Trazendo o Sistema Financeiro para a era da Internet — Uma conversa com Rafael Olaio

Alain Max Banfi
Tech leap
Published in
13 min readJun 22, 2016

Ha uma cena no filme Men In Black aonde o Agente J (interpretado por Will Smith) acaba de perceber a ameaça de um cruzador de batalha intergaláctico que esta prestes a acabar com a terra e quer avisar a todos quando é cortado pelo Agente K (Tommy Lee Jones) com a seguinte frase:“Há sempre um cruzador de batalha…, ou um raio de morte…, ou um praga intergaláctica que está prestes a acabar com toda a vida neste pequeno e miserável planeta, e a única maneira dessas pessoas continuarem com suas vidas felizes é que elas não sabem disso”

Não é difícil imaginar a grande maioria da população como pequenas formigas vivendo seu dia a dia, enquanto decisões tomadas na alta hierarquia política e corporativa decidem como viverão suas vidas. Quanto pagarão de imposto, de taxa bancaria, qual ato será considerado um crime e sujeito à punição, qual região será a próxima a receber antenas 4G, e assim por diante.

Agora há também, nesta analogia, os homens e mulheres “in black”; batalhando por nosso interesses para trazer melhorias profundas para o ecossistema mesmo sem, muitas vezes, o reconhecimento do verdadeiro papel de suas iniciativas. Um belo exemplo tratando de assuntos regulatórios e políticos, é a nossa entrevista com Ronaldo Lemos, ou iniciativas como o Voto Legal; ja na inclusão financeira — assunto de nosso próximo evento — veja iniciativas como o Banco de Palmas ou a própria Ripple: grandes agentes por trás da “Internet dos Valores”, e que estão batalhando para digitalizar os processo de transações e pagamentos, para radicalmente aumentar sua eficiência processual, reduzir seus custos e, por consequência, incluir milhões de novos usuários que poderão ter acesso a estes serviços.

Rafael Olaio conhece de perto os grandes agentes por traz destas novas mudanças em soluções financeiras. CEO da Netmint, uma empresa brasileira dedicada à ajudar a construir a internet dos valores, que oferece serviços baseados na tecnologia Ripple, e Fundador da Rippex, primeiro gateway de Ripple no Brasil, Rafael participa diretamente dos principais assuntos e círculos de conversa sobre inovação em blockchain,Ethereum, Ripple, Inteledger, Bitcoin e as mais importante iniciativas do mercado. Não o bastante, mantém o blog da Rippex com estudos e explicações sobre os principais temas do mercado, dignos de papeis acadêmicos (mas com um toque de humor) e é um grande exemplo de um conhecedor multi-disciplinar, com abordagens que trazem inputs de economia, tecnologia, negócios e jornalismo, anatomizando e analisando acontecimentos do mercado em seus mais importantes detalhes, oriundo talvez de sua formação em medicina pela USP.

Mesmo com o “freio de mão puxado” para falar conosco, suas colocações e observações podem ir fundo, mas sugerimos escutar atentamente o que ele tem dizer, pois está extremamente bem posicionado para falar sobre as principais tendências atuais do blockchain e de sistemas financeiros. Para os leitores menos técnicos, organizamos as perguntas e respostas em ordem gradativa de complexidade tecnológica.

Segue nossa conversa com Rafael Olaio:

Alain Banfi: Dado acontecimentos recentes, seria difícil começar sem perguntar sobre o hack feito contra o The DAO. Contextualizando os leitores, o The DAOera apontado como a primeira grande implementação de uma organização autônoma descentralizada, uma organização sustentada por chamados “smart contracts” e que eliminaria custos, riscos e atrasos associados à ineficiência e erros em processos dependentes até então de intermediação “manual” — por humanos. Mas com o hack recente de cerca de USD 60 Mi do The DAO, muitas mídias cobriram o acontecimento como uma indicação de que código e tecnologia afinal pode ser “tão vulnerável à ganância humana e erros como soluções tradicionais”. Se o passado é qualquer indicação, nossas reações tendem a ser talvez infladas quando reagimos a acontecimentos pontuais. De fato ao encontrar uma vulnerabilidade de chamada recursiva, um “buraco” na programação do The DAO que permitiu a remoção deste valor, o hack colocou em cheque a própria continuidade da organização e desvalorizou em quase 50% o valor de mercado do Ethereum (plataforma em cima da qual os smart contracts foram criados e o projeto foi financiado), mas o que é na sua visão a implicação disto para o futuro do blockchain e para criptomoedas como um todo? Isso é de fato um “crise existencial”?

