Paradoxo da Inteligência Artificial #3: Deus Artificial.

Ariel Cardeal
Professional Time Traveler
3 min readFeb 6, 2018

O texto abaixo foi publicado originalmente em inglês pelo meu amigo Joaquin Aldunate em Julho de 2017(aqui o link para o artigo original), sendo o terceiro de uma série de quatro textos sobre inteligência artificial.

#1: Já fomos dominados pela Inteligência Artificial?

#2: Escravos Artificiais

#4: Encontrando um sentido numa utopia tecnológica.

https://imgur.com/gallery/jy26d

Escutei uma história bem interessante em uma entrevista que John Oliver fez a Stephen Hawking. Ele não menciona de onde tirou aquela história, talvez por estar falando através de um dispositivo que rastreia os movimentos dos olhos tenha sido difícil citar a fonte. Nesta história, cientistas criaram uma inteligência artificial e a perguntaram se Deus existia ou não. O computador então deu um estalo, que soldou a tomada na parede de forma que não pudesse ser desligado, e disse: você tem um Deus agora. A história é um pouco assustadora, mas eu acho que é mais assustador ainda que a ascensão das máquinas não vai acontecer necessariamente de forma violenta. Imagine que nos anos 90 eu houvesse lhe dito que haveria um ditador que te obrigaria a dar todos os seus dados pessoais, do contrário você se tornaria uma pessoa marginalizada. Este processo já aconteceu, com a diferença de que demos nossas informações voluntariamente. Não foi necessário o uso de armas, apenas criar um alçapão para cairmos no lugar desejado, onde os cabeças das redes sociais queriam que estivéssemos. O Facebook nunca te ameaçou com nada. Eles só te mostram um botão que você acha conveniente. O Google lhe ofereceu espaço de armazenamento, e o usamos sem problemas, e então se tornou difícil sair do serviço deles uma vez que todos os estavam usando.

Acredito que o sentido da presença e da atividade humanos em tempos de inteligência artificial será parecido com o que acontece com as crianças. Seremos capazes de aprender e brincar, mas não seremos capazes de participar de decisões importantes. Quando se trata de crianças, é porque elas não tem maturidade suficiente. No caso do futuro, isso acontecerá porque não faz sentido os humanos tomarem decisões quando há uma decisão superior já disponível ou garantida (“Se você escreve qualquer coisa em um computador, você precisa ter o Grammarly”). No sentido de aprender e brincar, nós vamos trabalhar apenas pelo prazer de trabalhar, de acordo com a teoria do fluxo. Talvez as máquinas criem mundos imaginários, no estilo de “Kidzania”, ou talvez no estilo dos games. Nós não precisamos fazer robôs que façam música, porque é algo que fazemos por puro prazer e nós não gostaríamos de parar de fazer isso. Isto vai nos colocar em uma situação de aprendizagem constante, e talvez nós comecemos realmente a nos desenvolver em outras direções que negligenciamos enquanto desenvolvíamos nossa ciência e tecnologia.

O autor do texto Joaquin Aldunate é chileno e tem graduação em Design Industrial pela Universidad Diego Portales, no Chile, e mestrado em Produção de Novas Mídias pela Universidade de Aalto, na Finlândia.

LinkedIn de Joaquin.

--

--