Tudo que aprendi com Madonna

Popstar segue como inspiração para quebrar padrões e manter-se relevante.

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Vox.POP!
3 min readAug 16, 2023

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“A razão pela qual intolerância, sexismo, racismo e homofobia existem é o medo. As pessoas têm medo de seus próprios sentimentos, medo do desconhecido”

Écurioso pensar como alguém que eu nunca conheci pessoalmente possa me inspirar tanto.

Nos encontramos pela primeira vez na infância, naquele icônico LP de True Blue (1986) ao lado do aparelho de som, quando eu ainda confundia a figura platinada dela com Marilyn Monroe. Já adolescente, fui fisgado pelos clássicos dos anos 80, até comprar American Life (2003), um dos seus trabalhos mais controversos. Não fui conquistado de primeira, mas havia algo naquele trabalho que me intrigou a continuar de olho na Material Girl.

Desde lá, são 20 anos nessa relação, entre fã e súdito. Aos poucos, suas músicas se tornaram trilhas sonoras para diferentes momentos, fosse para me preparar para uma prova, festejar com os amigos ou só fantasiar com o crush. Suas reinvenções marcaram também meu crescimento, pontuando momentos inesquecíveis, como se nossa história estivesse conectada.

Explicar a relação entre fã e ídolo nem sempre é simples. Como um adolescente muito tímido, contar com a inspiração de uma mulher empoderada me ajudou a questionar padrões, sentir mais confiante. Com seus clipes, shows e entrevistas, também fui refletindo e aprendendo como me expressar melhor. Não é só gostar de algumas músicas ou apresentações, mas saber que sem a influência dela talvez eu não teria as amizades que tenho hoje, a curiosidade que mantenho ou as referências que descobri pelo trabalho dela.

Já fui bem mais fanático em acompanhar todos os boatos sobre a carreira, vasculhar sobre a vida pessoal, desejar todos os produtos. Hoje penso nela como uma boa amiga, alguém que representa muito, mas não precisa ser o topo do meu Spotify anualmente. Às vezes nos distanciamos, mas sempre posso voltar para alguma apresentação ou música sua para me reconectar.

Ela pode não ser a cantora com maior potência vocal, nem uma dançarina brilhante. Nem sempre conseguiu emplacar os hits nas paradas, mas de certa fora conquistou a façanha de atravessar décadas ainda relevante, servindo de referência para qualquer profissional que pense sobre criatividade, arte, moda, cultura pop e marketing.

O que sempre me fascinou foi justamente essa combinação entre inteligência e boas referências, sempre pautando os trabalhos com colaboradores do cinema, artes plásticas, dança, moda e fotografia. Há uma habilidade incrível em se inspirar pelas tendências da época e ainda transformar aquilo em uma expressão muito pessoal. Como ela fez em Vogue (1990), quando tirou a cultura ballroom do armário, na virada do século quando surfou na onda oriental para Ray of Light (1998) até os recentes feats para manter-se relevante no streaming.

Para bem ou mal, ela é o que nós somos, como diz o título do seu documentário. Depois de décadas enfrentando abertamente o machismo e conservadorismo, ela segue ativa na batalha contra o ageismo na divulgação de seus trabalhos recentes, com boicote das rádios e uma nova geração apática, que associa relevância com quantidade de seguidores nas redes sociais e danças no TikTok.

Ela já poderia ter se retirado dos holofotes há tempos, mas segue inspirada, preparando uma turnê em celebração dos 40 anos de carreira, como um dos últimos ícones da sua geração.

Espero que tenhamos a chance de nos encontrar novamente e celebrar a vida e a música em um show como só ela consegue fazer. Mesmo ali na multidão, cercado por milhares de outros fãs, quero estar presente para agradecer todas referências e inspirações que ela me apresentou.

Um ídolo. Uma artista. Uma amiga.

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Tentando ser FASHION, aficionado pelas novidades POP e apaixonado pelo universo GEEK. “Cher acima de tudo, Madonna acima de todos.” 🏳️‍🌈🕶️