A Coletividade que aprendi com a natureza

Rodrigo Bino
Textando
Published in
3 min readAug 5, 2016

Em post recente, abordei a biomimética, que traz a natureza como case, como fonte de inspiração para inovação. É curiosa a relação que geralmente estabelecemos com a natureza, acreditando que sustentabilidade não combina com lucratividade. Mas na natureza também há lucro quando ela trilha o caminho da otimização, diversidade e coletividade.

A diferença é que a natureza traz o conceito de lucro coletivo. Um exemplo bem legal é o voo dos patos, que fazem uma forma em “V”. Isso não quer dizer que o pássaro da frente é o “Manda Chuva”, mas, naquela formação, os pássaros economizam bastante suas energias. Eles estão otimizando seu deslocamento no ar. Outro exemplo são os corais no oceano que provocam uma espécie de troca de nutrientes entre os seres vivos. É útil para os peixes, o coral e outros organismos vivos. Funciona como uma grande cidade para eles, assim como no filme Procurando Nemo.

Esses exemplos nos fazem perguntar se é possível criar uma campanha, evento, negócio ou serviço onde todos saiam ganhando. Conheci vários projetos de sustentabilidade que desenvolviam grupos produtivos para gerarem renda e isto fazia com que sua comunidade desfrutasse deste serviço e, novamente, todos ganhavam.

Há talvez várias áreas na empresa que precise de otimização, compartilhar e diversidade. Se analisar o tipo de serviço que sua empresa faz, é possível associá-lo a algum elemento da natureza e perceber como este elemento se comporta para economizar energia e obter lucro coletivo suficiente. Em uma fábrica, por exemplo, o processo industrial pode estar tomando o caminho mais difícil e gastando muita energia, algo prejudicial ao planeta. E, às vezes, este gasto de energia não necessariamente é somente a sua energia, mas de todos os outros que dependem de seu serviço.

http://www.huffingtonpost.com/2014/01/16/why-birds-fly-in-v-formation_n_4609100.html

Se o pássaro da frente resolve ir por uma corrente de ar difícil, longa e que consome muita energia ou ele é abandonado pelos outros, ou todos cansarão mais rápido e juntos se tornarão presas fáceis. Imagine se todos os pássaros começarem a ir pelo caminho mais difícil, sem pensar na coletividade, veríamos um grande desperdício de energia e vários pássaros não se deslocariam a uma grande distância como faria se estivessem em forma de “V”. Isso gerará um caos no sistema da natureza. Talvez esses pássaros que vão pelo caminho difícil somos nós, os homens.

Nós, seres humanos, temos a tendência de sermos uma antítese. Se descuidarmos, não nos diversificamos. Preferimos ficar só entre os de nossa cor, time, gosto e personalidade. Não gostamos de mudança e muito menos de transformação que nos tira do nosso “conforto”. Às vezes não pensamos muito também no ciclo de vida dos produtos ou serviços, e não pensar nisso nos levou a criar o lixo, que é um dos graves problemas que temos hoje. A maioria dos produtos é feita para serem descartados e é notável que não possuam uma maneira de serem reutilizados para que possamos otimizar, economizando assim a energia útil para tudo e todos. Como o exemplo que dei da bananeira na postagem anterior.

Animação de Steve Cutts ( https://www.youtube.com/watch?v=WfGMYdalClU )

Sustentabilidade e inovação a partir da natureza não é só o verde mais verde, economizar água, papel, ou usar o greenwash que é colocar uma fachada verde na empresa para tentar esconder sua contribuição à poluição. Claro, nem todas as empresas podem ser 100% verdes, pois a natureza gosta de diversidade e ser sustentável é analisar o mundo em que se vive, perceber como tem funcionado e a partir daí pegar carona no que a própria natureza já tem feito há milhões de anos: Compartilhar, otimizar e diversificar.

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