Interfaces diegéticas

Carneiro
Tendências Digitais
4 min readMay 26, 2018

Vários jogos atualmente tentam focar em uma narrativa mais elaborada, que fazem o jogador se envolver mais com a história e se importar com os personagens, jogos tão imersivos que em alguns casos temos a sensação de estarmos dentro do jogo, jogos cinematográficos trazem isso para o jogador, um dos fatores que colabora para isso acontecer é a interface.

Dês de seus primórdios, os jogos têm uma interface que tenta manter o jogador informado do que está acontecendo em volta ou ao redor dele, com mapas, setas e números ou letras, isso torna a vida do jogador mais fácil e dinâmica durante suas jogatinas, para isso foi criada a interface Diegética, um tipo de interface que é completamente implementada no jogo, para melhor compreensão, pode ler este artigo sobre a teoria de Diegese.

Um jogo que decidiu eliminar a interface para um maior aprofundamento foi Journey um jogo de exploração que o jogador deve ir de ponto a ponto, mas durante o processo passa por diversos cenários magníficos, para não deixar o jogador totalmente perdido em alguns pontos o jogo mostra se o jogador fez a coisa certa com elementos dento do jogo as vezes conta com um outro jogador entrando na partida para ajudar nos puzzles, a imersão que os desenvolvedores queriam passar nesse jogo é tanta que eles fizeram ser impossível descobrir com quem você acabou de jogar, eles queriam que os jogadores tivessem essa experiência de jogar com alguém sem saber quem a pessoa é e nunca descobrir, mesmo depois da partida, o jogo indie é exclusivo de ps3 e ps4, plataformas que permitem o usuário encontrar jogadores de partidas recentes, mas para esse jogo, essa funcionalidade não funcionava.

O jogo Dead Space (2007), desenvolvido pela Visceral Games e publicado distribuído (Eletronic Arts), utiliza da interface diegética em sua totalidade. Dead Space é um jogo de terror no espaço, o engenheiro Isaac vai com uma equipe para a nave de transporte Ishimura, que enviou um pedido de socorro, ao chegar lá Isaac e sua equipe acabam separados ao serem atacados por necromorphs, corpos reanimados por um tipo de infecção alienígena que deforma os corpos e os reanima, essas criaturas atacam qualquer ser vivo não infectado, Isaac deve agora se reunir com sua equipe para sair daquela nave contaminada. No jogo os humanos usam roupas que mostram em uma barra em suas costas a energia vital do usuário, assim mostrando ao jogador quanta vida ele tem, a barra diminui quando ele recebe dano, o jogo também mostra quanta munição o usuário tem com um pequeno holograma de números na arma, quando utilizada, caso o usuário esteja perdido, ao pressionar um certo botão, Isaac projeta um holograma com sua mão que mostra o caminho que deve seguir, outras informações como menu de itens, objetivos e mapa, são mostrados em forma de Holograma projetado pelo capacete.

The Last of Us (2013), desenvolvido pela Naugthy Dog e publicado pela Sony é um renomado jogo cinematográfico que também otimiza bem sua interface, nele Joel e Ellie devem sobreviver a um apocalipse de infectados enquanto tentam chegar a um hospital onde pesquisas para criar uma vacina são feitas, durante o jogo o jogador controla Joel que pode utilizar armas de fogo, bastões e bombas para derrotar seus inimigos, durante os confrontos uma pequena interface aparece no canto da tela, mostrando quantias de balas, bombas ou a durabilidade de alguma arma, neste caso a interface não chega a ser diegética e sim espacial, como pode ser visto no artigo acima.

Uma grande franquia que se adaptou a uma interface mais simples foi Final Fantasy, até FFXIII-2 durante as batalhas existiam muitas informações na tela, devido ao seu estilo de jogo, isso era inevitável, mas já era melhor em relação aos antecessores, em FFXV, como o estilo mudou de turnos para hack and slash, sua interface pode ser remodelada, ficando mais limpa e dinâmica, o jogo conta com uma história profunda e um gameplay envolvente.

Existem vários outros jogos que poderiam ser citados, mas o ponto já está claro, jogos que querem fazer o jogador se aprofundar na história e gameplay estão ficando cada vez mais populares e vem focando em uma interface diegética, mantendo a tela de jogo limpa causando maior imersão.

--

--