3 grandes motivos para investir no design como ferramenta estratégica para a sua empresa.

O Design está em toda parte, inclusive no modelo de negócio de muitas empresas de sucesso. Este texto mostra um pouco da minha visão, uma das designers da Superplayer & Co, sobre este tema.

Renata Mori
Superplayer & Co
8 min readNov 5, 2018

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A Superplayer & Co tem a música como a alma do seu negócio desde a sua fundação em 2013 com o Superplayer, um aplicativo de streaming pioneiro na curadoria de playlists. Ao longo dos anos, a empresa cresceu e se adaptou e hoje foca e é líder no mercado Brasileiro b2b no desenvolvimento de soluções que envolvam música e tecnologia.

Outro fator que contribuiu para o crescimento e inovação da empresa nesse segmento ao longo dos anos, além da paixão generalizada do time por música e a sua aplicação alinhada à tecnologia, foi o uso de processos orientados pelo Design.

Assim, me inspirando no dia do designer gráfico (5 de novembro) resolvi compartilhar esses três motivos de porque é uma boa ideia investir em design na sua empresa:

1. Design é comunicação

A apresentação de uma empresa em todos os pontos de contato com possíveis clientes, investidores e stakeholders é muito mais do que desenvolver um logo extraordinário que transmite sua essência de forma pregnante e viável para a aplicação nos mais diversos suportes (tarefa que por si só já exige dos designers toneladas de testes, pesquisas e conhecimentos técnicos em diversas áreas, diga-se de passagem).

Acontece que a identidade visual de uma empresa deve ser estruturada para transmitir todo tipo de informação da forma mais clara possível e isso envolve questões de projeto como a acessibilidade e responsividade do seu site, a hierarquia de informações, layout de material corporativo, escolha da família tipográfica para os textos impressos e visualizados em tela, o contraste entre formas e fundos, a resolução das imagens, e outras variáveis que interferem na ergonomia, legibilidade, leiturabilidade de toda e qualquer mensagem que a empresa queira transmitir para o mundo.

Ainda assim, além de garantir que a assinatura visual seja tecnicamente e esteticamente adequada e que todas as mensagens sejam transmitidas da forma mais agradável e direta possível, é essencial também que se planeje com o mesmo cuidado e atenção quais são as mensagens a serem transmitidas.

A verdade é que a identidade visual não vai conseguir exercer o seu papel sem uma estratégia sólida de comunicação que envolva muito mais do que o que pode ser apreciado com os olhos. Essa gestão holística da marca, também conhecida como branding, se aprofunda em aspectos como o tom de voz, visão de futuro, missão, valores e entre outros para criar uma percepção de marca que estabeleça uma conexão emocional com o seu público.

Esse esforço estratégico, que é normalmente fruto de uma parceria entre os designers e os líderes de outras áreas da empresa, principalmente marketing, define para quem, onde, quando e como a marca será apresentada e a prepara para que todas essas ações sejam orquestradas da maneira mais favorável possível. A conexão gerada com o público através desse tipo de estratégia, se executada corretamente, tem o potencial de conquistar, fidelizar e inspirar confiança e admiração.

Todos estes pontos (abordados resumidamente) e as relações entre eles são o que, na verdade, constituem uma marca, e não só a sua assinatura gráfica. Por isso, apesar de basicamente todos os processos de comunicação de um negócio tangenciarem disciplinas do design, nós não podemos carregar esse fardo sozinhos. Conhecer e respeitar a marca e os seus desdobramentos é responsabilidade de todo o time de uma empresa, afinal, todos os funcionários são seus porta-vozes em maior ou menor dimensão. Além disso, quanto melhor estruturado e assertivo for este processo, melhor para a imagem da empresa frente ao seu público e a concorrência.

2. Design é processo

Entre a leitura do briefing e a entrega final de qualquer projeto de design, existem muitas etapas que podem se relacionar de forma linear ou não. A questão é que conforme essa profissão foi evoluindo nós, designers, ficamos muito bons na criação e aplicação de metodologias e abordagens de projeto que são adequadas para outras áreas e disciplinas.

Esse tipo de sistematização de um processo contribui para o melhor aproveitamento de recursos, redução de custos e do tempo de produção além de promover a inovação e o controle do processo como um todo.

Um bom exemplo para confirmar esta citação é a metodologia de Bruno Munari, um dos mais célebres designers que já viveu, que é aplicável e eficiente, como ele mesmo provou, até no preparo de arroz verde.

