Leio uns versos quaisquer
Bonitos
Bem construidos
Mas não primais.
Li ele em uma ruela da vida
E vi como deveria ver:
Essa minha mensagem é para você
Minha formosa musa
A eterna indigente da galáxia
Enterrada no fundo do cosmo
Com os vermes do acaso
Sempre procuro outros sonhos
Que não sejam amor:
Viajando na beirada das estrelas
Deslisando os dedos nos anéis de Saturno
Dormindo com nebulosas, estas chovendo em meus cabelos.
Banho os golfadas de minha mediocridade
Com palavras rebuscadas em demasia
Disfarço minha ignorância com sagacidade
Com alegorias e fantasia
Se eu fosse um homem
Eu poderia sonhar e ser sonhado
Chorar e ser chorado
Até o fim dos meus dias
À dias do fim.
O dia está chegando
O dia em que as músicas estarão todas surdas
Quando os quadros todos cegos
Quando os livros mudos
Em lágrimas se afogou
Tornou-se Ofélia que não era só sua
Debruçado aos gritos surdos da meia-noite
Gritos iguais sussuros
Já não respira no leito
Você é o meu Novo Mundo
Você é a milha Marília
Teu olhar já me exila
Desconheço um mais profundo
A tinta da caneta
É a sombra da alma.
Rouba-lhe o contorno,
Mas só sob a luz
A vida se revela.
A vela no meio da mesa
Majesta no escuro,
Te olho,mas não te vejo
Me enxergando
Apenas seus olhos
Me olhando
Oblíquo
Sem verem o que há detrás da cortina
Os bastidores de minh’alma