Selo do United States Postal Service, de 1918. Um raro exemplar foi leiloado em 2007 por US$ 977,500

VDM / Intro

Luis Marcelo Mendes
VDM / Profissionais *Beta
5 min readAug 23, 2016

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Existem mil livros de comunicação, marketing e design com histórias de sucesso, fama e fortuna. Este não é um deles.

O FATOR VDM, lançado em 2011 pela Ímã Editorial e agora republicado integralmente no Medium, é um guia que ajuda profissionais e estudantes a entenderem que, na prática, fazer projetos criativos não é fácil como parece.

Isto vale para quem atua na área de comunicação, publicidade, comunicação empresarial, redação e marketing on-line. E para os designers gráficos, de produtos, de embalagens, de design em movimento ou webdesign. E ainda para os especialistas em mídias sociais, jogos e aplicativos mobile, de produção de eventos, de cenografia, de produção audiovisual, de criação total, integrada, 360° ou qual seja o termo da moda no momento. E, para a minha supresa, até advogados disseram ter se identificado com os casos.

Em cada escritório criativo, em qualquer lugar do mundo, encontramos pessoas criando projetos diferentes, com abordagens diferentes, para clientes de segmentos diferentes. E, no entanto, com uma série de problemas de relacionamento em comum.

Para cada case de sucesso existem mil histórias problemáticas, onde o resultado final não ficou como esperado e a relação com o cliente saiu abalada.

Por isso, quero que você comece a aplicar uma prática que iniciamos na Tecnopop como parte do processo de gerenciamento de projetos. Antes de iniciar cada novo projeto, nos reuníamos para pensar no FATOR VDM. Ou seja, tudo aquilo que poderia dar errado.

Capa do semanário inglês The Times & Citizen

Como você já deve ter entendido, VDM significa “vai dar merda”. Não se trata de pessimismo e nem de considerar as pessoas incompetentes ou amadoras. Mas sim da constatação que o acaso nem sempre vai te proteger enquanto você andar distraído. Já que, muitas vezes, os profissionais criativos insistem em escorregar nas mesmas cascas de banana, esperando atingir resultados diferentes.

Esses pequenos desastres projetuais, objeto da nossa discussão aqui, é como uma bactéria no ar e está presente em muitos projetos de uma forma ou de outra. Por vezes em detalhes imperceptíveis a olho nu.

Baseado em fatos reais

Você pega o catálogo de uma exposição, por exemplo, e observa que o trabalho está tecnicamente exemplar. O projeto gráfico consegue estabelecer um diálogo sensível com a obra do artista. A impressão primorosa e o acabamento fantástico.

Lá pela metade da publicação, uma determinada obra lhe chama a atenção. Alguns segundos depois você vira a página e prossegue a leitura assim como milhares de outros leitores, sem se dar conta de que a obra em questão foi impressa de cabeça para baixo.

O que parece um pequeno equívoco para nós deu origem a uma longa e intensa crise entre o designer, o produtor da exposição, o museu que abrigou a exposição e o artista cuja obra foi retratada no catálogo. O erro passou completamente despercebido por todos até as três mil cópias serem entregues pela gráfica. Nesse momento, o artista encontrou o erro na primeira folheada — como geralmente acontece.

Os erros costumam apresentar esse comportamento bipolar: ficam tímidos na hora da revisão e desinibidos quando não há mais volta.

Mas o artista do nosso exemplo totalmente hipotético ficou furioso e anunciou que faria uma fogueira em praça pública com o material, que era a contrapartida para o museu receber o pagamento do patrocínio. Isto fez com que a instituição, em pânico, ameaçasse o produtor da exposição de um processo judicial. Por sua vez, o produtor exigiu que o designer pagasse a reimpressão dos catálogos. E, na impossibilidade de passar a conta para o estagiário que inseriu as imagens na correria da produção, só sobrou para ele a ingrata tarefa de tentar entender em que momento a coisa desandou. em que momento o projeto se tornou um desastre. O que ele fez para merecer isso?

Merdas acontecem. Sabemos disso. Como disse o blogueiro canadense Neil Pasricha:

“Todos vamos encontrar lombadas e solavancos. Nenhum de nós pode prever o futuro, mas sabemos uma coisa sobre ele: nada vai acontecer exatamente conforme o planejado”.

Portanto, se as coisas em algum momento deram errado não se martirize: você não está só. Porém tampouco se acomode. Existem formas de se prevenir do pior cenário.

Observando o FATOR VDM você entenderá que todos os projetos criativos tendem ao desastre de alguma forma ou de outra. Em maior or menor escala. É a ação das pessoas envolvidas no gerenciamento que os salva.

O ideal da vida criativa seria a gente ter, pegando carona na figura criada pelo compositor e escritor Chico Buarque, um pequeno “Ministro do Vai dar Merda” nos ombros como os anjinhos e demônios dos desenhos animados. Ele seria o responsável por cobrar do designer do nosso exemplo acima, a obter a aprovação por escrito do artista do posicionamento de todas as obras e legendas do catálogo, antes da impressão.

Tudo é óbvio, depois que as merdas acontecem. Para quem está na linha de frente de projetos, nada deveria ser óbvio.

O FATOR VDM não é uma tábua com dez mandamentos, os doze passos da felicidade, a receita para a iluminação suprema. E não vai fazer com que todas as suas relações passem a funcionar instantaneamente.

O que você verá aqui são dicas de como conter a proliferação dessas bactérias projetuais, suas infecções e a contaminação do ambiente a partir deste mecanismo mental chamado FATOR VDM.

O objetivo é contribuir para que você possa estabelecer uma cultura projetual comum com seus clientes, que seja boa para todos e que produza bons resultados.

Prepare-se para momentos de turbulência mental. Mas não se preocupe: garantimos que você vai se divertir pelo caminho, se identificar com as situações apresentadas e ter aqueles estalos mentais, ou insights, que o ajudarão a lidar com os seus projetos.

Você encontra a versão impressa do FATOR VDM à venda no site da Ímã Editorial.

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