Adaptação do livro “Das coisas nascem coisas” de Bruno Munari

Outro exemplo, e talvez mais amplamente conhecido nos dias de hoje, é o Design Thinking, termo que se popularizou no mundo dos negócios por ser uma abordagem interativa colaborativa e que foca em soluções inovadoras. Esta forma de realizar projetos muito utilizada por médicos, engenheiros e empreendedores, por exemplo, para a resolução de problemas gera muitos resultados valiosos mas nada mais é, como o próprio nome diz, “o jeito de pensar do design” que foi pego emprestado por outras disciplinas.

Trata-se basicamente da divisão do projeto em 3 etapas: Imersão, Ideação e Prototipagem que se relacionam de forma não linear, dependendo da necessidade de cada projeto. Uma das suas características marcantes é reunir diversas pessoas envolvidas no problema, desde usuários finais de um produto até o diretor executivo da empresa, para discutir e apresentar as suas visões sobre o assunto, gerando insights singulares para a equipe de desenvolvimento.

Além disso, outro exemplo pode ser visto no texto do Alisson Rocha, outro designer da Superplayer & Co, que compartilhou recentemente (neste artigo aqui), a sua experiência com a implantação do Design Review, um método orientado para a obtenção de feedbacks de diversas pessoas envolvidas direta ou indiretamente em um projeto e, que tem como objetivo promover o aperfeiçoamento constante de um produto.

É por conta desta e de outras habilidades que existem designers ocupando cargos estratégicos de gestão de projetos e processos em grandes empresas ao redor do mundo, uma prática que eu espero que seja cada vez mais implantada.

3. Design é inovação

Além de ser parte essencial da estratégia de comunicação de toda empresa e ser uma excelente fonte de busca por metodologias que possam ser aplicadas nas mais diversas áreas, o design está intimamente ligado à inovação. Quando eu digo inovação, quero dizer, qualquer solução com o potencial de suprir necessidades, criar novas demandas e, principalmente, causar impacto positivo na vida das pessoas.

E é aqui que entra a empatia, outra característica marcante do design como disciplina uma vez que tudo que projetamos é invariavelmente utilizado, lido, vestido, operado ou adquirido por pessoas reais. Nada mais justo então que nossos projetos sejam (ou pelo menos devam ser) sempre focados no ser humano.

Pode parecer óbvio, mas é só pensar em situações como: maçanetas difíceis de segurar, folders difíceis de ler, serviços insatisfatórios, sites difíceis de navegar e entre outras situações infelizmente muito comuns, para saber que nem tudo foi projetado pensando nas pessoas diretamente impactadas em toda a sua diversidade. Este tipo de coisa acontece, muitas vezes, devido a falta de investimento adequado em design ou até em decorrencia de cronogramas e orçamentos muito restritos para a realização de testes e pesquisas com usuários.

Além disso, todos nós sabemos que o jeito do ser humano de consumir qualquer bem ou serviço evolui e fica mais complexo ao longo do tempo. Não é a toa que os projetos de design de sucesso envolvem, cada dia mais, as etapas de pesquisas de campo, entrevistas, testes e protótipos para desenvolver qualquer coisa desde o botão de um aplicativo até uma aeronave.

O potencial inovador de uma empresa tem muito mais a ver com a sua capacidade de utilizar a empatia para conhecer e entender as necessidades e motivações do seu público do que com o desenvolvimento de dispositivos e gadgets caríssimos que utilizem tecnologia de ponta. Um exemplo disso é uma solução absurdamente inovadora, desenvolvida a partir da identificação da necessidade humana de segurar folhas juntas de maneira não destrutiva, o clipe de papel.

Assim, por mais que abrir espaço no cronograma e direcionar o time de design para a difícil tarefa de entender o usuário de um bem ou serviço possa parecer perda de tempo e dinheiro, este é na verdade um investimento em inovação e na garantia de que o que quer que esteja sendo vendido, atenda ao seu público da maneiras mais satisfatória possível.

Estes são apenas três dos muitos motivos pelos quais o design merece ter uma posição de destaque dentro de uma empresa que quer ser ou manter-se competitiva e relevante no mercado. Além disso, caso queira se aprofundar neste assunto, selecionei algumas matérias, artigos e vídeos que reforçam essa ideia:

Conhece mais algum motivo de pelos quais as empresas podem se beneficiar com o design? Conta aqui nos comentários :)

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