O metrô em tempos de pandemia

Guilbert Corrêa Trendt
3 min readJul 12, 2020

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Mesmo com queda na circulação de usuários, Trensurb opera diariamente para transportar os usuários que trabalham em áreas essenciais.

Série de reportagens por Bruno Soares, Fabiane Pereira, Guilbert Trendt e Iury Rodrigues.

Campanha do Sindimetrô-RS pede que os usuários utilizem os trens apenas para irem trabalhar em serviços essenciais. Foto: Divulgação/ Sindimetrô-RS.

Transportando diariamente mais de 160 mil passageiros pela Região Metropolitana de Porto Alegre e com 35 anos de funcionamento, o metrô de Porto Alegre, operado pela Trensurb, se mostra mais que essencial na pandemia do novo coronavírus.

Trens lotados em horário de pique é uma realidade distante nas 22 estações que compõem a linha férrea de 43 quilômetros de extensão e que corta seis municípios da Grande Porto Alegre. Cancelamento de aulas presenciais em escolas e faculdades, fechamento do comércio e de shoppings e o cancelamento de jogos e eventos são alguns dos fatores que levaram a uma queda cada vez mais progressiva no número de usuários.

Ações do Sindicato dos metroviários buscam conscientizar os usuários. Foto: Divulgação/ Sindimetrô-RS.

Ayllu Duarte Acosta, Secretária de Comunicação do Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul (Sindimetrô-RS), explica que mesmo estando com 40% da demanda em razão das medidas de controle tomadas pelos governos, o serviço não para. “Mesmo com uma significativa queda no número de usuários, a empresa continua prestando o seu serviço todos os dias da semana. Ao contrário das empresas de transporte rodoviário privado que diminuíram ou extinguiram linhas, demitiram e reduziram os salários de seus funcionários” destaca a metroviária.

Arte: Guilbert Trendt.

Para se ter uma ideia, de acordo com a empresa, na última quinta-feira (09/07), foram transportados pela Trensurb 55.477 passageiros, o que representa uma queda de 64,8% em relação à media de usuários transportados por dia útil na primeira quinzena de março que foi 157.636 usuários.

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Segundo à Trensurb, desde o início de fevereiro, a empresa vem tomando medidas no combate ao novo coronavírus, como intensificar a limpeza de vagões, estações, banheiros e terminais. Evitando aglomerações nos trens e nas estações, a empresa ampliou o número de trens acoplados, com mais vagões e mais espaço entre eles, passando de quatro, para oito carros usuais. Canais de comunicação da empresa como site institucional, redes sociais, informativos impressos e sistema de alto falantes e TV’s disponíveis nos trens e nas estações, também dão dicas e mostram maneiras de evitar a contaminação e a transmissão do vírus entre os usuários.

Parceria de testagem dos metroviários— SindimetRô e Unisinos

Desde o início da pandemia, o Sindimetrô RS tem feito inúmera cobranças para a Trensurb realizar testes nos metroviários, a principal preocupação do sindicato é com o possível contágio entre os metroviários, já que eles trabalham em contato direto com o público e também com manipulação de dinheiro em variados setores.

Preocupados com essa exposição e com a demora da Trensurb e do governo federal, tanto para a compra de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), quanto na compra dos testes, o sindicato, em parceria com a Escola de Saúde da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) está testando os trabalhadores que atuam na linha de frente desse serviço essencial como os metroviários que trabalham nas estações e na segurança. “Já foram testados mais de 200 metroviários de todas as áreas da empresa. A parceria, agora, segue com 25 testes por semana”, informa Ayllu Acosta.

O exame que está sendo feito é o RT-PCR que é um dos mais precisos no diagnóstico da covid-19, onde o resultado acaba saindo em um tempo muito mais rápido (cerca de 24 horas). Ele é feito na própria sede do sindicato que fica no bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre.

A política de testagem é o que mais tem dado certo nos países que conseguiram controlar a doença em todo o mundo, e é recomendada pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS), o sindicato abriu uma campanha intitulada “#TestaTrensurb” com o objetivo de pressionar a empresa a fazer a testagem e garantir o bem estar e a saúde dos metroviários.

Devido à inércia da empresa, campanha #TestaTrensurb foi lançada pelo Sindicato para testar os metroviários para a Covid-19. Divulgação/Sindimetrô-RS.

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