Três investimentos alternativos para ficar de olho em 2020

Bruno Peroni
VC sem ego
5 min readJan 15, 2020

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2020 promete. Tudo indica que estamos caminhando para uma série histórica de baixa da taxa SELIC. Deixar seu dinheiro em investimentos conservadores começa a não ser um bom negócio. Passa a ser necessário olhar mais para a renda variável e também para investimentos alternativos.

Investimentos alternativos são basicamente investimentos diferentes dos tradicionais, como títulos públicos, títulos bancários (CDB, LCA/LCI), ações e fundos de investimento.

Algumas categorias incluem: crédito privado, investimento imobiliário, investimentos em participação (venture capital, private equity), commodities (ouro, petróleo), criptoativos e ativos tangíveis (como arte).

Essas classes de ativos geralmente estão disponíveis apenas para grandes investidores. São investimentos mais complexos que possuem muitas vezes um baixo grau de liquidez, maior risco e também acesso restrito. Porém, trazem possibilidades de ganhos excepcionais.

Mas essa realidade tem mudado, a partir de inovações que passaram a viabilizar a democratização dessas classes de ativos e a trazer opções melhores de investimentos a investidores comuns.

Acredito que três modalidades de investimentos alternativos são particularmente promissoras para o ano que se inicia, todas atreladas à economia real: investimento em participação, investimento imobiliário e peer-to-peer lending.

1) Investimentos em participação

Esse é o meu preferido, pois é onde atuo mais fortemente e acredito que exista mais potencial de transformar o país. Consiste no investimento direto ou indireto, por meio de fundos de venture capital (VC) ou private equity, em ações de empresas privadas.

VCs investem em empresas mais iniciais, startups de com alto risco de retorno e gestoras de private equity investem em empresas mais estruturadas, com alto potencial de crescimento, mas que ainda não têm capital aberto.

Lá fora, as gestoras de private equity encheram os cofres ano passado. Gigantes como Blackstone Group Inc. e Carlyle Group acumularam quase US$ 1,5 trilhão em capital não gasto. Em 2019, foram quase US$ 450 bilhões em negócios de private equity. Neste ano, as fusões e aquisições podem chegar a patamares inéditos desde a última crise mundial.

Em média, fundos de private equity tiveram retorno médio de 13% ao ano, comparado com os 9% do S&P 500. No Brasil, o desafio é que não existe nenhum fundo de private equity aberto para investidores comuns.

Em Venture Capital, existe um grande potencial.

As recentes decepções na IPO de empresas como WeWork, Lyft, Uber e Pinterest vão certamente fazer aos poucos que a imprudência deixe de reinar. Os valuations estão esticados no mundo todo, mas o mercado está mostrando que em algum momento o ajuste chega.

Porém, prefiro olhar mais para as boas notícias: o Brasil foi o terceiro maior país produtor de unicórnios com 5 novas empresas nesse valuation e tivemos um crescimento absurdo de capital estrangeiro investindo em startups no Brasil em 2019 que deve continuar em 2020.

A maneira mais fácil e acessível de entrar nesse mercado é por meio das plataformas de crowdfunding de investimento, como Kria, EqSeed e Captable, que permitem que investidores de varejo invistam a partir de R$1 mil em empresas inovadoras. Outra maneira de participar é por investimento direto em novos negócios, mas exige acesso às empresas e investimento de energia no acompanhamento dos empreendedores.

E os riscos?

Esse é um dos investimentos alternativos mais arriscados, em especial o investimento em empresas nascentes. A expectativa de retorno é de no mínimo 25% ao ano. Mas a liquidez do investimento é baixa ou inexistente e o prazo é bastante longo, podendo chegar a 7 anos.

Importante: é fundamental diversificar os investimentos em mais de uma empresa e, para um investidor comum, investimentos em participação não devem ultrapassar de 5% a 10% de um portfólio saudável.

