#MashupSensorial

Sinestesia e a ampliação da experiência humana

Rodrigo Turra
swarm creativity

--

por Rodrigo Turra

Na última Swarm Creativity sobre #SextoSentido, foi inevitável trombar com artigos e curiosidades sobre os preciosos cinco sentidos. Experimentamos o mundo e a vida através deles e ouso dizer que sem eles a percepção de existência seria quase nula.

Por outro lado, a nossa experiência pode ser ampliada (nem sempre positivamente) quando esses sentidos se misturam. Sinestesia, como é chamado, é um “fenômeno neurólogico no qual o estímulo de um caminho sensorial ou cognitivo resulta em uma experiência involuntária e automática de outro caminho sensorial ou cognitivo.” E isso se dá em diversas combinações: cores/som, letras/cores, dores/cores até palavras/sabor.

Como foi um fenômeno mais estudado nos dois últimos séculos e nem tanto agora, não se sabe qual a porcentagem de pessoas sinestésicas no mundo, até porque muita gente nem sabe que é (talvez 1 em 23 pessoas, ou 1 em 2 mil, dependendo da pesquisa). Pra saber mais, clique aqui.

Bom, o que você verá nesta edição da Swarm Creativity são casos fascinantes que fui farejando por aí ;) Sinta-se em casa!

Tem algo para compartilhar sobre essa mistura dos sentidos? Divida com a gente no grupo da Swarm Creativity com a hashtag #MashupSensorial

1. Um super humano que escuta cores

Imagine não enxergar nenhuma cor: sua vida é feita de tons de cinza, o céu é sempre acinzentado e as legendas dos mapas são inúteis. Pois é, Neil Harbisson (essa figura maravilhosa) nasceu com um caso raro de daltonismo, a acromacia. Mas isso não o impediu de experimentar as cores do seu jeitinho.

Ele percebeu que assim como as cores, os sons são feitos de ondas, e decidiu criar um antena (sensacional e muito #FuturodasCoisas) que traduz, direto no seu crânio, a vibração daquela cor. E acredite ou não, ele é o primeiro a ser reconhecido como um ciborgue pelo governo!

O papo desse corajoso gênio no TED Talks é empolgante e recentemente ele até estreou uma campanha de uma marca de tintas.

Seria a “sinestesia artificial” a resposta para outros distúrbios?

2. Sinestesia pode ser hackeada?

Uma pesquisa recente aponta que sim. Entre 6% e 15% de pessoas com sinestesia de cor-letra (os que associam uma cor específica a uma letra) podem ter aprendido isso com um brinquedo infantil. Nessas pessoas, as letras tinham um link quase perfeito com um brinquedo popular de alfabeto em que as cores eram sempre as mesmas.

Parece que tem algum jeito de hackear o nosso cérebro na infância e ensinar sinestesia! Qual tipo de sinestesia você escolheria?

3. Vendo e sentindo o som

Já que provavelmente você que está lendo isso não é sinestésico, o jeito mais próximo de se tornar um é inventar. Gosto de pensar que sou um pouco, já que vivo arrepiando quando escuto músicas (som/tato). Se formos perceber, as vibrações das músicas devem ter um efeito maior do que pensamos sobre nós. A cimática, por exemplo, estuda a forma que o som toma na matéria, ou seja, quando conseguimos ver o som.

E se o som molda a matéria, o que será que ele faz com a gente?

Aliás, isso não é novidade nenhuma para a humanidade: na capela de Rosslyn, na Escócia, as treze formas entalhadas nas paredes são idênticas ao formato de vibrações de notas na areia. Entenda melhor aqui. É de arrepiar!

4. Tecnologia traduzindo sensações

Cada vez mais a tecnologia tem se encarregado de trazer experiências de #MashupSensorial. Algumas coisas são básicas/bobas, mas já considero um primeiro passo para experiências maravilhosas. Esse relógio, por exemplo, traduz horas em suas cores hexadecimais. Essa ação de uma marca de fones criou uma música à partir do twerk de uma dançarina. Essas interações poderosas entre corpo e som com projeção mapeada. E o meu maior prazer culposo: vídeos de ASMR (Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano).