Rafael Olaio: Vou começar essa com uma brincadeira inspirada pela sua pergunta. Escolha apenas duas destas três: “primeira”, “grande”, “implementação”…pois não se deve tentar ter todas ao mesmo tempo!

Não é uma crise existencial para os livros-razão (ou ledgers) distribuídos, nem para o “blockchain” nem para os “smart contracts” e nem para o Ethereum, pois esses marcos tecnológicos são muito maiores que “O DAO”. Na verdade, todo o ecossistema se valerá do episódio pra amadurecer mais. A discussão mais interessante pra mim está acontecendo ao redor das possíveis soluções para o caso do #DAOhack, pois elas envolvem propostas altamente polêmicas como censurar transações de um smart contract, o que pode estabelecer um precedente muito perigoso. Qual seria o impacto de censurar transações em um ambiente cuja principal proposta de valor é resistir à censura? Vão mesmo parar um contrato vendido como “imparável”? Veja o anúncio do DAO no website: “The DAO’s Mission: To blaze a new path in business organization for the betterment of its members, existing simultaneously nowhere and everywhere and operating solely with the steadfast iron will of unstoppable code.”

Por outro lado, é sim uma crise existencial para “O DAO”, porque o erro cometido em seu código é uma ameaça real, e ele pode ser fechado. O curioso sobre isso é que como se trata de um agente autônomo, os próprios criadores do projeto não tem o poder para decidirem isso sozinhos. Talvez vejamos esse “golem” tomar vida própria e decidir seu próprio destino — será que o primeiro indivíduo digital rico e famoso vai se suicidar porque sofre de uma doença hemorrágica grave que está escrita em seu DNA? Não sei, vamos ver o que a comunidade resolve

AB: Arriscando talvez soar um pouco simplista, poderíamos dizer que, dentro da tecnologia blockchain, o bitcoin foi o primeiro protocolo que permitiu a troca de uma criptomoeda, que a Ripple adicionou então uma camada de “valor” — agnóstica à moedas (aonde poderiam se criar mercados para trocar por exemplo milhas de avião por Rúpia indiana, ou qualquer outro sistema de mensuração e distribuição de valor) e que o Ethereum adicionou então uma camada de “programabilidade”, que permite criar mercados e transações programáveis, através dos chamados contratos inteligentes? Como você vê o papel destas plataformas e de outras que certamente surgirão do blockchain, em trazer melhorias para nossa sociedade e nossa economia?

RO: O bitcoin continua imbatível como ativo digital sem contraparte e sua comunidade vai encontrar o melhor método de governança sobre seu desenvolvimento. O bitcoin tem se mostrado extremamente resiliente. O Ripple e o Interledger estão repavimentando os trilhos tradicionais de pagamento com uma camada mista — que permite fazer negócios sem usar moedas virtuais, e também usando os chamados ativos digitais sem contraparte— e criando uma infraestrutura financeira pública poderosa para a indústria financeira, sobre a qual muitos ainda vão desenvolver coisas novas. O Ethereum adiciona uma camada de “programabilidade irrevogável” que pode criar “entidades autônomas”, sendo uma espécie de “cosmos virtual” e tem tido muita tração, mas ainda é muito novo e os casos de uso precisam amadurecer. A ideia é muito interessante e estou acompanhando tudo que é relacionado a contratos inteligentes, mas o exemplo do DAO mostra que é necessário muita cautela. Outro ponto obscuro no Ethereum são os custos a longo prazo para manter contratos funcionando. Um bom exercício pra mim tem sido perguntar-me se uma ideia pensada para o Ethereum não funcionaria tão bem ou melhor usando arquiteturas tradicionais.

