Open Banking: entenda o que muda a cada fase de implementação do sistema
Pense no Open Banking, também conhecido como Sistema Financeiro Aberto, como uma arte marcial. Tal como no karatê, o sistema financeiro precisa desenvolver uma série de habilidades para se tornar um sistema mais aberto, e melhor!
Assim como diria o sensei senhor Myagi, de “Karatê Kid” (isso é cringe, sabemos), o Open Banking deve “primeiro aprender a ficar em pé, depois aprender a voar”. Por essa razão, a modalidade que vai mudar o sistema financeiro como o conhecemos está se aperfeiçoando pra trazer uma série de benefícios para pessoas físicas e jurídicas. Quer entender melhor o que é, de fato, Open Banking? Volte uma casa e leia o texto anterior.
Em resumo, você ou sua empresa são donos de dados que compõem todo seu histórico de transações ao longo do tempo, reunindo informações sobre pagamento de contas em dia, empréstimos, perfil de gastos etc. Esse perfil diz aos bancos ou instituições financeiras que tipo de cliente você é e quais são suas principais necessidades no setor financeiro.
Controle nas suas mãos
Antes de o Open Banking ser lançado, essas informações ficavam “reféns” no banco no qual você tem conta. Essa era uma forma de barrar que outra instituição financeira ou de pagamentos pudesse oferecer novas formas de solução para suas necessidades. Ao evitar a concorrência, esse modelo ainda prejudicava o cliente, pois ao mudar de banco ou de instituição, ele tinha de recomeçar esse histórico do zero, dificultando o acesso a crédito e a outros serviços.
Com o Open Banking, o cliente é dono do seu histórico financeiro e, com toda segurança, pode compartilhá-lo com quem desejar. Isso, automaticamente, incentiva a concorrência, amplia as opções de crédito e outros serviços, e atrai novos consumidores para o sistema financeiro. No final das contas, é um sistema que beneficia os dois lados da moeda.
Isso facilita que o cliente consiga dividir todas as suas informações financeiras e levá-las para onde quiser, sem ter que começar do zero com uma nova instituição, e podendo obter vantagens que antes ficavam represadas no banco no qual tinha conta.
Jogo está só começando
Por ser um sistema revolucionário, o Open Banking será implantado pelo Banco Central em fases, de forma que todas as instituições financeiras e de pagamento tenham tempo de se adequar ao sistema financeiro aberto, criando mecanismos para compartilhamento de dados e serviços dos clientes com segurança redobrada, e obedecendo todas as leis e normas regulatórias que protegem esse sistema — mas este é assunto para o próximo artigo!
O importante é saber que tudo será feito passo a passo, com todo cuidado para que, quando o sistema estrear, tenha o melhor desempenho para oferecer um serviço campeão!
Conheça e entenda as fases de implementação do sistema:
Open Data
(1º de fevereiro de 2021)
A primeira fase teve início no dia 1º de fevereiro de 2021 e resultou no compartilhamento padronizado das informações sobre canais de atendimento, serviços e produtos financeiros oferecidos pelas instituições. Ainda não há o compartilhamento dos dados específicos de cada cliente, por isso não há necessidade de consentimento, uma vez que se restringem a informações públicas das instituições participantes. Por isso, essa fase é chamada de Open Data (dados abertos).
O que muda?
O conceito de “Sistema Financeiro Aberto” impulsiona o surgimento de novas soluções de comparação entre produtos e serviços financeiros. Isso facilita a escolha de produtos mais alinhados às necessidades de cada consumidor, ou seja, a personalização dos serviços começa a ganhar moldes.
Compartilhamento de dados de clientes
(13 de agosto de 2021)
Iniciada em 13 de agosto, nesta fase o consumidor passa a ter o controle de seus dados financeiros — dados cadastrais, transações em conta, informações sobre cartões e operações de crédito. A partir desta fase, o cliente poderá compartilhar essas informações com as instituições de sua preferência, se e/ou quando quiser.
O que muda?
Permite o surgimento de novos produtos e serviços, cada vez mais personalizados e acessíveis à necessidade de cada consumidor. A partir desta fase o cliente precisa dar o consentimento para o compartilhamento de seus dados entre instituições, ou seja, a transmissão dos dados ocorre somente com a autorização da pessoa.
Iniciação de Pagamentos via Pix
(29 de outubro de 2021)
Nessa etapa, os consumidores passam a ter acesso ao serviço de iniciação de pagamento por meio do Pix. Como o Open Banking estará conectado às estruturas de pagamento, será possível realizar uma transação de pagamento que inicia em uma instituição, sendo que os recursos que o cliente tem em outra instituição serão enviados.
O que muda?
Agora, as instituições poderão tornar os pagamentos ainda melhores. Com a iniciação de pagamentos, espera-se que as experiências do cliente se tornem ainda mais fluidas — sobretudo em lojas online ou e-commerces!
E ainda tem mais?
Claro, o Open Banking do Brasil é um dos melhores do mundo! O conceito de Open Banking se amplia e passa a incluir mais opções de dados que poderão ser compartilhados. Nesta fase final da implementação, os clientes agora podem compartilhar informações sobre operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência.
O que muda?
Os consumidores passam a controlar o compartilhamento de uma gama maior de informações, que possibilitam a criação de serviços e produtos ainda mais alinhados às suas necessidades, a maioria deles personalizado para cada tipo de cliente.
Senta que lá vem mais história
Em 2022, o Open Banking ganha novas funcionalidades, mas que serão liberadas gradualmente, tais como o compartilhamento de:
- Serviços e transferências entre contas do mesmo banco e TED;
- Envio de propostas de operações de crédito a clientes que aderiram ao open banking;
- Serviços de pagamento por boleto e de débito em conta.