TaqTalkies #13: Alexandre Fugita

Viviane Ducarme
TaqtileBR

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Interagi com o Fugita pela primeira vez em uma viagem da Taqtile para a praia, onde jogamos Resistance e o Fugita foi o cara do mal em todas as rodadas (e se não foi, é assim que ficou marcado), mandando muito bem com sua cara poker face que enganou muita gente. Mas na vida real, Fugita não tem nada de mal, é um cara tranquilo que está em busca de se desenvolver e alcançar os pequenos objetivos da vida. Nesse episódio #13, conheça um pouco mais dessa pessoa deboísta 🤙.

Olá! Me conta o que você faz aqui na Taqtile

Sou desenvolvedor/gerente de projetos, atualmente na área de Operações. Já trabalhei em vários projetos aqui na Taq, mas atualmente estou nos apps nativos em iOS e Android.

Quais foram suas outras experiências de trabalho?

Antes de entrar em Engenharia de Computação na Poli, eu cursava Engenharia Química (curiosamente, os dois únicos cursos com estrutura quadrimestral, que alterna aulas e estágios a cada 4 meses, a partir do terceiro ano). Então tive experiência na área de Química, trabalhando numa empresa de tintas e materiais antiaderentes em uma cidade do lado de Araraquara chamada Américo Brasiliense (também curiosamente, o mesmo nome da rua da Taqtile), e um estágio na área financeira, trabalhando na inteligência do Crédito Imobiliário do Santander.

Na computação, fiz estágios na Touch, desenvolvendo sistemas médicos, e na MoWA, que cuida do marketing da CBF e da Seleção Brasileira. Em 2012, fiz o primeiro estágio na Taqtile (antiga I.ndigo), e aqui estou até hoje.

O que a maioria das pessoas não sabe sobre você?

Poucas pessoas sabem por que eu não tenho cabelo, então é legal responder a essa pergunta, já que eu não costumo explicar com muita frequência. 🙂

Desde os 8 anos de idade, tenho uma espécie de doença autoimune chamada Alopecia, e que se manifesta em várias intensidades diferentes. No meu caso, é a Alopecia totalis, que fez com que todo meu cabelo e pelos do corpo caíssem. Fora isso, ela é assintomática e não transmissível.

Claro que durante muito tempo eu e meus pais corremos atrás de vários tratamentos, mas nunca houve muito progresso. No fim das contas, eu acabei aceitando essa condição como uma característica que faz parte de mim, e hoje eu vivo sem pensar nisso — a falta de cabelos se tornou uma coisa natural pra mim, como todas as outras coisas, e é uma parte da minha personalidade.

Como você explicaria sua filosofia de vida básica?

Já tive momentos em que o meu objetivo era viver uma vida mais tranquila, mas essa forma de pensar cada vez mais foi entrando em conflito com o que eu desejava conquistar. Hoje eu tento buscar o desenvolvimento dos vários aspectos da minha vida (trabalho, físico, família, relacionamentos, diversão…) buscando equilibrar as coisas. Não tenho a pretensão de ser um grande especialista de um único assunto, mas gostaria de ter conhecimento e domínio sobre muitas coisas.

O que no seu cotidiano você é melhor do que qualquer outra pessoa? Qual seu segredo?

Não sei se tem alguma coisa em que eu seja “melhor do que qualquer outra pessoa”. Eu costumo ser muito calmo e raramente me irrito no dia-a-dia, mas tenho certeza que existem outras pessoas mais calmas e não irritadas do que eu. 🤔

Qual qualidade você julga ser a mais imprescindível para ser um bom profissional?

Pelo menos na área em que eu trabalho, aprendizado contínuo. O conhecimento é muito volátil, e se você fica parado hoje, amanhã você está atrás.

O que você gosta de fazer no seu tempo livre?

Eu tenho/tive muitos hobbies, que normalmente vão e vem com o tempo. Entre os meus interesses estão a fotografia, tocar bateria e violão, assistir futebol (e torcer pro Corinthians), assistir futebol americano (e torcer pro San Francisco 49ers), fazer maratonas de seriados…

Atualmente, tenho focado na corrida, em desenvolver um hábito de leitura mais frequente, e em jogar no meu PS4 (principalmente jogos de luta, como Street Fighter V e Dragon Ball FighterZ).

Qual história que sua família sempre conta sobre você?

Quando eu tinha 6 anos, eu estava com minha família num shopping daqui de São Paulo, e me perdi deles enquanto estava distraído na multidão, olhando uma máquina de fliperama das Tartarugas Ninja.

Sem saber o que fazer, eu achei que era um bom plano ir até o estacionamento, procurar o carro do meu pai, e esperar até eles desistirem de me achar e ir embora. Obviamente não deu certo, porque meus pais não iriam embora sem me encontrar — e porque eu não tinha ideia aonde eles tinham estacionado.

