Mulheres de Desconforto: o consumo da imagem da mulher amarela

Cecilia Inamura de Moraes
24 min readOct 22, 2019

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Revisão bibliográfica e relatos de mulheres amarelas sobre fetichização e o consumo do corpo amarelo enquanto exótico

  1. Observações iniciais

“A solidariedade antirracista se constrói com uma luta diária para erradicar o racismo dentro de nossas próprias comunidades; se constrói com diálogo e com consciência dos nossos próprios privilégios; se constrói a partir de uma coesão entre grupos não-brancos.”

Hugo Katsuo¹

O debate feminista contemporâneo, em grande parte dos terrenos em que se desenvolve, apresenta questões importantes sobre a vivência feminina em um mundo pautado pela desigualdade nas relações de gênero. No entanto, carece, por diversas vezes, de um recorte racial. O movimento feminista negro vem apresentando desenvolvimentos importantes em relação à diferenciação da vivência de mulheres brancas e negras, no que diz respeito à forma como se dão as manifestações de violência de gênero para estes dois grupos. No caso de mulheres amarelas, a discussão é embrionária, e vem lentamente ganhando terreno para seu desenvolvimento, em especial em grupos de discussão em redes sociais, graças aos esforços de militantes pela identidade asiática/amarela.

O feminismo amarelo, especialmente em território brasileiro, ainda enfrenta um obstáculo primário, que é o reconhecimento de mulheres amarelas enquanto mulheres racializadas, cujas experiências, embora não se comparem às vividas por mulheres negras, carregam em si um problema de discriminação racial. A pessoa amarela que vive no ocidente não escapa às amarras do orientalismo, que se manifesta de diversas formas. No entanto, embora as lutas identitárias não possam ser comparadas e hierarquizadas, e este é um destaque muito importante; pode se dizer que as manifestações de preconceito contra amarelos se dão num terreno mais sutil e menos institucionalizado do que as enfrentadas por pessoas negras.

A dificuldade não se apresenta apenas aos grupos ligados ao feminismo amarelo. A pauta das múltiplas identidades amarelas, de negação ao orientalismo e aos estigmas relacionados ao chamado “Perigo Amarelo” ainda carece de visibilidade e aceitação. Coletivos como a Plataforma Lótus de Feminismo Asiático e selos de arte como o Selo Pólvora vêm possibilitando a disseminação de mensagens importantes sobre a descoberta do que é ser amarelo, alcançando e conscientizando cada vez mais descendentes de asiáticos que vêm se manifestando a esse respeito. No entanto, a falta de especialização e de embasamento acadêmico relacionado a esses temas é um obstáculo a ser enfrentado.

Mais uma vez, cabe o lembrete de que a luta pela identidade amarela e pelo feminismo a ela atrelada não pretende, de forma alguma rivalizar com as manifestações e esforços dos movimentos negros ou quaisquer outros movimentos identitários. Nos dias de hoje, a construção de uma solidariedade antirracista faz-se extremamente necessária e vem sendo alvo de esforços de diversos militantes, já que beneficia diversos grupos marginalizados e invisibilizados.

Ilustração de capa da página Perigo Amarelo no facebook em demonstração de solidariedade antirracista

Este artigo é criado no esforço de reverter a situação de invisibilidade acadêmica que atinge a luta identitária amarela, e visa trazer à tona a vivência dessas mulheres, para que se possa construir maior consciência sobre as situações de violência por elas enfrentadas, combatendo, então, a cultura nociva que permeia o consumo da imagem dessas mulheres, frequentemente associado à infantilização, exotificação e erotização de seus corpos.

O nome “Mulheres de desconforto” remete, não à toa, às mulheres, especialmente coreanas, feitas de escravas sexuais por membros do exército japonês durante a segunda guerra mundial. A escolha do nome não representa uma tentativa de homogeneizar as diversas identidades amarelas, e nem de apagar as práticas imperialistas do governo japonês.² Do contrário, a reflexão sobre a apropriação desse termo para falar da realidade de mulheres amarelas vivendo no Brasil contemporâneo, contemplou esses fatos, mas enxerga que a apropriação é válida e serve ao propósito de representar as violências de gênero sofridas por essas mulheres racializadas que tem origens sobretudo colonialistas.

Nesse sentido, cabe ainda ressaltar que o presente estudo é centrado, sobretudo na vivência de pessoas de ascendência japonesa, não apenas por tratar-se da minha própria ancestralidade, mas também pelas referências utilizadas, que têm maior foco nesse grupo étnico. Assim, é necessário reconhecer a limitação trazida por essa escolha, que compromete a narrativa sobre outros grupos, que não são objetos principais de estudo. No entanto, vale destacar que as vivências de pessoas com diferentes ancestralidades asiáticas diferem entre si, sendo necessário não apenas combater o senso de uniformização das identidades amarelas, enxergadas muitas vezes como uma só, mas também reconhecer a carga histórica que permeia a relação entre essas diferentes nacionalidades, que conviveram, em diversos contextos, de forma pouco ou nada harmoniosa, tendo destaque episódios de políticas imperialistas japonesas. É preciso distinguir um certo grau de privilégio, por falta de termo melhor, de pessoas com ascendência japonesa, em detrimento das demais identidades amarelas, no que diz respeito à visibilidade de suas identidades e ações, lembrando sempre que suas narrativas não devem ofuscar as de demais pessoas amarelas.

