Como as comunidades estão se unindo para ajudar as pequenas empresas

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Waze Brasil
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7 min readSep 14, 2021

Da organização do suporte base a parcerias inovadoras, aliados da comunidade estão ajudando as lojas de bairro a se manterem resilientes.

Quando a pandemia chegou no ano passado, Melissa Manice sabia que os pequenos negócios em sua cidade natal, Larchmont, no estado de Nova York, Estados Unidos, precisariam de muita ajuda.

Como cofundadora da One Larchmont, uma organização sem fins lucrativos que ajuda a preservar os bairros históricos da cidade, Manice estava intimamente familiarizada com as lojas locais que precisaram fechar praticamente da noite para o dia. A menos que alguém encontrasse uma maneira de apoiar essas queridas livrarias, lojas de roupas e varejos, a maior parte deles nunca reabriria. Então ela colocou a mão na massa.

A história do que aconteceu em Larchmont é um lembrete de como fortes aliados na comunidade podem fazer toda a diferença para as pequenas empresas. Muitas tiveram que fechar as portas nos últimos 17 meses: economistas estimam que, apenas nos Estados Unidos, mais de 130 mil pequenas empresas fecharam desde março de 2020. Outras, no entanto, conseguiram se adaptar com a ajuda de vizinhos, consultores e organizações que as guiaram por esse caminho difícil, entregando os recursos de que precisavam, quando mais precisavam.

O poder do apoio da comunidade

Larchmont, uma pequena cidade a cerca de uma hora de carro ao norte de Nova York, é um lugar que Manice descreve como “focada localmente e pensada para a vizinhança”. Ela nunca duvidou que seus vizinhos iriam querer ajudar em um momento de crise, mas sabia que eles precisavam agir rapidamente.

Entre abril e julho do ano passado, a One Larchmont arrecadou quase 250 mil dólares para ajudar os empresários a não afundarem. Foi dinheiro suficiente para cobrir as despesas de mais de 30 empresas enquanto estavam fechadas. “Estávamos tentando fazer o máximo de bem, o mais rápido possível”, diz Manice. “Todos esses negócios estavam pensando: ‘não conseguimos sobreviver se não tivermos receita e ficarmos fechados por meses a fio’”.

Quando o verão chegou no hemisfério Norte, o grupo impulsionou a campanha para ajudar mais de 20 restaurantes a oferecer refeições ao ar livre. Os doadores financiaram o custo de novas mesas e cadeiras, enquanto a One Larchmont trabalhou em colaboração próxima com a administração municipal para agilizar o processo de obtenção de licenças. A campanha se tornou um sucesso tão grande que a comunidade também se uniu para cobrir os custos de aquecimento, para que as refeições ao ar livre continuassem sendo servidas durante o inverno. Ao todo, os voluntários contribuíram com mais 100 mil dólares para a causa.

Os moradores de Larchmont ajudaram os restaurantes locais a oferecerem refeições ao ar livre ao longo do verão (esquerda) e do inverno (direita).

Larchmont é apenas um exemplo de lugar onde a arrecadação de fundos tem sido uma ferramenta poderosa para apoiar o comércio local. Em Seattle, também nos Estados Unidos, um grupo de ajuda arrecadou 900 mil dólares para lojas da Chinatown da cidade. E em Los Angeles, o Little Tokyo Community Council doou 100 mil dólares para lojas da comunidade, muitas das quais funcionam há décadas. Claro, arrecadar fundos nem sempre é suficiente. Muitas pequenas empresas também precisam de apoio institucional para ajudá-las a permanecer resilientes em tempos de crise.

Construindo coalizões para manter as lojas de bairro vivas

Em Detroit, Charity Dean, uma autoridade municipal, estava focada em salvar pequenas empresas quando a pandemia começou. Dean tinha sido diretora do Departamento de Direitos Civis, Inclusão e Oportunidades de Detroit, e, de repente, foi encarregada de apoiar as pequenas empresas da cidade. Seu dever era claro: faça tudo o que puder para ajudar.

O papel de Dean ilustra a necessidade de parcerias público-privadas fortes em momentos de crise. Trabalhando dentro do governo municipal, ela estabeleceu conexões com instituições poderosas de Detroit, que se tornaram parceiras valiosas. Reconhecendo a necessidade de apoio à indústria de restaurantes, Dean recrutou a empresa Quicken Loans para financiar um programa chamado Feeding the Front Lines, que pagou mais de 400 mil dólares aos restaurantes locais para cozinharem 20 mil refeições para profissionais de saúde. O sucesso do projeto fez Dean lançar uma coalizão conhecida como “Detroit Means Business” (Detroit Significa Negócios, em português) que arrecadou mais de 1 milhão de dólares de empresas como a Ford e o JPMorgan para ajudar donos de lojas a passar pela pandemia.