A minha segunda ideia foi começar a procurar de loja em loja, mas estava tão cansado que acabei dormindo no primeiro lugar em que eu entrei (lembro até hoje que era uma G. Aronson — uma antiga loja de departamento que entrega a idade de quem se lembra dela). O gerente achou estranho um moleque dormindo sozinho numa cadeira dentro da loja, e ligou para a segurança do shopping. Depois de pouco tempo, um guarda me levou até meus pais e tudo acabou bem.

Hoje a história é até engraçada, mas na época eu achei que tinha me perdido pra sempre!

O que é verdade sobre você hoje que faria seu eu de 8 anos chorar?

Sim, seu cabelo está caindo, vai cair todo, e não vai mais crescer. 😢

O que te faz esquecer de fazer cocô ou comer?

Quando eu assisto a alguma série que realmente seja boa, e deixo pra assistir várias temporadas (ou a série toda) de uma vez. Eu vi Breaking Bad inteiro em 5 dias, e as 6 primeiras temporadas de House em 2 semanas. (mas faz tempo que isso não acontece! Aceito sugestões de séries pra maratonar)

Se você soubesse que iria morrer daqui um ano, o que você faria e como gostaria de ser lembrado?

Eu provavelmente me engajaria em algum projeto que pudesse concluir nesse um ano, e que deixasse um legado significativo para as outras pessoas. (não sei o que seria esse projeto, mas se eu pensar em alguma coisa vou atualizar aqui hu3hu3).

Gostaria de ser lembrado como uma pessoa que fez uma diferença positiva para as pessoas importantes na minha vida, e que deixou um legado a ser seguido.

Uma palavra que melhor descreve como você trabalha.

Tomandocafé. (É UMA PALAVRA SÓ ACABEI DE INVENTAR)

Além do seu computador e telefone, que gadget você não consegue viver sem?

Eu até conseguiria viver sem, mas meus outros gadgets favoritos são meu tablet Android de 8 polegadas, que uso pra ver vídeos e ler no lugar do Kindle, e meu PS4.

Quais são seus filmes favoritos?

Não sou muito de rever filmes várias vezes, mas vou citar O Poderoso Chefão 1 e 2, A Lista de Schindler, Matrix (o original) e Reloaded (sim, me julguem) e a trilogia d’O Senhor dos Anéis.

Alexandre Fugita por André Kanayama.

O que você está lendo atualmente? Um romance, história em quadrinho, website, revista? Ou algo que você recomendaria?

Estou lendo The Productivity Project, do Chris Bailey — um canadense que pesquisa e faz experimentos bem legais sobre produtividade, como alternar semanas de 90 horas e 20 horas de trabalho, e analisar a diferença (spoiler: é praticamente a mesma coisa) — e estou começando Running Flow, do Mihaly Csikszentmihalyi (é o mesmo autor do livro Flow, mas esse é voltado para desenvolver a mentalidade durante a corrida, e dos esportes em geral).

Quais são os três livros que mais te inspiraram? Por quê?

Um dos primeiros livros que eu li sobre desenvolvimento pessoal, há mais de 10 anos atrás, foi Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes. Muitas ideias já eram meio ultrapassadas na época, e hoje em dia não consigo aplicá-las no meu cotidiano, mas naquele tempo foi um livro importante para estruturar minhas ideias e colocar um pouco de ordem no caos.

Vou citar O Caçador de Pipas como um livro marcante. Não pela história em si (ela tem vários clichês dos best-sellers), mas porque foi um livro que eu li de uma vez só, em praticamente um dia, e lembro até hoje da sensação de estar “preso” na história e não conseguir largar a leitura.

E também vou dizer que a série O Guia do Mochileiro das Galáxias é uma das minhas favoritas, por ser uma ficção científica de humor muito bem escrita, cheio de ironias e sacadas geniais. A cada vez que você lê de novo, percebe referências que não tinha visto antes, e continua sendo engraçado.

O que você ouve enquanto trabalha? Tem uma playlist preferida? Talvez rádio? Ou você prefere silêncio?

Ouço praticamente qualquer tipo de rock, de Los Hermanos a Krisiun, mas costumo ouvir a lista Discover Weekly do Spotify, ou coisas das minhas bandas favoritas — normalmente Metallica, Incubus, Blind Guardian, Black Sabbath, Rush, System Of A Down, The Offspring, Primus e Beatles.

Às vezes ouço listas de Trance e House, mas depende da época.

Como você recarrega as energias? O que você faz para esquecer do trabalho?

Ultimamente, a minha principal atividade pra isso é a corrida — pra mim, funciona bem a ideia de cansar o corpo para descansar a cabeça.

