Sessão 03

Até o Pescoço

Rafão Araujo
Berlim — Amor e Cinzas
11 min readJan 22, 2019

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Trilha aconselhada para leitura

Esta é uma sessão solo apenas para o jogador de Niklas

NÃO há áudio desta Sessão

Como no fim da primeira sessão, Otto manda a mensagem e Niklas sai. A cabeça à milhão… Receio de deixar a coterie no esconderijo depois das tretas com Olga, mas ao mesmo tempo sabe que precisa ganhar a confiança de Otto e pra isso quer mostrar que é pau para toda obra.

O Encontro

São 3h da manhã de um dia de verão, em duas horas começa a nascer o sol. É um encontro importante, só pode. Niklas acelera e em 15 minutos chega ao limite de Kopenik. Passa pela frente do restaurante que é o ponto de encontro, estaciona, um carro pisca o farol, segue até lá, o vidro abaixa no banco de trás… É Otto.

São 3:20h, dois funcionários vão embora. É um restaurante de classe média, bonito e bem decorado. Alguns carros estacionados na rua. Dentro do carro de Otto muita fumaça, ele fuma sem parar. Ao seu lado, no banco, está a espingarda que usou contra Olga. Ele diz para Niklas que precisa dele, que hoje é coisa séria. Niklas conversa mas está de olho na rua e confirma que está dentro da jogada.

Niklas capta que agora, Otto o trouxe para dentro da parada de forma que não possa mais sair fora. Otto diz que precisa que Niklas entre, veja se está tudo limpo, encontre um meio de fuga e que esconda a espingarda debaixo da mesa 4. Niklas pega a arma, coloca dentro da jaqueta e entra.

Um restaurante aconchegante, madeira, carpetes e paredes são escuros. Há pouca luz ligada, apenas a vela da mesa quatro está acessa. Niklas tem pouco tempo e começa a rondar o lugar averiguando tudo, encontra uma boa rota de fuga se tudo der errado.

Enquanto faz isso ouve que mais alguém entra. Nota quatro homens brancos, tatuagens da Irmandade Ariana e outros grupos de supremacia racial. A frente dele um cara realmente mal encarado. Não deu tempo de esconder a espingarda, ele guarda no casaco. Então Niklas surge, os homens o veem. O líder deles vem até Niklas encará-lo, testando sua calma. Tudo indica que são seguranças da pessoa que Otto irá se encontrar. Então, mantendo a calma e sendo encarado, Niklas acende o charuto, solta a fumaça e deixa que o silêncio fale por ele.

Então, encerrando esse clima hostil, a porta é aberta por Otto entrando no restaurante, segurando a porta para seu convidado “Entre Karl”. Um homem com cara de poderoso, de líder, roupas caras, mas com um estilo antiquado. Como se ele fosse o cara mais bem vestido… Dos anos 50!

Karl

São 3:55h da madrugada, ambos seguem para a mesa indicada, Otto crê que a espingarda está sob a mesa. Niklas mandou um SMS assim que não conseguiu, mas Otto não conseguiu vê-lo. Eles se sentam num distância que não é possível ouvir. A escuridão não permite ler lábios. Após alguns minutos Niklas quer se mover, mudar de lugar, ficando na rota de fuga e mais atrás do convidado.

Enquanto se move, passa perto o suficiente para ouvir um trecho da conversa:

O tal Karl diz…

“Otto, eu tenho interesse e estou disposto a ceder o que me pede, mas só quando tudo estiver no lugar.

Até lá, seremos aliados nessa empreitada, mas se fizer negócio com Kleist (e Niklas ja ouviu esse sobre nome) então seremos inimigos”

Kleist… Niklas ouviu esse nome de forma vaga entre os Anarquistas, é o sobrenome do vampiro irmão de Wilhelm, também cria de Gustav. Dizem que está vivo e quer vingança contra quem matou seu irmão de forma tão brutal.

A conversa dura mais dez minutos. Clima tenso. Karl é seco, quase não se movimenta. Parece um dono de cassino, um juiz. Niklas está num lugar estratégico, se tudo der erro ele é o primeiro a atirar. Basta um vacilo e todos morrem.

A conversa acaba. Se levantam e apertam as mãos, mas não com cara de “Fechado” e sim com cara de “Irei pensar”. Quando o fazem, Niklas nota que Karl usa muitos anéis de pedras e metal escuro, algo meio destoante com sua vestimenta… Não é a toa, devem ser importantes!

Karl e seus seguranças vão embora. Niklas vai para sua moto e recebe a mensagem no celular “siga meu carro”

Niklas sabe que Otto está o levando para um caminho sem volta, enfiando-o até o pescoço em toda essa situação. Mas no fundo o Brujah está adorando, afinal está trabalhando para o cabeça e aprendendo sobre política e intriga. Mesmo não gostando de servir e sim de ser o líder, Niklas entende que é o momento de fazê-lo.

