Futebol para todxs: dinheiro, paixão e política
O futebol para alguns é apenas um jogo, já para outros trata-se de uma forma de vida; Há quem faça disso um grande negócio financeiro e há quem o siga como uma ideologia, uma grande paixão ou até mesmo religião. Faz parte do mundo atual, da sociedade de massas que cerca tudo; Está presente em qualquer parte do mundo e por trás dele existem interesses ocultos. Não trata-se de apenas 90 minutos e uma bola rolando para 22 jogadores para uma multidão de espectadores.
Dinheiro e paixão
O futebol está além do esporte, as pessoas dedicam tempo e dinheiro para atividades voltadas ao futebol. Observado a partir de duas perspectivas, a do torcedor e a do profissional: na visão do torcedor, o futebol é jogado e acompanhado no tempo de lazer, sendo que, não há muito ou quase algum envolvimento financeiro; Nas escolas e nas ruas, representa um modo de se relacionar, socializar e integrar. Quanto ao aspecto profissional, engloba os trabalhadores relacionados como jogadores, técnicos, médicos, advogados, jornalistas, diretores e empresários no qual deixa claro o lado financeiro envolvido.
Os torcedores estão ligados ao time, quando ganham, se alegram, quando perdem, se entristecem; Cruzam sentimentos de alegria e tristeza. O torcedor sofre a cada dia pelos resultados do time e almeja alcançar uma meta que quando alcançada é comemorada com muita festa e euforia. Os dirigentes do clube também celebram pois obterão benefícios econômicos. [No mesmo ponto de vista, porém financeiro, quando ganham, se alegram, quando perdem, se entristecem, mas isso por conta de todo o dinheiro envolvido].
A profissionalização transformou o futebol em um negócio, os poderosos viram que era o esporte do povo e as competições foram além das quatro linhas. Através da sociedade de massas, o futebol transformou-se em um verdadeiro fenômeno social e daí derivou um grande instrumento de poder que atualmente serve aos interesses dos grandes.
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Futebol e política
O futebol constantemente é usado pela política, exemplo disso o italiano Silvio Berlusconi que esteve na presidência do AC Milan e também foi primeiro ministro da Itália, cargo alcançado pelo seu poder econômico e poder na mídia que costuma usar o futebol como um de seus agentes.
Houveram intervenções políticas como mostram os casos de Garrincha na copa de 62 no Chile, o ponta havia sido expulso no jogo contra os donos da casa e mesmo assim jogou a final daquela edição do mundial, o então presidente chileno Jorge Alessandri enviou uma carta à FIFA pedindo que não o deixassem de fora o “jogador de futebol tão alegre” e a própria comissão de arbitragem não fez questão de incluir na sumula a agressão cometida pelo Brasileiro; Outra marcante intervenção é a do ditador Mussolini que organizou a copa de 34 na Itália para propagar a mensagem fascista de seu governo; E temos também o caso de Francisco Franco que usou a conquista da seleção espanhola na competição continental de 64 em cima da União Soviética, a final disputada em casa foi considerada pelo ditador um símbolo nacionalista.
Em casos mais recentes como o dos anos 90, ultras do Dinamo de Zagreb (atual Croatia Zagreb) entraram em conflito com os sérvios do Estrela Vermelha. Era um reflexo da tensão nos Bálcãs que levou a uma sangrenta guerra civil. Milosevic usou a vitória da equipe sérvia como propaganda de uma suposta superioridade racial sobre o resto do mundo. A tensão entre sérvios e croatas era totalmente extra-campo, a briga pelo poder central iugoslavo que estava nas mãos dos sérvios desencadeou uma das guerras civis mais marcantes da nosso história.
O futebol é um negócio que reporta grandes benefícios, por isso tantas empresas se envolvem nesse mercado. Os valores desportivos foram substituídos por critérios mercantis e os jogadores de não passam de meros produtos de comercio. Os torcedores são postos em numa condição de espectadores, podem amar o futebol e o time do coração como amam a própria vida mas tem seus níveis de argumentação e contestação limitados pelo mercado que é o futebol. Um torcedor jamais poderá entrar na sede da FIFA e decidir e mudar a forma de gestão do presidente Gianni Infantino, pois no futebol não há condições de igualdade.
Os grandes clubes vivem em paraísos fiscais sempre isentos das taxações de mercado. Diversos nomes envolvidos na política do futebol se apropriam indevidamente não apenas do dinheiro mas do futebol em si e jamais foram penalizados por isso. O futebol é um agente direto da sociedade de massas, dentro do processo de globalização a bola corre sem fronteiras ou barreiras sociais, passando pelas áreas rurais, metrópoles e campos de refugiados.
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O texto Futebol para todxs: dinheiro, paixão e política é o resultado da tradução e adaptação do artigo Fútbol y manipulación social do jornalista Santiago Flores Álvarez-Ossorio
