ZACH NA COPA

O hype do hexa é real: os motivos pelos quais o Brasil deve ganhar a Copa do Mundo

A seleção comandada por Tite vai enfrentar a Bélgica nesta sexta-feira (6) bastante fortalecida: invicta, com uma defesa robusta e um ataque eficiente.

Kleber Camargo
5 min readJul 3, 2018

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Por KLEBER CAMARGO, TIAGO DE MORAES, GUILHERME DORINI (texto) e JOÃO VENÂNCIO (edição)

Marcelo, Neymar e Gabriel Jesus: equipe brasileira chega às quartas de final invicta e em ótima forma (Fotos: Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação; Ilustração: Tiago de Moraes/ZACHPOST)

Tentar adivinhar o campeão de uma Copa do Mundo é algo no mínimo frustrante e inerentemente tolo. E só parar para pensar em quantos bolões de firma foram arruinados desde o começo do Mundial. A atual campeã, a Alemanha — um sinônimo de futebol de qualidade até então — teve um desempenho sofrível e acabou eliminada ainda na primeira fase. Quem diria. Mas se há uma equipe que tem todas as qualificações necessárias para levar a taça, a aposta mais segura é a seleção brasileira.

O formato do Mundial não tem muito segredo, sempre conta com uma meia dúzia de seleções favoritas ao título, quatro que podem dar trabalho e as demais equipes, aquelas que só servem de pauta de matérias sobre as torcidas. Contudo, as reviravoltas no meio do caminho, essas sim, conferem um aspecto único para a cada edição. E esta Copa tem rendido várias. Além da eliminação dos alemães, outras favoritas tiveram atuações decepcionantes e voltaram para a casa mais cedo, como Portugal, Argentina, Espanha e Colômbia.

Por outro lado, o hype entorno do hexacampeonato da seleção brasileira cresce cada vez mais. Sob a batuta de Tite, o Brasil tem apresentado uma campanha sólida e convincente no Mundial, a despeito de todas as desconfianças herdadas do caos instaurado após o vexame do 7 a 1. Felizmente, a seleção brasileira fez a lição de casa nos pontos sensíveis que derrubaram justamente as principais favoritas, constatação ainda mais evidente sob o escrutínio das estatísticas do desempenho do Brasil desde o início do Mundial.

O homem que mudou o jogo

Basta comparar as escolhas de Luiz Felipe Scolari para o elenco de 2014 com as de Adenor. Representante do estilo mais conservador possível, Felipão repetiu a mesma lógica usada por Dunga na seleção de 2010, que por sua vez montou o time da mesma forma que Carlos Alberto Parreira em 2006, um anacronismo com a equipe pentacampeã do mundo em 2002. Resumidamente, reunir os melhores talentos e esperar goleadas geniais de dar inveja até em Pelé.

Mesmo quatro anos depois, o resultado ainda está fresco na memória. Scolari juntou atletas ótimos individualmente, mas com pouco entrosamento em conjunto, como se o talento de Neymar em campo pudesse tapar todos os problemas táticos. Quando o craque precisou ser afastado da Copa por conta de uma lesão grave, o restante da equipe desmoronou. E só observar a cara de velório dos jogadores durante a execução do hino nacional no duelo contra a Alemanha.

Surpreendendo todas as expectativas, Dunga foi escolhido novamente pela CBF como o substituto. O treinador tinha a missão audaciosa de reconstruir a moral da seleção e estabelecer uma seleção competitiva nas eliminatórias da Copa, mas o resultado foi uma bagunça. Nem mesmo os jogadores pareciam saber qual era o esquema pretendido pelo técnico — principalmente do meio de campo para frente. Foi demitido dois anos depois para a surpresa de ninguém. Com Tite, a seleção finalmente desencantou. O técnico conseguiu construir tanto uma defesa robusta quanto um ataque eficiente. Foi do sexto para o primeiro lugar nas eliminatórias e a única derrota da equipe desde então foi em um amistoso contra a Argentina.

A seleção não é só o Neymar

Odiado e amado quase que na mesma proporção, Neymar Jr. — para o bem e o mal — virou o reflexo do Brasil nesta edição. Para os críticos, nem o craque do Paris Saint-Germain e muito menos a seleção teriam as qualificações necessárias para disputar no mesmo nível de Alemanha, Portugal, Espanha (e nessas até a Argentina). Afinal, quem ousaria apostar contra a superioridade e elegância do futebol europeu e do protagonismo de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.

Mas até os dois principais jogadores do mundo têm suas partidas ruins e os portugueses e argentinos fracassaram coincidentemente nelas. A seleção brasileira, por sua vez, não é só o Neymar. Embora o camisa 10 seja bastante favorecido pelos colegas nos passes, a equipe conta com opções tão boas quanto e consegue se virar muito bem quando o craque sofre marcação cerrada, como demonstrou o ótimo trabalho do meia Philippe Coutinho nos confrontos iniciais.

Ainda, Tite familiarizou novamente uma coisa que os brasileiros não enxergavam nos jogos da seleção há tempos: uma estratégia de jogo inteligente. Todos transmitem segurança e parecem saber exatamente o que estão fazendo e o Brasil tem uma das melhores defesas do mundo.

Neste sentido, o lateral Marcelo, um dos poucos remanescentes da partida do 7 a 1 na seleção atual, alcançou o status de principal referência técnica e também de liderança para o time, como lembrou o editor João Rafael Venâncio em um dos seus artigos para a ZACHPOST. O jogador do Real Madrid possui habilidades bastante raras: consegue defender e ajudar no ataque quando preciso. Ainda não teve um momento brilhante neste Mundial por conta de uma lesão que o afastou de campo, mas o retrospecto do jogador nos últimos anos é de impor respeito. Já recuperado, é presença esperada para o confronto com a Bélgica nesta sexta-feira (6).

A equipe não pereceu com o substituto, Felipe Luís. Pelo contrário, o lateral-esquerdo do Atlético de Madrid conseguiu segurar o ímpeto da seleção mexicana no último jogo com maestria. À medida que a Copa fica mais decisiva, é notável que o técnico possui um feeling dos mais apurados. A equipe entrou finalmente nos eixos e até conseguiu reverter o placar infame: fez sete gols e tomou apenas um. Nesta altura do Mundial, não dá mais para subestimar a seleção. (Atualizado às 12h28 de 6/7/2018 para acréscimo de informações).

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