Training Center: uma comunidade aberta: a história da comunidade

William Oliveira
Training Center
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8 min readNov 2, 2017

A algum tempo eu escrevi um hello world para o Training Center. Porém as pessoas ainda tem algumas dúvidas sobre nossa comunidade, como: de quem é essa comunidade, por que é tão ativa, o que realmente fazemos, como fazemos, onde queremos chegar, o que queremos, etc.

Eu estava escrevendo este artigo e percebi que a leitura demoraria 25 minutos, por isso quebrei ele em uma sequência que vou compartilhar aos poucos.

Neste artigo (longo artigo) eu vou contar a história do Training Center. O que me motivou a criar uma comunidade, o que se tornou e está se tornando, nos próximos artigos vou falar um pouco mais sobre o que fazemos e onde queremos ir.

Prólogo

Como eu comentei no DevNaEstrada: eu tive e tenho muito apoio de comunidades de desenvolvimento de software. As pessoas sempre me ajudaram demais e as que não me ajudaram diretamente com dicas de estudos, palavras de apoio ou coisa do tipo, ajudaram com seus artigos, seus vídeos, seus livros gratúitos e assim vai.

Minha carreira inteira é baseada no apoio recebido pela comunidade junto com oportunidades que eu recebi.

Se quiser, da uma conferida na entrevista:

Graças a isso eu acabei aprendendo uma coisa muito louca:

Pessoas unidas conseguem fazer muita coisa boa

Por isso eu carrego comigo sempre aquela vontade de juntar pessoas pra fazer algo em grupo. Nem que seja comer um lancho em SP.

Só que o Training Center não cresceu só por que eu gosto de juntar pessoas. Tem muito mais história por vir.

O programador que só aprendeu a programar e nada mais

Eu cresci em um ambiente familiar muito bom. Minha mãe é uma guerreira e exemplo de garra para conquistar seus objetivos sem precisar pisar em ninguém e ainda por cima ajudando outras pessoas.

Ela fazia conforme um amigo meu cantou uma vez:

… quero vencer sem pilantrar com ninguém. Quero dinheiro sem pisar na cabeça de alguém. O certo é certo na guerra ou na paz.

O ambiente que ela me proporcionou, muito antes do método Montessori ser disseminado por aí, sempre foi de muito aprendizado através da exploração/descoberta. Ela sempre me deixou explorar muito e nunca me negou responder algo, nem que fosse com um: eu não sei, filho, não estudei pra isso.

Palavras que batem e ficam na mente. Eu cresci tendo um reforço psicológico de que precisava estudar, e não era pouco, se quisesse condições diferentes das que eu nasci.

Se alguém admira minha maneira de ser hoje, por consequência, deve admirar essa mulher.

Quando eu descobri o poder da internet como ferramenta de estudos tive um mind blown!

Uma pessoa tendo mind blown

Na internet eu achei um lugar para encontrar conteúdo gratuito, de qualidade (nem sempre) e ainda ter apoio de outras pessoas na trilha dos estudos.

Mas, depois de algum tempo participando de foruns, eu estava cansado de pessoas que perguntavam: qual curso preciso fazer pra aprender x, qual curso preciso fazer para aprender y.

Sim, estava cansado dessas perguntas.

Aprendi tanto sobre máquinas e código que acabei perdendo a empatia. Chegou o ponto onde só o que eu sabia fazer é programar. Nada mais, nada menos. Você vai entender o por que estou falando isso.

O fato de eu ter focado em máquinas me fez começar a perder a empatia e discutir diversas vezes na internet sobre as pessoas não precisarem de ajuda para aprender. Erro meu, que eu reconheceria num futuro não muito distânte daquela época.

Eu comecei a perceber que sim, algumas pessoas precisam de apoio para aprender. E, ao contrário da maneira que eu pensava, não existe nenhum problema nisso. Era puro preconceito meu. Eu me achava mais do que as pessoas que buscavam cursos pela minha facilidade em aprender. O ego estava lá em cima.

A única desvantagem que alguém tem por precisar de conteúdo compilado para aprender é ter que esperar alguém gerar esse conteúdo pra depois aprender e isso pode te fazer ficar para trás. Mas não existe problema prático nisso, a não ser que você precise estar sempre a frente das outras pessoas por algum motivo pessoal ou de mercado de trabalho.

Percebi que uma grande parte das pessoas precisam nem que seja de um grupo de estudos para estudarem juntas e assim ter um incentivo a aprender.

Grupos, grupos e mais grupos

Depois de muita reflexão a respeito das diversas discussões que tive na internet a fora, acabei entendendo algo muito importante:

Não é por que eu tenho facilidade em aprender sozinho que todo mundo também tem essa habilidade ou tenha a obrigação de conseguir ser assim. É necessário respeitar as necessidades individuais de cada pessoa.

Algumas pessoas precisam de certa supervisão e direcionamento em seus estudos. Não confiam em pegar qualquer artigo dizendo o que elas tem que aprender e sair fazendo.

