Cenário: As Civilizações Mesoamericanas

Porakê Munduruku
Brasil na escuridão
3 min readJan 23, 2019

Este artigo dá continuidade a nossa proposta de background histórico para um cenário de Lobisomem: O Apocalipse focado na América Latina. Você pode conferir ao final deste artigo o link para as demais seções.

Após a queda da civilização Caral, herdeira de Tollan, nos Andes peruanos, outras civilizações de características urbanas só viriam a ser vistas no “Novo Mundo” séculos mais tardes, na América Central, a partir do florescimento de diversas outras culturas e povos.

Os Olmecas foram os precursores dos grandes centros urbanos mesoamericanos, sua civilização foi diretamente influenciada pelos Bastet Olioiuqui, uma das duas tribos ancestrais dos Balam, saudosos da glória do passado em sua lendária Tollan e da opulência e segurança de centros urbanos como Caral, mas, também, cansados das disputas intertribais por territórios no interior da floresta com seus irmãos selvagens, os Hovitl Qua, que mais tarde se juntariam as seus antigos rivais para dar origem a Tribo Bastet, que naquele momento haviam obrigado os Olioiuqui a migrarem para o norte, até a costa do Golfo do México, na região de Oaxaca.

Mesmo sem contar o apoio direto dos Mokolé, os Olioiuqui honraram a memória de Kukulcán, a Coroada que havia construído Tollan, a primeira cidade, cultuando-a como uma divindade e espalhando este culto entre diversos povos mesoamericanos, que, mais tarde, passariam a se referir a ela como, Quetzalcoatl, a serpente emplumada. Eles prosperaram, influenciando de forma decisiva toltecas, maias, teotihuacanos, zapotecas, mixtecas, mexicas e outros.

Foi na meso-América que os Bastet Olioiuqui contataram e se aliaram pela primeira vez aos Garou aliados da Serpente com Chifres para confrontar a ameaça dos demônios de sangue Tlaciques, que disputavam com os Olioiuqui o controle das cidades criadas em honra de Kukulcán.

Nesta guerra contra a aliança dos Olioiuqui e Uktena, os Tlaciques formaram sua própria aliança profana com Mictlantecuhtli, um Ananasi considerado corrompido mesmo entre seu povo, e sua amante, a poderosa necromante, Mictecacihuatl, líder de uma obscura ordem secreta de feiticeiros da morte conhecidos como Ich Pochtl Che Tot Mueck, especialistas em escravizar os fantasmas de vítimas de sacrifício-ritual em honra do Senhor da Escuridão e que habitavam seus domínios sombrios.

Os conflitos que se seguiram acabaram levando ao declínio e queda da civilização Maia, muito antes da chegada dos colonizadores europeus, e contaminou todos os demais povos influenciados pela cultura olmeca, estendendo-se por mais de um século. No fim, uma exótica ninhada formada pelo feiticeiro Garou, chamado Xólotl, a poderosa guerreira, também Garou, cahamda Cihuacoatl e o Ancião Olioiuqui conhecido como Acolnahuacatl, pôs fim à existência amaldiçoada de Mictecacihuatl e baniu Mictlantecuhtli para as profundezas do Abismo, contudo, nem eles foram capazes de impedir que a corrupção se alastrasse entre os mortais no interior do nascente império Azteca, na forma de despotismo e do culto à supostas divindades tão sedentas de sangue quanto comprometidas com a Decompositora.

As cicatrizes dessa guerra foram muito profundas, é isso que explica, em parte, a situação decadente em que se encontravam civilizações outrora grandiosas quando os invasores europeus desembarcaram nestas terras em grande número, trazendo com eles os sanguinários guerreiros Garou vindos do outro lado do grande Oceano e sua odiosa guerra de fúria e de lágrimas.

O lamento Uktena

Ameyali “Fonte-de-Sabedoria”, Adren Galliard Uktena, compartilha com sua seita a sabedoria de seus ancestrais:

Sim, já houve um tempo no qual nosso povo e os Balam combateram lado a lado a influência da Wyrm sobre as Terras Puras, não era como se eles de fato fizessem parte de uma matilha, mas eram nossos poderosos aliados e podíamos contar uns com os outros na luta contra o Avô Serpente.
Os Balam eram excelentes batedores e compartilhavam conosco o amor pelos segredos, muito conhecimento foi obtido por nossos ancestrais de seus aliados Balam em conversas amigáveis em torno de uma fogueira durante o cerco a uma antiga cidade maia ou asteca tomada pelas maquinações da Wyrm.
Infelizmente, esse tempo ficou para trás. Os Senhores das Sombras, Presas de Prata e Crias de Fenris derramaram sangue Balam suficiente para fazê-los esquecer nossa antiga aliança.
Um lobo é um lobo, é o que repetem rancorosos nossos antigos aliados antes de se lançarem à guerra contra qualquer Garou que ouse cruzar seus territórios, independente do Totem a que sirvam. É uma pena, mas é assim que as coisas são.

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Porakê Munduruku
Brasil na escuridão

Mombeu’sara, griô amazônida e escritor. Administrador da Página Brasil in the Darkness e integrante da Kabiadip-Articulação Munduruku no Contexto Urbano.