Wayra completa 8 anos investindo e escalando startups no Brasil

Wayra Brasil
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7 min readJun 25, 2020
Escritório da Wayra na Rua Martiniano

Em 2020, a Wayra completa 8 anos de atuação no Brasil. Desde a chegada ao país em 2012, inicialmente como uma aceleradora, a Wayra tem apostado e investido no empreendedorismo brasileiro. Até hoje, foram mais de R$ 15 milhões investidos em mais de 75 startups de diversas áreas. O sucesso da Wayra fica latente no bom desempenho das startups do portfólio e nas principais saídas, como o super exit da Teravoz, que retornou mais de 30 vezes o capital investido ao ser adquirida pela Twillio no início do ano, entre outros exits que praticamente retornaram todo o capital já investido pela Wayra no Brasil.

“Lembro da emoção de receber a notícia da proposta de compra da Teravoz. Estava na China, e recebi a ligação avisando que a Twillio tinha feito uma oferta firme quando voltava de um jantar. Nem consegui dormir de tanta animação”, rememora Renato Valente, último country-manager da Wayra Brasil.

Tem sido uma longa e bem-sucedida jornada, mas assim como as grandes startups, a Wayra também começou pequena, como uma faísca de uma grande ideia que precisava de uma excelente execução. De um pequeno prêmio, a Wayra se tornou um importante Corporate Venture Capital, com um fortíssimo time nos bastidores.

Primeiro espaço da Wayra no Brasil

"No início, não existia muita infraestrutura para quem queria montar uma startup no Brasil, e o desafio de criar a Wayra como uma aceleradora de startups era imenso", relembra Carlos Pessoa, primeiro country manager da Wayra no país.

“Era como empreender. Precisamos começar um conceito novo, do zero”, conta Pessoa. Para criar um ambiente acolhedor, Pessoa alugou um terraço nas proximidades da sede da Vivo, na zona sul de São Paulo, e cuidou de tudo, desde a reforma e decoração do espaço até a busca pelas startups, definição de contratos de investimento e dos programas de aceleração.

Primeiro escritório da Wayra no Brasil

“O negócio vigente naquele tempo era o das incubadoras. Por isso, a Wayra se destacava ao se posicionar não apenas como aceleradora, mas como um local que valorizava a troca de conhecimentos e de contatos”, contextualiza Sidney Castro, que fez parte do time de estreia da Wayra no Brasil.

Hoje head de Business Development da Wayra, Castro estreou no hub ainda como trainee e descreve a surpresa positiva que teve ao adentrar o espaço que Pessoa havia criado. “Em cerca de mil metros quadrados, com janelas de fora a fora, a Wayra abrigava cerca de 16 startups das primeiras turmas do programa de aceleração. Era só levantar da mesa para dar de cara com uma outra startup, que ficavam bem próximas umas das outras”, relembra Castro. A Wayra já apostava no open space bem antes desse conceito arquitetônico chegar aos escritórios corporativos.

Acelerando startups

A inovação acontecia não apenas na arquitetura do escritório, mas também no processo estruturado de aceleração criado pela Wayra, que tinha o ousado objetivo de desenvolver as empresas no Brasil.

“Precisávamos acelerar as empresas enquanto ainda estávamos construindo o nosso processo de aceleração, entendendo o que cada startup brasileira precisava e que tipo de valor poderíamos agregar para elas”, reflete Thiago Paiva, que atuava como head de aceleração.

Aos poucos, a Wayra se tornou uma aceleradora reconhecida, atraindo as melhores startups e mantendo um bom contato com os investidores, oferecendo um ciclo completo de desenvolvimento para as empresas das primeiras turmas de aceleração, que muitas vezes nem mesmo compreendiam o conceito de “startup”.

“Quando entramos no Teatro Vivo e começamos a escutar uma palestra sobre startup, ficamos ressabiados. Pesquisamos o que era essa tal de startup e ficamos surpresos: a gente tinha uma e nem sabia disso. Só tínhamos montado uma empresa e pronto”, recorda Samir Iásbeck, CEO da Qranio, uma das primeiras investidas da Wayra no Brasil.

Com duração de 12 meses, os programas de aceleração da Wayra se dividiam em duas etapas, causando uma sobreposição entre as turmas que estavam “graduando” e as que estavam “iniciando”, o que gerava uma troca muito positiva entre os empreendedores “entrantes” e “de saída”.

Aos poucos, o modelo de aceleração da Wayra se provou positivo para ajudar a “engrenar a primeira marcha” de muitas startups brasileiras, profissionalizando o setor. Iásbeck, por exemplo, conta que ser uma startup investida da Wayra foi um divisor de águas para a Qranio, o que fez a empresa chegar em outro patamar. “O ecossistema de startup e inovação era muito incipiente quando chegamos, por isso ser uma aceleradora foi muito importante naquele momento”, sintetiza Pessoa. Com o passar dos anos, a Wayra percebeu que não era mais preciso oferecer programas de aceleração para incentivar o empreendedorismo local. “Era uma evolução normal de um ecossistema que estava amadurecendo”, explica Pessoa. Chegara a hora de fazer investimentos mais robustos, ainda que menos frequentes, em empresas em estágios mais maduros, para apoiá-las no processo de escalar suas operações.

