Fama virtual
Hoje em dia, milhões de usuários circulam pelas redes sociais e compartilham uma quantidade colossal de conteúdo todos os dias.
Uma pesquisa online realizada pela Entrepeneur com mais de 1600 pessoas, levantou dados que afirmam:
(…) for many, being “liked” on social media is more important than being liked in reality, which can lead to odd behavior and an inability to enjoy life in the moment. (https://www.entrepreneur.com/article/243924)
O trecho acima cita que, para muitas pessoas, agradar nas redes sociais para ganhar likes é mais importante do que agradar na vida real. Para elas, os números possuem um peso suficiente para afetar seus estilos de vida. Os likes, são apenas uma forma mais fácil de adquirir satisfação social-pessoal —já que isto exige mais esforço na vida real.
“O sonho do jovem de hoje ser famoso na internet” exemplifica claramente a situação descrita. A facilidade ao acesso às mídias com a qual os jovens de hoje possuem (realidade muito mais complicada há algumas décadas), e a possibilidade de gerar e compartilhar conteúdo na internet, permitiu o surgimento de muitos nomes famosos entre esse público — que servem como ídolos e referências para essas pessoas.
Inúmeras crianças e adolescentes tentam ingressar nesse mundo, criando conteúdos dos mais diversos, mesmo sem terem conhecimento aprofundado no ramo de vídeos. “Vlogueiros de menor” deixa explícita a vontade crescente que existe nessa geração, de um dia se tornarem famosos como seus ídolos. Existe uma competição imensa e ascendente de youtubers, vloggers, etc, e na grande maioria das vezes é muito difícil conseguir a visualização e reconhecimento desejado. Dessa forma, o artigo citado afirma que, pela falta de conteúdo e estrutura, esses vloggers se autopromovem dentro de uma pequena comunidade, na tentativa de conseguir likes e reconhecimento.
Existe uma preocupação constante em compartilhar seu dia-a-dia nas redes sociais, e uma maior ainda em ser reconhecido e notado pelos outros, criando uma coleção de likes extremamente cobiçada. Uma sociedade construída a base de ratings digitais já tem espaço no episódio “Nosedive”, da série Black Mirror. “Ratings de comportamento social” descreve como funciona a avaliação dentro dessa realidade. Pessoas que possuem notas altas, conseguem acesso a determinados locais nas quais aquelas com notas baixas não tem, estas sendo “rejeitadas” pela sociedade.
O infográfico da VitalSmarts “Society’s new addiction: getting a ‘like’ over having a life”, apresenta dados de uma pesquisa realizados com pouco mais de 1600 pessoas no início de 2015. O estudo foi realizado para poder afirmar, com dados reais, que os nossos aparelhos eletrônicos estão começando a controlar nossa atenção e a maneira com que enfrentamos o dia-a-dia, sem sequer percebermos.
Várias pessoas afirmaram que a sede de compartilhar a “foto perfeita” já fez com que agissem e se arriscassem de maneira que jamais fariam se não fosse por esse motivo. Postam conteúdos na internet sem necessariamente concordar com tal, apenas para poder ganhar “likes” ou ser bem visto pelos demais.
O infográfico é finalizado com algumas maneiras que podem ser levadas em consideração para tentar combater o vício das mídias sociais — dicas de autores bestseller como Joseph Grenny e David Maxfield.
Em março de 2017, uma mulher foi flagrada tirando selfies fora do teto-solar de um carro em movimento, no Reino Unido. Matt Steane, o homem que gravou o vídeo, relata que a rodovia era movimentada e que qualquer movimento brusco que o motorista realizasse, poderia causar uma tragédia. Foram pouco mais de 30 segundos de vídeo e Steane conta que a mulher já se encontrava dessa maneira antes mesmo que a Dashcam (câmera de painel) conseguisse flagrar a ação. Neil Greig, Diretor de Política e Pesquisa na caridade de segurança rodoviária IAM Road Smart, afirma:
“Had the driver had to react quickly to something the person could have been thrown from the vehicle into the path of another moving vehicle.”
E cada vez mais, as pessoas buscam arriscar suas próprias vidas e as de outras pessoas para registrar momentos e colocá-las nas mídias sociais para conseguir visualização e créditos — alimentando essa necessidade crescente por ratings pela busca da satisfação pessoal.
