Iconização

Caio Nercolini
Tendências Digitais
4 min readNov 18, 2018

Exatamente, o que são ícones? Se sua resposta foi algo como “uma imagem que representa algo”, parabéns, você está quase correto. O termo ícone é utilizado pela semiótica para determinar que uma representação visual contém algum tipo de informação. Como esse ícone visto abaixo!

Parece um cachimbo, mas não é. É uma representação visual próxima de um.

A imagem do cachimbo acima demonstra um ótimo exemplo de o que é um ícone para a semiótica; ele é uma imagem que faz você lembrar de um cachimbo, mas não é um. Essa tática se aplica muito às interfaces digitais que utilizamos hoje em dia e, muitas vezes, o usuário nem nota isso. A semiótica também fala sobre índices e símbolos, mas para não fugirmos do assunto e nos estendermos demais, vamos mantê-los de fora.

A iconização nos meios digitais é algo que vêm acontecendo já faz um bom tempo. Um exemplo bem clássico disso pode ser visto em quase qualquer aparelho eletrônico que possua a capacidade de ligar ou desligar. Sim, você provavelmente está pensando naquele ícone. É esse aqui abaixo, não é?

Ícone de “energia” para aparelhos eletrônicos.

Um grande exemplo de evolução da iconização se deu no universo da informática, onde computadores, durante um certo período, conseguiam apenas demonstrar letras e não imagens, dificultando o seu uso e fazendo até alguns usuários terem receio de usar computadores. A evolução disso foi bem clara, quando computadores passaram a utilizar interfaces gráficas, como o Macintosh e o Microsoft Windows 1.0, começaram a utilizar ícones que remetiam à itens da vida real, fazendo com que usuários com menos experiência com computadores conseguissem utilizar o sistema de forma mais fácil.

FreeDOS, um sistema com interface de linhas de comando, e Macintosh, um sistema com interface gráfica.

O uso de ícones começou a partir da necessidade de algo mais simples que um texto para explicar algo, por exemplo: um botão. Ele não contém espaço suficiente para uma descrição do que ele faz, mas uma representação visual consegue ser encaixada no pequeno espaço disponível. Isso é algo que acontece muito em diversas interfaces, sejam elas digitais ou analógicas, como visto em alguns exemplos abaixo.

Alguns exemplos de interfaces utilizadas hoje em dia, como aplicativos, jogos, controles e outros painéis.
Pings no jogo League of Legends.

Às vezes há espaço ou até necessidade de um botão conter textos, mas em casos contrários ícones podem representar a ação de uma maneira simples e funcional. Um exemplo de melhoria através da iconização, que é comentado no texto Ícones nos Jogos, é o caso de League of Legends, onde usuários tinham de se comunicar constantemente sob alguns aspectos da partida para trabalhar em equipe com sucesso, uma tarefa que muitos jogadores não gostavam. A solução dada para esse problema foram os “pings” dentro do jogo, onde o jogador pode apertar um botão e arrastar o mouse, jogando um desses símbolos em algum lugar do mapa para uma comunicação rápida entre o restante do grupo.

Um grande problema da iconização, porém, é o fato de que certas representações visuais podem ter seu significado diferente dentro de certas culturas, criando problemas com qualquer tipo de “design universal”. Uma das maneiras de tentar resolver esse problema é abordado pela Google, através dos ícones do material design, onde diretrizes são espalhadas para que desenvolvedores utilizem tais ícones em certas ocasiões, criando uma unidade entre aplicativos e evitando a confusão do usuário.

Vale lembrar que essa tendência de iconização é tão grande que até sai do universo digital e podemos notá-la à nossa volta com muita frequência. Procura por um banheiro? Uma placa, provavelmente contendo ícones, indicará o caminho. Procurando a saída? Você provavelmente verá um ícone na placa indicando onde ela se encontra, entre vários outros exemplos que você provavelmente conseguirá identificar ao olhar para o lado.

Placa de saída constituída apenas de ícones.

A iconização é algo que não aparenta estar diminuindo, mas sim aumentando e transformando a maneira com que a linguagem é utilizada no nosso mundo. É claro que ela não tomará conta da nossa maneira de comunicação através de símbolos (termo utilizado para alfabetos e afins pela semiótica), mas quando possível, e se transmitir a mensagem de maneira melhor que a escrita, podemos esperar que ela apareça, seja por questão de comunicação, agrado visual, ou qualquer outra.

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