2. Introdução: enxergar-se amarela

“Ser vista como exótica e uma opção de “carne” diferente no menu, continuar a ser objetificada por características físicas e étnicas é realmente revoltante.”

Relato anônimo

Nossas características físicas influenciam a percepção de outros sobre nós. Crescer no final dos anos 90, menina, neta de avós japoneses, mas com inegáveis características de um pai branco, gera uma dinâmica de descoberta e socialização diferenciada, e me coloca em um lugar de fala peculiar. Crescer mestiça, amarela-brasileira, implica demorar a descobrir que a existência é pautada por dinâmicas raciais invisibilizadas. Inclui a valorização de tradições familiares típicas de um grupo étnico que por muito tempo se manteve fechado, a princípio não entendendo o porquê da aglutinação dessas pessoas.

Descobrir-se amarela significa perceber que, embora as dinâmicas raciais que pautam a sua vida não sejam aquelas das quais os livros de história falam, elas não deixam de existir. Significa ressignificar a infância e a adolescência entre colegas de ascendência europeia, entendendo que os comentários sobre o formato dos seus olhos, do seu rosto, seu corpo e sua inteligência são frutos de pouco mais de um século de uma política migratória que criou mitos e preconceitos. Inclui perceber que a aglutinação das famílias japonesas correspondia, há algumas décadas, a uma tática de sobrevivência e socialização, em um ambiente de rejeição.

Descobrir-se mulher amarela, após período de convivência e aceitação das ideias feministas, significa perceber que suas vivências diferem das narradas por vozes do feminismo branco. Inclui perceber que potenciais parceiros românticos e sexuais coincidentemente são, em alguns casos, consumidores e adoradores de instrumentos de culturas orientais; e que estes às vezes falam sobre a falta de experiência com mulheres como você. Implica em ouvir trocadilhos infames sobre a culinária oriental, comentários sobre suas características físicas e traços da sua personalidade, que às vezes não coincidem com o que se esperaria de uma mulher como você.

Estudar-se enquanto mulher amarela significa descobrir-se racializada, e ao mesmo tempo perceber que a sua identidade é cercada por mitos e pela imaginação de outros, notando que nunca entendeu completamente o que significa ser “metade asiática e metade brasileira”. Essas percepções podem implicar em descobrir outros e outras amarelas que tiveram suas identidades pessoais negadas por preconceitos e estigmas, e conversar com mulheres com histórias semelhantes à sua, descobrindo que o corpo da mulher amarela tem muitos outros donos que não ela, panorama que parece se agravar dentro de um cenário de globalização e comercialização expressiva de instrumentos de cultura pop oriental, que é assustadoramente alimentado pelo consumo massivo de pornografia.

Caroline Ricca Lee³ ilustra o sentimento vivenciado por mulheres asiáticas ao escrever sobre o feminismo asiático:

Como mulher de ascendência asiática, percebo como o processo de objetificação do meu corpo é semelhante ao exótico contido em uma viagem à Ásia: percurso em um território alheio, recheado de desejos egocêntricos perante o quão transformador serão as experiências de alteridade, estereotipado por mercados capitalistas, estereótipos que desumanizam à ponto de ser plausível o livre consumo e fetiche lascivo de indivíduos como produtos, ainda, na irrelevância sobre tudo isso se tratar e envolver pessoas reais.

Foi graças à conexão com outras pessoas amarelas, facilitada em grupos de redes sociais, e ao contato com conteúdos brilhantemente desenvolvidos por influenciadores da pauta das identidades amarelas, que me coloquei nesse contexto. Por sorte, e também por necessidade, essa comunidade construída e alimentada no ambiente virtual, mas que tem superado os limites do digital e hoje se faz presente, na medida do possível, em ações presenciais, é extremamente rica e levanta discussões extremamente importantes, das quais eu nunca antes havia ouvido falar e que espero poder propagar para outros e outras com esse artigo.

Felizmente, a reação às minhas intenções de escrever sobre esse tema foi bastante positiva. A ideia foi acolhida por essas pessoas, que me ajudaram a divulgar o trabalho, compartilharam referências e me deram sugestões. Mais importante, a menção ao desenvolvimento desse texto levou à minha caixa de entrada mensagens de agradecimento por tratar de uma pauta que, embora invisibilizada, circunda as vidas dessas pessoas é um tema de grande importância, sobre o qual é preciso falar.