Resumindo essa onda que tem crescido pelo mundo: o som binaural produzido, algumas vezes junto ao estímulo visual, gera uma sensação de formigamento e relaxamento. Pode parecer bizarro essas pessoas sussurrando, fazendo sons estranhos e fazendo dramatizações improváveis, mas de fato, funciona. Se quiser dicas de vídeos, fale comigo.

Lembra de mais algum caso da tecnologia fazendo essa tradução?

5. Como sumir: privação sensorial

Se misturar os sentidos parece ampliar sua percepção, ser privado deles pode ter um efeito peculiar. Essas cápsulas/tanques de flutuação estão surgindo em diversos SPAs: cheios de água com sal na temperatura do corpo, completamente escuras e vedadas de som. Você fica privado de quase todos os seus sentidos para uma meditação ou até mesmo uma soneca. Alguns usuários relatam ouvir e sentir coisas, como se o cérebro criasse estímulos por conta própria.

Acredito que seja o mais próximo da sensação de “sumir” ou da memória do ventre. Você faria?

// Para Degustar

Da mesma produtora do conhecido Fresh Guacamole, esse curta é uma delícia. Texturas e comidas viram uma brincadeira visual.
Eu sou apaixonado por vídeos de Food Porn. Só o visual é capaz de nos deixar morrendo de vontade de comer essas coisas deliciosas.
Esse curta foi compartilhado no grupo da Swarm Creativity, pelo Gustavo Bastian, e mostra uma forma de hackear o nosso cérebro através da visão. É um tanto tenso!
Melissa McCracken é uma artista que tem sinestesia e pinta quadros de como enxerga músicas. Ao lado, Life on Mars do David Bowie. Clique aqui para ver as outras.

// Digital Detox

PRA ESTIMULAR OS SENTIDOS ALÉM DA TELA

Cinesthesia: todo mês, São Paulo ganha um presente para os sentidos. É um evento que acontece no Cine Jóia e traz filmes clássicos com estímulos para todos os sentidos. É interação de projeção mapeada, banda ao vivo, atores, temperatura, luzes e até remixes. Além de poder tomar uma boa cervejinha/drinks e comer pipoca à vontade. Curta a página pra ficar por dentro. Já teve Rocky Horror, Pulp Fiction e até O Mágico de Oz com trilha ao vivo de Pink Floyd. É de arrepiar!

FILE 2015: ainda dá tempo de mergulhar na 16 edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica que termina no dia 16/08. O tema deste ano é “the new e-motion” ou a nova emoção que vem com a tecnologia. Mais de 300 obras pra interagir, se divertir e refletir. Aqui tem mais informações e próxima parada é em Curitiba.

Melhor caminho: agora o Google Maps também te mostra o melhor itinerário de bicicleta, priorizando ciclofaixas, ciclovias e caminhos com menos subidas. Já experimentou mudar sua rotina e conhecer novos caminhos?

Gostou do que leu? Então clique no botão Recommend aí embaixo. Fazendo isso, você ajuda este post a ser encontrado por mais pessoas.

Se você curte o assunto, colabore com a conversa compartilhando no grupo Swarm Creativity outras referências, escrevendo uma resposta ao artigo aqui no Medium.

Para compartilhar:

// Swarm Creativity

A cada mês, publicamos um novo conjunto de artigos, que se integram em uma experiência coletiva e são complementados por você. Leia os demais desta edição em nossa publicação aqui no Medium. Assine nossa newsletter e participe das discussões no nosso grupo no Facebook.

--

--

Rodrigo Turra
swarm creativity

Publicitário, canhoto, geminiano e mutante. Aprendi que um dia sem aprender é um dia perdido. À procura do meu próximo eu. http://www.hiphipturra.com.br/