Transição de Carreira — parte 2: o que aprendi conversando com Vini e Renan.

Algumas dicas e uma pequena reflexão sobre vocação.

João Paulo Vieira (JP)
Warren Tech
8 min readDec 2, 2022

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Imagem de Daniel Kirsch por Pixabay

Antes de começar, imagino que se você está aqui é porque se identifica com o tema, então te convido a ler a parte 1: Transição de Carreira: quando e como fazer.

Pois bem, esta é uma segunda parte que foi planejada junto com a anterior. Ainda antes de terminar o primeiro artigo, comecei a procurar por colegas aqui na Warren que também mudaram de carreira para marcar as conversas e finalmente escrever.

Me sugeriram falar com Vini e Renan e confesso: não estava planejado que eu iria aprender tanto com suas trajetórias. Então, além de contar suas histórias, sintetizei esses aprendizados nas 💡Dicas. Também decidi ousar um pouco e falar sobre vocação. Vamos lá?

Vini Appel é líder de uma squad na área de dados da Warren. Tem 35 anos e fez graduação em Gestão de TI. No início da caminhada profissional, entrou pela porta da sustentação de sistemas, porque na época havia muitas possibilidades no ramo.

Trabalhou por quase 8 anos na área e estava bem estabelecido na carreira. Ganhava bem, mas vivia cansado e estressado. A cultura da empresa não estava legal, com algumas questões críticas, e ele resolveu mudar!

Quando o momento da decisão chegou, optou por aplicar as economias (que estava fazendo com vistas a um intercâmbio para estudar inglês) em um ano de curso de fotografia em Portugal. Mas, por que fotografia? Porque era seu hobby!

(pequena pausa pra uma dica e uma pincelada no tema da vocação)

💡 Dica 1: Tenha um hobby!

“O que mais se parece com a vocação é o que entendemos por hobbies, pois se tratam de algo com que temos afinidade, gostamos e sabemos como fazer. Além do mais, ninguém nos obriga a fazê-los. São excelentes indicadores vocacionais.” — Michel Echenique Isasa (Filosofia e Vocação para Educadores)

A frase acima explica bem o que é um hobby, mas o que é vocação? Ainda de acordo com o professor Isasa, a palavra tem como raiz vocatio, que significa “chamado”, “convocação”. É uma convocação do destino para que cada ser humano desenvolva o seu papel na sociedade, de forma única e feliz. No primeiro artigo, falei um pouco sobre realização, completude e felicidade no trabalho: entendo que o caminho para isso é realizar sua vocação.

Quero contar também um pouco do que aprendi com um grande professor que tive na vida. Ele dizia que grande parte do nosso potencial se manifesta quando trabalhamos com satisfação e prazer. O preconceito com o trabalho, visto às vezes como um mal necessário, faz a vida diminuir de qualidade e intensidade. Já perceberam como todas as pessoas de muito sucesso adoram o que fazem e o fazem como forma de realização? Pessoas que tiveram coragem de se lançar na vida a fazer aquilo que realmente queriam, gostavam, sabiam fazer melhor?

Mas e quando não conseguimos atuar com a nossa vocação? Ou quando ainda não temos certeza de qual é? Uma boa dica: cultivar um hobby!

Continuemos com a história de Vini. Ele começou a trabalhar com fotografia ainda em Portugal, e assim seguiu quando retornou ao Brasil. Atuou como autônomo por 4 a 5 meses (com aniversários de 15 anos e casamentos), mas se deparou com outra grande dificuldade: “o hobby é uma situação, e trabalhar com o hobby era bem diferente, mais difícil do que previa”.

Assim como a grande maioria das pessoas, Vini considera muito importante ter segurança no âmbito financeiro: a certeza de ter um valor x no final do mês que permita planejar a vida e pagar as contas, mas o mercado de fotografia não estava proporcionando isso. Esta insegurança o levou a uma segunda mudança, e ele voltou a buscar oportunidades no mercado de TI.

💡 Dica 2: Seja um bom profissional e deixe boas marcas por onde passa.

O networking gerado na primeira etapa da carreira e o conhecimento acumulado na área financeira foram fundamentais no processo de recolocação. Isso me fez refletir e relembrar um ensinamento antigo, de me esforçar para ser bom e fazer tudo bem o tempo todo: deixar boas marcas por onde passar!

Vini iniciou os contatos para voltar ao jogo, mas fez um ajuste na tática de ataque (época de copa influenciando o autor): começou a estudar sobre dados.

Até então tinha pouco contato com a área e se dedicou a entender um pouco mais o mercado e as possibilidades — principalmente voltadas para data science. Logo depois, iniciou uma pós-graduação na PUC-RS e passou a ter um contexto e uma visão maior sobre as opções neste mundo: analista de dados, engenharia de dados, machine learning, e a própria ciência de dados.

Ativou os seus contatos e foi contratado por um banco no RS para trabalhar como analista de dados (e sustentação).

Em julho de 2020, ingressou na Warren, em um trabalho 100% voltado para análise de dados na área de B2B. Após um ano, migrou para a área de engenharia de dados e hoje lidera uma squad, como dissemos no início. Ia esquecendo de citar: Vini é um dos sócios da Warren.

Quando perguntei se tinha alguma dica, ele me disse que seria difícil falar algo pois as coisas dependem de cada pessoa. Mas continua com seu hobby e, quando eu quiser umas dicas de fotografia, certamente pedirei a ele.

Renan Rau tem 32 anos e trabalha com desenvolvimento front end na Warren.

