Existe algum tutorial mágico para perder o medo de tentar?

Rafaela Lourenço
3 min readJul 28, 2021

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Já adianto que se tiver, conta pra mim, porque eu ainda não encontrei.

Desenho de cinco pessoas olhando para a direita.

Esse texto possui experiências pessoais que muito provavelmente não vai ser o sentimento/experiência de todas as pessoas. Se houver algo que você, pessoa leitora, ficar desconfortável lendo e quiser compartilhar comigo, estarei aberta a remover/atualizar.

Por várias vezes, em momentos diferentes da minha vida, fiquei pensando.. quando esse medo começou?

Qual foi o marco para que eu tivesse mais receio do que o colega do lado de compartilhar algo? Porque eu sou tão cruel comigo e com qualquer mínimo erro que cometo?

Eu fiquei pensando nas primeiras lembranças da infância e vejo uma criança muito faladeira e sem medo de cometer erros. Hoje em dia, tendo mais consciência sobre questões estruturais que nossa sociedade tem, muito desse medo de tentar se auto explica (não vem ao caso entrar nessas questões nesse texto, mas tem bastante conteúdo pela rede sobre isso).

Mas parece que tem mais, sabe? Com o tempo fui coletando evidências de que eu não era ruim em tudo que fazia e “em tese” poderia me “arriscar” a errar (perceba que já coloquei como premissa que minhas tentativas seriam falhas, ainda estou nessa jornada). Inclusive, um dos princípios do ágil é errar o quanto antes para que o acerto venha rápido também. Se até no ágil é esperado errar porque tanta gente ainda tem medo de tentar?

História em quadrinhos que diz "É o que eu sempre digo.", "o 'não' a gente já tem.", "o importante é correr atrás…", "da humilhação".

Será que o medo de tentar na verdade é medo de fracassar? Errar feio? Passar vergonha? Perder a única oportunidade possível? Ser lembrado por esse erro e ter um holofote enorme nessa fase que seria considerada horrível? Gente, que mente é essa e como foi que ela se alimentou pra crescer tanto? Na terapia cognitiva comportamental esses pensamentos podem ser considerados distorções cognitivas como catastrofização, maximização e minimização, generalização, entre outras (não sou profissional da área e essa afirmação veio das coisas que saíram das minhas sessões de terapia, é bem provável que não seja uma regra pra ninguém fora de contexto hehe).

Essa conversa sobre compartilhar experiências, tentar e arriscar tem vindo com força entre meus colegas de trabalho e resolvi escrever um pouco do que me veio à cabeça. Inclusive, aproveito pra deixar esse texto da Wandy e esse do Dani.

Infelizmente não teremos um final mágico dizendo pra você confiar mais em si mesma, mesmo que isso seja importante. Mas pra gente chegar nesse ponto, nem sempre é simples. Mas não desiste não, tá? Procura evidências, pede ajuda, converse com pessoas que você confia e que podem apoiar você.

E lembra que nem sempre é só sobre o seu esforço (porque esse papo de que quem quer, consegue, não funciona), a sociedade que vivemos traz muita bagagem e vieses que, no seu contexto, pode ser que você tenha zero controle sobre isso.

Pra fechar, queria dizer que eu tenho muito medo de tentar compartilhar meus pensamentos/conhecimentos (sendo eles técnicos ou não). E esse texto aqui foi uma dessas tentativas, vou deixar pra Rafa do futuro ler depois.

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