Maximizando a sinergia de um time com 8 princípios
Difícil pensar em um time sem uma missão, propósito, objetivo. Aquela frase mágica, original (não extraída de algum livro de autoajuda), que faz com que saibamos nosso destino. O que viemos fazer. Qual falta faríamos ao mundo, caso não existíssemos.
Tão importante quanto a missão seria um exercício de futurologia, no qual nos transportamos a algum ponto longínquo no futuro e, olhando para trás, poderíamos definir como o mundo nos veria por ter atingido nossa missão.
Mas, no dia a dia de um time, não basta ter uma missão atraente (para reter talentos) e uma visão disruptiva. Precisamos de um conjunto de combinados (princípios) a serem seguidos por todos. Economizam energia porque evitam muitas discussões, ou seja, ao tomar uma decisão, caso ela vá de encontro a algum princípio, não faz sentido prossegui-la. E mais importante, oferecem uma bússola aos trabalhos do dia a dia; o que pode e o que não pode ser feito.
E como se encaixa o líder nesse tripé missão-visão-princípios? Cabe a ele(a) proporcionar um ambiente no qual os membros possam atingir resultados melhores do que o teriam feito de forma individual. Quando esta mágica acontece, dizemos que o time teve “sinergia”. Uma orquestra afinada, um time de futebol, uma embarcação com remadores falharão sem esta “liga”.
Estamos falando de novas atitudes a serem tomadas por todo membro de times com pretensões de violar a matemática (a famosa evidência do “um mais um é mais que dois”).
Neste artigo exploramos 8 princípios (acordos, atitudes) seguidos à risca na sinérgica Tribo de Dados da unico.
1 — Missionários
O famoso pensador Peter Drucker gostava de contar uma história, que poderíamos resumi-la mais ou menos assim:
Certo dia um viajante encontrou 3 pedreiros em uma construção. Ao primeiro, perguntou: o que fazes? E ele respondeu: “Ora, empilhando tijolos”. Já o segundo disse algo diferente: “Estou construindo um muro”. E, finalmente o terceiro, arremeteu: “Eu estou construindo uma catedral! “
Missionário é aquele que contextualiza seu trabalho cotidiano segundo a missão do time ao qual pertence; the big picture; o mapa da floresta. Como reiteradas vezes destaca Marty Cagan em seu imperdível Inspired, para que o desenvolvimento de um produto tenha sucesso, o time encarregado deve mergulhar no problema, compreender plenamente as dores do cliente e não simplesmente realizar o trabalho, como se fossem mercenários pagos para executar uma função, sem se preocupar com o todo (a missão!)
2 — Proatividade
Ter o hábito de procurar sarnas para se coçar geralmente espera-se de um profissional mais experiente. Não deveria ser assim: trata-se de uma habilidade (skill) a ser desenvolvida desde o início da carreira: ao perceber um problema ainda não apadrinhado e tendo condições técnicas para solucioná-lo, o ideal seria sinalizar a intenção de se responsabilizar por ele.
O Líder deveria supervisionar os desafios que aparecem e sutilmente direcioná-los para quem julgue ser a pessoa capaz de encará-lo.
3 — Cada Interação Uma oportunidade
Somos seres em constante evolução e, felizmente, nosso cérebro apresenta uma plasticidade capaz de assimilar novos conhecimentos todos os dias. Principalmente nas etapas prévias à solução de qualquer problema, precisamos aproveitar toda e qualquer oportunidade disponível para entender melhor o que precisa ser feito.
Ainda mais em tempos de trabalho remoto, nos quais rareiam os encontros casuais, cada minuto importa!
4 — Aprendizado Contínuo
Não apenas nós estamos em constante evolução, como também o meio no qual estamos. A cada momento surgem novas tecnologias, abordagens distintas para velhos problemas e possibilidades inéditas de entregar mais valor em menos tempo. Assim, precisamos desenvolver o hábito do aprendizado constante.
