Arrow 8° temporada (2019–2020)| Crítica
O péssimo final de uma das séries de heróis mais importantes, mas igualmente péssima
Gostem ou não (eu, pessoalmente, detesto), mas Arrow é sem dúvidas uma das séries de heróis mais importantes. Se não fosse por esse show, o mercado televisivo de heróis seria bem mais escasso. Mesmo sendo ruim, Arrow abriu as portas pra esse mercado. Inclusive, criou um universo de heróis, na tv, a partir dos seus spin-offs, o chamado Arrowverse.
Eu nunca fui um real espectador da série, mas tinha conhecimento suficiente sobre ela para ver essa 8°, e última (ouvi um amém, igreja?), temporada. O que me animou a ver essa temporada foram 3 pontos:
- O primeiro foi o fato dela preparar o terreno pro bom crossover, Crise nas Infinitas Terras;
- O segundo foi ter apenas 10 episódios, o que poderia resultar uma trama mais focada e satisfatória;
- E o terceiro motivo foi porque essa é a última temporada do show, inclusive todos nós já sabíamos sobre o fim trágico de Oliver Queen: a morte (isso não é um spoiler, pois é a premissa da temporada e havia sido informada na 7° temporada da série).
Por ser a última e a menor, eu tinha fé de que a showrunner (pessoa que organiza as séries, auxiliam na escrita dos roteiros, dão notas para como os diretores devem executar os episódios e outras diversas funções), Beth Schwartz, e os outros envolvidos se esforçassem para fazer algo bom. Se foi bom falarei mais a frente…
Aspectos (nem tão) positivos:
Vou tirar logo da reta as poucas coisas boas que vejo na temporada, já que, ao meu ver, não salvam o resto. Elas são basicamente 3 episódios, que, mesmo não sendo nada demais, se destacam em meio ao resto que é bem ruim. Esses episódios são o ok Leap of Faith (o 3° episódio), o bom e melhor da temporada, Reset (o 6° episódio) e o apenas mediano Fadeout ( 10° e último episódio). Reset e Leap Of Faith tem algumas coisas em comum. Os dois são dirigidos por integrantes do elenco, David Ramsey e Katie Cassidy respectivamente, que se mostram extremamente habilidosos por trás das câmeras ( muito melhores do que na frente vale dizer), o que elevam os episódios. A outra semelhança está na participação especial de alguns dos únicos bons atores da série: Willa Holland no 3° e Paul Blackthorne (o melhor da série) no 6°. Mesmo os episódios não tendo roteiros realmente bons, pelo menos são roteiros focados, elevados por ótimas direções e participações de 2 bons atores. Já Fadeout encontra sua força na emoção, que é bem conduzida na segunda metade do episódio (já que a primeira se baseia em uma trama bem mal escrita, apenas para ter ação no episódio) o que eleva um episódio que seria ruim ao status de mediano.
Aspectos negativos:
Tirado o lado “bom” da equação, vamos logo pra parte ruim, que é muita mesmo. Vamos falar do roteiro. A temporada tinha como objetivo primário preparar o terreno pra crise, mas tudo aqui é feito da maneira mais preguiçosa possível. Os diálogos, além de extremamente expositivos (se eu ganhasse 1 real a cada vez que eles lembram que o Oliver vai morrer, ou que a crise está vindo, eu estaria milionário), há diversos discursos motivacionais, que são extremamente irritantes, sério. Os roteiristas não conseguem fazer um ÚNICO episódio em que não tenha discursos motivacionais. Inclusive, o Diggle só serve pra ser um grilo falante (o de Pinóquio) em forma de humano.
Fora dos diálogos, tenho que citar a falta de foco narrativo da temporada. Teoricamente, ela é sobre o Oliver ajudando o Monitor a impedir a crise, mas, logo no segundo episódio, eles mudam pra uma trama sobre se o Monitor é ou não confiável. Depois, eles colocam uma trama de pais e filhos, que consegue ser pior que Nora e Barry na quinta temporada de flash. Para que apenas nos últimos episódios antes do crossover eles voltam a trama inicial.
Isso sem falar nos péssimos flashfowards (é que nem um flashback, mas no futuro), que além de terem uma trama incrivelmente desinteressante, quebrarem com o ritmo dos episódios e atrapalharem o foco deles, eles nos brindam com uma “incrível atuação” de Katherine McNamara, que tem a mesma variedade de expressões de uma porta. Pelo menos, esse artifício é abandonado no 4° episódio, mas mesmo assim, não somos livrados da “atuação” da Katherine.
Nós também não fomos totalmente livrados dos flashfowards, já que, após a crise, o episódio 9 se passa totalmente no futuro, com um “incrível” trio de portas “atuando”, McNamara, Katie Cassidy (que nem é uma boa atriz, mas comparado as outras é digna de Oscar) e Juliana Harkavy. Para piorar, esse episódio, além de ser o penúltimo, é um piloto para o futuro spin-off “Green Arrow and The Canaries”, ou seja, eles colocam o piloto de uma nova série na temporada que era pra acabar Arrow.
Como eu citei o elenco no parágrafo anterior, vou aprofundar mais agora. Retirando as 2 participações faladas no trecho dos pontos “positivos” e David Ramsey (que mesmo bom, ainda é só um grilo falante chato), o elenco é extremamente inexpressivo. Vez ou outra, a Katie expressa algumas emoções, mas retirando ela, o elenco é péssimo. Stephen Ammel tem 2 expressões, uma de cara de choro e outra de sério. Já o resto do elenco, mesmo sendo “melhor” que nosso protagonista, é extremamente inexpressivo.
Por fim, há um aspecto do roteiro a ser abordado. Os acontecimentos da série não têm peso algum. Tudo é resolvido em 20 minutos. Vou dar um exemplo: em um certo momento uma personagem tem que amputar um braço (até aí ok), depois arranjam uma prótese pra ela, (nada demais ainda). Mas 5 segundos depois, a personagem age normalmente, como se tivesse quebrado uma unha do pé, ou seja, esse acontecimento não tem peso.
Resumo da Ópera:
Arrow termina sua história de uma maneira péssima. Tem um roteiro e um elenco péssimos, episódios que chegam a ser torturantes e criam situações ao longo dos episódios que parecem ter sido escritas por crianças de 5 anos. Sem dúvidas, o pior final possível para a série.