Cenário: O Forte da Samaúma

Campanha Fúria no Inverno Verde

Porakê Munduruku
14 min readJun 13, 2020

Forte da Samaúma é o nome de um dos Caern mais emblemáticos da Amazônia Brasileira, fundado por taciturnos e resolutos Vigias de Malditos Uktena na segunda metade do século XVII e que tem sua história intimamente ligada à resistência dos povos e culturas nativas da região.

Aqui você encontrará a descrição deste Caern na época em que se passa a Campanha Fúria no Inferno Verde, ou seja, no início do século XIX. Nesta época, os Guardiões do Utinga, vivem o auge de sua Glória, heróis lendários, cujas canções ecoarão através do tempo inspirando as gerações Garou que se seguirão, caminham entre seus membros e desbravam segredos ainda inexplorados no coração da floresta, suas ações serão decisivas para a manutenção ou queda desse importante enclave Garou, um portal de entrada para uma das regiões mais selvagens do planeta.

O Forte da Samaúma

Nível: 4
Película: 3
Tipo: Determinação (Honra — Força de Vontade)
Totem: Surucucu
Seita: Guardiões do Utinga
Estrutura Tribal: Predominantemente Uktenas de ascendência indígena, mas também alguns de ascendência africana. Fúrias Negras, Filhos de Gaia e Roedores de Ossos são tolerados.
Líder da Seita: Moacir “Sombra-da-Castanheira” (Lenda Viva Theurge Uktena Hominídeo)

Criado pelo lendário Theurge Ykatean “Abre-Caminhos”, em 1669, o Caern da Seita dos Guardiões do Utinga está localizado há apenas dez quilômetros da Cidade de Santa Maria de Belém, em uma área de mata fechada às margens do Rio Guamá entrecortada por igarapés, lagos e igapós, uma rica vida selvagem e uma vida espiritual ainda mais pungente.

O Forte da Samaúma é conhecido como o mais poderoso Caern Garou à sombra da Grande Floresta, os Caerns mais próximos capazes de rivalizar com seu poder são o Caern do Ninho do Condor nos Andes peruanos, e o Caern das Águas Claras, no nordeste, próximo à Recife, ambos fundados e mantidos por Uktenas na grande imigração desde o sul do México em decorrência da ocupação espanhola e da Guerra contra os Garou estrangeiros, em especial os Senhores das Sombras.

Localização do Caern do Forte da Samaúma em Relação à Cidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará.

O território do Caern faz divisas ao norte e a oeste com fazendas nas cercanias de Santa Maria de Belém, a mais importante delas é a Fazenda do Engenho do Murucutu, o mais importante engenho de cana-de-açúcar da região, propriedade do poderoso e ambicioso Francisco Landi. Ao Sul, o Caern faz fronteira com o Rio Guamá e a Leste com as matas do Aurá, onde poucos sabem estar localizado o Mocambo do Abacatal, um pequeno quilombo oculto na mata por estranhos poderes sobrenaturais de seus habitantes.

As Matas do Utinga são policiadas ininterruptamente pelos membros da Seita, sob o comando do poderoso e rancoroso Guaraci “Fúria-do-Boitatá”, diante da preocupação em relação aos ataques dos Balam da Ilha das Onças que assolam o Caern desde sua criação e da possibilidade da invasão de Garou estrangeiros.

Dentro das divisas, o mundo espiritual é forte com uma infinidade de espíritos correspondentes a rica fauna e flora da floresta, sobretudo na área em volta da sombra do imenso Filho da clareira no coração do Caern. Na Penumbra, próximo ao Centro, a alguns metros da clareira da Grande Samaúma, ergue-se uma muralha de grandes pedras recobertas com limo e trepadeiras que justifica o nome dado pelos Garou ao local, Forte da Samaúma.

Diagrama detalhando as principais estruturas do Caern.

A muralha de pedras protege o lado norte formando um semicírculo que realmente lembra as ruínas de um forte abandonado, seu reflexo no mundo físico, entretanto, revela apenas uma barreira natural de árvores, arbustos e cipós especialmente densa e difícil de penetrar.

Todos os espíritos no interior das divisas servem ao totem do Caern e estão sempre de olho em qualquer movimentação estranha na paisagem umbral e são instruídos a remeter informações sobre qualquer alteração ao vigia. O principal deles é Guaimiaba, um espírito ancestral Balam que serve à Seita e tradicionalmente é responsável pela escolha do Vigia do Caern.

