Indiana Pacers — Guia NBA 2017/18

Felipe Haguehara
buzzerbeaterbr
Published in
8 min readSep 28, 2017

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Nasce mais uma franquia em processo de “tank”

Depois de anos circulando os playoffs, se frustrando contra o Miami Heat e acompanhando as expectativas em torno de Paul George, a franquia entra em 2017/18 em um panorama bastante diferente.

Nos últimos 7 anos foram seis idas à pós-temporada, com as benditas duas finais do Leste contra o trio LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh. Não conseguiram apenas no ano da terrível lesão de seu principal astro.

Porém isso é tudo passado, Indiana não tem mais Frank Vogel no comando, desde o ano passado é Nate McMillan; nessa offseason foi-se também PG13. Restou apenas o gostinho de reconstrução na boca dos torcedores.

Como foi temporada passada?

A temporada passada marcou dois experimentos bizarros que poderiam resultar em supertimes cults. Um deles foi a peça fadada ao fracasso que era o elenco do New York Knicks. O outro, fazendo muito mais sentido, foi a tentativa de cercar uma superestrela com jogadores conhecidos por produzirem muito bem em suas especialidades. Isso mesmo, o próprio Indiana Pacers.

Com a surpreendentemente sólida temporada de calouro de Myles Turner, dando vislumbres de uma carreira brilhante, bastou achar peças no mercado que complementassem o time e dessem o suporte necessário para que Paul George pudesse se preocupar apenas em fazer um ano de MVP.

Assim, vimos chegar Jeff Teague e Thaddeus Young, que se juntariam, ainda, ao sempre interessante Monta Ellis no time titular. A fórmula parecia simples, ainda mais na conferência Leste. Desafiar Cleveland Cavaliers e Boston Celtics parecia uma realidade óbvia.

Mas, em pleno mês de Setembro, sabemos que o resultado foi muito diferente.

A começar pelo treinador que muitos, incluindo mói, consideravam uma péssima escolha. Nate McMillan não fez tanto em sua carreira a não ser pelo sua última temporada pelo Seattle Supersonics e dois anos em específico como o famoso Portland Jail Blazzers. Fora isso, uma decisão contestadíssima levanto em conta a montagem do elenco

Agora pensemos, dos componentes do time titular acima, qual seria a melhor maneira de lidar com eles? Abrir o leque de habilidades e especialidades das peças que idealmente se centraria em transição veloz para o ataque e um trabalho de maior movimentação, valorizando um maior número de posses — já que o GM Larry Bird queria um time mais ofensivo. Ou o que vimos efetivamente em quadra, uma tremenda falha em envolver George no jogo, e nenhum pouco da reformulação tática que McMillan prometeu se adequar quanto ao basquete moderno.

A própria escolha do head coach, já havia aberto a janelinha da desconfiança, mas ninguém esperava um nível de produção tão baixo. Ficaram no meio da tabela quanto ao número de posses por 48 minutos, 95.9, numa clara confusão de não saber atribuir um ritmo regular ao time. No ataque ou na defesa, mesma situação, êxito em nada.

O esquema não valorizava os momentos em que PG13 na bola, dentre os titulares ele só teve mais posses por 48 minutos do que Monta Ellis, um crime não tê-lo mais em situações de definição ou até Isolations. O ala não fez uma temporada ruim se olharmos suas médias: 23.7 pontos por jogo, 6.6rebotes e 39% de aproveitamento nas bolas de três. Mas sumia nos últimos quartos e eram pouco aproveitadas suas qualidades como two-way — jogador que desempenha bem no ataque e na defesa.

Creio que os únicos pontos positivos foram a vaga na pós-temporada apesar de tudo e ver Myles Turner dar mais passos à frente em sua evolução. Subiu suas médias em pontos, tocos, rebotes, roubos de bola, aproveitamento nos arremessos de quadra e uma melhora notável nos arremessos de três, indo 21.4% de aproveitamento para 34.8%.

Sem contar todos os momentos que o vimos jogar defesa de verdade e brigando muito na pintura. Sendo o segundo jogador que mais defendeu arremessos por jogo na liga, atrás apenas de Rudy Gobert. Dentro desse aspecto, ainda, segurou a taxa de conversão de seus adversários em 49.4%, não está sequer no top 10, mas com abaixo dos 50% ficou à frente de caras como Anthony Davis e DeAndre Jordan.

Se o Pacers pegou playoffs, eu diria que foi mais pelo nível baixo da conferência e a quantidade de talento latente ente os titulares. O 7º lugar no Leste foi muito baixo para um time que começou cotado para disputar as primeiras posições. Enfim, o time titular foi basicamente formado por Teague, Ellis, George, Young e Turner.

O que mudou?

Sai o time que mesmo fora das circunstâncias ideais consegue ir aos playoffs, entra mais uma franquia pronta para apostar em jovens talentos na loteria dos drafts que virão pela frente.