Apesar de muitos riscos apontados por estudiosos, como lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo, desestabilização de moedas nacionais, entre outros, as principais consequências dessas plataformas — no médio e longo prazo — podem ser muito benéficas. Caso os desafios regulatórios e os riscos sejam bem gerenciados, como ocorreu com a internet, poderemos ter como consequência mais transparência, mais liberdade financeira, menos gasto com taxas de serviços, aumento do comércio internacional, aumento das trocas comerciais em geral, surgimento de novos tipos de serviços e modelos de negócios, aumento da “economia compartilhada”, aumento da população incluída pelo sistema financeiro global, surgimento de uma (ou mais) nova classe de ativos, maior controle sobre nossos dados, identidade digital (mundial?), maior utilidade para nossos dados pessoais, melhores registros de bens e direitos, novas ferramentas anti-fraude, automações contábeis e de relatórios, e a lista continua.

É uma época fascinante para quem gosta de tecnologia!

AB: Isso dito, gostaria de perguntar sobre a Internet dos Valores, e sobre a visão e missão da Ripple em relação à mesma. Gosto muito da colocação feita pelo Chris Larsen (CEO da Ripple) de que nos últimos 20 anos o mundo descobriu uma forma de transacionar informação de forma ubíqua, criando uma rede interconectada que troca informação quase que gratuitamente e instantaneamente, mas quando se trata de troca de valores, estamos em grande parte ainda na era pré-internet. A analogia que ele faz é com o sistemas de comunicação pré-internet, aonde falar com alguém do outro lado do mundo por exemplo era extremamente complicado e extremamente caro. Como funciona esta rede de troca de valores, essa internet dos valores, e qual seria sua implicação para o mundo?

RO: Hoje em dia muitos dos valores são informação pura , como no caso das moedas nacionais, se excluirmos o dinheiro em espécie, ou informação sobre bens físicos custodiados por uma contraparte, como saldos de ouro ativo financeiro ou um registro de imóvel, por exemplo. Ou seja, mesmo que exista um bem físico, um sistema informatizado geralmente é usado para gerenciar a titularidade. Os sistemas dos custodiantes em geral são seguros, mas há muita fricção na hora de interoperar. Por exemplo, para fazer uma transferência interbancária simples, é necessário usar sistemas caríssimos para automatizar o processo de debitar/creditar contas de reserva que os bancos mantém junto ao Banco Central. Outro exemplo: alguém consegue transferir dinheiro de um cartão pré-pago de um emissor para o de outro emissor ou para uma e-wallet de outro provedor sem fricção?

Mas quais são as forças por trás dessa fricção? Deixando de lado as motivações exclusivamente financeiras — a lucratividade dos intermediadores do status-quo — sugiro considerar três pontos principais:

O primeiro é que para haver interoperabilidade ubíqua e diversa deve haver um ou alguns protocolos comuns ubíquos. Sem isso seria necessário um calvário tecnológico de integrações individuais, com possibilidades de adoção de tecnologias totalmente diferentes, aumentando exponencialmente a chance de algo dar errado. Então nesse caso a existência de protocolos abertos para interação financeira — incluindo aí o movimento de valores — é fundamental. Entre os protocolos abertos podemos incluir redes públicas abertas, como o ripple e o bitcoin, e protocolos de interoperabilidade como o interledger, que interconecta livros-razão de todos os tipos com escalabilidade infinita.

O segundo é que o ambiente regulatório não é muito aberto nesse sentido, especialmente nas relações internacionais. Esse ponto é apontado por muitos como a barreira principal, mas não concordo inteiramente com isso, pois foi um avanço tecnológico que fez os reguladores se debruçarem sobre a internet e a história está se repetindo com o bitcoin e blockchain. As vezes a ausência de uma tecnologia pode ser um agente passivo da estagnação, mas agora a tecnologia passou a ser uma das forças propulsoras da inovação regulatória, chamando os reguladores a repensarem sua políticas e a colaborarem supra-nacionalmente para poderem alcançar o salto tecnológico.

O terceiro ponto são justamente os ativos digitais sem contraparte (baseados puramente em matemática, sem a necessidade de agentes centralizados), categoria inaugurada pelo bitcoin. Essa grande inovação permite que qualquer entidade — pessoa física, jurídica ou uma máquina — tenha acesso a um ativo mundial, altamente transferível, de rápida liquidação, que não requer nenhuma aprovação de nenhuma entidade e que pode remover fricção e baratear muitas transações financeiras. Esses ativos, ademais, tendem a ser cotados contra qualquer outro ativo no planeta, servindo de moeda ponte, diminuindo a quantidade de mercados necessários para atender todas as possíveis trocas.