Estudou enfermagem em uma escola técnica, curso que iniciou logo após sair do ensino médio. A escolha se deu, principalmente, por influências na família, que tem muitas pessoas que trabalham na área da saúde.

Fez estágio em um escritório de contabilidade durante os dois anos do curso. Seu primeiro emprego foi em um lar de idosos — onde ficou durante um ano — e depois trabalhou em 4 hospitais, sempre em unidades de terapia intensiva.

Gostava muito de trabalhar na área da saúde, mas não via muitas possibilidades de progressão. Surgia o gatilho para a mudança:

“Via que as pessoas estavam lá há muitos anos, fazendo exatamente as mesmas coisas e, embora eu achasse maravilhoso, não era o que queria pra mim. Eu queria mudança, uma coisa mais dinâmica, ver a progressão real da carreira. Enquanto eu era técnico, a possibilidade (de caminho) era fazer faculdade de enfermagem e depois pós graduações. Eu queria desafios maiores.”

Renan passou a olhar para outras áreas. Contou que tinha afinidade com tecnologia, se interessava pelo assunto, já havia explorado hardware e “gostava de mexer nas peças e ver o funcionamento das coisas”. Surgiu a oportunidade de bolsa Pronatec para um curso Técnico em Informática.

💡Dica 3: Ninguém faz uma mudança desta sem uma boa dose de esforço e coragem!

Conseguiu a bolsa e imediatamente surgiu o primeiro desafio, que exigiu muito esforço e dedicação: conciliar o novo curso com o trabalho. Durante os 18 meses do curso, trabalhava noite sim/noite não na UTI e tinha aulas todas as manhãs. Além do tempo de estudo exigido pela nova formação, precisou manter ativo o aperfeiçoamento na área de enfermagem, fazendo os treinamentos oferecidos pelo hospital.

Teve que lidar com um segundo desafio, que exigiu coragem: enfrentar dentro de si o receio de sair de uma área onde estava bem estabelecido e iniciar uma trajetória de crescimento, tudo de novo. Sabia que, num primeiro momento, ia ganhar muito menos. Me contou ter pensado:

“Se realmente quero, vou ter que encarar, vou ter que fazer isso: faz parte deste processo. Quantas vezes precisar eu vou ter que começar de novo!(…) Se quero realmente uma mudança, tenho que sair da zona de conforto.”

💡Dica 4: Estabeleça um plano, faça uma transição suave e bem pensada.

Renan traçou um plano de transição gradual, pois não podia simplesmente parar tudo da enfermagem para dar sequência à nova carreira — tudo era muito incerto. Passou a procurar estágio enquanto ia se desligando do hospital.

Teve a primeira oportunidade de estágio em uma empresa de tecnologia com funções mais ligadas à manutenção. Logo depois, começou a trabalhar com desenvolvimento web em uma empresa de marketing e estava feliz - mesmo ganhando um terço do que ganhava anteriormente.

Em um determinado momento de nossa conversa, questionei sobre o que recomendaria para quem quer viver um processo como este:

“É difícil dar uma dica geral, porque nem todo mundo tem o pensamento do ‘vai lá e faz’. Eu geralmente tomo a ação e depois penso. Mas eu sempre recomendaria ter cautela sim, se quer fazer a transição vá em frente — mas continue a exercer o que faz hoje e tente combinar as coisas para fazer da forma menos traumática possível. Não dá pra largar e se jogar, tem a questão da segurança financeira. Podemos ir aos poucos ‘desmamando’, suavemente, da forma que cada um encontre, que ache pra si.”

💡Dica 5: Tenha claro o que te encanta na nova área. Isso vai ajudar a “segurar as pontas” nas dificuldades.

Quando perguntei o que mais curtiu nesta trajetória, Renan foi muito claro e contou de forma entusiasmada que, desde o início, gostou muito das disciplinas de programação.

“Eu realmente via nisso um valor muito grande. Pensava que, nossa, estou construindo alguma coisa, eu consigo desenvolver algo, tenho ferramentas necessárias para construir uma ideia nova, colocar em prática o que estou aprendendo. Tenho a possibilidade de criar qualquer coisa. (…) Vejo a possibilidade de ajudar, de certa forma, várias pessoas com os sistemas que ajudo a construir.”

Se encantou com desenvolvimento front end, e segue nesse caminho até hoje. Outra coisa que aprecia muito é o aprendizado contínuo e o fato da área ter oportunidades diversas para o desenvolvimento. A quantidade de material e informação disponíveis é imensa e muito acessível.

💡Dica 6: se eu puder unir o que sei com o que gosto, melhor ainda.

Perguntei como ele veio parar aqui na empresa, e contou uma outra parte legal da sua história. Um amigo da empresa anterior tinha conta na Warren e mostrou como era fácil investir. Renan achou a marca legal, a cor vibrante: achava tudo bem diferenciado.

Com o passar do tempo, também se interessou por investimentos “que faz com que as pessoas aumentem seu patrimônio, gerem riqueza”. Começou a estudar um pouco sobre finanças por conta própria e, quando surgiu uma oportunidade na Warren, as coisas se juntaram. Se candidatou, já que“a empresa tinha tudo a ver comigo, pois gosto de investimentos.”.

Acho que Renan acabou encontrando uma pequena porta para a sua vocação: trabalha com o que gosta de fazer, sabe fazer e quer fazer!

Uma advertência: os textos não foram escritos para defender a necessidade de transição de carreira. Na verdade, desejo que estas experiências e dicas ajudem você de alguma forma, independentemente do caminho que vá seguir… e que tenha um hobby 😃!

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