O coração do Caern é uma grande clareira, com cerca de 50 metros de diâmetro, na ponta da enseada que se projeta sobre as águas de um grande lago que os Uktenas chamam de Utinga. Toda a clareira encontra-se sob a sombra de uma gigantesca Samaúma com 50 metros de altura e um tronco de 5 metros de diâmetro. Durante o dia os raios de sol penetram na copa da frondosa e centenária árvore em feixes esparsos, que juntamente com o canto dos pássaros compõem um cenário quase idílico.

Nenhum membro da Seita que não seja da linhagem fundadora do Caern, ou seja, Uktenas de ascendência indígena, costumava ter autorização para permanecer na Clareira da Grande Samaúma, que é mantida sob permanente vigilância por Guaimiaba que costuma manter-se sorrateiro na copa da grande árvore a espera de estranhos ou incautos que ousem pisar o solo sagrado sem a devida autorização.

Recentemente, uma ousada matilha de Cliaths, cuja formação inclui até mesmo um Uktena de origem Cherokee, vindo dos EUA em missão diplomática, e um insólito Cria de Fenris de origem irlandesa, desafiou essa que foi uma das mais sagradas regras internas da seita desde sua abertura para Garou nativos não-Uktenas há quase um século. De alguma forma os membros dessa matilha ainda sem nome parecem ter sido capazes de impressionar até mesmo o soturno Guaimiaba.

As Assembleia da Seita costumam ser realizadas na primeira lua nova de cada ciclo em uma grande clareira, dentro das muralhas e a leste da Clareira da Grande Samaúma, mantida descampada pelos membros da seita às ordens do Vigia da Terra, o simpático Teçá “Olhos-Atentos”.

No lado oeste, ainda no interior da muralha, encontra-se uma clareira irregular, de não mais do que vinte metros de diâmetro onde o solo arenoso está completamente exposto, nada cresce nessa clareira, espíritos da noite rondam o local sob a luz das estrelas e mesmo sob a luz do dia a clareira guarda um leve odor da Wyrm, histórias antigas, sussurradas longe dos ouvidos Uktena, falam que este foi um lugar onde no passado eram conjurados antigos rituais de sacrifícios humanos, a verdade, seja qual for está oculta no silêncio solene dos mais eminentes membros da Seita.

História

Originalmente, o local hoje conhecido como Forte da Sumaúma foi o Recanto de um poderoso e sábio Guerreiro Balam conhecido como Guamiaba, o Cabelo de Velha. Este lendário Bastet possuía grande reputação entre os membros de sua raça e as tribos humanas nativas que habitavam as margens do Rio Guamá, antes mesmo da chegada dos colonos portugueses por volta do ano de 1616. Ele conseguiu a proeza de liderar uma aliança de Balans, Mokolés e guerreiros humanos de diversas etnias indígenas 14 coordenando ataques contra o Forte que os colonos portugueses tentavam estabelecer nos primórdios da fundação da cidade, a edificação hoje conhecida como Forte do Castelo, no episódio que ficou conhecido como “Levante dos Tupinambás” (1617- 1621).

Ao descobrir fomori e poderosos feiticeiros entre os colonos portugueses, Guaimiaba viu-se obrigado a buscar ajuda de Uktenas que visitavam ocasionalmente a região amazônica em busca de desvendar antigos segredos da cultura Inca, pois com a ajuda de espíritos foi capaz de concluir que apenas com o auxilio desses estrangeiros seria possível colocar sob controle o poderoso maldito que os colonos portugueses ameaçavam lançar desde a foz até a nascente do Grande Rio Amazonas. Foi assim que Guaimiaba contatou a matilha dos Filhos do Uktena, lideradas pelo pioneiro Tezcat “Resgata-os-Segredos”, um poderoso Theurge conhecedor dos rituais secretos dos Vigias dos Malditos.

Durante um combate épico num cerco ao Forte do Presépio, pedra fundamental da fundação da Cidade de Santa Maria de Belém, que durou vários dias e noites, Guaimiaba acabou sendo morto defendendo, ao lado de seus liderados, os místicos Uktenas que realizavam o poderoso ritual que aprisionou o maldito nas profundezas do solo que viria um dia a abrigar a Cidade.

Por mais de meio século a força do ritual e do sacrifício de Balans, Mokolés, Parentes e Uktenas foi suficiente para manter distante a ameaça da Wyrm, embora a pequena vila comercial se desenvolvesse e originasse a Cidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará. Na segunda metade do século XVII, entretanto, o crescimento da cidade, da miséria e da exploração e opressão de Negros e Índios escravizados, trouxe de volta a ameaça do despertar da Criatura da Wyrm.