Escalando e internacionalizando negócios

O histórico de aceleradora foi fundamental para a Wayra. Era preciso colocar as startups em uma pista de aceleração, e foi isso que os primeiros anos da Wayra conseguiram fazer. Com as empresas já atuando com “mais velocidade”, o ambiente empreendedor brasileiro finalmente atingiu a maturidade necessária para começar a discutir sobre escalar negócios em startups mais desenvolvidas. Nesse período, a Wayra também se consolidou no cenário brasileiro, se adaptando e evoluindo ao compreender seu impacto no ecossistema empreendedor local.

“Sempre vimos muitas empresas surgirem no Brasil, mas poucas se desenvolviam. A Wayra conseguiu ajudá-las, em um primeiro momento, ao acelerá-las, e depois ao focar no escalamento das operações. Esse impacto no sistema empreendedor também foi reflexo do amadurecimento da própria Wayra, que foi encontrando formas mais estratégicas de interagir, fazendo inclusive a ponte entre a Vivo e os empreendedores”, relembra Castro.

2018 — o ano que a Wayra virou hub de inovação aberta

Nesse crescente, a Wayra deixa de ser uma aceleradora para focar na melhoria dos negócios, reforçando a atuação em escala internacional, o escalamento das entregas e a geração de novos negócios e contratos com grandes corporações. Como consequência desse novo posicionamento, a Wayra também passou a focar em startups em estágio mais maduro, com potencial para se tornarem parceiras ou fornecedoras do grupo Telefônica/Vivo. Hoje, cerca de 20% das investidas da Wayra fazem ou fizeram negócios com a empresa.

O resultado do bom trabalho também fica evidente nos exits, principalmente a partir de 2019, com as saídas da Pier e da Mediação Online (Mol), e os consolidados neste primeiro semestre de 2020, com o super exit da Teravoz após ser adquirida pela Twillio e a saída recente da Gupy. A qualidade das novas entrantes para o portfólio, como é o caso da Docket e VOLL (recém-investida), também refletem o foco na escalabilidade dos negócios, que já chegam à Wayra em estágios mais maduros, buscando internacionalizar e alavancar seus produtos.

“Conhecer os melhores empreendedores do Brasil ajudou a calibrar minha mira”, derrete-se Renato Valente ao relembrar os últimos processos de avaliação que participou como country manager da Wayra. “Escutei isso de um investidor israelense e concordo muito: ser investidor é o melhor trabalho, porque você pode aprender com os melhores professores, que são os empreendedores”, diz Valente.

O amadurecimento da Wayra acontece não apenas na busca de startups investidas que estejam mais prontas para serem escaladas, mas também no aumento do valor dos investimentos feitos e das conexões que proporciona para as startups do portfólio seja com a Vivo ou outras corporações, fundos de investimentos e parceiros. No início da jornada da Wayra, o ticket de investimento nas startups girava em torno de R$ 96 mil por empresa, valor que hoje foi catapultado para até R$ 1 milhão por startup.

Startups mais incríveis, exits mais extraordinários

O grande desafio da Wayra, desde 2012, tem sido conseguir cumprir com a sua missão de promover inovação aberta, conectando mercado e empreendedores. Felizmente, essa missão tem sido continuamente cumprida.

“Temos conseguido resultados espetaculares na estratégia de investimentos. A inovação aberta precisa de paciência para que as startups que a Wayra investe possam amadurecer e conseguir resultados tanto de negócios quanto de retorno dos investimentos”, detalha Miguel Arias, diretor de empreendedorismo global da Telefônica.

Agora, depois de 8 anos “empreendendo” com os empreendedores, a Wayra inicia uma nova fase, com mais abertura do ecossistema para parceiros públicos e privados no Brasil.

“Queremos trazer startups ainda mais incríveis, celebrar novos exits extraordinários e continuar ajudando empreendedoras e empreendedores a fazer negócios com grandes empresas”, almeja Carol Morandini, head de portfólio e country manager interina no Brasil.

E se depender da determinação da Wayra, tudo isso tende mesmo a acontecer: nem mesmo a pandemia segurou os investimentos do hub, que só no último semestre fez mais de 12 novos investimentos, demonstrando a firmeza da promessa de continuar apostando nos ecossistemas inovadores da América Latina e da Europa. “O Brasil é não apenas um mercado chave pra Telefónica como grupo, mas é também um dos ecossistemas mais vibrantes do mundo. Por isso, estamos animados em continuar superando as barreiras para ajudar a escalar as startups do país”, promete Arias.

Da mesma forma que as startups do hub também precisaram passar por estágios de criar projetos piloto, de pivotar seus negócios e ajustar suas formas de atuar para conseguirem escalar, assim também tem sido com a Wayra, que hoje se vê pronta para deslanchar.

“Assim como o mundo, a Wayra também está em constante mudança. Quem não inova, morre mesmo. Felizmente, a Wayra está preparada para continuar viva por muitos mais anos, trazendo ainda mais oportunidade e incríveis exits para o nosso portfólio”, celebra Morandini.

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