Tarefas que funcionam em testes de usabilidade
Depois de alguns meses acompanhando clientes usando o TESTR (e revisando os roteiros criados por esses clientes), acumulamos alguns aprendizados sobre o que funciona — e o que não funciona em testes de usabilidade.
Contextualizando: em testes de usabilidade ou testes com usuário, os participantes seguem um roteiro de tarefas. As tarefas são cenários, situações de uso do dia-a-dia que têm a ver com aquele site, produto, aplicativo ou sistema.
A seguir, selecionamos 3 exemplos de tarefas que já testamos e funcionaram. Estes exemplos são pensados especificamente para o TESTR (testes de usabilidade remotos, sem moderador), mas você pode se inspirar para usar em outros tipos de teste, também. E para quem chegar até o fim do post, tem um checklist bem útil para fazer antes de começar um novo teste. ;)
Para avaliar o entendimento do meu site / conceito
Um teste de usabilidade serve para avaliar a navegação, qual o caminho que as pessoas fazem para completar determinado objetivo. Mas também serve para avaliar o entendimento de um produto ou um conceito. E esse é o tipo de coisa que a gente não pode perguntar diretamente, como: “Você entendeu que este site serve para cotar seguros?”. A intenção é avaliar se o site comunica isso de forma clara e se a pessoa consegue entender sozinha.
E uma tarefa que tem funcionado bastante por aqui é assim:
Na tarefa acima, a pessoa não vai fazer muita coisa: basta que dê uma olhada na página inicial e fale. Aliás, este foi um aprendizado importante por aqui: se você quer que a pessoa fale, melhor enfatizar: “fale em voz alta”. Teve uma vez em que pedimos para a pessoa “comentar sobre o que achou” e…
“Ué, mas eu não tô achando um campo para comentários aqui no site…”
Para testar filtros de busca
Filtros são bem comuns em e-commerce — e bem úteis quando a lista de produtos é grande. Mas para avaliar se eles estão funcionando, não adianta pedir: “Use os filtros”. E se a pessoa nem viu que existem filtros? E se ela nem sabe o que são e que pode utilizá-los? E se…? É sempre bom lembrar de que você não é o usuário: a forma como você pensa pode ser bem diferente da forma como pensam os clientes do seu site.
Uma boa ideia é criar um cenário em que o uso dos filtros seria útil. Uma tarefa em que, usando os filtros, ficaria mais fácil de chegar em bons resultados. E uma situação que já utilizamos por aqui é a do amigo secreto.
Para avaliar o fluxo de compra
Se a gente criasse um ranking das mais pedidas, esta provavelmente estaria no topo. Avaliar a experiência do usuário do fluxo de compra é bem útil — e crítico, já que interfere na conversão do site.
Mas como fazer? Pedir para a pessoa comprar algo de verdade no site? Bom, infelizmente isso é bem difícil. Você não pode obrigar a pessoa a comprar um produto só para você ver se o fluxo tá funcionando bem. Então o que fazemos é simular uma compra, como no exemplo abaixo.
Ponto muito importante: a pessoa não vai pagar de verdade e é bom enfatizar isso. Para o teste funcionar — e chegar até o fim, você pode oferecer dados de um cartão de crédito de teste ou pedir que a pessoa compre usando um boleto. Mas a opção mais simples é: se o preenchimento dos dados de pagamento em si não for crítico, peça para a pessoa parar antes de pagar.
Checklist rápido para criar tarefas infalíveis (ou quase)
Aqui no TESTR nós temos a etapa de revisão do especialista. Depois que os clientes criam um roteiro, nossa equipe revisa para ver se está tudo claro, fácil de entender e funcionando direitinho. E aprendemos muito com o processo! Abaixo, segue um resuminho do que observamos nesta revisão. O nosso foco é em testes remotos, mas as dicas podem ser úteis para qualquer tipo de teste de usabilidade — da guerrilha ao laboratório.
- A linguagem está neutra, sem influenciar um caminho ou outro? Se você quer avaliar se a pessoa usa a busca ou o menu, tem que tomar cuidado para não pedir para “buscar um produto”.
- Cada tarefa, uma missão. Não adianta pedir para a pessoa passar por várias etapas de uma vez só, para aproveitar o roteiro ao máximo — ela vai acabar esquecendo de algo pelo caminho. Se a situação é composta de várias etapas, você pode quebrá-la em várias tarefas.
- Fica claro até onde a pessoa deve ir? Se for um e-commerce, basta encontrar um produto? Ou colocar no carrinho? Ou chegar até o pagamento?
- Teste de usabilidade não serve para vender produto nem captar leads. Se você quer testar uma compra ou uma newsletter, dê à pessoa uma opção de fazer com dados de teste e/ou parar antes do pagamento.
- A ordem das tarefas faz sentido? Se a primeira é de compra, a segunda pode ser de “verificar o status do pedido”, mas fazer a ordem contrária pode ser bem esquisito.
- No TESTR a gente instrui os participantes a pensar em voz alta antes de começar o teste. Mas se a sua tarefa exige que a pessoa fale, é bom reforçar: escreva “fale em voz alta”.
ps. É novo por aqui? Então pode valer a pena ver também o post com dicas para criar tarefas.
Originally published at TESTR Blog.