Foi então que uma proeminente matilha conhecida como “Os Semeadores”, liderada pelo lendário mestre de rituais da distante Seita do Ninho do Condor, Ykatean “Abre-Caminhos”, foi guiada por Guaimiaba, dessa vez na forma de um Espírito Ancestral, de volta a estas terras, em uma longa jornada umbral, para que pudessem realizar ritual que consagrou o antigo recanto de Guaimiaba como o Caern dos Guardiões do Utinga, assim eles podiam manter vigilância e realizar os rituais periódicos que manteriam o espírito maldito aprisionado.

Ykatean foi o primeiro líder de fato da Seita, embora tenha honrando a memória de seu antecessor, o pioneiro Tezcat “Resgata-Segredos”, lembrado simbolicamente como o primeiro Guardião do Utinga. Tomou como esposa as descendentes de Guaimiaba e Tezcat para dar origem a linhagem Uktena que até os dias de hoje comanda o Forte da Samaúma. Engendrou incontáveis Parentes, mas apenas um único Garou verdadeiro, a quem chamou Moacir “Sombra-da-Castanheira”. Estabeleceu os primeiros redutos de parentes na região. Repeliu os ataques de Malditos e Balam nativos contra o Forte da Samaúma. Apaziguou os espíritos locais atormentados pelos Estrangeiros da Wyrm. Mas pereceu nas garras do Senhor das Ilhas das Onças, em um ataque traiçoeiro, durante a guerra contra os Balam conhecida como Cerco das Sombras após contemplar sua 45ª estação chuvosa.

Seu filho e sucessor, Moacir Sombra-da-Castanheira, é ainda o líder dos Guardiões do Utinga, alfa da Matilha dos Filhos de Amanaci, abençoada pelo Sapo, no qual resultou ser o único sobrevivente por ter alcançado a idade venerável de 138 estações chuvosas. Conhecido por explorar os segredos da Umbra Amazônica, combater o Anhangá e o Jurupari, ser amigo dos povos da floresta e forjar alianças com Totens Amazônicos como o Muiraquitã, o Poraquê, a Rã Ponta-de-Fecha e o Boitatá. Foi reconhecido como Ancião por seu próprio pai, Ykatean “Abre-Caminhos”, em seu leito de morte. Selou por em duas diferentes ocasiões a paz entre os Guardiões do Utinga e os Balam da Ilha das Onças, a primeira ao por fim o Cerco das Sombras, a segunda ao reparar os erros do infame Presa de Parta “Lidera-pelo-Sangue”, a quem havia derrotado em combate singular, conquistando o direito de portar a infame Klaive “Presa-Sangrenta”. Espalhou sua semente aos sete ventos e engendrou quatro Garous verdadeiros: Miraci “Pedra-Molhada”, Tabajara “Relâmpago-Submerso”, Itajury “Língua-de-Sapo” e Guaraci “Fúria-do-Boitatá”.

Há mais de meio século, desembarcou no Grão Pará a matilha liderada pelo Presa de Prata Pedro “Lidera-pelo-Sangue” Alcântara, que desafiou Moacir “Sombra-da-Castanheira” pela liderança da seita, mas derrotado, perdeu sua Klaive, Presa-Sangrenta, e o que restava de sua sabedoria. Tomado pela vergonha decidiu desafiar o maior inimigo da Seita, o Senhor da Ilha das Onças e despertou novamente a fúria Balam contra o Forte da Samaúma. Em sua incursão até o território Balam viu perecer todos os demais membros de sua matilha e ao escapar foi julgado em um tribunal Uktena e condenado ao ostracismo desaparecendo no interior da Grande Floresta.

A invasão da Ilha das Onças desencadeou uma nova Guerra entre os Balam e os Guardiões do Utinga, que durou anos até que Moacir pudesse negociar novamente uma paz que perdura até a atualidade. Corre pela seita que a impressionante longevidade de Moacir “Sombra-da-Castanheira” se deve a um pacto com poderosos espíritos da floresta e que só lhe será permitido morrer quando a presença Uktena no interior da Grande floresta estiver definitivamente estabelecida, um esforço para o qual o Theurge tem dedicado integralmente sua longa vida.

Glifo Garou para Identificar o Caern do Forte da Samaúma.

