O que é a Esquiva Experiencial?

natalia
Universo Mental
Published in
4 min readMay 27, 2021
Art by Elisa Martis

Suponhamos que ao terminar um relacionamento você por acaso escuta aquela música que lembra o seu antigo amor e rapidamente corre para desligar. Ou quando você conversa com alguém sobre algum assunto triste e quando vê que está chorando rapidamente muda de assunto. Sabe o que essas situações tem em comum? Ambas são exemplos de esquiva experiencial.

A Esquiva Experiencial, na psicologia, diz respeito as estratégias e comportamentos que usamos para evitar memórias, pensamentos ou sentimentos que nos geram algum tipo de mal estar. O problema dessas estratégias é que elas apenas geram um alivio a curto prazo, mas a longo prazo elas podem acabar prejudicando a nossa capacidade de vivenciar as situações e aprender a lidar com elas.

Nós estamos inseridos em uma sociedade em que as pessoas buscam evitar o sofrimento o tempo todo, e com razão. Ninguém quer viver sentindo tristeza ou algo do tipo. Ninguém gosta dessas sensações.

Embora esse papo de saúde mental atualmente esteja muito em alta, as pessoas continuam acreditando que ter saúde mental é viver feliz e não ter problema nenhum, ou fazer uma terapia para resolver a dor e nunca mais senti-la, pensam que para ter saúde mental precisamos eliminar de vez o problema, sendo que não é tão simples assim. Sentimentos negativos existem e fazem parte da vida. Nós só precisamos aprender a viver com eles.

A Esquiva Experiencial não é necessariamente ruim, ela faz parte do nosso repertório de comportamentos que permite a fuga de uma situação de risco real. Ela só se torna um problema quando começamos a esquivar-se ou fugir de pensamentos, emoções e sensações físicas que às vezes são importantes e indicam algo.

Ao invés das pessoas serem encorajadas a aprender formas mais funcionais de lidar com os pensamentos, muitos acreditam que é mais seguro esquivar-se deles.

Como resolver?

Por sorte, existem algumas estratégias que podemos utilizar para amenizar as nossas esquivas experienciais. São elas:

  • Se pergunte de onde vem os seus sentimentos ao invés de apenas se esquivar deles: Por exemplo, quando estamos doentes fisicamente tomamos um remédio para nos livrar da dor mas também nos perguntamos da onde essa dor vem, já que se estamos nos sentindo mal, nesse caso, é porque tem algo de errado com nosso corpo, e o sintoma está ali para avisar. Com nossos sentimentos acontece as mesma coisa. Se continuarmos fugindo deles sem analisar o porquê desse “sintoma” nunca vamos chegar na raiz e resolver o problema.
  • Não deixe que o medo te paralise: O ponto principal da esquiva experiencial é fugir de algo pois estamos com medo de sentir essas sensações, mas precisamos entender que o medo é uma reação natural, e que vem geralmente de uma insegurança. Sempre que vamos fazer algo novo, é normal ficarmos com medo, então o necessário é viver essas situações mesmo com medo, e entender que em nenhum momento iremos estar 100% prontos e confiantes e sem medo para fazer alguma coisa.
  • Não se culpe: Geralmente após fugirmos das situações temos a tendência de nos culpar pois não conseguimos fazer o que queríamos, mas nesse caso, é melhor entender que fizemos o que achamos necessário naquele momento, e o que foi possível, mas nada impede que da próxima vez você não consiga arriscar e fazer dar certo.
  • Entenda que você aprende com os erros e com as experiências: Não adianta ficar com medo de viver uma nova situação, ou sentir que algum sentimento não vale a pena ser sentido por ser ruim, pois nesse caso, se não vivermos aquela situação mesmo que seja ruim ou que dê errado de alguma forma, nunca vamos sair do lugar e aprender com essas situações.

Toda vez que nos esquivamos de algo, nunca resolvemos o problema.

  • Entenda que toda decisão tem uma consequência: Se você ficar se esquivando e se escondendo para sempre, provavelmente isso trará algumas consequências negativas, assim como também viver as situações que lhe causam medo também não será a melhor coisa do mundo, mas é preciso entender que independente da sua escolha, ela terá uma consequência, um ganho e uma perda. Em toda ação você terá algo de positivo e negativo, não existe nenhum caminho onde é possível conviver 100% sem dor.
  • Não pense muito no futuro: Se estamos nos esquivando de algo, é porque estamos pensando lá na frente, estamos pensando que esse algo dará muito errado, quando na verdade nós nem sabemos se isso de fato vai acontecer, o excesso de pensamentos focados no futuro acaba nos impossibilitando de viver o presente.

O futuro é incerto e o ser humano não gosta de incerteza, estamos sempre atrás de controle e tentando nos esquivar de tudo o que possa parecer ruim quando na verdade só precisamos entender que as coisas ruins também fazem parte da vida e se ficamos o tempo todo não nos permitindo sentir essas coisas, nunca criaremos resiliência para enfrentar os nossos problemas. E uma coisa é certa, os problemas virão, mais cedo ou mais tarde.

É logico que, tomar alguma decisão racional no meio de uma crise é difícil, então quando for o caso, espere a crise passar, se afaste da situação para pensa-la com mais clareza, ou até mesmo peça ajuda a um amigo, mas sempre lembre-se de que pensamentos, sentimentos e emoções negativas fazem parte da vida e o quanto antes entendermos que não precisamos nos livrar disso 100% para sermos felizes, melhor será.

Por: Natália Barbosa

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textos mal escritos que expressam as coisas que eu não tenho coragem de dizer