Há ainda outros marcos, como o upgrade dos sistemas legado e a abertura via APIs de serviços core dos bancos (vide PSD2), que diminuirão os tempos transacionais em geral. Porém, eu não colocaria esse ponto como fundamental — os legados que não se adaptarem, serão fagocitados pelos seus pares ou até por novas espécies.

Juntando essas três forças — protocolos financeiros abertos, inovação regulatória e ativos sem contraparte — temos um cenário em que grande parte da fricção do movimento de valores pode ser simplesmente eliminado, gerando economias importantes para toda a indústria financeira e criando novos ambientes propícios a inovação, o que pode significar inclusão de mais pessoas no sistema financeiro, mais liberdade de escolha e ferramentas que podem ser a base de serviços que atendam muito melhor as demandas dos usuários.

Cobrimos com mais detalhes o funcionamento de um dos casos de uso da “Internet dos Valores” neste artigo do nosso blog.

AB: Como dizemos na TechLeap, tecnologia por si só não resolver nada! É necessário desenvolver o ecossistema ao redor desta tecnologia para que ela cumpra sua função, o que envolve muitas vezes a adoção de múltiplos stakeholders e usuários para que a mesma decole. Vemos as iniciativas da Ripple, e da Rippex como o primeiro gateway ta Ripple no Brasil, como um exemplo incrível de estratégia de criação de ecossistema, poderia nos falar um pouco mais sobre isso? Quais são as principais questões e preocupações em construir este ecossistema?

RO: Um ecossistema ativo e diverso é necessário, especialmente se falamos de tecnologias opensource que tem no efeito de rede uma das chaves para seu sucesso. Comecei a olhar o Ripple no começo de 2013 com muito interesse, e logo entrei em contato com os criadores do protocolo. Quando analisei as possibilidades, vi que havia desafios gigantescos e muito risco. Os desafios começavam pelo cenário regulatório, que era mais incerto do que é hoje, e por se tratar de uma tecnologia com paradigmas até pouco tempo inexistentes, que toca algo muito delicado — dinheiro.

A convicção sobre o crescimento futuro dessas tecnologias manteve o plano em marcha. Obriguei a incluir no founding team alguém de confiança da área tecnológica e traçamos um plano abrangente, lançando um serviço necessário para o ecossistema — um gateway seguro, com 100% de reservas — e tocando outros projetos nos bastidores, que tem tracionado recentemente. Adotamos uma postura paciente, observadora, ampla e adaptável, muitas vezes resistindo à tentação de “construir mil coisas legais” em favor de um “esperar e ver” e nos ater ao próximo passo e a casos de uso reais. Hoje sabemos que fizemos a coisa certa. Vamos divulgar alguns dos nossos projetos e declarar nosso posicionamento para alguns públicos ainda esse ano.

AB: Como toda empresa de nova geração, a Ripple mostra grande fluidez e capacidade de readequação em acordo com as mudanças de seu ecossistema. No caso de tecnologia disruptiva isto é ainda mais desafiador porque além das mudanças operacionais precisamos considerar o fator psicológico de aversão e medo do desconhecido, e do chamado “risco de reputação” de se envolver com novos protocolos. Mesmo em sua fase inicial aonde o blockchain ainda era visto quase que inteiramente como uma ameaça, a Ripple era vista uma alternativa “segura” para as empresas estabelecidas que, à exemplo do banco Santander, começaram a usar o ledger de consenso da Ripple. Mas com o avanço do entendimento da tecnologia blockchain nas grandes instituições financeiras, iniciara-se esforços de construir soluções de blockchain privadas e modelos de consórcio, à exemplo da R3 e Hyperledger. Me corrija se estiver errado, mas como reação à mudanças como estas, a Ripple focou em trazer ainda mais valor agregado ao mercado, de certa forma ratificando assim o convite à todos para virem fazer parte desta internet de valores aberta (como a internet da informação). Recentemente a organização aumentou seu nível de suporte para seu ledger de consenso e XRP (sistema de moeda ou “pontuação” própria que traz facilidade de conversão ao ecossistema) e criou o Interlegder em parceria com a W3C — nosso parceiros e co-realizadores do próximo evento — que propõem, como você mesmo informou ao Coindesk em um artigo recente, trazer essencialmente a interoperabilidade entre quaisquer sistemas de pagamento, sejam estes em blockchain ou sistemas legado. Poderia nos explicar como funciona o sistema de ledger e consenso da Ripple e do Interledger, e quais serias as vantagens para organizações — e para a sociedade — de sua adoção?