Cronologia

1519/1520 — Espanha conquista a Mesoamérica. Hernán Cortés Monroy Pizarro Altamirano conquista os Astecas. Senhores das Sombras, os primeiros Garou estrangeiros a chegar ao novo mundo, encontram e atacam Uktena locais. Ao encontrarem com os Fera locais tem início a Segunda Guerra da Fúria.

1521 — Conquista Tenochtitlán pelo explorador espanhol Hernán Cortés marca o Fim do Império Asteca. Senhores das Sombras assassinam o último Camazotz.

1533 — Morte do Imperador Atahualpa pelas mãos do conquistador espanhol Francisco Pizarro González marca o fim do Império Inca. Parentes Balans e nobres refugiados são obrigados a migrar para a foz do Rio Amazonas, misturando-se as tribos indígenas locais.

1560 — Nasce Pachukuti Antisuyu, aquele que receberia na língua indígena local o nome de Guaimiaba, o “Cabelo-de-Velha”, lendário Guerreiro Balam, herdeiro direto da nobreza Inca exilada na foz do Rio Amazonas.

1615 — Guaimiaba, o Sábio, têm uma visão que o previne sobre a eminência de um grande mal.

1616 — Francisco Caldeira Castelo Branco, auxiliado por forças sobrenaturais, destrói o Lamaçal Mokolé Ancestral de Paraná-Guaçu, erigindo sob seus destroços o Forte do Presépio, pedra fundamental sobre a qual será erguida a Vila de Santa Maria do Grão Pará, atual Cidade de Santa Maria de Belém, capital da Provincia do Grão-Pará.

1617 — Guaimiaba reúne aliados humanos e metamorfos para tentar expulsar os colonos portugueses da Baía do Rio Guamá. Tem início o Levante dos Tupinambás.

1618 — Após algumas vitórias parciais na luta contra os colonos. Guaimiaba é guiado pelos espíritos em uma jornada através da Umbra até a Matilha de Tezcat “Resgata-os-Segredos”, sábio líder Uktena que busca estudar os segredos perdidos da cultura Inca. Juntos, o Guerreiro Balam e a Matilha Uktena seguem para as cercanias do Forte do Presépio convencidos da importância de sua aliança para o sucesso do Ritual que irá aprisionar o Poderoso Maldito acidentalmente despertado pela presença dos colonos portugueses..

1619 — Guaimiaba e grande parte de seus comandados morrem defendendo o Ritual Uktena, o poderoso Maldito é aprisionado sob o solo onde no futuro será erguida a Cidade de Santa Maria de Belém. Os visitantes Uktenas são obrigados a sacrificar suas vidas para o sucesso do Ritual. Balans e líderes indígenas sobreviventes recuam para o interior e tentam manter vivos focos de resistência aos colonizadores.

1620 — Sucessivos massacres indígenas finalmente põem fim ao Levante dos Tupinambás. Aliados Balans de Guaimiaba são abatidos um a um. Do lado dos colonos destacaram-se nessas lutas Mathias de Albuquerque e Manuel Pires, que dizimam as tribos localizadas nos sertões de Cumã e Tapuitapera; Diogo Botelho, que arrasa a aldeia de Muju; Gaspar de Freitas, que luta nas aldeias de Iguapé; além de Bento Maciel Parente e Pedro Teixeira.

1621 — A Corte Portuguesa concorda com a reivindicação do capitão Manoel de Souza Eça, e decide enviar missionários jesuítas ao Grão-Pará. A influência de Filhos de Gaia no interior da Ordem Jesuíta auxilia no esforço de colocar fim a perseguição aos indígenas.

1669 — Guiados por um imponente espírito-jaguar a matilha do Uktena Ykatean “Abre-Caminhos” chega às cercanias da Cidade de Belém, através de visões proporcionadas pelo Grande Uktena revêem a história do aprisionamento do Maldito sob a Cidade e reconhecem o espírito que os guiou como Guaimiba, o Balam. Com a benção do Espírito Ancestral Balam e o apoio dos Vigias dos Malditos, Ykatean cria o Caern do Forte da Samaúma e é aclamado o primeiro líder da Seita batizada de Guardiões do Utinga.

1670/1689 — Guerra do Cerco de Sombras — Período de intensos conflitos entre a recém criada seita dos Guardiões do Utinga e os Balans da Ilha das Onças. Durante essa guerra o Caern foi insistentemente 14 assediado, a seita esteve ameaçada e diversos garou pereceram, entre eles, o lendário Ykatean “Abre-Caminhos”, morto pelas garras do próprio Senhor da Ilha das Onças. O conflito terminou pela intervenção diplomática de Moacir “Sombra-de-Castanheira”, filho e sucessor de Ykatean “Abre-Caminhos”.

