Venture Capital no Brasil cresce 80% em 2019
Com a CDI em baixa numa série histórica que promete ser a mais duradoura da história recente do país, cada vez mais brasileiros devem procurar investimentos alternativos em 2020, como falei no meu último artigo.
Dentre eles, o investimento em participação, deve crescer fortemente.
O último relatório da Distrito Venture Capital no Brasil evidencia que o balanço positivo dos últimos anos aponta para uma tendência. Os números de 2019 foram surpreendentes. Para quem souber olhar para a pintura sem euforia, há ótimas oportunidades à vista.
No total, US$2,7 bilhões foram investidos em startups brasileiras no ano passado, num total de 260 aportes realizados.
O volume é 80% maior que o de 2018 e 198% maior que o de 2017.
Os deals tem se concentrado em grande parte nos estágios iniciais das empresas. 62% das rodadas se deram nos estágios de Pré-seed ou Seed. Lembrando que a primeira se refere à primeira rodada de investimento, utilizada geralmente para montar o time, desenvolver e testar um MVP, enquanto na segunda os recursos são utilizados para a empresa aumentar seus esforços de vendas, desenvolver melhor o produto e encontrar seu lugar no mercado, o famigerado product-market-fit.
Fintechs lideram, Healthtechs surpreendem
Entres os aportes realizados, as Fintechs concentraram o maior número de rodadas de investimento, 62 do total de 260. O número é ainda um reflexo do novo marco regulatório do setor, que deu mais segurança para investidores e consumidores apostarem em modelos alternativos. O volume investido chegou a quase US$1 bi: foram US$936 milhões de dólares em 2019, 37% a mais do que no ano passado.
Um ponto interessante que o relatório chama a atenção é o aumento expressivo de investimentos em Healthtechs. O setor ainda apresenta um ambiente regulatório excessivamente complexo no Brasil, com processos bastante complexos. Porém, a quantidade de rodadas saltou 140% entre 2018 e 2019, e o volume de recursos, 406%, com mais de US$43 milhões investidos.
Megarounds que geram unicórnios
Os números expressivos foram também puxados pelas grandes rodadas em empresas na fase de escala, as chamadas Series B, C ou D, lideradas por investidores estrangeiros. Não há no Brasil gestoras especializadas em growth capital para empresas de tecnologia.
Cinco novos unicórnios despontaram no ecossistema brasileiro de startups em 2019 — Wildlife, Gympass, Quinto Andar, Ebanx e Loggi. O caso do Wildlife é de longe o mais interessante, já que se trata de uma produtora de jogos que tem números impressionantes, com cerca de 500 funcionários espalhados em seis escritórios e quatro países, um caso totalmente abaixo do radar hype do mercado e provavelmente lucrativa, e que já lançou mais de 60 jogos. A empresa recebeu no ano passado um aporte de US$60 milhões do Benchmark Capital, um dos principais VCs americanos, elevando o valor de mercado da empresa para US$1,3 bilhões.
Mas não custa lembrar que buscar unicórnios nem sempre deveria ser o objetivo final de quem opera com investimentos alternativos. Devemos ter cuidado com o canto da sereia (ou seria dos unicórnios?).
Existem muitas empresas promissoras, com teses bem fundamentadas e times de primeira qualidade, com alta eficiência de capital e que estão operando em nichos muito lucrativos. Identificar esses negócios com uma metodologia rigorosa é o ouro do Venture Capital.
O futuro é promissor
Apesar de 2019 ter sido incrível, a penetração de venture capital e private equity no Brasil ainda é muito pequena. Em 2018, representou apenas 0,2%, enquanto nos EUA e Reino o Unido, chegou a quase 2%.
Ou seja, tem MUITO espaço para crescer.
O Brasil promete. E, dessa vez, está entregando.
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