Encontrando maneiras inovadoras de impulsionar pequenas empresas

Essas parcerias ajudam as lojas locais a encontrar maneiras criativas de prosperar a longo prazo. Antes da pandemia, Dean ajudou a liderar um programa que permitia aos residentes de Detroit comprar lotes abandonados que pertenciam à cidade por 100 dólares. No inverno passado, quando as temperaturas ficaram congelantes, uma empresa de catering aproveitou a oportunidade para comprar um lote no leste de Detroit e transformá-lo em uma “aldeia iglu”, onde os clientes podiam comer com segurança e conforto em espaços aquecidos. O que antes era um espaço não utilizado tornou-se um restaurante popular e aclamado pela crítica.

“Estávamos jantando ao ar livre no auge do inverno em Detroit!”, diz Dean. “Eu não acho que isso vai passar.”

Esse tipo de esforço não é exclusivo dos Estados Unidos. Em todo o mundo, coalizões semelhantes ajudaram pequenas empresas no ano passado, incentivando os proprietários a atualizar o que estão fazendo com ideias novas e criativas. O conselho municipal de York, na Inglaterra, trabalhou com grupos de discussão para fornecer microcrédito a 3.500 lojas da região. Na Romênia, onde várias pequenas fazendas só operam em dinheiro, os agricultores aproveitaram uma parceria lançada pelo Waze com a Mastercard e a organização sem fins lucrativos My Transylvania Association para promover seus produtos online e vendê-los por meio de pagamento eletrônico. Graças a essa inovação, os clientes podem encontrar facilmente fazendas próximas, saber o que estão vendendo e comprar com segurança.

Defensores de pequenas empresas indo além para ajudar

Starleen Van Buren, diretora do Centro de Desenvolvimento de Pequenos Negócios (SBDC, na sigla em inglês) em Torrance, Califórnia, sabe como navegar em sistemas burocráticos. É literalmente o trabalho dela: no ano passado, seu papel muitas vezes foi ensinar os proprietários de pequenas empresas sobre as regras complexas para receber ajuda, subsídios e empréstimos. Ela se superou para fazer de tudo para guiá-los através da turbulência financeira trazida pela pandemia.

Quando a proprietária de uma empresa local de aquecimento e ar-condicionado estava desesperada por ajuda com o Paycheck Protection Program (PPP), Van Buren sabia que aquela verba seria a diferença entre manter os empregos dos funcionários e fechar o negócio — mas apenas se o banco aprovasse o pedido de empréstimo rapidamente. Foi quando Van Buren entrou em cena.

O banco não estava respondendo, então ela acessou o LinkedIn, encontrou o gerente de operações e, em seguida, enviou uma mensagem urgente. “Eu disse: ‘você pode, por favor, pedir a alguém para resolver isso?’”, lembra Van Buren. Quase na hora, o pedido da proprietária da empresa foi aprovado e ela conseguiu o dinheiro que precisava.

Esse trabalho nos bastidores é incrivelmente significativo quando multiplicado em escala. Quando a Coalizão Empresarial Americana de Imigração (ABIC, na sigla em inglês) foi de porta em porta para ajudar empreendedores de minorias a aplicarem para empréstimos do PPP, a campanha ajudou 219 empresas locais a obterem 8 milhões de dólares. Claro, o SBDC e a ABIC são apenas dois exemplos de muitos. Em cada comunidade, em cada um dos estados, organizações como essas têm sido cruciais para as pequenas empresas se salvarem.

Oferecendo suporte base para lojas locais

Nas próximas semanas e meses, o apoio de base pode ser a principal virada de jogo para as pequenas empresas — mais do que arrecadação de fundos, parcerias público-privadas ou o consultor financeiro mais experiente. Se o ano passado revelou alguma coisa, é que laços profundos com a comunidade podem fazer a diferença em momentos difíceis.

Construir esses laços não é fácil, mas os empreendedores têm muitas ferramentas à sua disposição para despertar o apoio popular. O destination marketing é uma forma especialmente eficaz para as pequenas empresas contatarem seus vizinhos. Quando Austin Moon, proprietário do Mojo Coffee em Liberty Hill, Texas, quis divulgar seu café, ele usou anúncios direcionados para se conectar aos fãs da bebida na área. “Tem sido uma ferramenta muito, muito valiosa para divulgarmos nosso nome”, diz Moon.

À medida que algumas comunidades começam a reabrir gradualmente, a esperança é que as pequenas empresas despontem ainda mais inovadoras e resilientes do que antes. Os clientes gastaram um valor recorde de 20 bilhões de dólares durante o Small Business Saturday, um dia de compras realizado nos Estados Unidos em novembro passado, um sinal de que há um interesse enorme entre os consumidores em apoiar os negócios de seus vizinhos. Incontáveis ​​grupos também se organizaram para ajudar nesses esforços. Onde quer que você more, quase certamente há um guia disponível para ajudá-lo a achar as lojas onde seu dinheiro fará a maior diferença. Você pode até ajudar adicionando empresas locais ao mapa do Waze para que outros motoristas possam encontrá-las facilmente.

Então, da próxima vez que você for comer ou fazer compras, reserve um minuto a mais para escolher um estabelecimento local. Quem sabe você acaba descobrindo um novo favorito?

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