O papel dos megafandoms como curadores e a migração do consumo de notícias para as redes sociais

Apesar do modelo saturado, apps sociais tornam-se novo lar para usuários que buscam notícias: TikTok é o preferido. Cobertura da turnê desastrosa de Taylor Swift no Rio mostra o alcance do conteúdo gerado por fandoms, que despontam como potenciais plataformas organizadoras de informações

Eduardo Mendes
3 min readNov 21, 2023

Ficou a cargo dos fãs de Taylor Swift a melhor cobertura sobre a passagem efêmera e desastrosa da turnê da estrela no Rio de Janeiro. Enquanto os principais canais de mídia dos EUA lutavam para aprofundar-se na série de episódios críticos envolvendo o show, os swifties divulgavam os fatos em tempo real, com precisão e em dezenas de idiomas nas redes sociais.

A percepção relatada por Ryan Broderick em ‘The Taylor Swift Info War’ é de quem ficou à mercê de informações desencontradas veiculadas, por exemplo, pelo TMZ, que, segundo o insider, “repetia detalhes incorretos.”

Presenciamos, agora, megafandoms circundantes a personalidades do porte de Swift unir os pedaços quebrados da Web.

“Em vez de ter um lar digital em uma ou duas plataformas, os usuários mais jovens vivem dentro de fandoms abrangentes.”

Concordo com a abordagem de Broderick e sua visão de que este movimento ganha força diante das “envelhecidas redes sociais.”

Por outro lado, os desdobramentos da Eras Tour Rio reforçam a migração do consumo de notícias para os canais digitais, sendo o TikTok o lugar preferencial.

O número de usuários que busca informações por meio da plataforma quase dobrou desde 2020, de acordo com novos dados do Pew Research Center.

Aproximadamente um terço dos adultos com menos de 30 anos acessa regularmente o TikTok à procura de notícias, um aumento de 255% comparado há três anos.

O estudo também mostrou que metade dos americanos afirma receber o noticiário em plataformas de mídia social, com o Instagram aparecendo em segundo lugar como o mais acessado para esse fim.

Hoje, os americanos têm cerca de duas vezes mais probabilidade de dizer que preferem ser atualizados por meio de dispositivos digitais (58%) do que pela televisão (27%). Enquanto a preferência do público por rádio e pela imprensa tradicional permanece praticamente estagnada em 6%.

A enxurrada de memes e depoimentos e imagens em forma de vídeos sobre a saga dos swifties no último fim de semana invadiram as redes sociais alimentando a repercussão do cômico trágico com a assinatura debochada do brasileiro.

E não espere que a sequência termine tão cedo. Afinal, São Paulo ainda está por vir e será testada.

Como uma extensão da cultura pop, a internet atingiu um ponto em que “as instituições perderam a capacidade de quantificar o seu tamanho e sua escala”, conforme colocou Broderick.

Enquanto a Gen Z descobre novos sistemas para navegar e se encontra em “feudos digitais”, o insider vê uma necessidade de novas plataformas para transmitir informações e organizar essa bagunça.

Por enquanto, as redes sociais — apesar do seu formato saturado — seguem como as principais distribuidoras de um conteúdo que passa a ser cada vez mais curado por comunidades que gravitam ao redor destes “monopólios de atenção” à la Taylor Swift.

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Eduardo Mendes

Advisor for Culture and Innovation | Co-Founder na The Block Point | Web3 & New Technologies | Strategy, Research & Content | Sports | Entertainment | Media