3. Revisão bibliográfica

3.1 O perigo amarelo — gênese do termo e aplicações

O estudo da vivência de mulheres amarelas perpassa, necessariamente, pela a construção da imagem do imigrante amarelo no Brasil, e o fenômeno chamado perigo amarelo. A conotação atual do termo é atribuída a Guilherme II, que, ao tratar da China, fala em carta ao Czar russo em 1895 sobre “cultivar o continente asiático e defender a Europa das incursões da Grande Raça Amarela”. Em artigo ao blog Outra Coluna, dedicado a temas de resistência asiática, a socióloga Kemi⁴ define o termo como:

a tomada do controle hegemônico por nações asiáticas, vistas como inassimiláveis e retrógradas em relação ao Ocidente, e a consequente subversão de ideais tradicionais, como o liberalismo individualista, o cristianismo, etc., que fundamentam a vida ocidental

As principais referências sobre esse tema utilizadas nesse trabalho, Takeuchi⁵ e Dezem⁶, analisam os processos de formação dos discursos sobre imigrantes amarelos. Takeuchi estuda especificamente a questão do imigrante japonês. No entanto, é necessário reconhecer que as relações de imigrantes amarelas de outras regiões se constrói através de processos distintos e, especialmente na contemporaneidade, os estereótipos a eles relacionados diferem dos associados a descendentes de japoneses no Brasil. Nesse sentido, é importante o trabalho de Dezem⁶, que descreve a trajetória chinesa, que precede a japonesa em alguns anos e, ao contrário da situação japonesa, não teve grandes modificações de discurso e nunca corresponderam ao estereótipo do imigrante ideal.

Dezem6 explica que, a princípio, em 1870, estuda-se o imigrante chinês como possibilidade de substituição da mão de obra escrava. No entanto, os estereótipos negativos contra esses amarelos tinham ainda bastante força, sendo eles considerados um símbolo de atraso, imigrantes extremamente indesejáveis. No visão de Dezem, o japonês passa a ser considerado como imigrante possível apenas duas décadas depois, pois até então era visto como igual ao chinês ,por ambos serem amarelos. Sobre o processo de diferenciação entre esses grupos, escreve:

[…] Até então, japoneses e chineses ainda eram vistos como “iguais” pelo simples motivo de ambos pertencerem à raça amarela. Essa “igualdade” começou a se desfazer no momento em que a imprensa ganhava vida com a multiplicação das revistas ilustradas e dos jornais-empresas, dedicados a divulgar uma imagem positiva e idealizadas dos japoneses, enquanto que os chins eram descartados.

Essa relação também suscita reflexões sobre a uniformização das diversas comunidades de imigrantes asiáticos por parte de pessoas com outras ascendências. Infelizmente é muito comum que pessoas de ascendências distintas, com histórias, confrontos e bagagens extremamente diferentes, incluindo relações de imperialismo extremamente problemáticas entre elas, sejam compreendidas por essas pessoas como semelhantes, mesmo até os dias de hoje.

Sobre essa homogeneização forçada, uma observação interessante é que, independentemente da visão positiva ou negativa sobre imigrantes e seus descendentes, persiste uma separação entre as pessoas de ascendência asiática e “brasileiros nativos. Isso implica em uma visão sobre a pessoa amarela sempre enquanto estrangeira, independentemente de há quantas gerações sua família se estabeleceu no Brasil.

Vinicius Chozo⁷, formado em Comunicação Social pela Universidade de Brasília buscou, em seu trabalho de conclusão de curso: “Abre o olho você”, desconstruir preconceitos relacionados a pessoas com ascendência amarela

É importante ressaltar que a construção dessas ideias não se dá apenas no imaginário popular, mas é contemplada por decisões políticas institucionalizadas, e tem destaque, especialmente, no que diz respeito a decisões sobre políticas migratórias no século XX. Sobre isso, é bastante representativa uma passagem utilizada por Takeuchi⁵, com trecho do discurso do deputado federal Fidélis Reis, que apresentou, em 1923, um projeto de lei que buscava regulamentar a entrada de imigrantes no Brasil. Sua defesa do projeto buscava a exclusão de amarelos do território brasileiro e se pautava em preconceitos disfarçados de defesa à moral, à cultura e ao padrão estético do país:

Além da razões de ordem étnica, moral, política e social, e talvez mesmo econômica que nos levam a repelir in limine a entrada do amarelo e do preto […] outra porventura existe, a ser considerada, que é do ponto de vista estético e a nossa concepção helênica de beleza jamais se harmonizaria com os tipos provindos de uma semelhante fusão racial

Tratando-se do processo de construção de discurso sobre imigrantes japoneses passou por diferentes fases, sendo esse imigrante inicialmente também considerado indesejável e um risco para a civilização ocidental, para depois ser enxergado como o imigrante ideal, noção que dá origem ao chamado mito da minoria modelo. Esse processo é descrito por Marcia Yumi Takeuchi, em seu livro “O perigo amarelo: imagens do mito, realidade do preconceito”⁵.