Gosto de fazer os treinos à noite, depois de sair do trabalho, e venho tentando treinar de 4 a 5 vezes por semana (o que resulta entre 50 e 70 km rodados). A meta é correr minha terceira maratona esse ano (as outras duas foram em 2012 e 2014), o que também vem me ajudado bastante a manter uma rotina mais disciplinada.

Qual o melhor conselho que já recebeu?

“Quando você fizer uma promessa para si mesmo, cumpra-a”.

Quais seus maiores medos?

Eu tenho um pouco de acrofobia (que é o medo de lugares altos). Não gosto de ficar perto de parapeitos, penhascos e coisas parecidas. Tenho vontade zero de pular de bungee jump, paraquedas e afins. Mas eu moro em apartamento desde sempre, e ando de avião sem problemas — então esse medo não me atrapalha tanto assim.

Também tenho medo de ficar sozinho quando chegar minha velhice, e que aconteça alguma coisa que me faça depender dos outros para o resto da vida (como ficar tetraplégico).

Quais são seus pequenos objetivos na vida?

Vários! Comprar uma Nikon Df, correr a Maratona de Boston, ver um jogo do San Francisco 49ers na Califórnia, participar dos maiores torneios de pôquer e de Street Fighter em Las Vegas, assistir a um show do Greta Van Fleet (a banda que é a reencarnação do Led Zeppelin)…

Se você pudesse tentar qualquer outro emprego por um dia, qual seria?

Seria “debatedor” de futebol num desses programas de mesa redonda na TV. (já faço isso de graça, e melhor que vários desses caras por aí)

Quais coisas te deixam bastante triste?

Ver algo ruim acontecendo por causa de outras pessoas, e não poder fazer nada a respeito.

Quais coisas te fazem realmente feliz?

Eu pensei bastante a respeito, e me veio à cabeça os dois últimos grandes momentos de felicidade que eu experimentei: quando completei o Desafio do Pateta (Goofy’s Race and a Half Challenge) na Disney (que consiste em correr uma maratona e meia num fim de semana — 21km no sábado, e 42km no domingo), e quando estava na minha festa de formatura da POLI. Foram dois momentos que celebraram o fim de longas jornadas, com muito trabalho e cansaço, e que trouxeram aquela sensação boa de “missão cumprida”.

Então acho que o que me faz realmente feliz é cruzar essa linha de chegada (que pode ser metafórica ou literal, no caso da corrida), atingir um grande objetivo que só veio depois de grandes períodos de esforço e dedicação.

Pelo que você se sente mais grato?

Pelas condições e pelos conselhos que meus pais me deram — e ainda dão — durante toda minha vida. Nem todos os conselhos são os melhores, mas sempre tiveram a melhor intenção, e não há como não ser grato por isso.

O que você gosta menos sobre você?

Ainda me sinto inseguro para tomar certas decisões; tenho uma tendência a “paralisar” e não fazer algo caso exista alguma incerteza que me incomode. Mas estamos trabalhando nisso. 😏

O que você pensa que as pessoas pensam sobre você?

Que eu sou um cara tranquilo, e às vezes um tanto indiferente com as outras coisas. Mas isso tende a diminuir com a convivência.

O que você gostaria que todo mundo soubesse sobre você?

Eu tenho muito mais facilidade em continuar uma conversa do que começá-la. 🤓

Qual foi uma das coisas mais assustadoras que você já fez?

Eu lembro de ter ido assistir A Bruxa de Blair (um filme de 1999, em que a premissa era de ter sido uma história “real” de terror, filmado em VHS, de uns jovens produtores que morreram perdidos em uma floresta nos EUA) em um cinema de Votuporanga — uma cidade do interior de São Paulo, onde moram meus avós e vários primos meus — bem antigo, e que deu uma sensação maior ainda de que a parada do filme era real.

Depois que acabou a sessão, já era bem tarde da noite, e eu e meus primos voltamos para a casa da minha avó a pé, pelas ruas desertas da cidade. Eu saí do cinema bem impressionado, e essa volta foi uma coisa bem assustadora. (claro que não aconteceu nada, mas na hora foi tenso)

Qual a melhor decisão que já fez?

Ter saído do curso de Engenharia Química, prestado vestibular novamente, e entrado em Engenharia de Computação. Foi uma transformação completa em termos de vocação e motivação.

Qual a coisa mais estranha que você já fez?

Uma época eu participei de uma banda que se apresentou em alguns festivais de cultura japonesa aqui em São Paulo, tocando bateria. A nossa última apresentação foi para um bando de empresários, diplomatas e outras autoridades japonesas que estavam aqui no Brasil — e o setlist foi, basicamente, os hinos do Brasil e do Japão, em versão rock. Ficou todo mundo com uma cara de WTF enquanto a gente tocava. Até hoje eu não sei por que a organização do evento achou que isso era uma boa ideia, e depois disso a banda não se encontrou mais.

