#ILA19MED – dia 03: o Design está sempre em movimento

Jeancarlo Cerasoli
3 min readNov 4, 2019

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O que torna o design tão dinâmico e mutável?

No último dia do Interaction Latin America de Medellín (leia também os relatos dos dias 01 e 02 do evento) o foco foi o aspecto de constante mutação e adaptação que caracteriza o Design de Interação. Já parou para pensar que outros campos do conhecimento são (e precisam ser!) bem mais estáticos do que nossa área? Por que isso acontece?

Futuro do Design: indivíduo, time e impacto

José Coronado, que mediou dois painéis sobre mercado de trabalho em UX nos dias anteriores da conferência, começou os trabalhos com uma apresentação focada no futuro da prática do Design nos âmbitos pessoal, coletivo (times) e de impacto de negócios.

Coronado enfatizou a ideia de que os líderes de times de Design devem focar seus esforços em fazer o design de suas próprias organizações, equipes, processos, carreiras e demais aspectos relacionados, visto que são os líderes que possuem a visão de todo, o trânsito corporativo e a familiaridade com as práticas que permitem contribuir para a coordenação de todas estas atividades.

Otimismo e pessimismo a serviço do bom Design

Cheryl Platz trouxe uma interessante provocação de que designers precisam exercitar uma perspectiva otimista e pessimista ("Opti-pessimism") aos projetar suas soluções. Ou seja, não basta mais projetar a experiência para 80% dos contextos sem oferecer uma alternativa de tratativa que também abranja os 20% restantes, como uma garantia de segurança em emergências.

Para isso, Platz propõe quatro regras simples.

Regra 01: Considere o contexto humano (ou seja, sempre parta das pessoas e suas necessidades).

Regra 02: Projete soluções para os casos mais otimistas.

Regra 03: Não deixe de projetar para os priores casos. Seja pessimista! E aqui Cheryl ressaltou que as histórias são melhores que interfaces para dizer o que NÃO se deve fazer do que para o que se devem fazer.

Regra 04: Esteja sempre preparado para se adaptar o mais rápido possível, de preferência imediatamente (planos de contingência…).

Interações entre pesquisas e pesquisadores

A brasileira Paula Macedo, da Embraer X, fez uma apresentação bastante pessoal sobre as Pesquisas em Design, demonstrando o quanto que esta atividade é também uma jornada da transformação pessoal e profissional. Neste sentido, Paula compartilhou lições que aprendeu ao longo de sua jornada:

1. O mundo é horizontal: "Cada pessoa é um mundo".

2. Histórias moldam a realidade: daí a importância de se expandir a amostra de pesquisa para além dos perfis mais óbvios.

3. Interações também moldam a realidade: a relação entre observador é observado podem trazer insights bastante inesperados – e relevantes.

4. Se você quer ser ouvido, você também tem que aprender a ouvir primeiro: ou seja, permita que as pessoas que participam do processo de pesquisa também se apropriem da narrativa para que possam se identificar com os seus objetivos.

5. Pergunte sempre Por quê? Por quê? Porquê? Busque sempre o propósito – e o SEU propósito – daquele trabalho em que está focando.

6. Há consequências que não são intencionais: cautela nas conclusões pois nossas escolhas podem impactar muitas vidas.

7. Visão requer espírito e coração: nunca abrir mão da curiosidade e abertura para entender a alma humana, de pessoa para pessoa, pois não existem decisões apenas emocionais.

Curioso observar que durante a conferência diversas apresentações mencionaram o valor do Tarot Cards of Tech do grupo Artefact como recurso para questionamento e validação das escolhas feitas ao longo do desenvolvimento de um projeto.

Design e Política: esta combinação dá jogo?

Nicolás Rebolledo fez uma apresentação bastante interessante e pragmática de um tema espinhoso: a relação entre o Design e a Política, ou como a Política pode se beneficiar se técnicas de Design para reconquistar sua legitimidade, enfrentando problemas complexos de uma maneira mais eficiente e colaborativa. Seu talk enfatizou os experimentos de colaboração em inovação pública realizados através do Laboratorio del Gobierno do Chile.

Encerramento: como fugir de conceitos dogmáticos?

A apresentação de encerramento do ILA 2019 ficou por conta de Louis Rosenfeld, publisher da Rosenfeld Media e um dos autores do clássico livro do urso polar. Momentos que aprisionam e como escapar deles.

(Guenta mão que já completo este post… Pensa o que? A vida não pára…)

Leia também os relatos dos dias 01 e 02 do ILA 2019 de Medellín.

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