Em passagem que descreve o primeiro momento de construção de discurso sobre o imigrante japonês enquanto indesejável, e reflete sobre a impossibilidade da sua incorporação à nacionalidade brasileira, Takeuchi escreveu:

Nos discursos anti-japoneses, a construção da imagem do indesejável se faz através da somatória de atributos negativos. Os nipônicos são considerados como sujeitos a certos distúrbios mentais, manifestando tendência para a prática de crimes brutais, o suicídio e a traição, taras hereditárias oriundas de seus sentimentos religiosos e do pouco valor que atribuíam à vida. Essa constatação negava ao japonês o direito de se assimilar à nacionalidade brasileira, uma contradição em relação ao que pregava os nacionalista.

No entanto, é possível notar, ao longo dos anos, mudanças no imaginário social referente aos imigrantes japoneses, em parte devido à ação da imprensa nacional, que, em esforço para aumentar a aceitação destes pela opinião pública brasileira, forja imagens positivas sobre estes, muitas vezes enaltecendo suas fortes tradições familiares, a honra, dedicação aos estudos e polidez. Além da valorização de tradições que muitas vezes os autores de publicações favoráveis à imigração japonesa não compreendiam a fundo, mas supunham entender e imaginavam positivas para assimilação aos hábitos brasileiros, especialmente entre as camadas mais pobres, os intelectuais chamados por Takeuchi de filonipônicos traziam, por vezes, estatísticas econômicas para assegurar os leitores de que a imigração seria benéfica também para a economia brasileira.

Entre estes intelectuais, destacam-se Alexandre Konder, Bruno Lobo e Waldyr Niemeyer. Konder, responsável pela publicação “Factos e opiniões sobre a imigração japonesa” elaborou um compilado de notícias e artigos de jornal que contrariavam o medo do perigo amarelo, além de diversas ilustrações, inclusive de mulheres amarelas, sendo estas modernas, jovens e belas, muitas vezes frutos da união de casais nipo-brasileiros, demonstrando a aptidão das comunidades japonesas para a integração às tradições e aos valores nacionais.

Reações a essas características consideradas positivas incluíram lembretes acerca do imperialismo do Império do Sol Nascente, que não seria capaz de contentar-se com seu território nacional, buscando dominar outras regiões do globo, além de mais uma enxurrada de preconceitos de cunho estético, negando os imigrantes possuidores de ‘olhos mongóis’, propensos a problemas mentais, de baixa estatura, infinitamente inferiores aos robustos imigrantes mediterrâneos, muito mais desejáveis para a composição da população brasileira.

Muitos desses conceitos, positivos e negativos, evoluíram e ainda encontram-se presentes no imaginário social contemporâneo. Muitas vezes, ainda que passado quase um século desde as primeiras observações sobre imigrantes amarelos, é possível ouvir comentários semelhantes aos supracitados. No âmbito de exaltação aos imigrantes amarelos é comum a reprodução de estereótipos ligados ao mito da minoria modelo, crença positiva sobre pessoas de ascendência asiática, especialmente sobre sua inteligência e dedicação aos estudos e ao trabalho. Embora essa visão possa parecer inofensiva, ou até mesmo positiva, é preciso lembrar que está baseada em estereótipos que limitam a expressão de características pessoais dessas pessoas que, como todas as outras, possuem suas individualidades, que não devem ser ofuscadas pela sua ascendência.

Já em situações de repúdio a pessoas amarelas, ainda são comuns comentários pejorativos sobre suas características físicas, além de suposições e comentários sobre falta de higiene e mau caráter destas. Como colocado em fortes palavras pelo professor Seidi Hirano, no prefácio ao livro de Marcia Takeuchi:

Surgem, nesse contexto, os epítetos de que os amarelos eram, como os negros, racional e eugenicamente inferiores, e psicologicamente desequilibrados, um grupo étnico não confiável, traiçoeiro, dissimulado, sanguinário, insensível, esteticamente horroroso e feio, subumano, peçonhento, assemelhado aos vermes e aos piolhos, uns verdadeiros macacos; eram, desse modo, transformados em um grande perigo para a civilização ocidental. Esses epítetos, inúmeras vezes repetidos pelos intelectuais, eugenistas, políticos e chargistas, serviram de matéria prima para a construção de estereótipos que alimentaram o preconceito racial contra os amarelos japoneses durante o governo autoritário da ditadura Vargas.

Embora refira-se a um período histórico específico, o eco da situação retratada por Hirano pode ser percebido no contexto atual, repleto de intolerância e de agressão. Com o fortalecimento de ideias de supremacia branca, não é incomum o repúdio a pessoas de ancestralidades, espiritualidades, orientação sexual, gênero, posicionamento político ou estilo de vida diferente.

