O que eu tô fazendo com a minha vida?

Abrindo o jogo sobre as minhas mais recentes decisões.

Igor Mariano
10 min readMay 14, 2018
Foto do “mapa raspadinha” que eu ganhei de presente.

AS REDES SOCIAIS NOS ENTREGAM. Post a post expomos fragmentos das nossas vidas a familiares, amigos, conhecidos e desconhecidos. Recentemente o meu rastro digital me delatou mais uma vez. Não é difícil deduzir que estou passando por uma mudança.

Tudo bem, não existem motivos para guardar segredo. Esse texto é justamente para ligar os pontos e explicar para todo mundo o que está acontecendo.

Nos últimos dias andei compartilhando passos importantes da minha vida. Os dois marcos principais foram sair do meu emprego no departamento de marketing de uma construtora e colocar o meu carro a venda.

Quando fiz o post acima, algumas pessoas já sabiam dos meus planos e outras entraram em contato comigo para perguntar o que houve, se eu estava indo para outra empresa ou se ia morar em outra cidade.

Bem, a verdade é a seguinte:

Eu resolvi fazer uma volta ao mundo.

Algumas pessoas acabaram sabendo dos meus planos antes deste texto porque na semana passada eu contei nos meus stories e no meu Twitter sobre o Scratch Map que eu ganhei de presente do Nubank.

Contudo, à medida que mais pessoas foram descobrindo os meus planos, mais eu sentia que precisava anunciar oficialmente a minha decisão. Explicar os meus motivos. Responder algumas perguntas comuns. Enfim: tirar isso do peito.

Então vou explicar o que eu estou fazendo com a minha vida — e vou fazer isso respondendo às perguntas que mais me fizeram até agora.

1 — Porque pedi demissão e resolvi fazer uma volta ao mundo?

Porque é meu sonho.

O sonho sempre existiu, mas nem sempre foi um objetivo. Acho que no fundo quase todo mundo adoraria largar tudo e viajar o mundo. É um desejo comum. É uma ideia disseminada pela mídia. É um clichê compreensível. E eu sempre dizia que um dia seria um desses caras. Até comecei a juntar dinheiro pra quando esse dia chegasse.

Mas eu nunca pensei que realmente seria esse cara.

Ainda que sempre tenha tido o desejo de viajar o mundo, eu não sou bem o tipo que questiona o sistema, que quer jogar tudo pro alto e viver das coisas que a natureza dá, como o esteriótipo do viajante que eu imaginava.

Faz mais ou menos dois anos que eu concluí minha graduação e cinco anos que eu estou no mercado de trabalho. Nesse tempo passei por empresas nacionais e multinacionais, fiz cursos, estudei. Foquei na minha carreira. Fiz tudo para me manter no caminho certo e ser um profissional de sucesso.

Só que também crescia gradualmente a minha insatisfação. Eu não estava feliz com a minha rotina. Não sei se foi o fim da faculdade ou se foram as funções que eu desempenhava no último emprego, mas de repente o grau de insatisfação cresceu tanto que tudo ao meu redor já parecia sem sentido.

Será que todo mundo se sente assim no começo da carreira? Será que a vida é só isso? Será que vou passar o resto da vida trabalhando o dia todo e torcendo pro fim de semana chegar? Será que estou sendo imaturo por desejar mais? Será que existem outras alternativas? Será que eu poderia estar fazendo algo que eu amo, ao invés de passar 9 horas seguidas dentro de um escritório?

Eu não tinha respostas pra essas questões — e de certa forma ainda não tenho.

No começo do ano eu comecei a usar o Medium e um dos artigos que eu li foi Você não é a droga do seu emprego do Charles Omoregie. Eu me identifiquei com o relato dele e comecei a ter certeza de que tinha mais gente se sentindo da mesma maneira. No texto ele dizia: “Carreira, trabalho e realização profissional são importantes. Mas viver também é.”

E eu lembro claramente de falar em voz alta: “Sim!!!”

Aos poucos eu fui lendo relatos de mais pessoas que sentiam as mesmas coisas. Mais gente com a mesma angústia de ver a juventude e a vida sendo desperdiçadas em trabalhos que não faziam sentido para eles. E essas pessoas me mostravam alternativas. Mostravam que era possível viver algo diferente.

Conheci histórias dos mais diversos tipos, desde nômades digitais que vivem a vida inteira trabalhando remotamente até profissionais comuns que simplesmente tiram períodos sabáticos para recarregar as energias antes de voltar para o modelo tradicional de trabalho.

Se a insatisfação servia de adubo, a esperança foi a rega diária que fez a sementinha do sonho crescer de vez. Aí já não tinha mais volta.

