Boas práticas para projetar experiências acessíveis e inclusivas

Evelyn Barros
UXMP
Published in
4 min readJun 13, 2022
Illustração do Freepik Stories adaptada por Evelyn Barros

Eu sou formada em Arquitetura e Urbanismo. E, dentro dessa área, a acessibilidade é idealizada desde o início de um projeto arquitetônico, ainda no papel. Ou seja, ela é fundamental. Isso está diretamente relacionado ao conceito de Design Universal, porque é focado em projetar soluções que sejam utilizados pelo maior número de pessoas possíveis. Independente de idade, habilidade ou situação.

Quando tomei a decisão de migrar para o mundo do UX/UI Design, coloquei como prioridade em meus estudos o tema Acessibilidade Digital, porque acredito na importância de considerar todas as pessoas independentemente de suas particularidades no ecossistema digital.

No mês de Fevereiro tive um final de semana excepcional, de muito aprendizado, com a turma do curso de Acessibilidade Digital organizado pela Mergo e ministrado por Talita Pagani. A oportunidade surgiu graças à comunidade UX para Minas Pretas que disponibilizou bolsas para participação. Já deixo registrado aqui o meu agradecimento pelo ganho. 🖤

Porque você deve pensar em acessibilidade digital?

Quando falamos de pessoas com deficiência, existe um pensamento pré-estabelecido de que não vale a pena se preocupar com a acessibilidade, pois se trata de uma parcela pequena da sociedade. E isso não é verdade.

No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE (2019), mais de 17,3 milhões de pessoas declararam conviver com algum tipo de deficiência. Esse número representa 8,4% da população brasileira. Ou seja, aproximadamente a cada doze pessoas, uma possui algum tipo de deficiência. Seja ela leve, moderada ou severa. Além disso, temos também as pessoas idosas. Essa parcela da sociedade representa 24,8% da população.

Promover condições de um acesso igual na Internet é um direito de todos os cidadãos e está previsto na legislação brasileira. Consta no Art. 63 da LBI (Lei Brasileira de Inclusão) que:

“É obrigatório que páginas web mantidas por empresas com sede ou representação comercial no Brasil sejam acessíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidades adotadas internacionalmente.”

De acordo com Digital Leaders, no mundo digital, quando você não considera pessoas com deficiência e outras diversidades, você está excluindo um grupo altamente relevante que movimenta anualmente US$ 6 trilhões de doláres da economia ao redor do mundo.

“Acessibilidade não é caridade, não é generosidade, não é comodidade, não é gratificação. Você não deve conceder acesso, você deve garantir.”

Como designers, desempenhamos um papel essencial na construção de um design acessível. Temos a responsabilidade de garantir que todos tenham acesso ao que criamos (e uma boa experiência), independentemente das suas habilidades, do contexto ou da situação.

Como podemos criar projetos acessíveis?

Primeiramente, precisamos entender que não existe uma fórmula para entregar o “totalmente acessível”. Não conseguimos mapear todos os cenários possíveis de uso, porque cada pessoa tem sua particularidade. Se trata de um trabalho contínuo, onde a intenção é reduzir as barreiras de acesso ao conteúdo e gerar uma boa experiência.

Com base em meus aprendizados do curso — e na WCAG 2.1 (Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web), compartilharei abaixo algumas das boas práticas, relativamente fáceis de implementar, para projetar experiências acessíveis na Internet.

Arquitetura de Informação 📝

  • Estruture todo o conteúdo de forma lógica, de fácil leitura e navegação;
  • Evite jargões, utilize linguagem simples para que possam entender o que você está tentando transmitir.

Cores 🧮

  • A cor não deve ser usada como o único meio de indicar uma ação em uma interface. Utilize texturas, ícones e texto como apoio, quando estiver comunicando algo importante.

Contraste ✒️

  • Implemente contraste suficiente entre o texto e o plano de fundo, explore usando combinações de cores de alto contraste;
  • Evite combinações com muito brilho.

Imagens 📸

  • Escreva texto alternativo para suas imagens e outros conteúdos não textuais;
  • O texto alternativo deve conter o significado que a imagem está tentando transmitir. Não deve descrever como a imagem se parece;
  • Se as imagens forem utilizadas para fins decorativos e não tiverem qualquer significado, não é necessário texto alternativo.

Acesso por teclado ⌨️

  • A ordem dos elementos interativos é essencial, devem ser previsíveis e em ordem. A navegação deve ser lógica, intuitiva e sem bloqueios;
  • Tenha cuidado com o tamanho da sua navegação, isso inclui o número de links e o comprimento do texto.

Foco Visível 🔍

  • O indicador de foco deve sempre se destacar para que o usuário possa localizá-lo facilmente, que seja altamente visível e com bom contraste;
  • Os elementos que devem ser focalizados são links, campos de formulário, botões e itens de menu.

Botões ⚙️

  • Se o botão tiver ícone e esse ícone não tiver rótulo, deve ser utilizado um texto alternativo indicando a função do botão;
  • Os botões devem ter aparência selecionável e ser reconhecidos por leitores de tela.

Links 📤

  • Criar links curtos e objetivos, utilizando texto sublinhado e em negrito;
  • A finalidade do link deve ser descrita, ele também deve nomear o documento ou a página da Web para a qual ele leva.

Gostaria de registrar aqui o meu agradecimento a Tarsila Santana por todo apoio e pela revisão da redação. 🖤

Referências 👁‍🗨

Obrigada pela leitura. Espero que esse conteúdo seja útil para você! 🔎

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Evelyn Barros
UXMP
Writer for

Sou UX/UI Designer com background em Arquitetura. Encontrei no UX a chance de ajudar e melhorar a vida das pessoas em suas rotinas diárias.