A negação ao outro é especialmente forte na contemporaneidade e teve destaque no Brasil no contexto das eleições presidenciais de 2018. Nesse contexto específico, militantes das identidades amarelas fizeram intervenções pela mudança de votos, em campanha contra o atual presidente Jair Bolsonaro, como a demonstrada abaixo, em cartaz que expõe um extrato publicado pela revista cruzeiro em 1945, em um artigo contra japoneses, que se lê: “Nunca desejamos odiar um povo tanto quanto agora estamos desejosos de odiar esses ratos”. Logo abaixo, segue uma citação de um apoiador do então candidato Jair Bolsonaro, que diz, após agressão a uma pessoa asiática: “primeiro os negros e os nordestinos, depois os gays e no final os japoneses, porque São Paulo tá cheio de chingling”. Ao lado, há ainda uma intervenção sobre uma ilustração de Pelé beijando uma gueixa, que já demonstra a falsa aceitação de mulheres amarelas erotizadas e sua incorporação à sociedade brasileira, com um cartaz em que se lê uma citação atribuída a Bolsonaro, que afirma que “Imigrantes são a escória do mundo”

Divulgadas pela página Perigo Amarelo, imagens de intervenções políticas contrárias aos posicionamentos do então candidato Jair Bolsonaro e seus apoiadores, em outubro de 2018.

3.2 A mulher amarela

A construção da imagem asiática no Ocidente, eu consigo criar esse paralelo com a boneca. Ela sempre foi tida como uma boneca exótica, que você pode adquirir. A mulher asiática, ela representa a feminilidade, a submissão

Ingrid Sá Lee para o documentário O Perigo Amarelo Nos Dias Atuais.

Já foram parcialmente descritas algumas experiências vividas por mulheres de ascendência amarela ao longo deste trabalho. A noção do corpo amarelo enquanto exótico, e da mulher amarela enquanto submissa está há anos enraizadas na imaginário popular e acrescenta uma carga de discriminação racial sobre as violências de gênero sofridas por essas mulheres. Para além de agressões explícitas vivenciadas por essas mulheres, a naturalização dessas ideias traz consequências à vida social e pessoal destas, muitas vezes pautando seu relacionamento com outras pessoas.

Estigmas relacionados a essas mulheres parecem dividir-se em duas categorias fundamentais e opostas: I) a visão da mulher amarela enquanto quieta e recatada; II) a percepção dessas mulheres enquanto excessivamente rebeldes e irreverentes. Embora essas imagens não se restrinjam à representação sexual dessas mulheres, sendo comum a reprodução desses estigmas até mesmo em desenhos infantis, na dimensão sexual, representada principalmente pela representação pornográfica, estes são intensificados, transformados em I) mulher submissa e servil, porém ainda de beleza “exótica” e delicada, bastante pautada no personagem da gueixa; e II) uma mulher selvagem e exótica, com libido e desejos sexuais quase que incontroláveis.

Ingrid Sá Lee, ativista e artista vinculada ao Selo Pólvora, trabalha em sua zine “A boneca” a desmistificação da mulher amarela enquanto boneca, intocável e inumana. Ao referir-se à zine, em entrevista a Katsuo⁸, explica o conceito:

Pretendo trazer meu zine, “A Boneca”, que é um zine de 8 páginas em serigrafia e consiste numa série de ilustrações sobre o que uma boneca é, além de, bem, ser uma boneca. “A boneca tem cérebro”, “A boneca peida”, “A boneca tem tripas”, “A boneca sangra”… A capa é uma boneca coreana encaixotada, o que deixa implícito que com isso também trago questões étnicas. Com este zine, abordo sobre as expectativas machistas e racistas sobre uma mulher asiática, que é tida como uma “boneca”, um brinquedo, um mero objeto, belo e submisso. Subverto isso, mostrando que não somos apenas isso, que temos, “incrivelmente”, também temos memória, cérebro, coração, tripas, sangramos, peidamos e cagamos como qualquer outra pessoa.

Cabe lembrar que, embora não se trate do foco deste artigo, homens amarelos também sofrem com os impactos da racialização no imaginário sobre seus corpos, sendo comum, assim como no caso feminino, a disseminação de duas ideias extremas, sendo considerados pouco atraentes e/ou viris, sendo frequentes piadas em relação aos seus corpos, que diferem dos padrões impostos pela masculinidade; ou, no outro extremo, sofrendo as consequências da chamada Yellow Fever, atração exclusiva por pessoas amarelas, fenômeno crescente nos dias de hoje, com o maior consumo de instrumentos de cultura pop sobretudo japonesa e coreana, como é o caso do K-Pop, gênero musical em alta. Para maior desenvolvimento do tema, que não será abordado neste trabalho, é válida a leitura dos escritos de Hugo Katsuo e dos vídeos de Leonardo Hwan.

Para ambas as situações, no que diz respeito à convivência romântica e sexual de pessoas amarelas com indivíduos não racializados, os estereótipos configuram, por diversas vezes, motivo de rejeição, em um extremo; ou curiosidade e atração específica, por outro lado. Nos relatos coletados para este trabalho, algumas mulheres relataram a sensação de serem objetos de interesse sexual apenas pela sua ascendência e características físicas, sendo buscadas, principalmente, por parceiras e parceiros que apreciavam algum instrumento de cultura oriental.

Para além do interesse romântico, há a questão do desejo sexual. Estereótipos construídos e alimentados há décadas são frequentemente reforçados pela produção pornográfica, sobretudo ocidental, onde mulheres amarelas são retratadas de acordo com as características previamente mencionadas. No âmbito da produção pornográfica, há ainda o agravante da infantilização dessas mulheres. Em muitas das produções, elas interpretam personagens adolescentes, vestindo uniformes escolares, alimentando o fetiche colegial baseado em animes e outros produtos culturais.