O status seria diferente caso houvesse um All-Star na equipe, mas não há mais. O Pacers entrou na offseason com Paul George pedindo para ser trocado. A impossibilidade de estruturar um time capaz de desafiar o trono do Cleveland Cavaliers na conferência, a realidade construída na NBA de que fora de um supertime você não tem chances e a não seleção para algum dos All-NBA Teams que lhe possibilitariam assinar o supercontrato máximo de veterano. Esses foram os motivos que culminaram no pedido de troca do Young Treece para o Oklahoma City Thunder.

Enquanto o ala está na lua de mel com Russell Westbrook e Carmelo Anthony, o Pacers tratou de fazer algumas mudanças internas. Larry Bird saiu por conta própria da gerência geral da franquia, quem assumiu foi Chad Buchanan, ex-Gerente Geral Assistente do Charlotte Hornets, que antes disso durante 10 anos foi Diretor de Scouting de Universidade do Portland Trail Blazzers. Movimento claro visando os próximos drafts.

Quanto aos novos nomes que vestiram o amarelo e azul da franquia, destacam-se os que chegaram através da troca. Victor Oladipo e Domantas Sabonis, os dois que tinham chagado no OKC através de troca com Orlando Magic agora desfilam por Indiana.

Naturalmente que seus valores não se equiparam ao do atleta enviado, mas com a pressão de efetuar uma transação o mais rápido possível, os fez conseguir contribuidores razoáveis. Oladipo não é um craque e está já há uns bons anos tentando provar seu valor como 2ª escolha geral da terrível classe de 2013. Não funcionou muito bem como foco ofensivo nos tempos de Magic, mas quem sabe sua intensidade e atleticismo não casem com Turner.

Já o filho de Arvydas Sabonis não conseguiu tirar o carimbo de role player da testa em seu ano de calouro e agora chega para competir posição com Thadd Young e um rookie.

Fora os dois, vale à penas levantar o nome dos dois selecionados no draft. T.J. Leaf, foi o grande parceiro de Lonzo Ball em UCLA. Escolhido na 18ª posição, ele tem um jogo bastante parecido com Zach Collins do Trail Blazzers, chega na NBA para provavelmente ser um stretch-four saindo do banco. O segundo, selecionado com a 47ª escolha, era o pivô reserva da mesma UCLA, Ike Anigbogu é o típico defensor de garrafão com braços insanamente longo, deve ter poucos minutos — se tiver — na rotação.

Indiana Pacers de cara nova, direcionado ao tank, vem com um time bem mais humilde do que na temporada passada. O provável quinteto titular deve ser formado por: Darren Collison, Victor Oladipo, Glenn Robinson III, Thaddeus Young e Myles Turner.

Jogador destaque

Sem PG13 na área quem assume a responsabilidade de não só carregar o futuro da franquia, mas de ser a face diante da mídia é Myles Turner.

Em sua temporada de calouro, muitos imaginavam que ele chegaria pra ser mais um Bismack Biyombo da vida, só que com um pouquinho mais de distância explorável em seus chutes. Mas o pivô foi lá e tratou de jogar na cara de todos um grande “Cheguei pra ficar!”. Suas atuações renderam um Segundo Time Ideal de Calouros.

A evolução em sua segunda temporada foi magnífica, como citei antes, melhorou em basicamente todas as estatísticas. 14.5 pontos, 7.3 rebotes, 2.1 tocos e 0.9 roubos de bola. Terminou também com o 3º lugar em tocos por jogo e 2º em total de tocos. Entrando no rol de defensores a se temer na liga.

Turner é um poço de talento jovem, que se lapidado virará um pivô moderno assustador capaz de atacar tão bem como defende. As mesmas qualidades que um dia deram esperança ao torcedor quando assistiam a Paul George.

Potencial revelação

O Pacers acabou de sofrer uma brusca transição para o momento de reconstrução, não foi possível aproveitar o draft de 2017 para escolher o melhor disponível. Há quem agasalhe T.J. Leaf em suas graças, mas ele precisa provar muita coisa sem Lonzo Ball tocando o show e dominando a bola.

Para mim dois jogadores disputam essa categoria. O primeiro é Glenn Robinson que pode ter mais chances como titular da equipe. Aos 23 anos, ele vai para sua 4ª temporada e pode ter mais oportunidades recebendo a bola para chutar de longa distância. Além de casar um pouco melhor que a segunda opção no jogo móvel e rápido planejavam para o time.

O outro é Domantas Sabonis. Sua passagem no OKC foi como mera composição de elenco para busco do prêmio de MVP de Russell Westbrook. Essa é sua chance de mostrar se era subaproveitado ou não. Tudo depende de seu trabalho na offseason quanto a melhorar seu aproveitamento nos arremessos de perímetro e nos rebotes. Caso McMillan volte a optar por sua transição mais lenta, ele poderia empurrar Thadd Young para a ala — algo que eu não consideraria ideal.

Expectativa na temporada

O poder de fogo enfraqueceu bastante. Não há uma estrela no time e só um boost inimaginável de produção em Turner e Oladipo faria o Indiana pegar playoffs.

Mas o time está com os pés no chão. A própria escolha do novo GM prova que os olhos estão na reconstrução. Soma o fato de que a franquia possui todas as suas próprias escolhas para os drafts subsequentes. Se não vê-los na loteria de 2018 ficarei muito surpreso!

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