360°: as diferentes visões sobre ser professor da rede pública

Guilbert Corrêa Trendt
Arquivo 11
Published in
3 min readNov 23, 2018

Por Andréia Ramires, Guilbert Trendt, Júlia Goulart, Liliane Franco e Maicon dos Santos.

A carreira de magistério é conhecida por apresentar dificuldades em diversos âmbitos. Baixa remuneração, rotina desgastante e desvalorização de mercado são alguns dos desafios atuais enfrentados pelos professores brasileiros. Por outro lado, a profissão é vista socialmente como sendo importante para a alfabetização e formação de crianças e jovens que exercerão as demais profissões futuramente.

Mesmo sabendo das dificuldades, muitos jovens ainda sonham em se
tornar professores, para espalhar conhecimento e, assim, diminuir
a desigualdade social. Mas há jovens que desistiram dos
seus sonhos por medo de não conseguirem manter uma vida
financeira estável e de sofrerem com agressões físicas e verbais por
parte de alunos.

Muitos profissionais que já estão no mercado de trabalho também
estão desmotivados. O governo do Rio Grande do Sul não cumpre a
Lei Federal 11.738/08 de pagar o vencimento básico nacional de R$2.455,35 e também não calcula os benefícios de progressão de carreira com base
nesse valor. Segundo a Secretaria Estadual da Educação (Seduc), o valor pago atualmente é de R$1.260,20 para uma jornada de 40 horas semanais. A docência é considerada uma das profissões com o maior índice de adoecimento mental.

De acordo com a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), a educação aparece com o terceiro maior índice de afastamento entre as secretarias estaduais, com 30%. A pesquisa mostrou que baixos salários, péssimas condições de trabalho e violência nas escolas são os principais fatores que
colaboram para o sofrimento mental dos professores. Já a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que a categoria docente é a segunda maior a apresentar doenças ocupacionais. A maioria dos relatos são de adoecimento como depressão, ansiedade e estresse, entre outros.

O Sindicato dos Professores da Rede Privada do Rio Grande do Sul
lançou, em 2016, uma cartilha contendo estudos sobre a saúde
mental dos docentes. O documento afirma que “o sofrimento na
docência ocorre, por exemplo, diante de conflitos nas relações, da
longa e exaustiva jornada de trabalho, da diversidade e complexidade
das atividades, das dificuldades inerentes às relações em sala de
aula, da desvalorização salarial, da progressiva desqualificação e do
escasso reconhecimento social de seu trabalho”.

Para os professores estaduais do RS, o Centro dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato) considera que os últimos quatro anos têm sido especialmente complicados, pois os servidores vêm sofrendo com atrasos e parcelamentos salariais que já completam 34 meses. A entidade está realizando um levantamento em todo o estado sobre as condições da saúde mental dos profissionais, mas o estudo ainda não foi concluído.

Clique nas imagens e confira as histórias de três mulheres que, sendo professoras, construíram caminhos diferentes em suas vidas.

--

--