Devido a uma série de fatores, o imaginário sexual desenvolvido com base nessas representações vem ganhando espaço, reforçando o fenômeno da Yellow Fever e configurando uma realidade de crescente insegurança a mulheres amarelas, inevitavelmente relacionadas a essas representações.

Essa realidade é bem ilustrada pelos relatórios Year in Review⁹, produzidos por uma das maiores plataformas de pornografia do mundo, o PornHub. Estes apresentam estatísticas sobre categorias consumidas, tempo de tela e outras informações que revelam as tendências do consumo desse tipo de conteúdo. Os resultados, divulgados anualmente, indicam o crescimento da popularidade de categorias relacionadas a mulheres amarelas, como japanese, korean, hentai, e asian.

Fonte: PornHub Year in Review 2018

Nesse sentido, cabe a reflexão sobre o papel da pornografia como educação sexual do jovem moderno, muito bem desenvolvida por Gail Dines¹⁰, que explica que a percepção sobre a vida e a relação sexual de meninos e meninas é pautada por aquilo que vêem em vídeos pornográficos, cujos conteúdos costumam exaltar relações violentas e impessoais, onde mulheres são submetidas a situações insalubres para satisfação do desejo sexual masculino. Essas imagens têm grande poder de influência, não apenas sobre os papéis de gênero dentro da relação sexual, mas também sobre o que se imagina como desejável nessas relações. A citação disponível no site da pesquisadora e ativista ilustra sua visão:

“The pornographers did a kind of stealth attack on our culture, hijacking our sexuality and then selling it back to us, often in forms that look very little like sex but a lot like cruelty.”

Katsuo¹¹, por sua vez, complementa as ideia de Dines ao analisar as especificidades da representação do corpo amarelo no pornô gay ocidental, vale-se de referências que indicam o papel dos estereótipos para reafirmação de crenças de supremacia branca, afirma que:

A pornografia é muitas das vezes o primeiro contato de jovens com a questão sexual e, como um produto cultural, é responsável pela difusão de sensos comuns e ajuda a manter a hegemonia branca. As dinâmicas de desejo e desejabilidade, de acordo com Daroya (2011), estão permeadas pela noção de raça e o cinema pornô ajuda a moldá-las. A representação do asiático a partir de estereótipos orientalistas configura-se como uma dominação simbólica, ajudando a manter a hegemonia branca.

O trabalho de coletivos como a Plataforma Lótus, grupo voltado ao desenvolvimento do feminismo asiático, faz-se extremamente importante para o acolhimento e conscientização de mulheres racializadas, para que possam, assim, combater os estereótipos ligados à suas ancestralidades. Nesse sentido, é inevitável citar Ing Lee e sua manifestação¹² contrária ao imaginário orientalista:

Divulgação: Ing Lee

Gueixas não são a sua fantasia exótica orientalista.
Mulheres leste-asiáticas não são o seu souvenir, boneca kokeshi, gueixinha, personagem de anime ambulante, nem opção exótica do buffet humano.
Nossa cultura não é de sua propriedade e direito, não é mercadoria nem fetiche.

4. Pesquisa de Campo — Metodologia

Visando tornar essa realidade mais tangível, foi realizada pesquisa de campo para coleta de relatos de mulheres amarelas sobre suas experiências relacionadas à erotização e exotificação de seus corpos. Foram divulgadas duas enquetes digitais através das redes sociais, buscando entender e verificar a abrangência das experiências de outras mulheres com as quais entrei em contato. A divulgação utilizou-se de grupos ativos no facebook, além da ajuda de influenciadores no Twitter. Esta segunda rede mostrou-se especialmente importante para garantir maior abrangência geográfica, alcançando pessoas fora da região sudeste, o que possibilitou a reflexão sobre as diferentes vivências em diferentes regiões do Brasil, visto que, em São Paulo, as comunidades amarelas são bastante unificadas e fortalecidas.

A primeira enquete foi direcionada apenas a mulheres autodeclaradas amarelas, com perguntas básicas de controle da amostra (idade, sexualidade) além de provocações sobre a relação dessas mulheres com a sua ascendência, buscando entender a relevância da ancestralidade nas suas vidas e o gosto (ou falta de) por seus traços físicos dela decorrentes. As mais tocantes descobertas, no entanto, aparecem no campo destinado a relatos. Muitos destes não puderam ser divulgados, já que suas produtoras são, ainda, menores de idade. No entanto, com o restante da amostra, é possível constatar a validade e quase universalidade das experiências de erotização entre mulheres amarelas.

