Como é trabalhar como Software Developer, por Rafael Fragoso

William Oliveira
Training Center
Published in
8 min readAug 15, 2017

Esse post é parte de uma série de entrevistas para o Training Center sobre o que um profissional pode dizer sobre sua área de atuação visando mostrar para outras pessoas como é trabalhar no que fazem, esclarecendo para algumas pessoas se elas se dariam bem trabalhando na área ou mesmo só para mostrar para outras pessoas como é trabalhar com isso.

Introdução

Meu nome é Rafael Fragoso, tenho 23 anos, nascido em Minas Gerais mas sou Carioca da gema e atualmente trabalho na globo.com. Comecei a estudar sobre desenvolvimento web quando eu tinha 13 anos, no início era só um hobby mas acabou virando a minha paixão. Estou no mercado, profissionalmente, a 8 anos, que foi quando arrumei meu primeiro trabalho na área. Durante essa jornada, já fui nômade digital, já palestrei em alguns eventos no Brasil e Europa, já tive curso de JavaScript, já tive blogs sobre trabalho remoto e desenvolvimento, já gravei vídeo-aulas para o MXMasters e hoje sou pai de uma menininha de 2 meses.

Como você conheceu a área de Desenvolvimento?

Eu tive o meu primeiro contato com a área na época do Orkut lá em 2006, onde se usava HTML para fazer scraps coloridos e personalizados. Quando eu comecei a investigar como era aquilo, eu descobri que eles usavam HTML e o HTML era a linguagem markup básica para criar sites.

A partir disso, eu comecei a me aprofundar mais e a descobrir mais tecnologias web. Usei muito o site chamado Apostilando, onde baixava apostilas, e também assistia muita vídeo-aula no MxMasters e Vídeo Aulas Brasil, onde depois eu cheguei a contribuir com conteúdo também.

Naquela época eu também não falava inglês, então eu vivia sempre com uma aba do Google Translate aberta para me ajudar a ler artigos estrangeiros, o que me levou a desenvolver mais o meu inglês. O Felipe Neto tem um vídeo muito maneiro explicando como ele aprendeu a falar inglês fluentemente. Eu aprendi do mesmo jeito que ele, hoje falo fluentemente, o que me levou mais pra frente a trabalhar com empresas americanas.

Por que você escolheu ser Desenvolvedor?

Eu sempre tive interesse por video-games e computadores desde pequeno, fui bem precoce na hora de escolher minha profissão. Quando meu pai conseguiu comprar um computador melhorzinho, e tive acesso a internet banda-larga, depois de esbarrar no HTML como contei acima, foi amor a primeira vista. Eu já sabia que queria fazer isso pro resto da minha vida.

Só que não foi fácil, pois naquela época (uns 10–11 anos atrás) era muito difícil meus pais reconhecerem aquilo como profissão e tive vários problemas com membros da família me chamando de viciado, de vagabundo… Graças a minha teimosia e amor a profissão, eu não larguei a área (AINDA BEM!). Foi bem complicado, mas hoje em dia está bem mais fácil e meu “sucesso” fez com que a família aceitasse e incentivasse.

NUNCA DESISTAM!

Como foi o seu primeiro trampo?

Meu primeiro emprego na área de desenvolvimento foi numa empresa chamada ISPM, onde consegui um estágio, graças ao meu primo (Leandro Mattoso) que trabalhava lá. Meu maior desafio na época era acompanhar o ritmo dos desenvolvedores, por ser totalmente inexperiente. Foi então que eu tive meu primeiro contato real com Python, JavaScript e VIM, sendo que eu estava vindo de HTML, CSS e PHP.

Mais ou menos nesse período foi quando eu também descobri o iMasters, MXMasters e um site gringo chamado Nettuts, onde eu aprendia tudo em primeira mão. Tenho que agradecer bastante a um cara chamado Jeffrey Way, que era um dos colunistas do site e sempre postava artigos, vídeos e cursos muito bons. Ainda respondia meus e-mails! O que me fez me esforçar mais para aprender inglês e acompanhar o ritmo das novidades.

Quais são as skills de quem trabalha nesta área?

Bom, eu tenho uma premissa que na área de desenvolvimento, a pessoa precisa ser boa em algoritmos e estrutura de dados. E quando digo algoritmos, não falo de decorar a sintaxe da linguagem que você usa, mas, sim, realmente entender sobre aplicar algoritmos. E digo isso com 100% de certeza, porque foi o que mais me faltou durante a minha carreira quando pegava sistemas mais complexos, por eu não ter feito faculdade e por não ter tido mentores.

Antigamente, isso não se aplicava tanto para o front-end, por ser mais criação de layouts, mas hoje em dia é importantíssimo você ter um conhecimento básico disso, podendo aplicar as técnicas em qualquer linguagem e arquitetura e resolver os problemas de forma mais eficiente.