2) Investimento Imobiliário

Investir em imóvel é sonho de muita gente no Brasil. Porém, os custos de manutenção costumam ser altos e liquidez não é imediata. Por isso, investimento em imóveis até pouco tempo era coisa de grandes investidores. Com os fundos imobiliários, que viraram um investimento preferido entre os investidores de varejo, tem-se as vantagens desse tipo de investimento sem a maior parte dos problemas.

O investimento em cotas de fundos imobiliários combina a possibilidade de receber rendimentos isentos de imposto de renda dos aluguéis dos imóveis nas carteiras dos fundos e obter de ganhos de valorização das cotas na bolsa.

Além disso, existe a possibilidade de liquidar as cotas quando você quiser. É muito mais fácil do que gerenciar apartamentos e tendo a possibilidade de investir em shoppings centers, prédios comerciais e centros logísticos.

O mercado está bombando:

  • Em 2019, o volume de novas emissões de fundos chegou ao ponto mais alto da série histórica. Até novembro, R$ 32,5 bilhões haviam sido captados, segundo a Ambima, uma enormidade, se comparado ao recorde anterior, de R$ 16,1 bilhões em 2011.
  • Em dezembro de 2019, o Ifix, índice dos maiores fundos imobiliários, subiu 10,6%, encerrando 2019 com valorização de 36%, acima do Ibovespa
  • De acordo com a B3, o número de cotistas em fundos imobiliários chegou a 500 mil em outubro, um crescimento de mais de 150% em 12 meses, que participam de mais de 200 fundos.

Estudo publicado pela FGV confirma que estamos num excelente momento para investimentos no setor. Até 2025, o país demandará a construção de 14 milhões de novas moradias, o que deve acelerar bastante o mercado nos próximos 5 anos.

Com a moeda seguindo desvalorizada, o preço dos imóveis enfrenta um período de baixa, o que torna o investimento bastante atrativo. Apesar das quedas recentes no pregão, é bem provável que não passe do aproveitamento momentâneo dos investidores para fazer algum dinheiro logo depois do pico de dezembro.

Existem sites específicos focados nesse mercado, como o FundsExplorer, FIIs e ClubeFII. Também sugiro você procurar a sua corretora ou assessor de investimento e perguntar sobre as oportunidades e carteira recomendada.

E os riscos?

Os riscos devem ser analisados por empreendimento e fundo, mas em geral imóveis de aluguel podem ficar vagos e as cotas do fundo podem cair de maneira substancial caso a gestão do fundo não consiga rapidamente buscar novos inquilinos. Como os imóveis acompanham o ciclo econômico, é um excelente momento dessa classe de ativo. Eu pessoalmente invisto.

3) Empréstimo entre pessoas (Peer-to-peer lending)

Peer-to-peer lending é uma modalidade cada vez mais popular no Brasil. Trata-se de operação de empréstimo ou financiamento de pessoa físicas diretamente para empresas ou outras pessoas físicas, intermediada por uma plataforma especializada, que dispensa a utilização de bancos convencionais.

A rentabilidade do modelo se deve à dispensa do spread bancário. É um investimento bastante atrativo, com retornos mensais entre 1% e 8%, a depender das garantias e nível de risco do empréstimo. A modalidade só foi regulamentada em 2018 pelo Banco Central. Nos Estados Unidos, maior mercado do ramo, a gigante Lending Club tem mais de 2,5 milhões de clientes e intermediou mais de US$ 44 bilhões.

No Brasil, fintechs de sucesso no setor tem prometido retornos que podem ir de 15% a 25% ao ano. Algumas plataformas incluem: Nexoos, Biva e Kavod Lending que operam empréstimos para empresas e Mutual Club, que opera empréstimos entre pessoas físicas.

E os riscos?

Claro que, como qualquer investimento alternativo, há riscos envolvidos. O risco também deve ser avaliado com base no credor, para quem se está emprestando. As plataformas geralmente possuem sistemas próprios que ajudam os investidores a avaliarem a relação risco/retorno de cada uma das oportunidades.

Desejo bons investimentos a todos em 2020!

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Bruno Peroni
VC sem ego

Venture Capital, Inovação e Startups; VC @ Astella ; Host @ A Virada Podcast