O segundo questionário buscava verificar a aceitação de estereótipos relacionados a mulheres amarelas por seus potenciais parceiros e parceiras românticos/sexuais. Para tanto, buscou-se coletar respostas de homens e mulheres, sobretudo não amarelos, tendo maior importância perguntas em que estereótipos eram colocadas diretamente em xeque, medindo o grau de concordância (desacordo total ou parcial; neutralidade; concordância parcial ou total) sobre estes estigmas. Exemplos dos estereótipos escolhidos foram: “mulheres amarelas têm uma beleza exótica” ou “mulheres amarelas são mais submissas”. Além disso, foram inseridas perguntas de controle para averiguar experiências românticas prévias dessas pessoas com pessoas amarelas, seu grau de atração e curiosidade por pessoas com ascendência asiática e seus hábitos em relação ao consumo de pornografia. Infelizmente, o questionário não teve grande repercussão e sua amostra não teve relevância estatística para inclusão no trabalho, sendo seus resultados, então, descartados.

5. Resultados

“Sempre me senti parte de uma coleção.”

Relato anônimo

O resultado da metodologia empregada é uma amostra de mais de 500 respostas de mulheres autodeclaradas amarelas que contribuíram com a pesquisa. A amostra não oferece grande representatividade ou expressividade estatística, mas serve ao propósito do estudo qualitativo de suas vivências. Ao se tratar de sistemáticas de assédio, é necessário humanizar as narrativas, e é nesse sentido que segue a divulgação dos resultados obtidos. Os relatos citados foram editados para fins de clareza e preservam o anonimato de suas autoras.

Há uma observação pertinente a se fazer, que se refere à redução da amostra com possibilidade de divulgação, uma vez que parte dos relatos recebido foram feitos por meninas ainda menores de idade. Mas se a carência desses relatos empobrece a amostra, esse impeditivo, por si só, já retrata a gravidade da situação de erotização dessas meninas. Ainda, alguns dos relatos, embora feitos por mulheres que já atingiram a maioridade, retratam situações vividas durante a adolescência ou a infância, como o exposto abaixo:

“Durante a infância e adolescência. fui muito objetificada por homens mais velhos que falavam que eu era “diferente”, que era uma japonesa bonita. O caso que mais me marcou foi quando tinha 15 anos e fui em um evento de anime. Um homem de 18 anos não saiu de perto de mim, disse estar apaixonado por mim, me adicionou em redes sociais e fez vários amigos dele me incomodarem para ficar com ele, tudo porque ele gostava de asiáticas.”

A pesquisa foi respondida majoritariamente por mulheres entre 18 e 25 anos (62%), heterossexuais (53,2%). Em sua maioria (70,3%), não participam de nenhum tipo de organização para discussão de suas identidades, seja on-line ou presencialmente. No entanto, destas mulheres, cerca de 60% gostariam de participar desses espaços. O impacto da falta de contato com o tema pode estar relacionado à grande parcela de mulheres entrevistadas que não souberam responder questões sobre a influência das suas características étnicas nas suas relações interpessoais (cerca de 13%). Uma das entrevistadas relata a importância de discussões sobre sua identidade enquanto mulher amarela na compreensão das dinâmicas de sexualização que viveu:

“O fato de ser vista como um fetiche me incomodava muito, mas eu não entendia o porquê disso. Depois de ler um pouco sobre questões relativas à mulher oriental, pude me conscientizar do espaço que vinha ocupando em meus relacionamentos/vida sexual no geral e entender que, em muitas vezes, fui desejada apenas pela minha etnia, e não por ser quem eu sou. Essa massificação — que é, pra mim, resultado de décadas de estereótipos e racismo — prejudicou minha autoestima e me fez adotar comportamentos considerados esperados para alguém da minha ascendência.”

Embora a amostra tenha sido dominada por mulheres de ascendência japonesa, o campo relativo à ascendência registrou grande variedade de respostas, não apenas pelas múltiplas identidades amarelas existentes, mas também pela declaração de misturas entre diferentes nacionalidades, além de especificidades regionais, especialmente no caso de descendentes de japoneses, tendo destaque mulheres cujas famílias têm raízes em Okinawa, região que oferece vivências diferentes das demais.

Sobre a sua representação em instrumentos de cultura pop, 86,7% das mulheres entrevistadas acreditam que os corpos amarelos são representados de maneira erotizada. Ao adicionarem suas observações pessoais às respostas, muitas reafirmaram que a representação de mulheres amarelas está quase sempre enquadrada nos dois principais estereótipos já relatados acima. Algumas das entrevistadas ressaltaram ainda a escassez de representatividade amarela na cultura pop ocidental. Além disso, 78% das entrevistadas afirmaram se sentir desconfortáveis com essas representações.

“As mulheres de ascendência asiáticas ou são menosprezadas/motivos de chacotas por suas características físicas ou são erotizadas por causa disso também. Ao que me parece, não existe muito um meio termo.”

“A forma como a mulher asiática é representada na indústria de entretenimento (incluindo a pornografia), como exótica, submissa, hiperfeminina, infantilizada, influencia muito em como a sociedade nos vê. Um é produto do outro.”

Embora a maior parte das entrevistadas (74,7%) aprecie as características físicas decorrentes de sua ascendência, pouco mais de 80% afirmaram não se sentir confortáveis com comentários e piadas sobre essas características.