A Paranoia

Otto segue para ruas mais feias, uma quadra meio largada e esquecida. Carros velhos estacionados nas ruas, alguns prédios mal cuidados, sinais de gangues em alguns pontos. Seguem até um pátio entre três prédios. Há uma quadra de futebol mal cuidada, dois cachorros mexendo no lixo. Otto para e pede sua espingarda, Niklas lhe entrega. Otto é simples, direto, está tenso e fala pouco.

O motorista aguarda no carro, Otto sobe. Corredores escuros, algumas luzes apagadas, parece que há muito Otto não vem aqui. Pega a chave na caixa de correspondências cheia de talões e folhetos de propaganda. Sobre as escadas, abre a fechadura e força a porta. Entram em um apartamento velho. Cheio de sujeira e mofo. Janelas fechadas com madeirite e cortina blackout. Porta reforçada com barras de ferro fechadas por dentro.

Em silêncio, Otto empurra a cama, pega uma caixa de sapatos com uns seis celulares dentro, manda Niklas colocar todos para carregar, algum deve estar funcionando. Este deve ser um dos refúgios de emergência de Otto. Ele vai até o armário e também numa caixa de sapatos, pega todas munições especiais de espingardas, umas seis. Coloca tudo no casaco, pensa se não está esquecendo de nada, já ia saindo quando lembra que tem que falar com Niklas

“quebre seu antigo número. Depois de uma reunião como essa, nunca mais use o mesmo número. Sabem que é aquele cara?” — Otto diz

Niklas afirma que só ouvi-o chamando de Karl.

Otto responde “”Possivelmente Niklas, o Tremere mais antigo vivo e em atividade em todo o mundo. Sabe o que isso significa? Nada será como antes depois da reunião que você esteve presente”

E ele continua, mas pela primeira vez olha Niklas os olhos e diz

“pessoas tramarão contra mim,

contra você,

contra nós,

eles não vêem o futuro que vejo,

eles não sabem o que estou disposto a passar,

e não posso perder aliados,

e por isso quero saber…

posso realmente confiar em você? Está disposto a tudo por um futuro decente em Berlim?”

Ele olha ainda mais compenetrado e hipnotizando Niklas diz

“se alguém tramar contra mim, você irá me contar?”

Niklas é impactado por tudo que ouviu e afirma com a cabeça. Otto vai embora.

Mas as palavras de Otto batem forte, corroem a mente de Niklas. Ele começa a entrar numa paranoia de perseguição, a ideia de outros lhe caçarem, Tremeres, a Coterie, todos são inimigos. Como em uma crise de pânico Niklas não consegue dormir e decide ficar acordado o máximo que puder. Sua besta é reprimida e ele mantem-se acordado o dia todo ouvindo o mundo barulhento dos humanos.

Sons de aviões, carros, buzinas, sirenes, furadeiras, pessoas andando e brigando nos prédios. O calor do verão. Os nomes dos inimigos em sua mente: Olga, Karl, Kleist… Isso sem falar de Katharina. Tudo é horrível, mas a frase final fica impregnada em sua mente “se alguém tramar contra mim, você irá me contar?”. Niklas passa o dia acordado, fumando e com armas à mão. Sua mente não tem refrigério ou descanso.

Rumo à Potsdam

Assim que a noite cai chegam SMS iguais em alguns dos celulares que Otto deixou “me ligue 334 8978 4455”. Quando é atendido Otto já deixa a ordem

“Preciso que vá até Potsdam, quando chegar avise no número 334 8977 4512. Você encontrará um homem sob minhas ordens. Ele vai apagar as ultimas evidências sobre o cativo que temos posse. Depois que ele o fizer, mate-o.

Não quero que ninguém saiba sobre o que vai acontecer lá. Fui claro?”

Com a cabeça dividida entre o que precisa ser feito, a paranoia (mais amena, mas ainda presente), a coterie e sua necessidade de ver Maika (sua touchstone)… Tudo num turbilhão.

São 25 minutos de estrada. Niklas entra na cidade, marca um lugar de encontro por SMS “Estacionamento do mercado”. Então, é perseguido por um carro policial por excesso de velocidade. Não encosta logo de cara, resiste por algum tempo e leva-os para um acostamento mais escuro. Os policiais saem chateados perguntam logo porque não parou e mandam ele descer da moto e colocar as mãos atrás da cabeça com os dedos cruzados. Niklas sente que está em desvantagem… “Será que são servos de algum dos inimigos de Otto?”

Conversa vai e vem, Niklas nota o parceiro do policial falando no rádio. Sua mente confabula merdas e tramoias, sente que via morrer, sua besta fala em seu lugar. Quando o policial encosta as mãos para lhe revistar, o vampiro lhe acerta uma cotovelada certeira lançando sua cabeça contra a moto. O outro policial se assusta, mas com um piscar de olhos Niklas voa em sua direção levando-o para o chão, seguido de potentes socos. Segundos depois, ambos estão à beira da morte. A visão de Niklas esta vermelha, sua besta quer controlar suas ações em busca de sangue. Mantendo a firmeza, ele ainda consegue colocar os dois policiais dentro da viatura, empurrar para fora da pista e colocar fogo no carro. Caminhando rumo a degeneração.

