Maximizando a sinergia de um time com 8 princípios

Eduardo Maria Terra Morelli
Único
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5 min readNov 18, 2021
Fonte: unsplash

Difícil pensar em um time sem uma missão, propósito, objetivo. Aquela frase mágica, original (não extraída de algum livro de autoajuda), que faz com que saibamos nosso destino. O que viemos fazer. Qual falta faríamos ao mundo, caso não existíssemos.

Tão importante quanto a missão seria um exercício de futurologia, no qual nos transportamos a algum ponto longínquo no futuro e, olhando para trás, poderíamos definir como o mundo nos veria por ter atingido nossa missão.

Mas, no dia a dia de um time, não basta ter uma missão atraente (para reter talentos) e uma visão disruptiva. Precisamos de um conjunto de combinados (princípios) a serem seguidos por todos. Economizam energia porque evitam muitas discussões, ou seja, ao tomar uma decisão, caso ela vá de encontro a algum princípio, não faz sentido prossegui-la. E mais importante, oferecem uma bússola aos trabalhos do dia a dia; o que pode e o que não pode ser feito.

E como se encaixa o líder nesse tripé missão-visão-princípios? Cabe a ele(a) proporcionar um ambiente no qual os membros possam atingir resultados melhores do que o teriam feito de forma individual. Quando esta mágica acontece, dizemos que o time teve “sinergia”. Uma orquestra afinada, um time de futebol, uma embarcação com remadores falharão sem esta “liga”.

Estamos falando de novas atitudes a serem tomadas por todo membro de times com pretensões de violar a matemática (a famosa evidência do “um mais um é mais que dois”).

Neste artigo exploramos 8 princípios (acordos, atitudes) seguidos à risca na sinérgica Tribo de Dados da unico.

1 — Missionários

O famoso pensador Peter Drucker gostava de contar uma história, que poderíamos resumi-la mais ou menos assim:

Certo dia um viajante encontrou 3 pedreiros em uma construção. Ao primeiro, perguntou: o que fazes? E ele respondeu: “Ora, empilhando tijolos”. Já o segundo disse algo diferente: “Estou construindo um muro”. E, finalmente o terceiro, arremeteu: “Eu estou construindo uma catedral! “

Missionário é aquele que contextualiza seu trabalho cotidiano segundo a missão do time ao qual pertence; the big picture; o mapa da floresta. Como reiteradas vezes destaca Marty Cagan em seu imperdível Inspired, para que o desenvolvimento de um produto tenha sucesso, o time encarregado deve mergulhar no problema, compreender plenamente as dores do cliente e não simplesmente realizar o trabalho, como se fossem mercenários pagos para executar uma função, sem se preocupar com o todo (a missão!)

2 — Proatividade

Ter o hábito de procurar sarnas para se coçar geralmente espera-se de um profissional mais experiente. Não deveria ser assim: trata-se de uma habilidade (skill) a ser desenvolvida desde o início da carreira: ao perceber um problema ainda não apadrinhado e tendo condições técnicas para solucioná-lo, o ideal seria sinalizar a intenção de se responsabilizar por ele.

O Líder deveria supervisionar os desafios que aparecem e sutilmente direcioná-los para quem julgue ser a pessoa capaz de encará-lo.

3 — Cada Interação Uma oportunidade

Somos seres em constante evolução e, felizmente, nosso cérebro apresenta uma plasticidade capaz de assimilar novos conhecimentos todos os dias. Principalmente nas etapas prévias à solução de qualquer problema, precisamos aproveitar toda e qualquer oportunidade disponível para entender melhor o que precisa ser feito.

Ainda mais em tempos de trabalho remoto, nos quais rareiam os encontros casuais, cada minuto importa!

4 — Aprendizado Contínuo

Não apenas nós estamos em constante evolução, como também o meio no qual estamos. A cada momento surgem novas tecnologias, abordagens distintas para velhos problemas e possibilidades inéditas de entregar mais valor em menos tempo. Assim, precisamos desenvolver o hábito do aprendizado constante.

