Diário Catarinense e a precipitação do futuro
O Diário Catarinense matou uma de suas edições de fim de semana. Tecnicamente, a notícia do Coletiva.net erra em dizer que o que morreu foi a dominical — o que morreu foi o jornal de sábado, aquele naco de papel que ninguém nas redações sabe para que presta. “É um jornal de dia de semana? Mas vamos publicar um caderno de ~cultura~ e leituras mais longas!”
Se você trabalha em uma redação de jornal, levante-se de sua cadeira, olhe ao redor e guarde este momento na memória, porque o Diário Catarinense é o primeiro de uma enxurrada. Uma enxurrada que vai acontecer muito, muito rápido e mudar a paisagem dos jornais brasileiros em alguns anos.
Mas, por que, Igor? Até o ano retrasado, jornais davam lucro! A circulação de alguns ainda cresce a olhos vistos! Listemos os fatores:
- Se a queda da receita de publicidade impressa já era a tendência em momentos de economia “aquecida”, imagine agora que o Brasil enfrenta uma recessão profunda?
- O aperto nas margens de lucro dos últimos anos deixa pouca folga orçamentária para tentar superar a marola/tsunami
- O fim dos classificados, fontes de receita com margens de lucro imensas — até os corretores de imóveis já estão sabendo
- O dólar, que dita o preço do papel jornal, custava R$ 2,18 há 2 anos, e agora custa R$ 3,90
Alias…
Demorou. A melhora na renda média das famílias brasileiras possibilitou uma década de receitas e circulação em alta para os jornais. A crise da disrupção digital chega com alguns anos de atraso em relação ao que ocorreu na América do Norte e na Europa.
Jornais médios americanos, que equivalem a grandes jornais brasileiros em alcance, já começaram há tempos a cortar edições de dias de semana por razões financeiras. (Aqui também)
Um dos maiores jornais canadenses em língua francesa, o La Presse, decidiu cortar todas as edições de dia de semana.
Onde quero chegar?
Esperem cortes de dias de circulação nos jornais brasileiros. Talvez mais do que apenas de finais de semana.
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