Inovação aberta exige mudança de atitude nas corporações e startups

Wayra Brasil
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4 min readOct 14, 2020

Por Carolina Morandini, head de portfólio e scouting da Wayra Brasil

“Inove ou morra”. Você já deve ter ouvido essa frase, que continua muito válida. Em um mercado mais complexo e com consumidores mais exigentes, as empresas perceberam que é preciso estar preparado para mudanças o tempo todo. Afinal, ninguém quer parar no tempo e se tornar a próxima Kodak ou Blockbuster.

Só que falar em inovação é fácil, mas aplicá-la no cotidiano corporativo é mais complicado. Criar novas soluções nas corporações é como manobrar um cruzeiro: exige planejamento e preparo, já que qualquer movimento mal executado pode causar grandes estragos. Felizmente, muitas companhias têm despertado para a oportunidade de usar a inovação aberta como uma maneira planejada de ‘manobrar’ seus cruzeiros rumo ao futuro, em parceria com barcos menores que singram o mesmo oceano.

Mais do que fomentar a evolução dos grandes players, a inovação aberta funciona como uma roda colaborativa em que todos são beneficiados: as corporações ganham velocidade, apoiando-se na agilidade das startups, e a parceria com grandes nomes do mercado dá legitimidade às empresas iniciantes, que ganham a oportunidade de melhorar suas propostas, refinando suas soluções para sanar os desafios de cada setor e a aquisição de um grande cliente. Essa colaboração cria um ciclo virtuoso que impulsiona o mercado a se desenvolver, tirando corporações e startups de suas zonas de conforto, exercitando uma mentalidade mais propositiva, que resolve os problemas do mundo real de forma conjunta e criativa.

Nova mentalidade para focar na complementaridade

Quem observar esse cenário com atenção perceberá que há uma complementaridade entre os objetivos de inovação de executivos e empreendedores. Contudo, se não existir um alinhamento de ambas as partes para compreender que estão rumando para o mesmo destino, os relacionamentos podem se tornar desgastantes. Por isso, uma considerável parte do sucesso da Wayra vem de saber apoiar nesse match entre companhias e startups.

Sabemos que as corporações tem sistemas legados e complexos, e que as soluções das startups precisarão passar por várias camadas de aprovação, mas também temos consciência de que existem startups muito qualificadas para resolver as dores das grandes empresas. Por isso, acredito que existem 5 novas atitudes corporativas e 3 novas mentalidades empreendedoras que podem fomentar ainda mais esse tipo de parceria.

5 novas atitudes para corporações em prol da inovação aberta

  • Tenha mente aberta: parece óbvio, mas estar aberto a inovar é crucial. Faça um esforço para desafiar o status quo, para provocar o que parece óbvio, pois só assim será possível descobrir algo novo.
  • Patrocine as inovações: sem o apoio da liderança, é difícil que a inovação aberta triunfe. Como as hierarquias são importantes nas corporações, esse sponsorship precisa vir de cima, em um movimento top-down. Além de ser abraçado por quem irá trabalhar com esses projetos. É preciso o esforço de todos os envolvidos.
  • Tenha clareza das expectativas: cada estratégia de inovação aberta tem um objetivo e um benefício diferente. Ter clareza do que se espera é importante para escolher a melhor forma de interagir com colaboradores externos. Existem diversos programas, eventos, formatos, aquisições, investimentos, não há certo ou errado. Por isso, é importante saber o que se busca com clareza para definir a melhor estratégia de inovação aberta para sua empresa.
  • Invista no risco: inovar é sempre arriscado, pois não existe garantia de sucesso. Por isso, é importante que exista um orçamento especialmente alocado para as iniciativas de Corporate Venture Capital, para que a falta de recursos não se torne um limitador.
  • Inclua a inovação nas metas: quando uma companhia consegue integrar a inovação aos seus KPIs, é sinal de que a mentalidade corporativa tem real comprometimento com o avanço dos negócios.

3 novas atitudes para startups que vão iniciar parcerias de inovação aberta

  • Seja cool sem deixar de ser sério: informalidade não significa falta de comprometimento. Na inovação aberta, as startups são parceiras das corporações, o que requer uma postura mais formal, que demonstre respeito pela cultura corporativa. É como diz o ditado: quando em Roma, aja como os romanos.
  • Não vá despreparado para uma reunião: é claro que uma startup fica ansiosa para fechar negócios com grandes empresas, mas lembre que nada acontece da noite para o dia. Use o tempo para se preparar, estudar o mercado e levar propostas personalizadas para a realidade da companhia. Muitas vezes você tem apenas uma chance de ser incrível, aproveite-a!
  • Garanta uma boa primeira impressão: ser avaliado pela primeira impressão pode não parecer justo, mas é um fato. Calcule a forma de se apresentar, que vai desde a sua postura, a qualidade dos seus slides até a forma como você se veste e fala.

A Telefónica/Vivo, por meio da Wayra, está há 8 anos incentivando a inovação aberta no Brasil. Hoje, esse ecossistema está muito mais desenvolvido, recebendo investimentos mais altos e mais atenção do mercado, além de contar com empreendedores mais maduros e maior disponibilidade de capital. Nesse contexto, a inovação corporativa não precisa ficar restrita a pesquisa e desenvolvimento (P&D) ou fusões e aquisições (M&A). Toda parceria, quando bem planejada, pode ser interessante. A diferença é que cada formato terá diferentes resultados, conforme os objetivos de cada companhia.

O que vai influenciar o sucesso no longo prazo são a mentalidades e a atitude requeridas das corporações e das startups. Com mais colaboração e mais empatia, a interação entre grandes companhias e parceiros externos pode criar um ciclo virtuoso de inovação que pode ser a diferença entre estagnação ou o surgimento de novas parcerias de sucesso.

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