No começo eu bem que tentei resistir. Até escrevi o texto Confissão prévia, no qual faço preces para a vontade de viajar o mundo passar. Mas a vontade era mais profunda do que as minhas escolhas conscientes.

Então decidi transformar o meu sonho em um objetivo. Se eu não fizesse isso hoje que sou jovem, saudável, estou no começo da carreira e não tenho muito a perder, provavelmente no futuro seria ainda mais difícil.

2—Quando eu vou e quando eu volto?

Curiosamente eu defini a data de retorno antes de pensar no itinerário. Sabendo a data de início e de fim era mais fácil planejar o que fazer no meio. O plano é viajar até o final desse ano, voltando para o Brasil até dezembro.

Já o começo está mais próximo do que nunca. Nem pra mim parece que já está tão perto. Escrevo esse texto na terceira semana de maio e na semana que vem já embarco no meu primeiro voo.

Esse começo vai ser um pouco diferente, pois a primeira parada é a Colômbia, que é uma viagem que já estava marcada desde janeiro e inicialmente não faz parte da volta ao mundo em si, ainda que de certa forma também faça. Calma, deixa eu explicar isso melhor.

Os dez dias que vou passar na Colômbia seriam a minha viagem de férias, porque eu não sabia que a essa altura eu já teria largado o meu emprego e estaria prestes a passar vários meses viajando. Esse trecho já estava sendo pago em suaves parcelas no cartão de crédito e tem um grande diferencial em relação ao resto da viagem: depois dele eu volto pro Brasil.

Após esse primeiro momento, tenho mais duas semanas em Goiânia. É importante frisar que eu vou voltar em junho porque eu prometi pra muita gente que faria uma despedida antes de partir de vez. Calma, amigos! Quando eu começar a postar fotos da Colômbia não quer dizer que eu fui embora e não te avisei. A despedida vai acontecer assim que eu voltar.

Em seguida começa oficialmente a viagem. No dia da abertura da Copa eu também dou o pontapé inicial, indo visitar os meus pais em São Paulo. Daí em diante é um caminho só de ida, que começa com três semanas no Peru, depois três semanas nos Estados Unidos, então três semanas na China e por aí vai. Também vou passar pela Índia, Tailândia, África, entre outros países.

A ideia é ficar bastante tempo em cada lugar, pois além de ser uma forma mais barata de viajar, eu quero conhecer cada país com calma e sempre buscanso ir além do circuito turístico must see.

O único continente pelo qual eu não pretendo passar nessa viagem é a Europa, pois embora eu nunca tenha ido até lá, acredito que ela mereça uma viagem exclusiva no futuro.

3 — Quem vai comigo?

Ninguém.

Tirando o trecho da Colômbia, em que vou estar acompanhado do Thiago, o resto da viagem é totalmente solo.

Eu até já fiz uma viagem sozinho para Ottawa, como contei no meu texto 15,6 quilômetros de inverno, mas foi uma viagem absurdamente mais curta do que a que eu estou me propondo a fazer agora. Foi incrível, mas mesmo assim tive momentos de bad por estar sozinho em um hostel do outro lado do mundo, então sinceramente estou pronto pra lidar com o meu psicológico tentando me sabotar.

Por outro lado, estou empolgado, otimista e preparado para encarar a solitude. Eu já morei sozinho por anos e me considero uma pessoa bem independente. Não tenho nenhum problema em me divertir sozinho e gosto da minha própria companhia, mesmo quando estou na minha cidade, então acho que vou me adaptar bem aos meses solitários na estrada.

Sem falar que fazer amigos na estrada é um processo natural e eu sou bem extrovertido, então estar sozinho provavelmente me tornará ainda mais aberto a conhecer outros viajantes e suas culturas. Veremos.

4 — Como eu consegui dinheiro para fazer uma volta ao mundo?

Essa é uma pergunta um pouco mais complexa e que por si só já merece um texto. Eu prometi abrir o jogo e vou cumprir. Clique aqui para ler o texto completo:

5 — E depois que eu voltar?

Sinceramente eu não sei.

Não sei em qual intensidade a volta ao mundo vai afetar a minha visão de mundo e os meus objetivos de vida. Pode até ser que não faça muita diferença. Mas também pode ser que eu volte convertido para o budismo e resolva viver uma vida de abnegação, sei lá.

No entanto, pelo que tenho visto nos relatos de quem já foi, voltar não é tão terrível. Pelo contrário, a maioria dos viajantes narra a estranha surpresa de perceber que tudo continua mais ou menos como foi deixado. A vida segue seu ritmo habitual e voltar para a cadência de sempre aparentemente é muito mais simples do que a gente supõe antes de partir.

