20 anos em 2 de Academy
Já comecei esse texto de 35 maneiras diferentes e simplesmente não consigo terminar. Então vou fazer o melhor que der e publicar. Assim como eu aprendi na Academy.
Decidi juntar nesse texto-relato-reflexão-flashback-bagunça-caos os momentos mais importantes para mim (até agora). Acabei não entrando no mérito dos projetos do primeiro ano, pois já fiz isso com mais detalhes nessa reflexão e sobre os nano challenges nessa outra.
Referencial
Dentre muitos momentos que eu nunca vou esquecer — por exemplo o Binder me dando um susto pensando que ele ia derrubar meu iPhone novinho, memória que me persegue e assusta até hoje— o mais importante com certeza foi ser recebida pela Hilary, uma das responsáveis na Apple pelo projeto.
A minha primeira observação em qualquer ambiente é a quantidade de mulheres, principalmente quando falamos de TI. Além de terem entrado poucas programadoras, não tínhamos nenhuma mentora mulher. Eu lembro de ficar aliviadíssima ao chegar aquela noite e dar de cara com a Hilary lá. E o sorriso que começou simplesmente por ser recebida por uma mulher se transformou numa felicidade enorme ao longo da sua fala e desses dois últimos anos. Eu nem sabia muito bem quem ela era ou o que fazia, mas me senti extremamente bem vinda e acolhida. O contato com suas experiências e ponto de vistas, por mais que esporádico, teve um papel muito forte em formar a mulher e profissional que sou hoje. Desde o começo eu me encantei muito com a maneira que ela se comunica e se apresenta ao mundo, e tenho ela como um referencial enorme de pessoa forte. O tipo de pessoa que eu quero ser quando crescer.
WWDC17
Até hoje quando toca All Right do Christopher Cross eu fico com um quentinho no coração. Acho que a gente fala pouco sobre o fato da música tema da WWDC17 ter sido essa. Você já reparou na letra dessa maravilha?
I know, I know what’s on your mind
And I know it gets tough sometimes
But you can give it one more try
Find a reason why
You should pick it up
And try it again’Cause it’s all right
I think we’re gonna make it
I think it might just work out this time
Pois é. Pensando agora, essa música foi um puta foreshadowing do que ia ser minha experiencia na Academy.
Saltar em direção a quem eu queria ser
Em muitos momentos eu me senti completamente perdida e sem direção. Melhor dizendo, com MUITAS direções. Ser uma pessoa multidisciplinar e gostar muito tanto da parte de design quanto de programação foi um desafio muito grande e muitas vezes parecia que eu estava estagnada tentando lidar com essa multiplicidade de tarefas. Avançava um pouquinho aqui, um pouquinho ali, mas a sensação geral era a de estar parada. Ah, como eu estava enganada
Eu não consigo nem começar a listar as habilidades não relacionadas a codar-codar-codar que eu desenvolvi durante esse tempo todo. Só acho importante ressaltar que são muitas. E hoje em dia elas são as mais importantes pra mim. As vezes penso que programar seja uma atividade de final de semana na minha vida, e meu trabalho gire em torno de algo mais relacionado a humanos. E eu to plena e feliz com isso.
Cair e Levantar
Esse ano minha cabeça quebrou. É só assim que eu consigo descrever o que foi o processo esses 6 últimos meses. Tentei fazer muitas coisas sozinha e me esgotei muito rapidamente. Quebrou completamente e eu tive a sorte de estar no lugar certo com as pessoas certas, que me ajudaram a colocar os pedacinhos no lugar de volta.
Pretendo escrever uma reflexão completa sobre todo esse processo e o Codando Juntas e acrescento aqui.
Oportunidades
Eu sempre sonhei em viajar a trabalho. Desde que eu consigo me lembrar, a ideia de conhecer lugares por aí, trabalhar com algo massa e trocar com pessoas de todos os lugares? É SÉRIO QUE ISSO É POSSÍVEL?!?!?!?!? Sim! Pelas oportunidades que tive aqui, fui parar na Califórnia, em Brasília, em São Paulo, em Campinas, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Conheci pessoas incríveis que mudaram minha percepção sobre a vida e o mundo.
O iPrédio & eu
Para mim, esse lugar já teve muitos significados. Foi um lugar de descobertas, de aprendizado, de diversão. Alguns dias eu não queria sair de lá de maneira nenhuma, outros dias passava contando os segundos no relógio. Alguns dias eu fui mais pelo papo, outros para trabalhar sem parar. Alguns mais pelos equipamentos do que qualquer outra coisa. Alguns dias não fui, pela minha saúde.
Todos esses dias serviram pra construir quem eu sou hoje: uma Desenvolvedora iOS. Não só programadora, não só designer. Não só preocupada com os requisitos técnicos do App, e nem só com usuário. Não só com ganhar dinheiro, nem só com causar impacto. Desenvolvedora, pra mim, um equilíbrio entre tudo isso que eu falei. Alguém que tem sua expertise de execução técnica, mas é capaz de analisar o ecossistema como um todo e entender o que está fazendo não só em seu escopo de tecnologia. Não generalista, nem especialista. Uma profissional em T. Que consegue se adaptar conforme a necessidade.
Desde que começou o programa, eu sinto um movimento muito grande de auto conhecimento e construção. Por causa do meu processo aqui dentro, hoje eu entendo muito melhor a minha capacidade, o meu potencial e os meus limites. Tenho muito mais noção da profissional que quero ser. Mas principalmente, eu enxergo muito mais a pessoa que sou. Eu tenho consciência e orgulho do que sou capaz, coragem pra admitir o que não sei, e força e autonomia pra correr atrás do que faz sentido. Tive o luxo de poder errar, a resiliência pra acertar e apoio verdadeiro a todos os momentos.
Eu entrei com muita vontade e ânimo. Hoje, além disso, tenho a capacidade de direcionar essa energia ao que importa.
Afinal, o que é a Academy?
A Academy é uma caixa de legos. Tem umas peças lá, e você pode construir o que quiser com ela. Eu construí a mim mesma. E numa velocidade e intensidade bizarra. Independente de app publicado ou não, de projeto ter ido pra frente, de dinheiro, equipamento ou estrutura, eu ganhei voz e espaço.
Tantos anos eu tive medo de voltar pra área por não acreditar que haveria lugar pra mim. Eu achei. Meu lugar é a Apple Developer Academy PUCPR.