E foi daí que sugriu a ideia de criar um grupo onde as pessoas podem se ajudar a aprender algo.

Estava surgindo a ideia do primeiro projeto do que viria a se tornar o “Centro de Treinamento”.

Já apresentei algumas palavras chave até aqui: juntar, ajudar, pessoas, aprender, ensinar, internet.

O que eu mais gosto de fazer é ajudar pessoas, sei que juntando pessoas podemos fazer algo legal, a internet é um ótimo meio de ir onde não conseguimos ir presencialmente, as pessoas precisam aprender e eu gosto de ensinar.

Com isso em mente nasceu o projeto study-groups!

  1. Study Groups: Mar 24 2016

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o Mentoria não foi o primeiro projeto do Training Center. Na realidade nem o Training Center foi a ideia inicial.

A ideia inicial era somente um repositório centralizador de pessoas que podem ensinar algo e pessoas que querem aprender para juntas aprenderem batendo cabeça com o material que encontram na internet.

E começou um movimento

O study-groups foi só a fagulha que precisávamos.

Daí para a frente foi só uma questão de tempo até que as pessoas começacem a se juntar, igual a essa apresentação:

Quando eu percebi que as pessoas estavam recebendo o apoio que realmente precisavam vi a oportunidade de se formar uma comunidade em torno disso. De espalhar o movimento pela internet.

Uma comunidade que seria diferente de algumas que eu participei logo no início da carreira onde eu postava minha dúvida e alguém me mandava um link como este .

Vi a oportunidade de criarmos um local onde eu, em conjunto com as pessoas que estavam ali, poderiamos manter a segurança das pessoas que participam.

Foi então que nasceu o Centro de Treinamento.

E desse nascimento, começaram a surgir muitas coisas.

Eu não consegui encontrar o dia exato que criei a organização no GitHub, me desculpe.

Grupos de estudos não foram suficientes

Lembra que falei ali em cima sobre as necessidades individuais das pessoas? Então…

Com o tempo eu percebi que os grupos de estudos por si não davam certo. É necessário uma auto gestão muito maior quando estudamos por conta e mesmo com ajuda de outras pessoas pode ser que isso não de certo.

Hoje (2017) até mesmo estamos passando por uma reformulação no study-groups com a ajuda do Diego Brocanelli e seu grupo de estudos de PHP que está sendo um piloto para o nosso formato.

Um certo dia eu estava num dos foruns mais legais que eu conheço e alguém comentou um termo que eu nunca tinha ouvido antes: Mentoria.

Foi então que surgiu a ideia de criar um programa de mentoria para ajudar as pessoas em suas carreiras.

Quando criamos o mentoria, aí sim veio o feedback que eu esperava. As pessoas estavam aprendendo muito, arrumando emprego, mudando de emprego. Enfim, estavam mudando de vida!

E mais uma vez se começou um movimento onde mais pessoas começaram a se aproximar.

Muita coisa aconteceu depois da criação do Mentoria. Mudamos tantas vezes de formato que já nem me lembro como era no começo. E ainda podem vir mais mudanças por aí.

Linha do tempo, 1. Study Groups, logoem seguida o Mentoria

Enfim um formato estava definido

Chegamos então em um formato que dava certo: grupos de estudos para pessoas que aprendem bem sozinhas e mentoria para quem precisa de um contato mais próximo.

Nessa história toda eu nem comentei do Slack, não é?

O Slack veio com a ideia de mais uma pessoa da comunidade que está conosco desde os primórdios:

E seguimos assim até o hoje e o movimento no Slack passou disso:

27 pessoas ativas por dia

Para isso:

Quase 350 pessoas ativas por dia

E, a partir do momento em que as pessoas começaram a se movimentar ainda mais, mais e mais idéias surgiram e vem surgindo todos os dias.

code-review, divertidalista, primeiro-trampo, meetups, forum, dojos, podcast, women, hackathon

A comunidade é um grupo, não é uma pessoa

Você percebeu um padrão na história até aqui?

Eu, uma pessoa de uma comunidade X, criei um projeto, algumas pessoas se juntaram e compraram minha ideia, nasceu uma comunidade. As pessoas, nessa comunidade, começaram a mandar ideias e incluir sua força de trabalho e tempo livre nisso. Nasceram vários projetos.

Quem faz o Training Center dar certo são as pessoas que estão na comunidade. Não sou eu. Graças a todas essas pessoas, unidas, hoje temos uma comunidade legal de se estar.

Eu fico muito contente de fazer parte desse grupo e agradeço a cada pessoa que se comprou a ideia e hoje trabalha em prol das pessoas em nosso grupo. Fico realmente lisongeado por poder participar da vida de vocês e vocês participarem da minha. São pessoas que eu vou levar no coração para o resto da vida.

Eu amo vocês

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William Oliveira
Training Center

Engenheiro de software frontend, escritor do livro O Universo da Programação (http://bit.ly/universo-da-programacao), periférico e bissexual