Capítulo 4— A longa estadia em Hitoga

Claudio "cleedee" Torcato
4 min readJan 19, 2020

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Duas mulheres de kimono calçando uma sandália tradicional
Créditos: https://jpninfo.com/4741

Ainda me lembro bem quando cheguei a Hitoga pela primeira vez. Uma cidade limpa e organizada, bem vigiada. Era uma manhã de céu limpo e uma corrente de ar frio fazia com que eu me agasalhasse bem.

Fui na direção do mercado em busca de comida e algo quente para beber. Um monge me chamou a atenção assim que entrei numa praça que já recebia os primeiros transeuntes do dia. Ele tinha movimentos fluidos e transmitia uma sensação de paz interior somente ao observá-lo pousando um tapete no chão.

O monge sentou-se sobre o tapete e posicionou um potinho em sua frente. Quando me encaminhava para lá, entretanto antes que eu chegasse, um homem atarracado e de andar determinado parou em frente ao monge e chutou seu pote. O monge acompanhou com o olhar o objeto rolando enquanto o homem gritava para que ele saísse dali pois era dele o ponto de esmolar.

Enfurecido com aquilo, puxei o homem pelas costas e o derrubei no chão. Enquanto ele olhava para mim com ódio nos olhos, eu já empunhava meus kamas. Ele também sacou sua arma, uma faca, e partiu para cima de mim. Bloqueei seu ataque uma, duas vezes até que finalmente contra-ataquei, arrancando a faca de suas mãos e batendo na lateral de sua cabeça com a empunhadora de meu kama, caindo desacordado.

Vou pegar o pote e o entrego ao monge que se levanta e me cumprimenta, agradecendo a intervenção. Convidei-o para chá onde ele aceita. Saímos de lá, deixando para trás o homem com a faca ao seu lado.

Tomamos um chá. O mengo me disse que seu nome era Reo e que morava num templo xintoísta que ficava numa colina próxima da cidade. Disse que já havia sido um samurai mas após reflexões profundas tomar a decisãode largar a classe guerreira . Obviamente o clã não gostou. Ele teve de usar a espada uma última vez num duelo para ter o direito de partir.

Foi uma conversa muito agradável durante toda a manhã. Foi como reencontrar um irmão ou grande amigo há muito distante. Falamos sobre técnicas de artes marciais. Reo havia reparado mais cedo meu domínio sobre o kama. Por sua vez, o monge dominava o Iaijutsu, uma técnica de saque de katana muito apreciada por duelistas. Ele ainda executava os movimentos diariamente como uma forma de meditação. Demonstrei meu interesse em melhorar minha habilidade com as espadas.

Nesse ponto, mudou de assunto. Perguntou o motivo de minha visita a Hitoga. Revelei que procurava uma habilidosa ferreira e que vagava pelo mundo em busca de vingar a morte do pai e o fim de seu clã. Sobre a ferreira não sabia. Mas disse que ofereceria seu conhecimento enquanto ficasse em Hitoga. E assim foi. Passei a viver no templo. Acordava cedo para os afazeres do lugar e depois tinha treinos com a espada. Nos momentos de folga, descia até à cidade, procurava por Masami.

Mas foi a mulher que me encontrou. Estava no mercado, olhando sandálias quando ouvi meu nome ser pronunciado. Ao me virar na direção da voz, encontrei uma bela mulher sorrindo para mim. Era Masami e estava diferente como se tivesse mudado de status social.

Numa casa de chá, Masami me contou que acabou casando com o ferreiro que a havia empregado. Não foi difícil conseguir aquele trabalho, falou. Pois realmente suas habilidades se equiparavam e até superavam o mestre. Por fim, foi cortejada e convencida que esse seria o melhor caminho para sua vida.

Atualmente, pouco põe os pés na ferraria. Porém, antes de encerrar a carreira, ela fez seu melhor trabalho: um par de kamis. Disse-me para nos encontrarmos naquele mesmo local no dia seguinte.

E assim aconteceu. Um belo sorriso acompanhava as armas (ou utensílio de trabalho) que eu peguei com muito respeito e admiração. Era realmente um belo trabalho. Os elaborados desenhos desnudavam o verdadeiro propósito dos kamas: matar.

Os encontros seguintes foram raros e bem discretos até que Masami se despediu de mim antes que aquilo rumasse para uma tragédia. Um sentimento despertava nela mais que em mim. Naquele momento meu coração estava ocupado com a vingança. Entretanto o desejo de tê-la comigo existia.

Enquanto isso, a vida prosseguia no monastério. Tive um grande mestre, Reo. E hoje domino a técnica iaijutsu com a katana tão bem quanto luto com as kamas de Masami.

Depois de uma grande estadia em Hitoga, parti para cumprir minha missão.

Leia as narrativas anteriores:

O que vem a seguir:

Rolo na tabela de Rota. Sai um 2. Encontro na Estrada. Rolo 6 e 3. Um guarda-chuva quebrado é encontrado na estrada (que eu levo para consertar). Rolo um dado na tabela de Localidade. Apareceu um 6: uma grande cidade comandada por um clã nobre (Akaitora, um novo clã). Ganho 1 de Reputação (fico com 4) ao chegar em Ichiba e preciso rolar na Tabela Encontro Urbano: Num bar, você começa a conversa com um Possível Aliado e, com o tempo, vão se conhecendo.

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