vinícius Spanghero
Vinícius Gonçalves Spanghero
2 min readJun 23, 2020

Ou você faz parte da cura ou você é a doença.

Foto da matéria

Cada dia mais a discussão sobre o termo "Antirracista" se apresenta pra mim com mais força em tudo o que eu vejo.

Esta imagem de cima, a única que ilustra esse artigo que eu escrevo, apareceu numa matéria do portal RAP MAIS. A matéria fala sobre a tour que os gringos fazem nas favelas do Rio de Janeiro (na Favela do Vidigal, no caso). Na verdade não só os gringos. Segundo a matéria, em pesquisa feita pela FGV a pedido do Ministério do Turismo, quase 60% dos brasileiros e mais de 50% dos gringos desembarcam no Galeão com a intenção de fazer a tour.

Agora eu pergunto: será que esse povo está disposto a entrar realmente na luta antirracista? Tenho certeza que não. Pra eles, a manutenção de todo esse sistema racista, capitalista e fascista é lucro. Veja bem: um passeio na favela é entretenimento. E aqui eu não preciso explicitar pra ninguém o que é visto na favela, né? Não me venha com "nada a ver com racismo, existe branco pobre". A maioria é negra. Originalmente a marginalidade é uma condição que foi imposta à nós, negros. E ninguém, nem brancos e nem negros, deveria estar vivendo nela. O antirracismo não pode ceder espaço pra esse tipo de ação como entretenimento. O povo da favela não tem que ser refém disso. Não tem que se vender como animais. Em hipótese alguma. O sistema deveria prover condições de isso não acontecer, mas o contrário é mais interessante pra ele.

Se os brancos e as classes mais altas quiserem ser antirracistas, tem um caminho de aprendizado muito longo, mas possível. Basta querer.

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