do primeiro play para a vida

Bruna R. Scheuer
tudosetransforma
Published in
5 min readJul 25, 2019

No começo (lá pra 2008), eu jogava principalmente Guitar Hero no PS2 — sabia de cor todas as faixas do CD do Aerosmith, e ganhar a guitarra pra poder jogar foi um dos pontos mais altos da minha infância. Depois — quando finalmente eu tinha um computador no quarto — foi a vez do Minecraft e do The Sims (mas essa fase durou pouco, meu irmão mais novo se empolgou muito mais que eu).

Uma linha do tempo de como tudo começou — feito por mim ;)

Aí chegou o LoL, e essa foi a minha primeira imersão verdadeira em qualquer jogo que fosse. Era muita coisa pra entender, as mecânicas eram complexas e a página da árvore de talentos (quando ela ainda existia), exigiu toda uma maratona de leitura e estudo pra entender o funcionamento e as aplicações dentro do jogo.

Depois que acostumei, o negócio evoluiu pra Ragnarok — e aí, veio mais uma maratona de estudo, mas eu já estava me acostumando com isso naquela altura do campeonato.

Quando a Steam (um marketplace gigantesco de jogos) entrou na minha vida, eu realmente percebi a grandiosidade do universo em que eu tinha me enfiado completamente sem querer. Tudo isso com uma variedade absolutamente absurda de categorias de jogos disponíveis, estilos de gráficos e tipos de estratégia, ritmo de gameplay e dificuldade lógica, esperando pra serem explorados.

Diversos mundos, com cores incríveis e trilhas sonoras impecáveis, rodando com um pouco de dificuldade no meu computador de segunda mão (como Limbo, Divinity e Don’t Starve).

Meu primeiro notebook sofria pra rodar os jogos.

Em 2014, eu acompanhei meu primeiro campeonato de MOBA. Foi uma redescoberta — a experiência de, finalmente, poder visualizar todos os nicks e números que esperavam em queues anônimas com você pela próxima partida e ver que agora tinham rostos e nomes que gritavam de empolgação e energia os nomes dos times e jogadores preferidos.

Além de personagens num jogo, eram pessoas fazendo algo que amavam. Times de várias partes do mundo, jogadores profissionais e pessoas — felizes, empolgadas, emocionadas. Não era só um jogo, era uma paixão que unia pessoas que nem saberiam se comunicar sem os comandos do teclado.

Foi quando eu percebi a comunidade incrível que os jogos tinham me dado.

Depois daquilo, eu comecei a me envolver cada vez mais com fóruns, sites e aplicativos que facilitassem a comunicação com outros membros da comunidade — mas, ainda naquela época, minha visão do mercado de jogos era muito limitada.

Descobri várias plataformas diferentes, que conectavam a comunidade!

Depois que meu PS2 deu seus últimos suspiros, precisei de um console novo. Eu achava que não havia mais nada sob o sol que eu ainda não conhecesse — mas nossa, como eu estava errada.

Sempre que perguntam, eu digo que foi The Last of Us que garantiu que eu nunca mais abandonaria os jogos, a comunidade, e essa vida toda de controles e comandos (inclusive, tenho até uma tatuagem pra registrar). Parei de pensar somente na qualidade dos gráficos e na jogabilidade, pra pensar em todo o processo de desenvolvimento, conceitos criativos e storytelling — todos os profissionais, artistas, desenvolvedores necessários pra criar aquela experiência da maneira mais bonita e imersiva possível.

Um infinito de coisas envolvem o mundo dos jogos ;)

Com essa nova visão do mundo dos jogos, veio também um novo modo de interação com a comunidade: não só mantendo a conversa entre players, mas acompanhando também o trabalho direto das pessoas que tornavam os jogos possíveis e, num terceiro canto do triângulo, enxergar pessoas que não jogam, mas compartilham seu amor pelos jogos de outras maneiras.

Atualmente, minha vida dentro do mundo de jogos não pode ser resumida (eu até tentei). Ela envolve acompanhar o trabalho dos artistas responsáveis pelas artes e conceitos incríveis que encontramos nas telas, seguir (e ler) roteiros, anotações e árvores de decisão da galera que cria a história e esperar updates dos desenvolvedores sobre possíveis datas de lançamento daquele jogo que eu tô esperando loucamente. No meio disso, eu ainda estou acompanhando conferências, assistindo documentários sobre animação, iluminação e soundtrack e acompanhando partidas (o que envolve, por exemplo, tabelas de pontos, e saber o posicionamento de diferentes times em diferentes campeonatos).

Além, claro, de arranjar aquele tempo sagrado nosso de cada dia para sentar no sofá ou na frente do PC e jogar — nem que seja um pouquinho.

A comunidade gamer é uma comunidade muito rica — é tanta gente, de diversas nacionalidades, idades, gêneros e consoles, que são unidas pela paixão que sentem em comum por uma narrativa (ou muitas delas). Gente que compartilha histórias, encontra e faz novos amigos, se desenvolve artisticamente (você já viu os cosplays que a galera faz, ou as miniaturas de jogos de mesa, ou as músicas criadas?) e cresce, se desenvolve e evolui como pessoas.

Muitas coisas acontecem, até o jogo ficar pronto. A comunidade me ensinou a valorizar o trabalho desse povo!

Toda essa galera, infelizmente, só começou agora a ser considerada mainstream — e ainda falta bastante apoio pra trazer a visibilidade que todo esse amor e dedicação merece.

Falar sobre jogos nunca é só um mergulho raso no resultado de uma partida ou na estratégia utilizada por um player em específico — é jogar uma luz no trabalho e na dedicação de toda uma comunidade, e dar um espaço de reconhecimento pra toda aquela paixão.

A parte mais legal de trabalhar no digio, sendo gamer, é estar numa empresa que reconhece essa galera. O digio começou patrocinando a On e-Stadium (“só” a maior arena de jogos da América Latina, dá uma lida aqui), e tá com muita coisa engatilhada ainda, tudo voltado pra esse mercado incrível e essa comunidade tão única e maravilhosa. Fica de olho, que vem muita coisa legal por aí ;)

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Bruna R. Scheuer
tudosetransforma

Diretora de arte no digio — eu falo sobre arte, games e ativismo nas horas vagas.