Com gestão de máquinas agrícolas, IoTag é uma das agtechs revolucionando o campo

Wayra Brasil
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O Brasil tem mais de 1.125 startups no setor de agronegócio. As agtechs, como são conhecidas, ficam principalmente no Sudeste, região que concentra dois terços destas empresas. Os números são do levantamento Radar AgTech, liderada pela Embrapa e pelo fundo SP Ventures, e ilustram o quanto há de inovações a serem construídas em um setor que é responsável por mais de 21% do PIB brasileiro.

As possibilidades em tecnologia para o campo são extensas: genética, conectividade, hardware, software, mapeamento por satélites e soluções financeiras, entre outras, ajudam fazendeiros e empresários a aumentarem o valor agregado do plantio sem apelar a práticas ambientais predatórias.

Conectividade, inclusive, é um dos principais desafios no campo e onde há mais espaço para inovar. É o que demonstra a IoTag, startup que recebeu neste ano investimento da Wayra. Única no Brasil, a empresa produz conectores para máquinas agrícolas, permitindo que suas fabricantes implementem computadores de bordo nos equipamentos de forma mais simples, automatizada e eficiente. Com isso, conseguem acompanhar com maior eficiência o trabalho do maquinário, otimizar seu uso e, consequentemente, economizar combustível e prolongar a vida útil do equipamento.

O produto da IoTag conta com três inovações: um hardware que automatiza a operação do computador de bordo da máquina; uma plataforma que permite a gestão do maquinário; e um aplicativo que funciona como interface para a plataforma tanto no celular quanto no tablet.

Todas as partes de uma máquina agrícola, como motor, transmissão e cabine, são controladas eletronicamente. Para isso, é preciso fazer a programação destes componentes. Normalmente, o processo é feito por um conector de diagnóstico que já vai nas cabines. No entanto, na hora de configurar o conector, é necessário um operador com um notebook digitando manualmente e anotando tudo em uma planilha. “Além de lento, esse processo é sujeito a erros. O que a IoTag faz é automatizar tudo isso com um plug que cabe na palma da mão”, explica Jorge Leal, fundador da empresa. Uma vez instalado o plug, o dono da máquina consegue acompanhar o desempenho à distância, até mesmo pelo celular, e otimizar o uso do equipamento.

“O agricultor brasileiro sempre busca se aprimorar para fazer mais com menos. Na agricultura, vence quem produzir mais e melhor em menos espaço. E a tecnologia é sempre uma forma de alavancar essa produtividade e reduzir custos”, diz Leal.

O empreendedor cita um exemplo de como o produto ajudou clientes identificarem desperdícios de combustível: distantes dos operadores das máquinas, os donos do equipamento não sabiam porque o uso do combustível estava aumentando, mas com a plataforma de gestão da IoTag perceberam que os funcionários não desligavam as máquinas na hora do almoço. “Em vez de o funcionário desligar o equipamento, ele almoçava na cabine, com motor e o ar condicionado ligados. E isso só foi descoberto graça à nossa tecnologia de gestão”, comenta.

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O principal cliente da IoTag é a CNH Industrial, uma multinacional italiana que atua na fabricação de equipamentos agrícolas. Eles estão fornecendo seus produtos e serviços para a fabricante com o objetivo de testar e validar a tecnologia. A startup planeja um lançamento aberto apenas em 2020.

Apesar de voar baixo, de forma discreta, a IoTag é mais uma das startups que demonstram o potencial brasileiro no campo. Ela chegou à Wayra por conta do programa Agro IoT Lab, com a Pulse e em parceria com a Vivo, Ericsson e Raízen, para descobrir aplicações no campo com foco em Internet das Coisas.

Além da IoTag, também foram contemplados no programa a Ativa, uma solução de IoT para telemetria e gerenciamento remoto em estações meteorológicas e controles de irrigação; a Seive, um sistema de proteção contra incêndio em máquinas agrícolas; a Trace Pack, que usa IoT para rastrear produtos de alto valor agregado com completa gestão de estoque e oferta de maior segurança e eficiência logística para clientes; a Agriconnected, que permite o monitoramento de maquinário agrícola em tempo real por meio de inteligência artificial; e a @Tech, plataforma que integra dados de diversos dispositivos para auxiliar na gestão do pecuarista e indicar o melhor momento para negociar o gado.

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