Um tema que pautou boa parte dos relatos recebidos foi a relação romântica ou sexual com outras pessoas. Quase 60% da amostra afirma sentir que é enxergada e/ou tratada de forma diferentes por parceiras e parceiros (potenciais e reais) românticos e sexuais devido à sua ascendência. Os relatos seguem no sentido de confirmar que alguns dos relacionamentos vividos por essas mulheres foram influenciados por um fetiche orientalista:

Sempre ouvi comentários do tipo “nunca namorei/fiquei com uma oriental” como se eu fosse algum item de coleção. Uma coisa que sempre me incomodou é o fato de dois ex’s meus que sempre tiveram a preferência por oriental como se fosse algum fetiche.

Uma das entrevistadas relatou, ainda, o desconforto e o medo de envolvimento com pessoas de outras ancestralidades:

“Infelizmente, a maioria das pessoas que se dizem interessadas em mim, sempre são seguidoras da cultura pop japonesa, como animes e mangás. Principalmente homens, os chamados “otakus”, não me dão sossego. Sempre fico pensando antes de me envolver com pessoas sem ascendência asiática, porque fico insegura em relação à fetichização. Na maioria das vezes o assunto é o mesmo, sempre surge aquele papo de “adoro animes”, “adoro a cultura japonesa”, “queria namorar uma japonesa” e afins… Me sinto desconfortável, como se eu só me resumisse a isso, e como se eu fosse uma forma de “realizar” o fetiche dessas pessoas.”

Para além de manifestações mais sutis de opressão relacionada a gênero e ascendência amarela, uma das perguntas do questionário dizia respeito a casos de assédio relacionados à ancestralidade. A essa pergunta, 68,2% da amostra afirmou ter sofrido algum tipo de abuso/assédio diretamente relacionados à sua ascendência.

Os resultados da pesquisa, apesar de suas limitações em relação ao tamanho e representatividade da amostra, ilustram o contexto de agressões de gênero e raça contra mulheres amarelas. Embora o tema das identidades amarelas venha ganhando mais espaço fora de espaços nele especializados, é necessário fortalecer e conscientizar pessoas amarelas que ainda não estão familiarizadas com as discussões aqui apresentadas.

Este trabalho representa um marco em um processo individual ainda a ser continuado e aprofundado de descobrimento de uma racialização pouco mencionada e suas consequências. Com ele, espero possibilitar e alimentar reflexões entre pessoas amarelas, para que possamos construir e fortalecer nossas identidades, bem como as lutas a ela atreladas, identificando e combatendo a propagação de práticas e discurso de discriminação racial.

6. Referências

1. Katsuo, H.: Quem tem medo da solidariedade antirracista?
Disponível em: https://medium.com/@hugokatsuo/quem-tem-medo-da-solidariedade-antirracista-f83fe88811b1

2. Okamoto, J. Y.: As “mulheres de conforto” da guerra do pacífico — RICRI Vol. 1, №1, pp. 91- 108

3. Lee, R. C.: Feminismo asiático — identidade, raça, e gênero

Disponível em: https://medium.com/@carolinericca.lee/feminismo-asi%C3%A1tico-identidade-ra%C3%A7a-e-g%C3%AAnero-27c9ca94ec2e

4. Kemi: A origem do Perigo Amarelo: Orientalismo, colonialismo e a hegemonia euro-americana
Disponível em: https://outracoluna.wordpress.com/2017/03/26/a-origem-do-perigo-amarelo-orientalismo-colonialismo-e-a-hegemonia-euro-americana/

5. Takeuchi, M. Y.: O perigo amarelo — imagens do mito, realidade do preconceito (1920–1945) — São Paulo: Humanitas, 2008

6. Dezem, R.: Matizes do “amarelo” — a gênese dos discursos sobre os orientais no Brasil (1878–1908) — São Paulo: Humanitas, 2005

7. Chozo, V.: Abre o olho você!
Disponível em: http://cargocollective.com/viniciuschozo/projeto-abre-o-olho-voce

8. Lee, I. S em Katsuo, H: A mulher amarela como souvenir exótico
Disponível em: https://medium.com/@hugokatsuo/a-mulher-amarela-como-souvenir-ex%C3%B3tico-67921d44a682

9. PornHub: Year in Review

Disponível em: https://www.pornhub.com/insights/2018-year-in-review

10. Dines, G: Growing up in a pornified culture
Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=605qufO1n_U

Transcrição disponível em: https://singjupost.com/gail-dines-on-growing-up-in-a-pornified-culture-full-transcript/

11. Katsuo, H: Pornografia e raça: alguns apontamentos sobre a representação do corpo amarelo no cinema pornô gay ocidental
Disponível em: https://medium.com/@hugokatsuo/pornografia-e-ra%C3%A7a-alguns-apontamentos-sobre-a-representa%C3%A7%C3%A3o-do-corpo-amarelo-no-cinema-porn%C3%B4-gay-322fbb1fda9

12. Lee, I. S: Não sou seu souvenir exótico
Disponível em: https://www.instagram.com/p/Bj-fEGThuL0/

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