Tirando isso, você precisa ser bem eclético e conhecer de tudo um pouco, como: Ambientes Linux (Pelo menos um bash), ferramentas de build, processos ágeis, HTML, CSS, JavaScript, como os browsers funcionam por baixo do pano, como um servidor funciona, alguma linguagem de tipagem que seja mais restrita, para você aprender a arquitetar melhor as coisas (Tipo C ou Java). Mesmo que seja o básico, você vai conseguir sempre evoluir seu nível de conhecimento tendo isso como base, sem contar o acesso a melhores oportunidades.

Quais são os principais desafios da área?

Manter-se atualizado. A maior dificuldade é essa, já que todos os dias uma tecnologia ou paradigma diferente surge. Só que o mais importante também, é saber manter o foco naquilo que é importante para você aprender no momento.

Outra coisa muito importante é o Inglês, já que você precisa pelo menos saber ler um texto em inglês se quiser pegar informações direto da fonte e não precisar esperar alguma boa alma traduzir o conteúdo ou criar algum tutorial mastigado.

Acredito que a única coisa que pode dar errado numa carreira de desenvolvimento, na verdade em qualquer carreira, é você escolher estar na área por dinheiro e não por gostar da profissão. Isso fica bem evidente em entrevistas de emprego e você estará enganando a si mesmo(a), podendo se levar a uma TREMENDA falha que não seja nem um pouco construtiva para sua carreira.

Quais são as principais recompensas da área?

Acho que a melhor recompensa na área, é a evolução constante. Você precisa sempre estar evoluindo não só a parte intelectual mas também a parte pessoal.

Se você trabalha numa empresa maneira (como a Globo.com :P), geralmente você recebe esse tipo de incentivo profissional e pessoal. Aqui na Globo a galera sempre tem treinamento, sempre recebe patrocínio para ir a eventos ou palestrar, tem Code Dojo, tem treinamento interpessoal, tem sempre ajuda de pessoas mega talentosas sobre qualquer assunto… É maravilhoso e tem vaga! — fica a dica

O ramo também te permite trabalhar remoto, principalmente se você souber falar inglês. As empresas estrangeiras estão sempre de olho. Quando eu estava nessa fase de nômade digital, trabalhando remoto, eu tive as melhores experiências da minha vida… Poder viajar para vários países, ter minha independência, e chegar a faturar absurdos R$15.000,00 líquidos por mês quando convertia o dólar e chegava na minha conta. Era bem louco, e precisava ter muita disciplina para trabalhar de casa.

Em relação a comunidade, quando eu iniciei, tinham coisas bem escrotas como preconceito com a galera que não sabia nada, ou quem não contribuía com open source ou alguma coisa boba do tipo (tinham as exceções). Hoje em dia, a coisa mudou MUITO! A comunidade de desenvolvimento é uma das comunidades mais ativas do planeta e muito mais presente, sempre rola eventos ou Meetups, e a galera realmente te ajuda. Só tome cuidado de quem você recebe conselhos, sempre olhe a influência positiva da pessoa na comunidade.

Você pensa em mudar de área?

Jamais!! Talvez eu tenha minha própria ideia de sucesso e crie minha empresa, vire um empreendedor, mas meu lado dev sempre vai existir, porque eu amo o que eu faço.

Por que alguém deveria se tornar um(a) Software Developer?

Eu não posso responder essa pergunta para as pessoas, isso deve partir de cada um, eu apenas posso dizer o motivo de eu ter me tornado um desenvolvedor.

Eu acho muito foda você poder automatizar um processo ou criar algum produto do zero, pelo computador, que impacte positivamente milhões de pessoas. Ser desenvolvedor é uma das poucas profissões hoje que você consegue fazer isso. Eu posso acordar de manhã qualquer dia, inventar algum produto que melhore a vida das pessoas no planeta, sem sair de casa. Isso é poderoso!

E, antes de partir, eu vou deixar um conselho para quem está começando na área, coisa que eu não tive quando comecei, o que poderia ter agilizado ainda mais o meu processo de aprendizado:

Procure sempre estar em todos os eventos que você conseguir.

Nos eventos a troca de informação e networking é gigantesca. Se você conhecer pessoas próximas que sejam muito boas na área, cole nelas e sugue o máximo de informação que conseguir. Compartilhe o conhecimento com outras pessoas, não seja egoísta, pois quando você ensina e compartilha, você aprende muito mais, além de ajudar pessoas e também ficar bem visto no mercado. Tem espaço para todos no mercado.

Por último, mergulhe de cabeça no open source, principalmente na comunidade do GitHub (que também serve de currículo — fica a dica). Eu nunca aprendi tanto na minha vida que quando eu decidi contribuir para projetos open source. Só não faça isso tendo fama em mente, querendo ser o próximo Zeno Rocha, pois nenhum cara famoso no mercado fez pela fama, ele fez para contribuir com a comunidade, a fama foi consequência.

Grande abraço.

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William Oliveira
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Engenheiro de software frontend, escritor do livro O Universo da Programação (http://bit.ly/universo-da-programacao), periférico e bissexual