O Encontro

No estacionamento vê uma pickup de cabine estendida que pista o farol para Niklas. Dois homens, um mais novo e outro mais velho, parecem vampiros. Na parte estendida há uma garota loira, parece humana. Eles estão todos vestidos de preto, toca na cabeça, armas entre as pernas. Trocam duas palavras antes de saírem e pedirem para que Niklas os seguir.

Enquanto os segue a mina olha Niklas pelo vidro traseiro todo o tempo. Uma mistura de fascinação e medo. 20 minutos depois chegam à um conjunto habitacional, prédios de operários e pessoas em assistência social, o típico bairro fora dos cartões postais. A mente de Niklas tá turva pela fome e fúria, mal se lembrará de tudo que fez, como uma potente ressaca. Os dois homens no carro, são vampiros de algumas noites, semanas ou no máximo meses.

Chegando, descem do carro. Os homens explicam a situação para Niklas. A menina com os olhos vidrados no Brujah, principalmente em sua bota suja de sangue dos policiais. Eles então dizem “Já matamos a prima e o garoto. Agora falta esse maluco de camiseta azul e essa garota”. Niklas vê a foto e capta que são familiares do prisioneiro.

Informam que o cara tá com chumbo grosso, uma espingarda de cano duplo, precisam de ajuda. O cara mais novo levanta o moletom e mostra um ferimento de um disparo que levou, algo nojento, meio morto e meio vivo cicatrizando. Niklas está sem paciência. Entende que são sangue fracos. Sua mente está turva. Quer acabar logo com isso para depois drenar o sangue desses dois malditos.

Seguem até o apartamento 202. Moradores que os veem se encolhem, sabem que é acerto de contas. Sem pensar muito o Brujah salta para dentro do apartamento em velocidade sobre humana, levando a porta consigo e atacando quem for preciso.

O Massacre

Movido pela fome e pela da Besta, Niklas explode a porta com sua força, sendo recebido por um disparo da espingarda do irmão do prisioneiro (Valentim), que estava sentado na poltrona ao lado da cama.

O disparo acerta Niklas com potência, mas seu corpo morto vivo não pára. Em seguida, sob uma sequencia de socos e chutes o homem encontra seu fim. A garota em cima da cama (Sophia) é alvejada brutalmente pelo disparo das armas dos dois sangue fracos. Uma cena horrenda.

Niklas percorre o olhar, confirma que os alvos estão mortos, o cheiro de sangue o embebeda e então decide deixar sua besta controlar suas ações, surfando na crista da onda. Então ele ataca os sangue fracos que resistem como podem. Uma luta brutal se segue. Corpos são lançados, cabeças acertadas com objetos e por fim sangue jorrando para o corpo de Niklas. Para terminar, o Brujah arremessa whisky pelo chão e ateia fogo em tudo.

Os moradores já ligaram para a policia uma hora dessa e Niklas vai embora. Chegando lá embaixo a menina loira da pick-up nota que ele desce sozinho e vai tentar dar partida e sumir. Então, movendo-se tão rápido quanto um piscar de olhos, Niklas surge ao seu lado do lado de fora do carro, encosta sua pistola de grosso calibre na têmpora da menina e dispara.

O brujah nunca disparou de tão perto em alguém. Ele ouve o som do crânio se despedaçando e miolos voam em sua cara. Sua vontade, seu corpo, sua humanidade, tudo está aos frangalhos.

O apartamento arde em chamas. Sirenes são ouvidas. Niklas sobe na moto, nem se quer limpa a cara. Liga para o número que Otto ligou-o pela manhã e diz “está feito”. Quebra o aparelho e joga-o fora antes de desaparecer dali velozmente com sua moto, com sua mente longe, distante e entorpecida.

Agora Niklas está envolvido até o pescoço com os planos de Otto.

De longe, Otto fará o possível para abafar os eventos das duas ultimas noites. Gastará seus recursos, favores e influência. Conseguirá abafar a identidade da família e do prisioneiro, conseguirá manter a Máscara segura, mas o evento em si aparecerá, mesmo que alterado, na mídia local. Possivelmente mascarado como uma ação de assaltantes ou usuários de drogas. Mas, sem saber, tais eventos encontram-se no radar da Segunda Inquisição de Berlim.

Após ter a noite mais brutal da sua vida, que rumos tomará Niklas? Quais movimentos a Segunda Inquisição está fazendo? Que atitude tomará a Coterie quando descobrir o que rolou? Como saber mais sobre Karl e Kleist ?

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