Louis-Jacques-Mandé Daguerre
História da Fotografia
O inventor parisiense do primeiro processo fotográfico comercializado.
Em 1829, o parisiense Louis-Jacques-Mandé Daguerre (1787-1851), que vinha tentando descobrir um método para produzir fotografias, associa-se ao inventor francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833).
Daguerreótipo
Após anos de experimentos, em 1837, Daguerre descobre que placas de cobre cobertas por uma fina camada de prata polida e sensibilizada com vapores de iodo podiam captar imagens vistas na câmara escura (camera obscura) modificada (câmara de caixa deslizante), após uma exposição de cerca de 25 minutos.
O contato com a luz transforma os cristais de iodeto de prata em prata metálica, formando uma imagem latente, revelada posteriormente com o vapor de mercúrio e fixada com hipossulfito de sódio. O resultado é uma permanente imagem positiva direta e em baixo relevo: uma fotografia única na placa de prata, não sendo possível fazer cópias.
O Processo de Daguerreotipia
O ateliê do artista, 1837
Os primeiros sucessos de Daguerre foram naturezas-mortas, fazendo reproduções de objetos artísticos para demonstrar a precisão de seu invento, como se vê em O ateliê do artista, 1837, o primeiro daguerreótipo a ser exposto, revelado e fixado com sucesso.
Boulevard du Temple, Paris, 1838
Em 1838, Daguerre realiza a primeira fotografia a incluir pessoas, que surgem como vultos em uma rua de Paris, em Boulevard du Temple, Paris. Carruagens, cavalos e pessoas passavam pelo movimentado boulevard, mas o longo tempo de exposição e a pressa com que se moviam os relegou à condição de fantasmas. No entanto, a preocupação de um homem com a aparência de seus sapatos faria com que ele e seu engraxate ficassem parados por tempo suficiente para fazerem história. É possível que Daguerre tenha pagado aos dois, ou os tenha encorajado de alguma outra forma a fazer a pose, por conta do longo tempo de exposição necessário.
No mesmo ano, Daguerre exibiu exemplos como Boulevard du Temple, Paris e tentou vender seu processo por encomenda, sem sucesso.
A placa Boulevard du Temple, Paris sobreviveu a um bombardeio durante a Segunda Guerra Mundial, para ser quase totalmente apagada em uma tentativa equivocada de limpá-la por volta de 1960. Por sorte, o curador fotográfico e historiador Beaumont Newhall (1908-1993) solicitara uma reprodução de alta qualidade da imagem de modo a imprimi-la para sua exposição pioneira no Museu de Arte Moderna de Nova York em 1937, denominada Photography, 1839-1937.
Em 1979, Peter Dost e Bernd Renard usaram a reprodução do Boulevard du Temple, Paris para criar um fac-símile do daguerreótipo, que atualmente se encontra exposto em Munique.
Daguerreótipos de Daguerre
“O detalhismo da imagem é inconcebível. Nenhuma pintura ou gravura jamais chegou aos seus pés.” Samuel Morse
Cada daguerreótipo preservava os mesmos gloriosos detalhes e sutilezas tonais da imagem original, como se um “espelho” minúsculo tivesse sido colocado diante da natureza.
A divulgação do processo de daguerreotipia, 1839
Em 7 de janeiro de 1839, François Arago, da Académie des Sciences, revelou ao mundo de que era possível capturar a imagem vista na câmara escura, através da divulgação da invenção do daguerreótipo do Daguerre, juntamente com a intenção do governo francês de comprar seus direitos em todo o mundo.
A divulgação do daguerreótipo foi seguida pela notícia do processo fotográfico desenvolvido na Inglaterra por William Henry Fox Talbot (1800-1877). O processo de Talbot, batizado pelo próprio inventor de “desenho fotogênico”, resultava numa imagem negativa em papel cujas características a aproximavam das artes gráficas. Enquanto o daguerreótipo era um objeto único (não havia negativo), um desenho fotogênico poderia ser usado para produzir inúmeras cópias positivas.
E, em maio de 1839, quando os detalhes técnicos dos processos do Talbot e do Daguerre ainda não tinham sido publicados, Hippolyte Bayard (1801-1887), funcionário francês do Ministério de Finanças, anuncia que inventou de forma independente o processo de positivo direto em papel, aliando o positivo direto do Daguerre ao uso de papel do Talbot.
Em 19 de agosto de 1839, a daguerreotipia é doada oficialmente ao mundo pelo governo francês, quando, discursando em nome de Daguerre em um simpósio que reuniu, em caráter especial, membros da Académie des Beaux-Arts e da Académie des Sciences, François Arago revelou os detalhes do processo de daguerreotipia.
Enquanto, no Brasil, o francês Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879), inventor do processo de photographie a partir de 1833, ao tomar conhecimento da descoberta de Daguerre, enviou comunicado à imprensa de São Paulo (A Phenix, 26 out. 1839) e do Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, 29 dez. 1839) declarando:
Como eu tratei pouco da ‘photographie’ por precisar de meios mais complicados, e de suficientes conhecimentos químicos, não disputarei descobertas a ninguém, porque uma mesma ideia pode vir a duas pessoas, porque sempre achei precariedade nos fatos que alcançava, e a cada um o que lhe é devido.
O processo de photographie consistia na fixação da imagem captada por uma câmara escura, após exposição à luz do sol, em um papel sensibilizado com cloreto de prata em contato com um desenho produzido com ponta metálica sobre um vidro previamente enegrecido com fuligem.
O primeiro estúdio fotográfico da Europa, 1841
Em Londres, o comerciante de carvão e empreendedor Richard Beard (1801-1885) comprou de Daguerre os direitos de patente para realizar daguerreótipos na Inglaterra e abriu o primeiro estúdio fotográfico comercial da Europa em março de 1841. Contudo, os direitos de patente de Beard foram imediatamente contestados e, em seguida, legalmente revogados (uma vez que o governo francês havia cedido o processo de forma gratuita ao mundo).
O daguerreótipo foi utilizado na Europa durante a década de 1840 e meados da década de 1850. No Brasil, seu uso se estendeu até o início da década de 1870. Mas foi nos Estados Unidos que a daguerreotipia teve maior popularidade, sendo praticada até a década de 1890.
O processo de daguerreotipia chegou ao Brasil em 1840 e foi muito incentivada pelo Imperador Dom Pedro II (aos 14 anos de idade), que adquiriu duas câmeras e resolveu fazer suas próprias fotografias.
Fotogravura
O daguerreótipo conduziria à fotogravura, processo utilizado para reprodução de fotografias em revistas e jornais. Antes da invenção, a narrativa visual dos jornais era feita por desenhistas.
Experimente
Fotogravura: método do xerox
Referência Bibliográfica
HACKING, Juliet. Tudo sobre fotografia. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
George Eastman House, Rochester, Nova York, EUA.
The Daguerreotype — Photographic Processes Series — Chapter 2 of 12.
Société Française de Photographie, Paris, França.
Byerisches Nationalmuseum, Munique, Alemanha.
The Photographs of Louis Daguerre.
KOSSOY, Boris; SCHWARCZ, Lilia Moritz (Orgs.). Um olhar sobre o Brasil: A fotografia na construção da imagem da nação, 1833-2003. Madri: Fundación Mapfre; Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
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