Aqui na unico o incentivo é explícito. Temos uma verba para cada Ser (como chamamos as pessoas que trabalham na unico) destinada no investimento de livros, cursos ou eventos. E como o Líder pode orientar esse processo? Criando uma estratégia capaz de proporcionar um crescimento contínuo e relevante na base de conhecimentos do liderado.

5 — Criatividade

Poderíamos enxergar o processo criativo como a junção de 4 elementos:

  1. Abertismo. Ter uma postura favorável à chegada de novos conhecimentos; desapegar sem drama de velhos conceitos; não abraçar verdades absolutas.
  2. Estudo. Como já citamos, é necessário desenvolver o hábito do aprendizado contínuo. O ideal seria organizar a rotina diária para reservar 30, 40, 60 minutos dedicados exclusivamente à aquisição de novos conhecimentos.
  3. Interesse. Ter foco. Não querer solucionar todos os problemas de forma concomitante, mas escolher aqueles cuja solução traga mais valor ao cliente.
  4. Ousadia. Arriscar soluções inéditas e, caso falhem, fazer novas tentativas. Ter liberdade para pensar fora da caixa.

Soluções criativas normalmente encurtam caminhos proporcionando simplicidade e clareza. Vale muito a leitura do livro Range, de David Epstein. Muitas vezes uma abordagem multidisciplinar consegue trazer ângulos novos a problemas antigos.

6 — Colaboração

Uma vez estabelecidos os objetivos (do trimestre ou ano), idealmente todo o time começa a trabalhar para atingi-los da melhor forma possível. Mas, como não seria razoável todos fazerem tudo, deve haver uma divisão de tarefas orquestrada pelo Líder.

Lembrando o princípio da proatividade (segundo), ao perceber que algum membro enfrenta dificuldades inesperadas, espera-se que o restante do time corra em seu auxílio. Porque se um não entrega, o time não entrega.

Cabe ao Líder promover a comunicação constante entre os membros para que surjam oportunidades de colaboração. E ninguém pode ter vergonha de levantar a mão e pedir auxílio.

Outro aspecto importante no que se refere à colaboração seria a constante procura por concorrências indesejadas. Às vezes, por falhas de comunicação, dois times acabam assumindo o mesmo desafio. Mais uma vez, cabe ao Líder ativamente identificar tais cenários e promover a soma de esforços

7 — Entregas Contínuas

Como já mencionado, estamos vivendo tempos estranhos, em constante evolução, onde requisitos podem variar ao longo do tempo. Desta forma, não seria uma boa ideia levantar o que precisaria ser entregue e somente fazê-lo meses depois. Seguindo as ideias de Jeff Sutherland em seu também imperdível Scrum, a ideia seria fazer entregas contínuas em intervalos curtos. E o que focar? Naquilo que proporcione o máximo de valor (aqui vale aplicar a famosa Regra de Pareto, 80/20, na qual 80% do valor entregue estaria concentrado em 20% das tarefas necessárias).

Uma consequência imediata das entregas contínuas é o permanente aporte de feedbacks, proporcionando ajustes no rumo.

E outra: quando criamos um fluxo intenso de entregas, também geramos um ambiente no qual errar é aceitável (sempre e quando houver um aprendizado a reboque)

8 — Valor

Voltamos a Marty Cagan quando diferencia output (resultado de um trabalho) de outcome (resultado de um trabalho, que resolve um problema de alguém). De nada adianta investir recursos (tempo e energia) na construção de soluções que não mudem para melhor a vida do cliente.

Então, a cada desafio proposto, a pergunta imediata a ser feita seria:

Caso solucionado, quem ganha?

Conclusão

Princípios ajudam a deixar regras claras melhorando a sinergia do time. Quem entra na Tribo de Dados da unico, se entrosa com mais rapidez ao tomar conhecimento do que estamos fazendo e do comportamento esperado. Por outro lado, cada novo membro traz vivências pregressas e uma forma particular de ver o mundo. Desta forma, temos uma oportunidade ímpar de melhorar continuamente nosso rol de princípios.

Eduardo Morelli é Data Director na unico.

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Eduardo Maria Terra Morelli
Único
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Mestre em Informática (especialidade Banco de Dados) pela PUC-Rio. Autor de 4 livros (Oracle, SQL Server) e 6 cursos online (Oracle, MongoDB, Big Data, LGPD)