Como é a experiência de quem quer migrar para UX?

Caroline Souza
UXMP
Published in
3 min readAug 26, 2020

Me formei em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) em 2010 pela faculdade FACHA, no Rio de Janeiro. De lá pra cá, já trabalhei em diversas áreas, e fui parar no Design Gráfico (função que venho desempenhando desde 2009).

Sempre quis trabalhar com criação, desde antes da faculdade. Trabalhei em agências pequenas, empresas familiares e empresas de médio porte. Digo isso, porque em um determinado período da vida, queremos a tão sonhada estabilidade financeira e profissional.

Não foi um caminho fácil. Principalmente se você é uma designer negra de classe média baixa. Mas sou muito grata por tudo que aconteceu até hoje, bom ou ruim: fiz um intercâmbio maravilhoso para a Inglaterra em 2011, como presente de formatura (sim, eu dependia financeiramente da minha mãe rs); foi difícil se manter empregada nos primeiros anos de formada, então trabalhei em funções aleatórias para me sustentar (Back Office, Diagramadora, Staff em eventos, etc). Até que finalmente consegui trabalhar com Design. Ah, que maravilha! Mas, não. Horas excessantes e exaustivas, combinados com salários baixíssimos e acúmulo de funções.

Ter referências negras no Design, era uma coisa distante pra mim, não conhecia as referências que tenho hoje. E nem me sentia representada. Por ser um mercado maioritariamente masculino e branco, tive dificuldades em maiores oportunidades. Estamos em 2020, e você provavelmente faz o teste do pescoço (pra quem não sabe: é quando um negro chega em um ambiente, e conta mentalmente quantos negros tem ali), dentro do escritório ou agência. Estamos sempre buscando reconhecimento.

(Recomendo a leitura do link abaixo, escrito pelo @wagnercomdablio, sobre excelentes designers negros)

https://medium.com/ddnbr/onde-est%C3%A3o-nossas-refer%C3%AAncias-negras-em-design-8f3381557c95

Se inovar para crescer

Sempre fui curiosa e focada desde nova. Meus planos para me tornar bem sucedida não podia acabar com empregos em empresas abusivas. Então, comecei a planejar uma mudança de cidade, talvez país. Até que em 2016, finalmente me mudei para São Paulo, e em poucos meses, arrumei um emprego como Diagramadora e Designer Gráfico. Mas sentia falta de algo. Pensei em Motion. Mas por ser uma área com cursos caríssimos, resolvi deixar em stand by a ideia.

Um ano atrás, conheci o UX para Minas Pretas no instagram. Meu primeiro evento do UXMP, foi no Nubank, sobre a a relação da mulher negra com o dinheiro.

Fonte: UX para Minas Pretas

Foi nesse momento que descobri o UX Design. Mas antes, preciso que vocês conheçam o UX para Minas Pretas, uma iniciativa incrível da Karen Santos, que visa incluir UX Designers negras no mercado de tecnologia, através de capacitamento e empoderamento.

Novos caminhos e aprendizados

Ano passado, consegui uma bolsa de UX Strategy na Miami Ad School, graças ao UX para Minas Pretas. Foram dois meses em imersão no UX para negócios. De Pesquisa à Metodologias, foi um curso bem amplo e com excelentes professores. Não tinha ideia de como eram os processos na prática, principalmente pela proposta do curso utilizar clientes reais. Antes do curso, eu achava que tudo se baseava em interface. Mas existe um longo caminho a ser conquistado, até chegar em protótipos. A interface é apenas a solução de um profundo estudo do usuário. O que ele sente, o que precisa, o que te motive e suas dores.

Foi meu ponto pé inicial para montar meu portfólio de UX (que venho trabalhando desde então). Não é fácil pensar em uma carreira de 11 anos e resolver migrar de área aos 30 anos de idade. Mas é uma oportunidade que chegou no momento certo da minha vida.

Principalmente pelas bolsas de estudo que recebi. No último fim de semana, fui contemplada com uma bolsa de UI + Mobile pela Mergo User Experience. Também pelo UXMP.

Pude entender na teoria e prática, de como é o UI. E mais um grande presente, e também descoberta. Não é só “construir telas”, mas sim criar soluções para um problema. Nada no UX (nem na vida) é simples. É um trabalho de grande importância, que requer entendimento de que cada área do UX, uma complementa a outra.

Já passei por diversos processos seletivos, e a busca continua. Sou muito grata a Karen Santos, ao UX para Minas Pretas e a todas as mulheres incríveis que conheci nesse percurso. E assim, sigo lutando.

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