Acessibilidade para quem?

Aprendizagens do curso de Acessibilidade Digital da Mergo com Marcelo Sales

Thainá Vilela
UXMP
3 min readFeb 16, 2021

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Graças a comunidade UX para Minas Pretas ganhei uma bolsa para o curso de Acessibilidade Digital da Mergo User Experience ministrado pelo professor Marcelo Sales. O conteúdo foi muito didático e bem apresentado e neste texto vim compartilhar alguns aprendizados.

ilustração com detalhes em roxo contendo uma mulher sentada em uma cadeira de rodas utilizando o celular com a mão esquerda, enquanto o braço direito está estendido segurando uma bloco de conteúdo de página da web.

“Acessibilidade é tudo sobre pessoas.”

Quando falamos, ou temos contato pela primeira vez com o tema Acessibilidade Digital, logo temos em mente o uso de legendas em vídeos e as descrições de conteúdo com #ParaCegoVer, mas a acessibilidade vai muito além disso, por esta razão, a primeira etapa do curso foi mudar nossa compreensão do que se trata a acessibilidade, entendendo que ela:

Não é só para pessoas com deficiência;

Não é só para pessoas com deficiência visual;

E principalmente: Não é questão de altruísmo.

A compreensão do conceito de deficiência mudou com o passar das décadas, sendo que, apenas depois dos anos 60 nossa sociedade passou a entender a deficiência como um problema social, já que ela surge da incapacidade da sociedade como um todo de construir ambiente que sejam adequados para todos os tipos de pessoas independentemente de suas particularidades.

No nosso dia a dia a tecnologia é sinônimo de praticidade, ela nos traz mais agilidade e conforto na execução de diversas tarefas. Contudo, dentro do contexto de uma pessoa com deficiência, seja ela visual, auditiva, motora ou cognitiva, o que ocorre muitas vezes é o inverso: A tecnologia constrói barreiras que transformam tarefas que deveriam ser simples, em algo impossível.

E não são apenas essas pessoas que sofrem com as barreiras, devemos considerar também o impacto nos idosos, leigos no uso de tecnologia, pessoas que possui conexão com a internet limitada e ainda as limitações situacionais (como mexer no celular com um bebê no colo, por exemplo).

A acessibilidade já possui aporte legal para que seja aplicada como um dever dentro das empresas, mas mesmo assim muitas vezes o que acontece é que a consciência para o tema vem apenas após o surgimento de um problema, demonstrando que a principal motivação para a implementação da acessibilidade ainda é Compliance.

Na Apple a acessibilidade é um dos valores básicos, os produtos são construídos de forma que todos possam ter uma experiência genuína de uso. E isso não quer dizer que a empresa seja perfeita: em agosto de 2018 ela foi processada por seu site não respeitar lei a favor da deficiência visual, mas os problemas foram resolvidos e hoje o site se adequa a todas as pessoas.

Corrigir um erro é melhor que evitá-lo

Se o papel do UX Designer é usar a alteridade (recomendo a leitura do artigo Empatia e Alteridade escrito pela Carol Zatorre) para construir soluções que atendam aos interesses do negócio e as necessidades do usuário e a 5ª heurística de Nielsen fala sobre a Prevenção de Erros, então o esperado é que a acessibilidade seja pensada em todas as etapas do processo de construção de um produto com o envolvimento de pessoas de todas as áreas.

“Acessibilidade não é feature.”

Como aplicar acessibilidade

O maior ensinamento do curso é que não existe uma fórmula mágica que vai implementar a solução para todos os problemas de uma vez só, mas é possível utilizar documentações, princípios e heurísticas, seria preciso mais de um texto para tratar desse tema de forma ampla. Abaixo deixo alguns sites úteis que podem te ajudar a construir soluções acessíveis para todos.

Inclusive Design 24 — vídeos sobre temas de design inclusivo (em inglês);

Guia WCAG — cards em português para download com todos os critérios de acessibilidade da WCAG ( Web Content Acessibility Guidelines);

Material Design Acessibility — documentação Google sobre acessibilidade (em inglês);

Human Interface Guidelines — documentação Apple sobre acessibilidade (em inglês);

Princípios do Design Inclusivo — pilares para construção de produtos acessíveis a todos;

Acessibilidade Digital — o curso que fiz e extrai essas aprendizagens (recomendo muito!).

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Uma Edtech que conecta e profissionaliza mulheres negras para o mercado de tecnologia e UX. Trabalhamos constantemente para potencializar o sucesso pessoal, profissional e educacional de mulheres negras.

Thainá Vilela
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Written by Thainá Vilela

Product & Service Designer na AB Inbev (Zé Delivery & Tada Delivery) & Integrante da UX para Minas Pretas https://www.linkedin.com/in/thainavilela