1671 — Nasce o lendário líder Garou Moacir “Sombra-da-Castanheira”, fruto da união entre Ykatean e uma Parente. Moacir é o primeiro Garou nascido em solo amazônico, assim como é primeiro Garou de sangue nativo que se tem notícia.

1688 — Com a Morte de Ykatean durante um ataque Balam ao Caern, Moacir “Sombra-da-Castanheira” é aclamado sucessor de seu pai na liderança da Seita dos Guardiões do Utinga.

1689 — Moacir “Sombra-da-Castanheira” sela a paz com os Balam pondo fim a Guerra do Cerco de Sombras.

1748 — Uma matilha de Garous estrangeiros formada por exploradores Crias de Fenris e Fiannas liderados pelo Presa de Prata Pedro “Lidera-pelo-Sangue” Alcântara, aporta no Caern do Forte da Samaúma. Após um conturbado período de conflito e desentendimentos entre os Garou locais e estrangeiros, o Presa de Prata desafia Moacir pela liderança da Seita, mas acaba derrotado, em seguida provoca os Balam da Ilha das Onças dando inicio a Guerra do Sangue Desperdiçado.

1748/1780 — A Guerra do Sangue Desperdiçado — Conflitos iniciados pelo infame Presa de Prata Pedro “Lidera-pelo-Sangue” Alcântara que custaram incontáveis vidas aos Guardiões do Utinga. Os conflitos começaram com atritos entre Garous nativos e estrangeiros e levaram a um desafio ritual entre o Ancião Presa de Prata e o Moacir “Sombra-da-Castanheira” pelo direito de governar o Forte da Samaúma. Após ser derrotado o Ancião Presa de Prata visitou a Ilha das Onças, foi o primeiro Garou a retornar dos domínios Balam com vida, mas atraiu a Fúria do Senhor da Ilha das Onças contra o Forte da Samaúma. Por este crime foi condenado ao Ostracismo e parte em direção as Ruínas Incas para nunca mais voltar a ser visto.

1755 — Após anos de articulações políticas e trabalho árduo, Filhos de Gaia e seus parentes jesuítas comemoram a decretação da Lei Imperial que restitui a liberdade dos indígenas cativos nas províncias do Grão Pará e Maranhão, proibindo a partir daquela data sua escravidão. Os esforços da tribo passam a se concentrar na luta pela libertação dos negros, embora a presença Mokolé dentro do movimento negro de resistência dificulte bastante o trabalho dos abolicionistas Filhos de Gaia.

1760 — O Marquês de Pombal expulsa as Missões Jesuítas da Região, o episódio é um duro golpe contra as bases de poder dos Filhos de Gaia dentro da Igreja Local.

1766 — O Arquiteto Italiano Antônio Landi adquire o Moinho do Murucutu, nas cercanias do Caern do Forte da Samaúma, e o converte em um Engenho de cana-de-açúcar a partir da utilização de grande volume de mão de obra escrava, ele inicialmente tenta usar a mão-de-obra indígena, mas, com a proibição obtida onze anos antes, é obrigado pelas autoridades portuguesas a adquirir escravos de origem africana.

1782 — Sob a benção da Meia-Lua, nasce, na Vila de Barcarena, João Batista Gonçalves Campos, primeiro Filho de Gaia nascido em território Amazônico.

1790 — Levante de Negros escravizados do Engenho do Murucutu conta com o apoio de Filhos de Gaia da Seita dos guardiões do Utinga. Landi, velho aliado de vampiros locais, obtém reforços de soldados e vampiros vindos de Belém, mas não consegue impedir a fuga de vários escravos.

1793 — Início das primeiras romarias jesuítas que dariam origem ao Círio de Nazaré.

1800 — João Batista “Língua-Ferina” Campos é ordenado cônego após passar por sua primeira mudança durante uma visão na qual vê Nossa Senhora de Nazaré convertida à imagem de Gaia unindo as raças metamórficas da Amazônia para banir da região a danosa influencia estrangeira da Wyrm materializada pela Coroa Portuguesa.

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Porakê Munduruku

Mombeu’sara, griô amazônida e escritor. Administrador da Página Brasil in the Darkness e integrante da Kabiadip-Articulação Munduruku no Contexto Urbano.