Aqui na unico o incentivo é explícito. Temos uma verba para cada Ser (como chamamos as pessoas que trabalham na unico) destinada no investimento de livros, cursos ou eventos. E como o Líder pode orientar esse processo? Criando uma estratégia capaz de proporcionar um crescimento contínuo e relevante na base de conhecimentos do liderado.
5 — Criatividade
Poderíamos enxergar o processo criativo como a junção de 4 elementos:
- Abertismo. Ter uma postura favorável à chegada de novos conhecimentos; desapegar sem drama de velhos conceitos; não abraçar verdades absolutas.
- Estudo. Como já citamos, é necessário desenvolver o hábito do aprendizado contínuo. O ideal seria organizar a rotina diária para reservar 30, 40, 60 minutos dedicados exclusivamente à aquisição de novos conhecimentos.
- Interesse. Ter foco. Não querer solucionar todos os problemas de forma concomitante, mas escolher aqueles cuja solução traga mais valor ao cliente.
- Ousadia. Arriscar soluções inéditas e, caso falhem, fazer novas tentativas. Ter liberdade para pensar fora da caixa.
Soluções criativas normalmente encurtam caminhos proporcionando simplicidade e clareza. Vale muito a leitura do livro Range, de David Epstein. Muitas vezes uma abordagem multidisciplinar consegue trazer ângulos novos a problemas antigos.
6 — Colaboração
Uma vez estabelecidos os objetivos (do trimestre ou ano), idealmente todo o time começa a trabalhar para atingi-los da melhor forma possível. Mas, como não seria razoável todos fazerem tudo, deve haver uma divisão de tarefas orquestrada pelo Líder.
Lembrando o princípio da proatividade (segundo), ao perceber que algum membro enfrenta dificuldades inesperadas, espera-se que o restante do time corra em seu auxílio. Porque se um não entrega, o time não entrega.
Cabe ao Líder promover a comunicação constante entre os membros para que surjam oportunidades de colaboração. E ninguém pode ter vergonha de levantar a mão e pedir auxílio.
Outro aspecto importante no que se refere à colaboração seria a constante procura por concorrências indesejadas. Às vezes, por falhas de comunicação, dois times acabam assumindo o mesmo desafio. Mais uma vez, cabe ao Líder ativamente identificar tais cenários e promover a soma de esforços
7 — Entregas Contínuas
Como já mencionado, estamos vivendo tempos estranhos, em constante evolução, onde requisitos podem variar ao longo do tempo. Desta forma, não seria uma boa ideia levantar o que precisaria ser entregue e somente fazê-lo meses depois. Seguindo as ideias de Jeff Sutherland em seu também imperdível Scrum, a ideia seria fazer entregas contínuas em intervalos curtos. E o que focar? Naquilo que proporcione o máximo de valor (aqui vale aplicar a famosa Regra de Pareto, 80/20, na qual 80% do valor entregue estaria concentrado em 20% das tarefas necessárias).
Uma consequência imediata das entregas contínuas é o permanente aporte de feedbacks, proporcionando ajustes no rumo.
E outra: quando criamos um fluxo intenso de entregas, também geramos um ambiente no qual errar é aceitável (sempre e quando houver um aprendizado a reboque)
8 — Valor
Voltamos a Marty Cagan quando diferencia output (resultado de um trabalho) de outcome (resultado de um trabalho, que resolve um problema de alguém). De nada adianta investir recursos (tempo e energia) na construção de soluções que não mudem para melhor a vida do cliente.
Então, a cada desafio proposto, a pergunta imediata a ser feita seria:
Caso solucionado, quem ganha?
Conclusão
Princípios ajudam a deixar regras claras melhorando a sinergia do time. Quem entra na Tribo de Dados da unico, se entrosa com mais rapidez ao tomar conhecimento do que estamos fazendo e do comportamento esperado. Por outro lado, cada novo membro traz vivências pregressas e uma forma particular de ver o mundo. Desta forma, temos uma oportunidade ímpar de melhorar continuamente nosso rol de princípios.
Eduardo Morelli é Data Director na unico.