Se eu vou querer voltar pra mesma rotina ou não, é impossível prever. Pode ser que depois disso eu dê um salto na carreira. Ou pode ser que eu demore a conseguir um bom emprego novamente. Não adianta tentar fazer suposições.

Como referência, o autor do texto sobre trabalho que eu citei lá no primeiro item deixou o emprego em uma grande seguradora para fazer trabalho voluntário na Índia e recentemente começou a trabalhar na Google. Largar tudo e tirar um tempo para se encontrar não é sinônimo de se isolar do mercado de trabalho para sempre.

Quando eu voltar eu conto o que deu.

6 — Como vou registrar a viagem?

Essa é uma questão muito interessante, porque produzir conteúdo é literalmente o meu trabalho.

E ainda por cima é meu hobby também.

Quando estudei por um ano no Canadá, eu criei o projeto Go Can, um diário online com vídeos, fotos e textos no qual eu falava sobre o que eu estava vivendo e aprendendo no país. Foi uma experiência muito bacana e que me ensinou muito, além de ter me possibilitado conhecer várias pessoas bacanas na internet e até na vida real.

O meu TCC na faculdade de comunicação foi um livro sobre relatos de viagens, chamado “As viagens que não fiz”, no qual estudei a fundo a estrutura de uma viagem, entrevistei pessoas e desenvolvi um projeto gráfico-visual baseado na vivência dos viajantes entrevistados. É baseado nessa pesquisa que hoje escrevo artigos como Viajar não é fugir de si mesmo e Você acha mesmo que alguém quer ler sobre as suas viagens? para as revistas Trendr e Subjetiva.

Sem falar que recentemente criei a minha própria publicação aqui no Medium, a Revista Passaporte, que é um projeto colaborativo para textos de viagem, turismo e assuntos relacionados. Atualmente a publicação conta com a contribuição de muitos escritores e já tem excelentes textos adicionados.

Então é claro que eu vou registrar a minha volta ao mundo. É algo que eu amo fazer.

O plano para narrar essa aventura é utilizar o que cada plataforma tem de melhor, sem centralizar todos os tipos de conteúdo em um único lugar, como já fiz algumas vezes.

Primeiramente eu quero escrever muito, constantemente e livremente no meu perfil do Medium, que é a rede social onde você está lendo esse texto. Caso tenha caído aqui de paraquedas através de alguma outra rede social, o Medium é uma plataforma para leitores e escritores e eu venho postando aqui com frequência desde o começo do ano. Veja meus textos aqui.

Farei o máximo de stories no meu Instagram, pois é uma forma mais informal e instantânea de mostrar o que está acontecendo. Depois irei salvar os stories de cada lugar nos highlights do meu perfil, como tenho feito com as minhas demais viagens, pois nunca fui fã de coisas efêmeras e quero deixar tudo registrado.

Também usarei o Instagram para postar fotos na timeline, é claro, porque eu amo fotografia e edição de imagens. Mais uma vez vou me comprometer a fazer milagre usando a câmera de um celular, pois não tenho câmera profissional. No entanto, tenho conseguido resultados bem satisfatórios usando as câmeras de smartphones atuais e prometo me esforçar para conseguir bons cliques.

E por último, mas certamente não menos importante, eu vou reativar o meu canal do YouTube, que não era atualizado desde 2015. Descobri recentemente que alguns dos meus vídeos da época do Go Can tem milhares de views e estou com saudade de produzir conteúdo audiovisual que não seja material publicitário, então resolvi aproveitar essa oportunidade.

Se eu vou ficar famoso em alguma dessas plataformas e começar a receber mimos e convites para eventos? Convenhamos que não. De todo modo, vai ser um prazer fazer o que eu gosto e registrar essa viagem para a posterioridade.

Espero ter tirado as principais dúvidas e comunicado oficialmente a minha mais nova aventura. Aproveito para agradecer todo o apoio que estou tendo dos meus amigos e familiares e todas as reações positivas, que felizmente têm sido a maioria.

Se você ou alguém que você conhece quiser ficar por dentro da minha viagem, fazer mais perguntas, dar opiniões, me xingar ou me elogiar, é só seguir as minhas redes sociais abaixo e me acompanhar pelos próximos meses:

Está dada a largada.

Gostou desse texto? Deixe suas palminhas clicando até 50 vezes no botão aqui do lado ou lá em baixo, isso ajuda esse post a ter mais visibilidade. Aproveite para me seguir aqui no Medium clicando no botão ao lado da minha foto.

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Igor Mariano

Brasileiro, gestor de marketing, apaixonado por viagens, café, cerveja, livros e tudo que nos distrai • www.instagram.com/igor_mariano