Julgamos errado, e a CNB nos prova isso

Bruno Luís Pereira
Underground League
Published in
4 min readAug 18, 2018

Muitas equipes vivem de jogadores (a nível individual), ou ícones-relâmpago — aqueles que já são conhecidos do cenário, mas que saem pouco depois. A CNB e-Sports Club não é uma dessas equipes. E vou mostrar o porquê.

Você deve conhecer ou ter ouvido falar daquela geração da CNB com Leko, Danagorn/Revolta, takeshi, manajj e Alocs. O ano era 2013, e eu estava narrando a final do CBLoL, no Golden Hall em São Paulo. Detrás do palco, eu fiquei perto dos jogadores quando eles fizeram sua conversa final antes de subir e sentar em suas cadeiras.

— 1, 2, 3, VAMO CNB!

O espírito de lutar sempre foi o “primeiro jogador” da CNB (Foto: Riot Games)

O rugido dos três mil torcedores que acompanhariam a final me surpreendeu. Primeiro porque eu não achava que eles ouviriam o grito dos jogadores, mas principalmente porque eles gritaram de volta. Foi a primeira vez que eu notei que o competitivo estava começando a chegar onde queríamos: no coração dos torcedores.

A derrota naquela final (ou na de 2014, ou na de 2016) claro que fica escrita na história do competitivo, mas quando você é torcedor, jogador ou parte da organização da CNB, você repara que o “espírito Blumer” está além de uma vitória ou uma derrota. De ficar em primeiro, em segundo ou até mesmo disputar uma Série de Acesso.

E o motivo disso é a recusa da equipe em deixar de lutar, de ser abatida, de cair no esquecimento. Todos vivem períodos de altos e baixos, e a CNB obviamente não seria diferente. Mas, como até falei no post da semana passada sobre o “Exodia”, o importante aqui é escolher o caminho difícil: no caso da CNB, o da reinvenção, o de tentar voltar a uma época de ouro que não teve ouro, mas teve garra, teve companheirismo, teve coletividade.

CNB de 2014, famoso “TIMÃO DA POR**” (Foto: Riot Games)

Após 2015 na penumbra, recolhendo os cacos da geração que perdeu duas finais, a CNB deu a primeira prova de que não era qualquer organização: final de 2016. Contra uma INTZ no seu ápice, não teve muito o que fazer dentro de jogo, mas fora dele a mensagem já tinha sido deixada:

Não ficaremos para trás. Não viveremos de passado.

A torcida ouviu o chamado. A CNB dominou fora do Rift o que não dominou dentro. Foi o fim de um 2016 que parece só ter continuado em 2018, quando se arrastaram a caminho da Escalada justamente pelas sombras. Justamente pelo lugar que tinham jurado nunca mais voltar.

Às vezes, é preciso se perder para se encontrar.

E, na Escalada da Primeira Etapa 2018, a CNB se reencontrou.

Double Kill
Triple Kill
Quadra Kill
Penta Kill! (Fotos: Riot Games)

Como escrevi na época para o LoL Esports BR: Voltamos a entender o que era ser Blumer.

Acima do quinto jogo do Rakin, acima da virada histórica contra a ProGaming, acima até mesmo do atropelo sofrido para a Keyd na sequência (3–0 na Fase 2 da Escalada), novamente a mensagem já tinha sido passada.

A CNB, que começou a Segunda Etapa desacreditada.
A CNB, que perdeu suas táticas após o meta se estabilizar.
A CNB, que enfrentaria a experiente Vivo Keyd.
A CNB, que mesmo em terceiro era zebra.
Novamente prova o que é CNB.

Por quê teimamos em duvidar? Essa sempre é a pergunta que eu me faço. Porque nas derrotas é fácil julgar. 140 caracteres ou uma mensagem no meio de um chat da transmissão correm tão rápido… passam tão despercebido que às vezes o nosso primeiro reflexo é juntar-se a elas. É ouvir.

E não fazer.

Parabéns, CNB, por novamente nos mostrar que o importante é fazer.

Foto: Riot Games

Claro, não acaba por aqui — na vitória ou na derrota contra o Flamengo. Esse é mais um passo na história da única equipe a disputar todos os CBLoL.

Mas que vale a pena saborear cada momento… ah, isso vale. Dale Blumers!

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