Qual a coisa mais estúpida que você fez?

Na mesma viagem para os EUA em que eu corri a Maratona da Disney (que foi no dia 12 de Janeiro de 2014, em Orlando), eu perdi meu passaporte no meio da viagem (na virada do ano, do dia 31 para o dia 1º, em Los Angeles, num mini parque da Universal de lá). Percebi que não estava com o passaporte no meio da estrada, quando estávamos dirigindo de LA para Las Vegas. Depois de um momento de desespero e de sentir o chão se abrindo sob os pés, voltamos às pressas, procuramos em todos os lugares prováveis (no hotel, de volta na Universal) e não encontramos. Por sorte, um dos poucos lugares nos EUA em que é possível emitir um passaporte de emergência brasileiro fica na Embaixada Brasileira de Los Angeles. Fizemos o BO em uma delegacia, e no dia seguinte logo cedo fomos para lá, tiramos esse passaporte (pelo dobro do preço 💸), respiramos aliviados e seguimos viagem.

A parte estúpida é que, 2 anos depois, os meus pais acharam o bendito passaporte em um bolso lateral da minha mala. 🤦🤦‍️🤦‍️🤦‍️🤦‍️

Qual a melhor viagem que você já fez? Por quê?

Apesar desse incidente do passaporte, essa ainda foi a melhor viagem que eu fiz, que incluiu LA, Las Vegas, San Franciso e Orlando. Gosto muito de viajar pros EUA, e pretendo ir mais uma vez esse ano.

Qual é a “coisa” que você acreditou por um longo tempo que hoje concluiu que é errada ou mudou de opinião?

É possível agradar a (ou, no mínimo, não se indispor com) todas as pessoas, todo o tempo, se você se esforçar o bastante.

Se você tivesse uma máquina do tempo/espaço e pudesse viajar para qualquer lugar e tempo, para onde e por que você iria para esse lugar?

A resposta é: depende de qual dos 3 tipos de viagem no tempo seria.

Se fosse a viagem da Linha do Tempo Fixa, eu gostaria de viajar 30 anos à frente, descobrir quais serão os principais problemas (portanto, as principais oportunidades) que estaremos enfrentando no mundo, voltaria ao presente, e investiria minha carreira na direção da resolução desses problemas (os problemas continuariam existindo, mas pelo menos eu teria um propósito de vida em que eu teria certeza que seria significante).

Se fosse a viagem da Linha do Tempo Dinâmica, eu voltaria para o meu ano de bixo na POLI, e teria dito a mim mesmo (depois que o eu do passado se recuperasse do susto) para aproveitar o máximo de cursos, festas, competições, atividades de extensão e amigos durante a faculdade — mas diria também para fazer tudo isso estudando muito, e optando pela Engenharia de Computação logo de primeira.

E se fosse a viagem dos Multiversos, então poderia ser qualquer coisa divertida, já que seria apenas um exercício de observação. Provavelmente eu iria a um universo onde carros voadores dos Jetsons existissem, as pessoas pudessem comer o quanto quisessem sem engordar ou entupir as veias, o câncer fosse tratado com aspirina, o futebol americano fosse um esporte global, o Led Zeppelin e os Beatles nunca tivessem se separado, o Palmeiras continuasse sem mundial (LOL), e onde houvesse Copa do Mundo todo ano. 🤤

Qual é a coisa que você gastou muito dinheiro, porém não se arrepende?

Um dinheiro que eu nunca me arrependo em gastar é com os shows das minhas bandas favoritas. É um momento de pular, cantar e gritar a plenos pulmões em que eu saio de alma lavada.

Ah, uma outra coisa que nem foi tão cara assim foi um Philips Wake-up Light — um despertador com luminária, que vai gradualmente se acendendo 30 minutos antes de tocar o alarme, para simular o nascer do sol e suavizar o processo de acordar de manhã. Isso me ajudou bastante na minha rotina matinal, e valeu cada centavo.

O que você acha ser muito óbvio para você que não é tão óbvio para as outras pessoas?

Jogos de luta são, disparados, os mais divertidos!

Falta realizar algum sonho? Qual?

Além da independência financeira e de constituir uma família linda, gostaria de conseguir alcançar o “índice Boston” — o que, hoje, significa diminuir meu melhor tempo da maratona em 1 hora. O caminho é longo, mas um dia eu chego lá…

Se alguém te pedisse um conselho aleatório, o que você diria?

Quem quer, dá um jeito; quem não quer, dá uma desculpa.

Chegou agora e não sabe o que está acontecendo? Comece pelo começo!

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