RO: Há necessidade de redes públicas e privadas. As públicas tem como funções abrangentes serem uma plataforma aberta de inovação e interoperabilidade fiduciária, e serão as bases da internet dos valores, mas isso não exime os bancos e outras entidades buscarem inovações em suas relações interbancárias, em novos produtos, mantendo-se em dia com as exigências de privacidade dos seus reguladores. E não há impedimento para que haja interação entre consórcios privados e as redes públicas. O interledger poderá criar pagamentos com várias pernas que usam todo tipo de ledger. Um pagamento originado em um ledger privado de um banco pode saltar para um ledger compartilhado privado, passar por um ledger público e terminar em um outro ledger privado.

O sistema de ledger e consenso da ripple foi inspirado no bitcoin, mas com a intenção de eliminar o processo de mineração custoso e, para alguns, ecologicamente danoso e insustentável. Porém, isso não é uma tarefa simples já que a mineração desempenha um papel vital no combate ao “double spend attack”, problema fundamental dos ledgers digitais públicos. Esse dilema foi resolvido através de uma rede de validadores que realizam uma votação aberta sobre cada transação, avaliando critérios criptográficos e escrevendo as mudanças para o próximo ledger. A segurança da rede está garantida se for possível escolher validadores de entidades que não tem chances práticas de agirem em conluio e que têm a perder caso a rede não funcione corretamente — por exemplo, ao escolher Microsoft, MIT, Santander Espanha, Ripple e a Rippex como validadores, qual é a chance de todas essas entidades se juntarem em um conluio para iludir usuários da rede ripple, sendo que não são intimamente relacionadas, pertencem a jurisdições diferentes e ainda usam a rede ripple para seus serviços financeiros? Com essa implementação foi possível resolver a questão da mineração e também reduzir o tempo de fechamento dos ledgers para 3,5 segundos ao invés de 10 minutos. Esse modelo se prova tanto mais eficiente quanto mais entidades de grande reputação mantenham validadores.

Vale adicionar que sempre há polêmica ao redor de qual é o melhor método para validar transações e para distribuir a moeda nativa, e a resposta correta é “depende da finalidade”.

Essa explicação é um resumo do resumo, por isso recomendo esses dois links para quem quiser aprender mais: o Ripple Protocol Consensus Algorithm e um video explicativo sobre a ripple (também em inglês).

Já o interledger é um protocolo desenhado especificamente para conectar qualquer tipo de ledger, seja público ou privado, centralizado ou descentralizado. Ele permite a organizações tradicionais participarem na internet dos valores mesmo com seus sistemas atuais, usufruindo da agilidade do ripple e eliminando a necessidade dos conectores confiarem um no outro. De forma bem resumida, o sistema promove “escrows” simultâneos em todas a pernas de um pagamento (pagador, conector ou recebidor) e condiciona a liberação dos fundos ao preenchimento de condições criptográficas. Veja com mais detalhes aqui.

O interledger é uma tecnologia muito relevante na internet dos valores. No projeto Bletchley da Microsoft é o interledger que aparece conectando as diversas “chains”. O Interledger e as tecnologias de ledgers públicos podem ajudar a criar um sistema financeiro mais interconectado, mais rápido, menos fronteiriço, mais transparente, mais barato e possivelmente com muito mais liberdade financeira, podendo gerar benefícios tão inimagináveis quanto o Twitter e o Google no início da internet.

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Alain Max Banfi
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Understanding transformations brought about by disruptive technologies and the changes these require in our skill sets, our mindset and our underlying worldview